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BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

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A ORAÇÃO

S. Mestre, 23.11.09

Deus realmente quer que falemos com ele. Isto é uma das coisas mais maravilhosas acerca do nosso Deus - Ele quer ouvir-nos. Ele diz, "Invoca-me, e te responderei" (Jeremias 33:3). Isto é repetido tantas vezes nas Escrituras que não podemos ter qualquer dúvida acerca do que Deus requer. Ele realmente quer que falemos com Ele; Ele quer que Lhe digamos como nos sentimos; Ele quer que arrajemos tempo para estar na Sua presença.

 

Talvez você nunca tenha orado muito anteriormente - não como deve ser. Bem, peça a Deus que lhe ajude. Se você seriamente quer fazer algo com a sua vida, precisará de ser alguém que ora regularmente a um Deus que conhece bem.

 

A oração alcança coisas. Paulo escreveu:

 

"Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças" (Filipenses 4:6).

 

Um dos maiores problemas que a pessoas têm em orar é que não terá resultado. Quantas vezes já ouviu alguém dizer, "Tudo o que se pode fazer é orar" como se fosse o último recurso. No entanto por toda a Bíblia encontramos a constante chamada de atenção para o facto de que a oração pode operar milagres. Eis aqui uma passagem de Tiago:

 

"Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo." (Tiago 5:16)

 

Você realmente pode conseguir coisas pela oração!

 

Jesus disse, "E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei" (João 14:13,14; 15:7,16; 16:23,24). Ele realmente queria passar esta mensagem. Três vezes disse isso num espaço de cerca de uma hora ou duas. Deus quer que peçamos. Ele espera que peçamos. Ele tem prazer em responder-nos.

 

Temas de Oração

 

Os seguintes temas de oração estão baseados em coisas que as Escrituras dizem que devemos pedir ou agradecer a Deus, ou em exemplos de orações de homens fiéis.

 

A lista não é exaustiva. Contém simplesmente sugestões que podem ser usadas para o benefício de orações em privado ou em grupo. Cada tema está acompanhado da referência Bíblica que deve ser lida com cuidado e meditação primeiro, e depois construir uma oração à volta dela.

 

As sugestões de temas são recomendadas na esperança de que sejam uma bênção e uma ajuda para nós na oração e louvor a Deus:

 

1 -> Para ajuda na leitura diária da Bíblia, para sabedoria e entendimento dos caminhos de Deus (Salmo 119:18; Tiago 1:5).

 

2 -> Para uma melhor consciencialização sobre o amor de Deus e sacrifício do Senhor Jesus Cristo por nós (Mateus 26:36-44).

 

3 -> Para uma melhor compreensão da vida de Cristo e ajuda em emulá-lo e na prática das suas virtudes (Filipenses 2:5-8).

 

4 -> Para a nossa constante dedicação a Deus e consciencialização de viver diariamente com Cristo (João 17:9-11,20,21).

 

5 -> Para que nos ofereçamos a Deus sem reservas para sermos usados por Ele (Isaías 6:8; 1 Samuel 3:10).

 

6 -> Para o retorno de Cristo para glória de Deus (Apocalipse 22:20).

 

7 -> Para  consciencialização sobre os sinais à nossa volta que anunciam a vinda de Cristo, e termos um sentido de urgência e vigilância (Marcos 13:33-37).

 

8 -> Para uma preocupação maior pelos nossos irmãos e irmãs, pela unidade e harmonia na irmandade e para ajudar-nos a servi-los no espírito de Cristo (1 Samuel 12:22-24; 1 Coríntios 12:25-27).

 

9 -> Para que venham mais trabalhadores para a colheita para que o nome de Deus seja magnificado (Mateus 9:36-38).

 

10 -> Para o arrependimento de Israel (Salmo 122:2-9).

 

11 -> Para uma preocupação maior com os que estão a morrer no mundo, ajuda em estar alerta para oportunidades de pregação e para bênção na pregação (Génesis 18:23-33; 2 Tessalonicenses 3:1,2).

 

12 -> Por reis e governantes e para misericórdia de que seremos contados como dignos de escapar a vindoura tribulação (Lucas 21:36; 1 Timóteo 2:1-3).

 

ROB HYNDMAN

Tradução: S. Mestre

(Article: Prayer/Prayer Themes, Faith Alive! 94, pag. 14, 15)

O PODER DA ORAÇÃO

S. Mestre, 23.11.09

A oração é o tema mais difícil de se falar porque  não é realmente algo de que se fale mas é um privilégio que deve ser praticado com reverência, fervor e frequência.

 

Algumas pessoas só pensam em Deus em tempos de crise nacional ou quando têm problemas em suas vidas. Já notou que quando rebentou a crise financeira em várias partes do mundo, a palavra "oração" começou a ser usada muito mais pelos média do que normalmente o fazem? O mesmo fenómeno ocorreu em 11 de Setembro de 2001 - quando aqueles dois aviões embateram contra o World Trade Center em Nova Iorque.

 

Parece que somente em tempos de guerra ou de crise é que as pessoas viram-se para a oração. Alguns usam a oração como se fosse um extintor de fogo; como que viesse com a mensagem - "Usar só em caso de emergência". As pessoas parecem acreditar que podem se desenrascar bem por si sós na maioria do tempo, mas ocasionalmente precisam de um Deus a quem podem orar, fazer pedidos, culpar, ou amaldiçoar. 

 

Deus Está No Céu

 

Como discípulos do Senhor Jesus acreditamos num Ser espiritual pessoal e eterno que está no céu e que é misericordioso, atencioso, paciente e abundante em bondade e verdade. Também estamos convencidos de que Ele escolheu revelar-Se à humanidade não somente na Sua Palavra, a Bíblia, mas também através da personalidade do Seu Filho unigénito (veja Hebreus 11:6 e João 14:6-9). Tudo o que podemos conhecer sobre as Suas intenções para com a Sua criação, Deus nos explicou na Sua Palavra - a Santa Bíblia. Se a nossas orações são para ser reais e com sentido temos que aceitar o que Deus revelou e acreditar no gracioso propósito de Deus para com a Sua criação.

 

Na Sua infinita sabedoria, Deus criou a humanidade com uma habilidade aparentemente algo perversa. Todos nós temos a habilidade de voltar as costas ao nosso Criador, se o desejarmos. Isto é a razão pela qual muitas vezes pensamos que conseguimos fazer tudo sem Deus (exceto em certas circunstâncias) e é a razão pela qual as pessoas muitas das vezes decidem que não existe um objetivo claro para a vida. Tantas pessoas vêem a vida presente como uma sequência de eventos aleatórios em vez do que uma preparação para a vida eterna. Para elas, coisas acontecem e Deus não entra de todo no quadro que pintam da vida. Mas Deus está no céu, quer aceitemos esse facto ou não.

 

Chegando Perto

 

Para aqueles de nós que vieram a aceitar as intenções reveladas de Deus, a situação é bem diferente. A oração expressa o desejo dos homens e mulheres de fazerem parte do gracioso propósito de Deus e de estar perto Dele. No coração de um que ora com reverência, fervor e com frequência existe um desejo ardente em louvar e servir Deus e de ser capaz de chegar bem perto Dele. Tal pessoa reconhece a imutabilidade de Deus, o Seu poder infinito e o Seu amor inefável que mostrou ao mundo através do Seu Filho. No entanto também existe a compreensão da parte de tal pessoa que ele ou ela tem uma natureza rebelde, da qual já falámos, e que quer ser independente de Deus. Existem dois problemas que nos confrontam imediatamente:

 

1 - Este espírito de rebelião encontra a sua expressão no pecado, um termo que simplesmente significa fazer o que é errado. Esta atitude mental tornou-se numa barreira que as pessoas levantam entre elas e o seu Criador. No entanto Deus, em Sua graciosa misericórdia, tornou possível que esta barreira seja removida.

 

2 - No geral, a humanidade está cega para o facto de que sofremos do que devemos chamar uma doença terminal e até que nos apercebamos do significado da nossa mortalidade -  que iremos morrer - não entenderemos a importância de encontrar o remédio providenciado por Deus. Pois já existe uma cura!

 

Como alguém uma vez escreveu:

 

"O Salvador da humanidade, Jesus de Nazaré conduziu a sua vida até à morte voluntária como um ato da graça da redenção para que o homem fosse liberto da escravidão do pecado e preparado para participar na terra limpa do mal e cheia da glória divina". Isto é exatamente o que diz João no seu evangelho (João 3:16) e na sua primeira carta (1 João 4:10).

 

Encontrando Segurança

 

Só existe um refúgio para as tempestades da vida. E este é Deus. Como o Salmista uma vez escreveu:

 

"O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente  diz ao SENHOR: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio" (Salmo 91:1,2).

O apóstolo Paulo, ao escrever aos crentes Cristãos do primeiro século em Éfeso, maravilha-se com o plano de Deus para a salvação da humanidade. Ele sente-se compelido a agradecer de coração ao começar o terceiro capítulo. No entanto, ele imediatamente se detém (veja Efésios3, versículos 14-21). Ele fica dominado pela graça abundante e misericórdia de Deus que não somente incluiu os Judeus mas também os Gentios nos Seus planos maravilhosos. A sua oração é que o seus leitores (e isso inclui todos nós) sejam transformados de homens e mulheres que sofrem de uma enfermidade terminal  (mortalidade) em homens e mulheres que tonaram-se novas criaturas aos olhos de Deus.


Tais pessoas não estão mais  condenadas ao esquecimento eterno da morte, pois largaram-se do seu antigo "eu" e tomaram uma nova identidade. São pessoas em cujos corações Cristo habita pela fé. São pessoas que agora entendem algo do propósito de Deus - e podem fazer parte dele. Vieram a aceitar a tremenda graça e misericórdia de Deus expressa nas palavras - "Vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino".

Transformação

 

Assim, o poder da oração para o ser humano que começou uma vida nova em Cristo é tão grande que pode ser transformado de pecador em santo; de prisioneiro do pecado em alguém livre em Cristo; de uma pessoa condenada à morte, a filho amado de Deus. E ainda há mais! O novo homem em Cristo que foi gerado pela Palavra de Deus e batizado no nome salvador de Jesus, é alguém que deve continuar a viver esta vida mortal, sujeita a todos os altos e baixos, tentações e provações e a todos os momentos de alegria e tristeza.

 

Como é então a vida em Cristo diferente? É diferente no sentido que o crente rendeu a sua vida a Deus - a um Deus que pode ser agora chamado de "Pai". As batalhas da vida não precisam mais de ser enfrentadas sozinhos, pois Deus está sempre perto e pode-se falar com Ele em oração. Oração é a oportunidade de estar a sós com Ele no sossego da Sua presença, em qualquer lugar e a qualquer altura do dia ou da noite. Podemos assim deixar de lado as coisasque nos afligem e nos agitam todos os dias e entrar na serena presença de Deus.

 

Aqueles homens e mulheres que procuram sempre algo para os satisfazer, que gostam muito de "fugir de tudo por um pouco de tempo" falharam no sentido essencial da mensagem do evangelho. Deixemos as nossas mentes centrarem-se nestas Escrituras (Mateus 6:6; João 17:15-21; 1 Tessalonicenses 5:16-23; 1 Timóteo 6:6). Até o Senhor Jesus precisava de fazer isto e ter estes momentos de calmaria (Marcos 6:31-34&46). Se ele precisava disso, também nós precisamos.

 

Chegar até Deus

 

Numa parábola que Jesus ensinou, o filho mais novo de uma família rica deu as costas ao seu pai, exigiu a sua herança, e saiu de casa. Tudo esteve bem enquanto os seus bolsos estiveram cheios e podia comprar os seus amigos. Mas assim que aqueles bolsos ficaram vazios, Lucas diz-nos que "começou a passar necessidades". Ele depois compôs o que de facto é uma oração ao seu pai (Lucas 15:18-19). Todo o tempo em que ele estivera fora esse mesmo pai esteve ansiosamente esperando pelo seu retorno e as palavras preparadas pelo filho são abreviadas por aquele pai amoroso (Lucas 15:20-24).

 

No entanto aqueles que vieram a Deus em oração através de Cristo têm um maior privilégio que aquele filho. Porque Jesus nos entende tão bem, ele próprio leva as nossas orações perante o trono da graça do Pai (Hebreus 10:22 e 1 João 1:9). Ele está ao nosso lado, como estivesse pegando na nossa mão, quando procuramos o perdão para os nossos pecados.

 

Mesmo assim, existem alturas em que não sabemos o que dizer nas nossas orações. Talvez estejamos doentes ou com dor; preocupados ou angustiados; sobrecarregados ou até destroçados. Mas porque confiámos as nossas vidas a Ele podemos desfrutar deste imenso privilégio de chamarmos Deus de nosso Pai no céu. E existe o maior sentido possível de confiança pois as Escrituras dizem:

 

"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8:28).

 

O crente confia implicitamente no Pai e deixa-Lhe a resolução de problemas aparentemente sem fim, não como um último recurso mas como uma prioridade. Por isso, suplico-vos, não coloquem a vossa confiança na incerteza das promessas feitas pelos homens. Não dependam das esperanças oferecidas pelos políticos ou sociólogos, não importa quão bem intencionadas sejam. Em vez disso, aproximem-se do Deus Vivo através do Seu Filho, venham conhecer o poder real da oração no conhecimento que Deus prometeu:

 

"Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará... Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios... Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra...
Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz" (Salmo 37:4-5,7,9,11).

 

Trevor A Pritchard

Tradução: S. Mestre

(Article: The Power Of Prayer, Glad Tidings 1506, pag. 5-8)

MAIS ACERCA DA SEMENTE PROMETIDA

S. Mestre, 23.11.09

Abraão recebeu muitas promessas de Deus que são princípios básicos. São acerca do seu descendente ou descentes - a palavra "semente" pode significar qualquer um desses. No artigo anterior, Dudley Fifield explicou que cada promessa precisa de ser cuidadosamente examinada para ver se se refere à nação que descende de Abraão, ou a um descendente em Especial. Ele resume o que descobriu até agora e mostra como essas promessas começaram a se cumprir.

 

Sumário

 

O seguinte emergiu do nosso breve estudo das passagens relevantes:

 

1 -> A semente natural de Abraão, as doze tribos de Israel, foi-lhes prometido que possuiriam a terra de Canaã como herança eterna.

 

2 -> Abraão seria pai de uma multidão de nações(isto quer dizer que ambos Judeus e Gentios poderiam descender dele).

 

3 -> A sua semente (singular) herdaria a porta dos seus inimigos e nele todas as famílias da terra seriam abençoadas.

 

Agora iremos ver cada uma destas categorias da promessa, uma de cada vez.

 

A Semente Natural de Abraão

 

As doze tribos de Israel originaram-se de Jacó, neto de Abraão, e tornaram-se no povo escolhido de Deus. Eles eram para ser os guardiões da Verdade de Deus e foram comissionados com estas palavras, faladas por Deus no Sinai:


"Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:5,6).

Um sacerdote é o representante de Deus entre os homens. Mostra Deus aos homens e trás os homens até Deus. Como nação, Israel tinha esta responsabilidade sacerdotal entre as nações da terra (veja Deuteronómio 4:5-8). Como o apóstolo Paulo expressou quando escreveu aos Romanos, os Judeus tinham estes benefícios:

 

"... dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne" (Romanos 9:4,5).

 

O registo do Antigo Testamento é a história triste de como este povo privilegiado falhou em viver à altura das suas responsabilidades e de como, em consequência, Deus derrubou o reino deles e os espalhou pela terra.

 

Promessas Pactuais

 

Deus no entanto manteve-se verdadeiro para com o seu pacto, e não desistiu do Seu povo. Em vez disso a promessa é novamente reiterada vez após vez que:

 

"Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho" (Jeremias 31:10).

Veja também Deuteronómio 30:1-3; Isaías 11:11,12; e Ezequiel 37:12,21,22.

 

Isto não é um ensinamento só do Antigo Testamento mas encontra-se também no Novo Testamento. O Senhor Jesus disse:

 

"Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem" (Lucas 21:24).

O apóstolo Paulo escreveu isto acerca de Israel:

 

"Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!" (Romanos 11:11,12).

"Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus pecados" (Romanos 11:25-27).

Israel Reunido de Novo

 

A promessa era que a nação de Israel seria trazida de volta para a sua antiga terra e que o povo se reconciliará com o Senhor Jesus Cristo, o seu Messias. Nesse dia reconhecê-lo-ão por fim como o salvador que Deus enviou, mas seus pais crucificaram-no. Como diz o profeta:

 

"Sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito" (Zacarias 12:10).

A restaurada e arrependida nação então herdará a terra em cumprimento da promessa que Deus fez a Abraão. Esta grande nação herdará a terra para sempre; será a sua herança perpetuamente - de geração em geração. Ocuparão a terra como mortais, servindo no vindouro Reino de Deus que estará centrado em Jerusalém, durante o reinado milenar do Senhor Jesus Cristo - o Milénio. E sabemos quem guiará e dirigirá a nova não durante essa era maravilhosa, pois Jesus fez esta promessa aos seus discípulos:

 

"Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel" (Mateus 19:28).

Dudley Fifield

Tradução: S. Mestre

(Article: More About The Promised Seed, Glad Tidings 1505, pag. 9,10) 

CURSO BÍBLICO GRÁTIS

S. Mestre, 22.11.09

Oferecemos um Curso Bíblco Grátis por Correspondência.

 

O curso é composto de 40 lições e questionários a cada 3 ou quatro lições:

 

1 - Como usar este curso Bíblico;

2 - Quem são os Cristadelfianos;

3 - A Bíblia, o nosso guia;

4 - O Evangelho;

5 - Deus e a Criação;

6 - Deus amou ao mundo de tal maneira;

7 - O Regresso de Jesus à Terra;

8 - Sinais da Vinda de Jesus;

9 - Venha o Teu Reino;

10 - A história desde o ponto de vista de Deus;

11 - O Reino de Deus - Paz na Terra;

12 - As promessas de Deus a Abraão;

13 - Os Judeus na história (1.ª parte);

14 - Os Judeus na história (2.ª parte);

15 - As promessas de Deus a David;

16 - O Pai e o Filho;

17 - A vida de Jesus;

18 - A morte de Jesus;

19 - A ressurreição e ascensão de Jesus;

20 - O Espírito Santo de Deus;

21 - Os dons do Espírito Santo;

22 - O pecado e as suas consequências (1.ª parte);

23 - O pecado e as suas consequências (2.ª parte);

24 - Pela Graça sois salvos;

25 - A ressurreição dos mortos;

26 - O Juízo;

27 - A Vida Eterna;

28 - Os Anjos;

29 - Demónios e Satanás;

30 - O Diabo e o Pecado;

31 - O Baptismo;

32 - O casamento Cristão;

33 - Enfrentando problemas no casamento;

34 - O nosso dever para com o Estado;

35 - A oração;

36 - Caminhando em novidade de vida;

37 - Leitura Bíblica diária;

38 - Comunhão com aqueles da mesma fé;

39 - Resumo das doutrinas Bíblicas;

40 - O passo seguinte.

 

E livro "Teu é o Reino"

 

 

O curso é completamente grátis e sem qualquer compromisso.

 

Pode ser feito por correio ou por email, envie o seu pedido para: curso_gratis@hotmail.com

ABRAÃO E A SEMENTE PROMETIDA

S. Mestre, 20.11.09

Ao examinar as promessas que Deus fez a Abraão, Dudley Fifield mostrou que um dos ramos referia-se aos descendentes naturais de Abraão - a nação de Israel. Mas o propósito de Deus começou com eles para que crescesse e  expandisse para incluir muitas nações. E tinha como foco um descendente em particular - o Senhor Jesus Cristo

 

Sumário

 

1 -> Abraão seria o pai de muitas nações (tanto a nação Judaica como nações Gentias descenderiam dele).

 

2 -> A semente(singular) dele herdaria as portas dos seus inimigos e nele todas as nações da terra serão abençoadas.

 

Já vimos que Abraão teria descendentes naturais - os povo Judeu - mas as promessas que ele recebeu também faziam referência a um grupo muito mais extenso de descendentes.

 

Multidão Nações

 

A promessa que Abraão seria "pai de muitas nações" está contida no capítulo 17 de Génesis.

Lá Deus diz:

 

 

-> "Te multiplicarei grandissimamente" (versículo 2);

 

-> "Serás o pai de uma multidão de nações" (versículo 4);

 

->"E te farei frutificar grandissimamente e de ti farei nações, e reis sairão de ti" (versículo 6).

 

 

A circuncisão foi o sinal do pacto que Deus fez com Abraão:

 

"Este é o meu concerto, que guardareis entre mim e vós e a tua semente depois de ti: Que todo macho será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre mim e vós" (17:10, 11).

Este ritual simbolicamente indicava o cortar fora o poder da carne humana. O propósito de Deus seria cumprido pela agência do homem mas pelo poder de Deus. De fato está nos a ser dito que o significado real desta promessa deve ser encontrado em termos espirituais e não físicos.

 

Isto é confirmado pelo apóstolo Paulo na sua carta aos Romanos. Ao escrever sobre a circuncisão o apóstolo diz de Abraão:

 

"E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem (estando eles também na incircuncisão, a fim de que também a justiça lhes seja imputada)" (Romanos 4:11).

Valores Espirituais

 

A circuncisão, como explica Paulo, tinha tudo que ver com valores espírituais e não o ato físico em si. Ninguém pode ganhar a vida eterna, não importa quanto se pode tentar cortar os desejos naturais da carne. Deus tem-nos por justos quando acreditamos Nele e confiamos naquilo que Ele pode fazer por nós. Isto é o que Paulo queria dizer quando disse que a justiça pode ser imputada a homens de fé. Paulo continua a sua explicação com uma declaração impressionante:

 

"Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé" (4:13)

 

Abraão e sua semente(ou descendentes) fiel herdarão o mundo e são homens e mulheres que serão considerados justos à vista de Deus devido àquilo em que acreditam. Tudo isto foi feito nesses dias longínquos do passado e está registado em Génesis, por esta razão:

 

"Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí)" (Romanos 4:16,17).

É verdade que em sentido físico houve nações descenderam de Abraão, como vimos. Mas o ponto fulcral da promessa era que todos os que mostrem a fé Abraão são vistos como filhos de Abraão e com ele herdarão a terra. Virá o tempo em que no Reino de Deus, a terra será habitada por uma multidão de redimidos e todos eles considerarão Abraão seu pai. Farão isso porque obtiveram a sua justiça, e através dela a vida eterna, por acreditarem nos princípios base que foram primeiramente revelados a Abraão nestes capítulos do Livro de Génesis.

 

Uma Semente Especial

 

Mesmo no centro desta obra de redenção de Deus está o Senhor Jesus Cristo.

 

A Abraão for prometido um descendente especial e esta promessa é a componente principal em muitas das coisas que Deus disse a Abraão:

 

"E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta, agora, os teus olhos e olha desde o lugar onde estás, para a banda do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; porque toda esta terra que vês te hei de dar a ti e à tua semente, para sempre" (Génesis 13:14-15);

 

"E te darei a ti e à tua semente depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu Deus" (17:8) .

"E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz" (22:18).

 São estas quatro simples palavras "e à tua semente" que o apóstolo Paulo faz referência em particular quando escreveu aos Gálatas, pois ele dá esta importante explicação:

 

"Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade[semente]. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade[semente], que é Cristo" (Gálatas 3:16).

 Mais tarde no mesmo capítulo o tema é desenvolvido, Paulo escreve:

 

"Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.  Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa" (3:27-29).

Jesus É A Semente Especial

 

O Senhor Jesus é proeminentemente a semente de Abraão. É através do seu sacrifício que todas as nações do mundo são abençoadas - consideradas justas por Deus. Não todas as pessoas que viveram, mas aqueles que têm a fé de Abraão. Não existe barreira, pois a grande multidão dos redimidos que cantam os seus louvores ao Cordeiro exclamam:

 

"E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra" (Apocalipse 5:9,10).

Lemos em Génesis 22 que a semente de Abraão possuirá as portas dos seus inimigos. Os governadores da cidade sentavam-se às portas; por isso possuir as portas dos inimigos significa conquista. Significa que aquele que possui as portas está numa posição de autoridade para controlar quem entra e quem sai.  O Senhor Jesus conquistou o pecado e a morte. Ele é o que uma vez declarou:

 

"Eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno" (Apocalipse 1:17,18).

Por isso o nosso futuro eterno está no controlo do Senhor Jesus. Tudo depende do nosso relacionamento com ele. O que queremos que aconteça? Perdidos para sempre no esquecimento da morte, ou ressuscitados para a gloriosa imortalidade, para vivermos e reinarmos com ele no Reino de Deus?

 

Por Dudley Fifield

Tradução: S. Mestre

(Article: Abraham and the Promised Seed 1506, pag. 9-11)

A VIAJEM DE UMA VIDA

S. Mestre, 20.11.09

O natal é uma altura do ano na qual as pessoas possivelmente assistem a algo religioso, nem que seja uma peça teatral da natividade na escola local, para verem seus filhos ou netos atuar. O apóstolo Paulo explica (em Colossenses 2:16) que os crentes não precisam de observar certos dias como dias santos e é muito improvável que Jesus tenha nascido a 25 de Dezembro. Mas como explica David Pearce, existem benefícios reais em meditar sobre as circunstâncias que rodeiam o nascimento de Jesus.

 

As Celebrações de Natal

 

Existe sempre uma certa excitação quando no natal se relembra que o Rei de reis nasceu, não num palácio real mas num humilde estábulo. Quando vemos crianças pequenas na escola recriando a cena da manjedoura, com os pastores trazendo os seus cordeiros para verem o bebé, faz-nos pensar quão grandioso Deus é. Ele escolheu circunstâncias humildes para o nascimento do Seu Filho, em vez de fazê-lo nascer entre os poderosos e orgulhosos.

 

Invariavelmente, lá estarão também três reis que vêm de longe para trazer os seus presentes. Mas não quer dizer que fossem três - só diz que trouxeram três presentes. Nem são chamados de reis, mas magos ou sábios. E com certeza não chegaram no estábulo no dia do nascimento de Jesus. Diz em Mateus 2:11 que eles vieram a uma "casa", não a um estábulo, e Jesus é descrito como "menino" nessa altura, e não bebé. Quando lembramos que Herodes decidiu matar todas os meninos de Belém com menos de dois anos, "conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos", é provável que Jesus era muito mais que um bebé quando essas importantes personagens o visitaram.

 

Também não precisamos ser demasiado picuinhas com os detalhes. O que importa é a questão - o que faziam estes viajantes tão longe de casa?  E qual é o significado por trás dos presentes que trouxeram?

 

É-nos dito em Mateus 2:1 que eles vieram do Oriente, e que eram astrónomos - tinham notado o aparecimento de uma nova estrela. Para além disso, viram este evento como sinal de que algo importante tinha acontecido.

 

No mapa do Médio Oriente, se você traçar uma linha de Jerusalém para o Oriente você acabará na Babilónia, que era um grande centro de astronomia. E os Babilónios preocupavam-se com a predição do futuro. Mas porque estariam os Babilónios à espera do nascimento de um rei em Israel? Acima de tudo, os Judeus já não tinham rei por mais de 500 anos.

 

Setenta Semanas

 

Quem teria avisado os Babilónios que um dia um novo rei nasceria em Israel? Houve um profeta Judeu muito importante que viveu na Babilónia por volta de 530 a.C., chamado Daniel. Por longos anos ele foi um administrador de confiança na Babilónia e antes de morrer deixou pergaminhos, que continham profecias impressionantes. A que precisamos de ver está em Daniel 9:25.

 

O profeta predisse que um decreto seria criado para a reconstrução das muralhas de Jerusalém, e depois desse decreto um total de 69 "semanas" (a palavra Hebraica significa "setes") passariam até a morte do "Messias o Príncipe". Quem era o Messias? O Messias era uma personagem famosa que se sentaria no trono de David e traria a salvação ao seu povo. Eis aqui uma típica profecia de Isaías:

 

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto" (Isaías 9:6,7)

 

De Quando Até Quando?

 

Quando começou o período mencionado por Daniel? Houve vários decretos de reis Persas para restaurar as ruínas de Jerusalém, mas se escolhermos aquele de Artaxerxes, datado de por volta de 444 a.C., e adicionamos 69 "setes" de anos, ou seja 483, chegamos ao tempo em que Jesus viveu. Muito possivelmente os magos da Babilónia tinham outras escrituras dos Judeus nas suas bibliotecas. Neste caso podem ter encontrado a profecia que diz:

 

"Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro" (Números 24:17).

A referência a cetro é uma dica importante de que a estrela de Jacó(Israel) seria um rei, pois são os reis que usam cetros. Assim sendo, juntando tudo, podemos imaginar a cena que se segue:

 

A Viagem De Uma Vida

 

Um ancião olha para o céu desde do observatório que tem no terraço de uma antiga universidade. Com o vento a bater-lhe nos olhos perscruta as miríades das familiares constelações. De repente grita e desce as escadas a correr para chamar os seus amigos. "De pressa", diz ele, "há uma nova estrela além no Ocidente". Eles juntam-se na plataforma e confirmam a descoberta. Mas qual é o significado deste evento?

 

Seguem-se dias de intenso estudo procurando os profetas das terras do Ocidente nas bibliotecas reais, e por fim descobrem os escritos dos Judeus, que tinham sido cativos dos Babilónios.  O primeiro rei Judeu em cinco séculos - a curiosidade profissional deles não conhece limites. Conferenciando, concordam que devem fazer a heroica viagem de 600 quilómetros para pagar-lhe tributo, assim como o profeta Isaías tinha decretado (veja Isaías 60:3).

 

Passam semanas enquanto tentam identificar a estrela, e mais semanas ainda se seguem em preparação da missão e presentes adequados. E depois ainda falta o tempo que levará a viajem (Esdras e os seus exilados levaram 4 meses para percorrer essa distância - veja Esdras 7:9). Por isso vemos porque os magos só chegaram até Jesus quando ele já gatinhava.

 

Mas onde é que o encontrariam? Logicamente para encontrar um rei criança bastava ir ao palácio real na capital. Mas quando os sábios chegaram a Jerusalém e perguntaram ao Rei Herodes onde se encontraria o seu sucessor, deram de cara com desdém e suspeição. Ninguém tinha ouvido falar de um bebé rei, e Herodes, que nem sequer era Judeu, não tinha tempo para rivais ao trono. Ele ordenou aos escribas Judeus que procurassem saber onde nasceria o próximo rei Judeu. Espantosamente, só havia uma profecia sobre isso, clara como cristal:

 

A Viajem Até Belém

 

"E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Miqueias 5:2).

Belém era uma pequena aldeia somente a 7 quilómetros de Jerusalém, e o lugar do nascimento de David, o maior rei de Israel. Para alegria dos viajantes, a estrela que tinham visto meses atrás no seu país agora aparecera novamente, e guiou-os ao humilde lugar do nascimento do Messias. Podemos imaginar os habitantes da aldeia rodeando estes estrangeiros ricos com os seus camelos poeirentos que perguntavam por um bebé que tinha nascido meses antes, sobre qual algum incidente fora do vulgar o pudesse marcar como um rei.

 

Haveria certamente muita gente que se lembraria da inolvidável noite em que os pastores vieram visitar e que podiam indicar aos visitantes a casa onde Maria e José tinham ficado, com medo de voltar às línguas afiadas e mexericos de Nazaré.

 

Maria deve ter ficado de boca aberta quando viu uma multidão à sua porta. Convida-os a entrar. Prostrando-se perante o Filho de Deus, eles abrem os alforges e tiram de lá os presentes que carregaram até ali - presentes dignos de um rei. Um por um eles colocam aos seus pés três baús, com riquezas tais que a pobre Maria nunca tinha visto na sua vida - ouro, incenso e mirra.

 

Ouro

 

Ouro, era uma escolha óbvia.  Foi moeda internacional ao longo das eras, raro, belo, indestrutível, e fácil de trocar por bens ou serviços, era perfeito para um rei. O antepassado de Jesus, Salomão tinha recebido ouro como tributo de um visitante real, 1000 anos antes (veja 2 Crónicas 9:9).

 

O que dizer das especiarias, incenso e mirra? É de se notar que quando a Rainha de Sabá veio ver Salomão, ela também trouxe especiarias. Estas eram caras, e muito apreciadas nos tempos antigos. Ambas têm um perfume agradável, e são usadas em medicamentos e para embalsamar os mortos. Vastas quantidades eram usadas no Egito para preparar as múmias para o túmulo. E ambas as especiarias vêm da ceiva de árvores que se encontram em Omã, Índia, Etiópia e Somália.

 

Incenso

 

O incenso procede de uma árvore com muitas folhas. Faz-se um corte no tronco com uma faca, e um sulco mais abaixo num certo ângulo. A ceiva lentamente sai desse golpe para o sulco, amontoando-se numa massa sólida com a forma de uma lágrima. Quando seca, isto é batido com um pilão até ficar em pó que é usado como base para o incenso. Arde lentamente e liberta um odor adocicado, reconfortante e calmante. Pode ser encontrado no livro de Êxodo como ingrediente principal do santo perfume usado no tabernáculo (Êxodo 30:34-36). Era também aspergido e queimado com os sacrifícios (Por exemplo, Levítico 2:1).

 

Mirra

 

A mirra vem de um arbusto espinhoso e mantêm o seu aroma durante séculos, era um perfume favorito (veja Cantares de Salomão 1:13). Porque é um poderoso desinfetante, era também usada no embalsamamento dos mortos. A sua terceira propriedade é usada ainda em nossos dias - uma tintura anestética de mirra pode ser muito eficaz como tratamento para úlceras da boca( vendem nas farmácias). É por isso que as mulheres de coração bondoso de Jerusalém ofereciam-na aos criminosos que iam para ser crucificados, para amortecer a dor (Marcos 15:23 -  veja também Salmo 69:21), onde o amargo da mirra é comparado ao fel, que também é muito forte quando provado.

 

Por isso os presentes eram práticos - fáceis de transportar, não se afetavam com temperatura ou passagem do tempo, e concentravam o seu valor num pequeno espaço. Uma vez vendidos ou trocados, providenciariam a José e Maria dinheiro para os meses seguintes, incluindo a longa viagem para o Egito e retorno. Quão regularmente, tanto para nossa surpresa como para eles, Deus provê para o nosso pão diário das maneiras menos esperadas. Mas existe mais significado nestes presentes que foram dados ao menino Jesus.

 

Importância Profética

 

Nascido para ser Rei, Jesus era digno do ouro. Mas as especiarias, embora valiosas tinham também um significado profético.  Mirra, como vimos, era usada para fazer os óleos de unção usado pelos sacerdotes e reis, e Jesus viria a ser ambas as coisas. Mas a sua amargura significava provação e crucificação. O incenso era queimado no altar do incenso de manhã e ao anoitecer, e tornou-se num símbolo da oração, lembrando-nos de Jesus como nosso intercessor e mediador. O seu forte perfume adocicado era um antídoto para o terrível e ofensivo cheiro da corrupção, sendo esta a razão pela qual José da Arimateia e Nicodemos trouxeram sacos disso para o sepultamento de Jesus. Então, em símbolo, o seu ato de amor de autosacrifício um dia removerá a corrupção introduzida no mundo pelo pecado; e a morte será engolida pela vitória.

 

Os magos, retornaram a casa, e nunca mais são mencionados. Desaparecem do relato assim que vêm o Cristo do Senhor. Naquela habitação humilde eles representaram em miniatura a cena que um dia se repetirá milhares de vezes. Pois Deus decretou que todo o joelho se dobrará em tributo ao seu Filho (veja Filipenses 2:9,10), e até reis de terras distantes virão com os seus presentes (Salmo 72:10).

 

Assim, ao lermos e meditarmos mais uma vez sobre o registo do nascimento do Filho de Deus, podemos olhar para o futuro para esse dia feliz quando os humildes serão exaltados, e muitos se juntarão na multidão que pagará tributo ao Rei que nasceu numa manjedoura. Se queremos fazer parte dessa multidão feliz, temos que fazer a mesma viajem de descoberta por nós mesmos!

 

Por David Pearce

Tradução: S. Mestre

 

(Article: Journey of a Lifetime, Glad Tidings 1495, pag. 5-8)

NÃO MAIS MORTE, PRANTO, LÁGRIMAS OU DOR

S. Mestre, 17.11.09

 

Esta afirmação pode soar um pouco dramática de se ler Mas é o que a Bíblia realmente promete.


O capítulo 21 do Livro do Apocalipse diz-nos como serão as coisas quando Jesus Cristo retornar à terra com grande poder e glória, para reinar sobre todas as
nações no Reino glorioso de Deus. Este maravilhoso capítulo retrata a mudança tremenda que afetará o mundo, pois fala de um "novo céu e nova terra", isto é, um novo governo divino, que resultará num mundo de justiça, retidão e paz.


Tente imaginar um mundo sem guerra, conflitos étnicos, doenças ou fome, pois é isso que ele vai ser no Reino de Deus. Os Fieis e os humildes serão recompensados com a vida eterna tal como encontramos indicado pelo rei David no salmo que ele escreveu, onde ele diz:


 

"Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz." (Salmos 37: 11).


Aprendemos na Bíblia que David foi um grande rei de Israel, um homem
aprovado por Deus como "homem segundo o meu coração "(Atos 13:22). Assim, podemos confiar plenamente em suas previsões, especialmente já que foram confirmadas pelo Senhor Jesus (Mateus 5:5).


Paz Abundante


Palavras como estas contrastam com a nossa experiência atual. Há guerras que ocorrem hoje em diversas partes do mundo, com muita atenção dada ao Iraque,
Afeganistão e Paquistão, todos os países no centro da "guerra contra o terror", ou pelo menos contra os terroristas e nacionalistas. E onde as hostilidades  de verdade ainda não começaram, existe muita tensão sobre o Irão, e as suas alegadas ambições nucleares, Israel e os Palestinianos, entre Índia e Paquistão em Caxemira, entre a China e Taiwan, entre o Norte e o Sul da Coreia.


Os problemas do mundo têm aumentado enormemente nos últimos anos, um dos mais envergonhantes sendo a triste situação dos milhões com fome em África, no subcontinente Indiano e na Ásia, problemas provocados por secas e degradação da terra e o uso excessivo de água que deixou de rios com níveis bastante reduzidos. E agora há alterações climatéricas!


Esperança ou Desespero?
 

Sabemos, muito bem, que nossa esperança de vida limitam-se a por volta de setenta anos, e a experiência ensina-nos que não há imunidade às adversidades e infortúnios que ocorrem de vez em quando. Mas os verdadeiros crentes tomam conforto em ter-lhes sido dada a esperança de algo melhor - uma esperança que pode consolá-los e confortá-los quando os aparecem problemas . Na verdade, a provação podem ser vistos como intencionados para testar e desenvolver o caráter. A Bíblia dá muitos exemplos de pessoas que emergiram de tais problemas, mais fortes e melhores do que nunca.


Jó era um homem bom de paciência e perseverança monumentais quando colocado sob extrema pressão. Mas o supremo exemplo em sofrimento, abnegação e disciplina foi, sem dúvida visto na vida incomparável, exemplo e  ensinamentos únicos do nosso amado Senhor Jesus Cristo. 


"Não Tenho Tempo!"
 

Infelizmente, muitas pessoas acham que o ritmo de vida é demais para elas nos dias de hoje e encontramos uma alusão na Bíblia como o ritmo das coisas acelerará nos últimos dias. É-nos dito claramente pelo profeta Daniel que isto
aconteceria, e também que haveria uma proliferação do conhecimento, pois ele diz que "tempo do fim; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará."(Daniel 12:4). Temos visto isso nos desenvolvimento rápido deos modos de transporte disponíveis hoje, e também em nos grandes avanços em todos os domínios de aprendizagem, incluindo descobertas médicas que têm erradicado certas doenças mortais.


Jesus ofereceu a melhor fórmula para uma vida feliz e equilibrada, e a encontramos na sua resposta aos líderes dos Judeus, os Fariseus, que lhe perguntaram se devia-se pagar os impostos aos seus suseranos Romanos na terra da Palestina. Esta questão foi uma entre muitas colocadas a Jesus, que tentavam enganá-lo para que dissesse algo de mal sobre as autoridades Romanas. Mas ele tinha pleno conhecimento dos métodos desonestos empregados pelos líderes dos Judeus em tentando arranjar falsas acusações contra ele, e a resposta de Jesus  expôs a sua duplicidade como ele disse:


 

"Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mateus 22:21). 


Isso queria dizer, que deviam cumprir as suas obrigações legais para com o estado obedecendo às suas leis, mas que eram também obrigados a dedicar tempo reconhecendo Deus em suas vidas obedecendo aos Seus mandamentos e vivendo de conformidade com as Suas leis contidos na Sua Palavra, a Bíblia.


 

Parece razoável sugerir que ninguém está tão ocupado que ele ou ela é incapaz de dedicar uma certa quantidade de tempo diário com o propósito de fazer a leitura de uma porção das Escrituras e de oração ao Grandioso Deus do universo, que sustenta todas as Suas criaturas. Isto é o mínimo que podemos fazer para mostrar respeito e reverência pelo Seu Grande e Santo Nome, tendo em mente o que Ele prometeu aos que se voltam para Ele em fé, obediência e humildade se cumprirá no Reino de Deus, aquando da volta de Cristo como Rei de todas as nações. 


Nunca Demasiadamente Ocupados


O apóstolo Paulo foi um dos homens mais ocupados que já viveu. Mas ele
estava ocupado na obra do Senhor. Pois, apesar de ser um fabricante de tendas de profissão, foi ele quem estabeleceu muitas dos lugares de culto Cristão nos países adjacentes ao Mar Mediterrâneo, cidades como Corinto, Éfeso, Colossos, Filipos, Tessalônica, e também na região da Galácia. Além destes tremendos
feitos Paulo também foi capaz de realizar três viagens missionárias na sua grande obra de converter os gentios e o povo judeu ao ensinamentos salvadores de Jesus. 


O seu exemplo mostra-nos que quão ocupados estejamos, temos de encontrar tempo para as coisas na vida que realmente importam. Certifique-se de arranjar tempo para preparar sua vida para o vindouro reino, onde e quando não haverá mais morte, tristeza, pranto, nem dor.


Por Dennis Elliott 

Tradução: S. Mestre

(Article: No More Death, Sorrow,Crying or Pain, Glad Tidings 1507, pag. 18-19)

 

 

JESUS NÃO PREEXISTIU

S. Mestre, 16.11.09



"E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." - João 17:3.


Quem é Jesus Cristo?



Colocamos esta questão no tempo presente, porque apesar de Jesus Cristo ter sido crucificado 1900 anos atrás, na agitação de uma multidão de Judeus e má administração do poder Gentio, ele está vivo hoje.


E o fato de ele estar vivo é da maior importância para a humanidade.


Paulo, que tinha sido o inveterado adversário do Cristianismo, que foi convertido no seu maior defensor pela prova incontestável da ressurreição do Senhor (1 Coríntios 15:10), explicou-o assim: 

"[Deus] estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos." (Atos 17:31).


Julgar o mundo é governá-lo. Portanto, Paulo ensinou que Cristo vivo é a garantia de Deus que Ele enviou Jesus Cristo para estabelecer o seu reino na terra (Atos 1:11; 3:19-20). Cristo está vindo para mudar as condições presentes, e para reinar como rei. 

Confusão a Respeito de Cristo


Mas quem é Jesus Cristo? A vida eterna está ligada à resposta a esta questão, como o título deste artigo mostra. Coloque esta questão aos Judeus, e eles respondem que ele era filho de José e Maria, e que viveu e morreu na Judeia há 1900 anos. Pergunte aos sacerdotes dos nossos dias, e eles vão dizer que ele é a segunda pessoa de um Deus trino. Outros, embora rejeitando o conceito trinitário como não bíblico e ilógico, ensinarão que ele pré-existiu. Assim a interminável controvérsia tem continuado; mesmo aqueles que admitem que ele vive, violentamente discordam a respeito de quem ele é.


Podemos ignorar a resposta Judaica. Os discípulos não eram mentirosos, tolos, místicos ou charlatões. Eles eram pescadores como Pedro, negociantes como Mateus, até céticos como Tomé. Esses homens não estavam dispostos a ser enganados por um boato, mas exigiam provas concretas da ressurreição de Cristo (João 20:24-29). Nós acreditamos neles, e rejeitamos a atitude descrente dos Judeus e ateus.



Nós não só pomos de lado a atitude cética dos Judeus e Ateus, mas também repudiamos a doutrina da Trindade. O conceito de três Deuses que são um só Deus é ilógico e não bíblico. A palavra "Trindade" não se encontra na Bíblia, mas é um título fabricado para servir a causa da teologia. Por outro lado, a Bíblia ensina que Jesus Cristo está subordinado a Deus, assim:


"Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Tim. 2:5).


"Um só Deus, o Pai... e um só Senhor, Jesus Cristo." (1 Cor.8: 6).


"Quando, porém, todas as coisas lhe(Jesus Cristo) estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele(Deus) que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos"(1 Coríntios 15:28 ).



Será que Jesus pré-existiu?



Embora essa questão, se fosse feita mencionando qualquer outra pessoa, seria tratada com o ridículo que merece, mas isso é afirmado quando se trata do Senhor.


Contudo, a Bíblia mostra claramente que Jesus não tinha existência antes do seu nascimento em Belém, 1900 anos atrás. Ele nasceu da virgem Maria, pelo poder de Deus que a cobriu (Lucas 1: 30-35), e assim foi tanto Filho de Deus como Filho do homem.



Da sua mãe, ele derivou a natureza comum a toda a humanidade, mas de seu Pai, ele herdou tendências espirituais latentes que o fortaleceram para vencer a carne, e manifestar qualidades divinas (1 Tim. 3:16). Ele foi executado como um criminoso, mas, na verdade, nunca pecou, e, portanto, a justiça de Deus exigia a sua ressurreição (Atos 2:24). Ele foi ressuscitado para a imortalidade, e subiu aos céus, onde aguarda a hora de voltar e estabelecer o seu reinado na terra (Atos 3:19-23, Daniel 2:44).


Em nenhum lugar é sugerido que ele existia antes do seu nascimento.


Tomemos, como exemplo, o versículo de abertura do Novo Testamento:

"Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão".

Se Jesus viveu de alguma forma antes de Abraão e David, ele não era filho deles, e a declaração é falsa.



Acreditamos que a afirmação é verdadeira, e toda a Escritura concorda com ela. Considere o registro de sua infância:


"E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens"(Lucas 2:52).


Como podem estas palavras possivelmente se aplicar a um anjo preexistente, ou à segunda pessoa de um Deus trino? Poderia alguém assim crescer em sabedoria e em graça diante de Deus? Supondo que o impossível era verdade, e Jesus preexistiu como um anjo, por que razão é que poderia ser dito que ele cresceu em graça diante de Deus apenas porque no seu novo estado, ele cresceu de bebé até ser um jovem!


Se Jesus preexistiu, ele deve ter-se despojado de toda a sua identidade anterior, perdeu todo o seu conhecimento anterior, poder e posição perante Deus, e teve que alcançar tudo isso de novo! Para quê? O que conseguiu com isso? Tal crença é lógica? Vamos mostrar que não é bíblica!


É normal uma criança "crescer em sabedoria e estatura", mas a diferença de Jesus em relação a todos os que existiram antes ou depois dele, está na sua concepção divina, e sua predileção excepcional para coisas espirituais. Isso ele herdou de seu pai. O Pai, que é desde a eternidade revelou-se no Filho (2 Coríntios. 5:19; Isa. 11:2-3, João 12:49), para que Jesus pudesse dizer, com verdade perfeita, "antes que Abraão existisse eu sou" pois ele era "Deus manifesto na carne" (1 Tm. 3:16).


O único sentido em que pode ser ensinado com a verdade que havia algo preexistente a respeito de Jesus é em relação com Deus que se manifestou nele. Em tudo o que ele fez e disse, manifestou-se a marca de sua origem divina, e a influência do espírito de Deus que lhe foi dado "sem medida" (João 3:34). Ele é o "Filho unigénito" de Deus (João 3:16), o qual "fortaleceste para ti." (Salmo 80:17), a fim de que os seus caminhos possam ser reveladas aos homens.



O Fio das Provas por Toda a Bíblia


Por todo o Antigo Testamento, a promessa de Cristo é anunciada; por todo o Novo Testamento, a pessoa de Cristo é descrita. 

Ele foi a "semente da mulher" prometida desde o início, para destruir a lei do pecado e da morte, que foi o produto da influência enganadora da serpente (Gn 3:15). O Novo Testamento comenta:


"Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei" (Gálatas 4:4,5).


Se Cristo preexistiu, como ele poderia ser descrito como a "semente da mulher?"


Abraão foi ensinado: "Em tua semente serão benditas todas as nações da terra" (Génesis 22:18, RC).



Paulo comentou: "E à tua posteridade, que é Cristo." (Gálatas 3:16,RC).

Abraão iria imaginar que a sua semente (filho) já existia antes dele? Claro que não! Onde há alguma evidência em Génesis que Jesus vivia então em qualquer forma? Não há nenhuma!


Moisés, líder e dador da lei em Israel, que simbolizava o vindouro Líder e dador da lei (Jesus Cristo) disse à nação Judaica:

"O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás," (Deuteronómio 18:15).

No Novo Testamento, Pedro citou estas mesmas palavras e aplicou-as a Jesus Cristo (Atos 3:22, 7:37), e Paulo ensinou: "Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos...." (Hebreus 2:17, RC).


Podem as palavras de Moisés ser aplicas a um anjo preexistente? Poderia um tal ser ser verdadeiramente descrito como "suscitado no meio de ti", "de teus irmãos, como Moisés?"



Somente uma teoria falsa poderia fazer essas palavras se aplicam a um anjo preexistente.


Jesus era o filho de David, e a Davi foi dito:


"Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, QUE PROCEDERÁ DE TI, e estabelecerei o seu reino... EU LHE SEREI POR PAI, e ELE ME SERÁ POR FILHO” (2 Sam. 7:12-14).


A profecia diz respeito a Cristo, como o comentário do Novo Testamento torna claro (ver Lucas 1:32-33, Hebreus 1:5), e com isso claramente estabelecido, note bem o tempo futuro utilizado em relação a ele. Deus diz: "EU LHE SEREI POR PAI," ele "ME SERÁ POR FILHO" Se Jesus já existia, Deus não deveria ter dito: "Eu sou seu pai", "Ele é meu filho"? A Maria foi dito:



"Este será(futuro!) grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim"(Lucas 1:32-33).


Estas palavras do anjo Gabriel afirmam que Jesus "SERÁ chamado Filho do Altíssimo", e reinará sobre o trono de "Davi, seu pai." Podem estas expressões ser aplicadas a alguém já existente?


Considere também a pregação dos Apóstolos. Será que eles proclamam a crença em um anjo preexistente que tinha assumido a forma humana? Não. Ouça a pregação de Pedro:


"Sendo, pois, ele[David] profeta e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que DO FRUTO DE SEUS LOMBOS, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono" (Atos 2:30,RC).


Em quem acreditava David que se sentaria no seu trono? Um anjo que já existia? Não; ele acreditava que aquele que reinaria nesse trono seria "O FRUTO DE SEUS LOMBOS", isto é, um descendente. O menino que nasceu de Maria era descendente de Davi, não um anjo preexistente que assumira a forma humana!


Isaías declarou: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel" (Isaías 7:14).


Essa profecia cumpriu-se no nascimento de Jesus (Mateus 1:23), a quem Peter descreveu como "varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós" (Atos 2:22,RC).



Em suma, Deus revelou-se num homem de proveu, e que se tornou o padrão para todos aqueles que se aproximariam d'Ele na esperança da vida eterna. Deus não espera que tais irão atingir a perfeição que viram no Filho, mas Ele exige deles que eles construam em suas vidas algumas das características divinas que eles veem nele reveladas. Ao fazer isso, desenvolvem um caráter digno de perpetuação num corpo de glória incorruptível na Era por vir (1 Coríntios. 15:53-57).



A teoria que apresenta Jesus como um anjo preexistente, no entanto, destrói esse padrão, e mistifica e distorce a bela doutrina da manifestação de Deus no homem Jesus Cristo.


E lembre-se que um correto entendimento da relação entre o Pai e o Filho é essencial para a salvação (João 17:3).



Não é Cristo o Primogénito?


Neste ponto, o leitor pode ficar um pouco impaciente, e desejar pressionar a nossa atenção para as referências bíblicas que parecem dar algum apoio à teoria da preexistência.


Nós não estamos ignorantes dessas passagens, mas alegamos que nenhuma delas dá apoio à teoria se forem devidamente interpretadas. Infelizmente, é verdade, porém, como a própria Bíblia afirma que alguns tomam algumas passagens das Escrituras que são "difíceis de entender" e que eles "torcem... para sua própria perdição" (2 Pedro 3:16, RC).


Uma dessas referências é Colossenses 1:15. Descreve Jesus Cristo como "o primogênito de toda a criação", e alguns têm avançado isto em apoio à teoria da preexistência. Se Jesus é o primogénito, ele deve ter existido antes de todos os outros, dizem ele.

 

Mas isso não coloca Escritura contra Escritura? Se ele é, literalmente "primogénito" no sentido dado a entender pela teoria, como a Bíblia pode afirmar que ele é "Filho de Davi, Filho de Abraão." (Mateus 1:1)?


Considere a declaração em si: "Primogênito de toda criação." Será que não demanda uma mãe? Quem era a mãe que deu à luz antes de todos os outros?


Essas dificuldades são resolvidas, e a passagem simplesmente e maravilhosamente explicada, quando a doutrina bíblica do “primogénito” é entendida. Na Bíblia "primogénito" é um termo jurídico, descrevendo preeminência de posição ou status, embora não necessariamente de nascimento. Havia privilégios especiais concedidos ao primogênito legal de uma família. Ele representava o seu pai, agia como um sacerdote, recebia uma porção dupla da herança da família (Deuteronômio 21:17).


Mas a lei de Deus providenciava que o filho mais velho de uma família poderia perder sua posição de primogênito legal, se fosse culpado de conduta imprópria ou incapacidade para desempenhar as funções necessárias, e ser suplantado por um filho mais novo. Por outras palavras, não era necessário que Jesus fosse o primeiro da criação de Deus para ser elegível para a posição de primogênito legal.


Por exemplo, considere 1 Crónicas 5:1:


"Quanto aos filhos de Rúben, o primogênito de Israel (pois era o primogênito, mas, por ter profanado o leito de seu pai, deu-se a sua primogenitura aos filhos de José, filho de Israel; de modo que, na genealogia, não foi contado como primogênito".

Conduta errada de Rúben ganhou a reprimenda de seu pai, que o depôs em seu estatuto jurídico de primogênito, e deu a posição a filho mais jovem: José.



Outros exemplos poderiam ser multiplicados. Efraim foi abençoado como o primogênito de Jacó, mesmo sendo mais jovem que o seu irmão Manassés (Génesis 48:14-19), e Deus aprovou a nomeação de Efraim, descrevendo-o como "filho primogênito" (Jeremias 31:9). A Jacó foi dado o direito de primogenitura por seu irmão Esaú (Génesis 25:32-34). Sinri foi nomeado para o cargo mesmo que ele era bem mais novo que seus irmãos (1 Crónicas 26:10).


Estes exemplos (e eles poderiam ser multiplicados) mostram claramente que foi muitas vezes a prática de um filho mais novo ser elevado à posição jurídica do primogênito de uma família. Na verdade, isto era tão comum que a Lei mosaica proibia a elevação de um filho mais novo a esta posição sobre o mero capricho de seu pai, por causa de favoritismo. Ele ordenou:


"No dia em que fizer herdar a seus filhos o que tiver, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, adiante do filho da aborrecida, que é o primogênito. Mas ao filho da aborrecida reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver, porquanto aquele é o princípio da sua força; o direito da primogenitura seu é." (Dt 16:17,RC).



Esta proibição mostra que um primogênito juridicamente falando poderia ser um filho menor, e, portanto, tem uma grande influência sobre a interpretação de Colossenses 1:15.


A Bíblia refere-se a dois notáveis "filhos de Deus": Adão e Cristo (compare com Lucas 3:38). O "primeiro Adão" renunciou ao direito de herança, a posição de primogênito da raça humana, por causa do pecado, mas Deus levantou um Filho mais jovem (chamado em 1 Coríntios. 15:45 "o último Adão"), cuja obediência total à vontade de seu Pai, provou-se digno da preeminência. Ele foi, assim, elevado à posição de primogénito da raça humana, o que significa que ele recebe "uma dupla porção da herança", e que ele age como sacerdote da família de Deus. O Senhor Jesus Cristo é o primogénito, e não pelo fato da longevidade (que confere nenhum mérito), mas em virtude da sua excelência moral.


A sua elevação foi prevista no Antigo Testamento. Deus declarou a respeito dele:


"Também por isso lhe darei o lugar de primogênito; FÁ-LO-EI mais elevado do que os reis da terra" (Salmo 89:27).


O uso do tempo futuro nesta profecia mostra que o Senhor Jesus não é o primogênito por nascimento, mas por nomeação; caso contrário, Deus devia ter dito: "Ele é o meu primogênito".



A ressurreição de Jesus foi o selo da aprovação do Pai no Filho (Romanos 1, 1-4). Isto constituiu-o como Primogénito. Paulo escreveu: "E ele... é o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência" (Colossenses 1:18), o "o primogênito entre muitos irmãos." (Rm 8:29). [Os seguidores do Senhor também são descritos como uma "espécie de primícias" para Deus (Tiago 1:18, Apocalipse 14:4), e como "igreja dos primogênitos" (Hebreus 12:23 - grego. Veja Diaglott). Portanto, se o título de "primogênito", ensina a preeexistência de Cristo, deve fazê-lo também em relação aos seus seguidores. Todos os privilégios dos primogénitos que tem o Senhor, aplicam-se em um menor grau aos seus seguidores. Eles vão receber uma porção dupla de herança na era por vir, até mesmo a imortalidade (1 Cor. 15:52-54), e eles vão atuarão como um sacerdócio real (Ap. 5:9-10) em relação à população mortal que restar (ver Zc. 14:16) durante o período do reinado milenar de Cristo (Ap. 20:6).]


Estas expressões mostram conclusivamente o que o apóstolo não queria dizer, pelo seu uso do termo, que Jesus preexistiu.


Será que Cristo Criou os Céus?


Alguns vão relembrar-nos, no entanto, que não eliminamos todas as dificuldades contidas em Colossenses 1. Por exemplo, não revela que Cristo criou todas as coisas? Paulo ensinou:



"Porque nele[Cristo] foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele."(Col. 1:16).


Isto parece uma prova conclusiva, porque parece ensinar que o Senhor Jesus criou até o céu. Mas uma análise atenta da passagem irá revelar que está-se a ler coisas demais nessas palavras se essa interpretação for pressionada , pois alega que ele criou todas as coisas "no céu". Isso incluiria o próprio Deus, para não falar dos anjos!


Isso obviamente não é lógico nem bíblico. O que é, então, que o versículo quer dizer? As Escrituras falam dos céus, para além dos que estão acima. Por exemplo, o profeta Isaías fala de "novos céus e nova terra" que se manifestarão no futuro, que ele descreve como "Eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo." (Isaías 65:17-18).


A vinda do Senhor Jesus irá resultar na formação destes céus políticos. Os governantes que reinararem aí serão seguidores do Senhor Jesus, feitos imortais, reinando "sobre a terra" (Ap. 5:9-10).


Mesmo agora, um seguidor do Senhor é elevado a uma posição de privilégio em relação a Deus e Seu Filho, descritos como "lugares celestiais em Cristo" (Éf. 1: 3). Por isso, Paulo ensinou:

"E nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Efésios 2:6,RC).


Estes céus "foram trazidos à existência através de Cristo, e eles são os precursores dos "céus" políticos, a serem manifestados na era por vir, quando reinar sobre a terra. Neles são encontrados gradações de autoridade, descrito como tronos, domínios e assim por diante; alguns dos quais eram visíveis naquele tempo, e alguns dos quais estão ainda a serem manifestados, e, portanto, ainda são invisíveis.

Tudo Será Revelado Na Era Por Vir.


O termo "céu", pois, muitas vezes se relaciona a uma posição de privilégio ou de elevação. Ele é usado para descrever a relação atual dos seguidores de Cristo em relação ao Pai e ao Filho, bem como a autoridade que eles exercem no reino que Cristo estabelecerá na terra no qual irão exercer gradações de poder (compare Lucas 19: 17-19).


Em Isaías 65:17-18, os “céus” constituem os governantes ou governo da era por vir, e a “terra” sendo o que é governado, ou as pessoas comuns, como o profeta tem o cuidado de mostrar (ver v.18). A mesma interpretação é exigida para Colossenses 1:16. A palavra no grego traduzida como "nele" é a preposição en. Não se pode dizer que a criação física foi criada "em Cristo", e, portanto, deve ser uma referência para a criação espiritual, como está ainda implícita no v.18.


Em outro lugar, uma pessoa "em Cristo" é descrita como uma "nova criatura", ou "nova criação" como a expressão deve ser traduzida (2 Coríntios. 5:17; Gal. 6:15), e como as "coisas" que Cristo é dito ter criado estão "nele" é, obvio, que é esta "nova criação" que o apóstolo tem em mente. Cristo é o início desta nova criação de Deus (Apocalipse 3:14), liderando o caminho que seus seguidores podem atingir (Filipenses 3:21, 1 João 3:1-2), pois, o que ele é hoje eles podem vir a sê-lo.


Para resumir, Colossenses 1:16 não ensina a criação literal do céu e da terra por Jesus, porque:

  1. Entra em conflito com o testemunho do Antigo Testamento, que ensina que Deus é que criou;

     

  1. Os céus em questão estão "em Cristo", o que só é possível se eles estão relacionados com coisas espirituais;

     

  2. Outras expressões do Apóstolo alinham “céus” com posições de privilégio em Cristo.

     

Assim Paulo conclui: "E ele é antes(Grego – superior a) de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por(Grego -en, em) ele." (Col. 1:17).

A palavra grega traduzida por "subsistem" é sunistemi e significa "estar, ou aderir, juntos". Cristo é a força coesiva da nova criação, e, como tal, estas palavras podem ser entendidas. Mas se a criação em questão é interpretada no sentido literal da criação, temos de reconhecer que Cristo mantém tudo isso junto. Porque, então, essas coisas não se desintegraram quando ele morreu? Obviamente, esta interpretação está errada, e como o contexto claramente mostra, isso nunca esteve na intenção de Paulo, que escreveu sobre uma criação espiritual em Cristo.



"Eu Sou de Cima" (João 8:23).


Esta afirmação é muitas vezes usada para ensinar que Jesus estava no céu antes de ele descer à terra. O contexto do verso, no entanto, mostra que essa interpretação está errada. Jesus declarou aos Judeus: "Vós sois de baixo: eu sou de cima", então, na explicação, ele continuou: "Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo". Cristo era "de cima" e "não é deste mundo", porque Deus era seu Pai, e ele manifestou a sabedoria e as características que eram divinas.


Um homem que "ama o mundo" é "de baixo", ou "terreno", mas um que tem "o amor do Pai” vivendo nele, é "de cima" (1 João 2:15). Jesus disse a Nicodemos que uma pessoa deve "nascer do alto" (João 3:3 - ver Grego, o que é traduzido “de novo” literalmente em Grego é “de cima”) se há-de herdar o reino de Deus.. Tal pessoa é gerado pela Palavra de Deus (1 Pedro 1:23; 1 João 3:9-10), por uma "sabedoria que vem do alto" (Tiago 3:15-18). O caráter que ele vai desenvolver é moldado pela Palavra que habita nele (João 17:17), de modo que ele pode afirmar que é "de cima", embora ele nunca tenha estado literalmente no céu.


Esse é o sentido em que as palavras de Cristo devem ser entendidas. Ele "não era deste mundo" no mesmo sentido que João exortou os fiéis a "não serem deste mundo" (1 João 2:15). O seguidor de Cristo deve olhar para além das coisas da terra, deste mundo para a glória ainda a ser revelada, e tornar-se mentalmente e moralmente diferente pela influência que é "de cima".



Cristo foi um exemplo disso.



"Eu Desci Do Céu" (João 6:38).


"Duro é este discurso; quem o pode ouvir?" perguntaram os discípulos (v.60). Foi seguido algo ainda mais difícil: "Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do Homem para onde primeiro estava?" Isto soou tão ridículo a alguns dos discípulos de Jesus que eles o deixaram (v.66). E isso é prova conclusiva de que eles não sabiam nada sobre a teoria de um Cristo preexistente.

Além disso, considere o título que o Senhor usou. Ele descreveu-se a si mesmo como "Filho do Homem".


Era o ser preexistente um Filho do Homem? Evidentemente, se esta referência é invocada como prova de sua suposta preexistência. 

O que o senhor quis dizer com estas palavras difíceis?


Elas aparecem no final de uma longa conversa com os Judeus, com base na dádiva do maná no deserto, e as circunstâncias fornecem a chave para seu significado.


O maná é descrito como "pão do céu" (João 6:32), e o Senhor comparou-se ao antitípico maná ou "pão do céu" (vv. 32-33). Será que essa descrição significa que foi fabricado o maná do céu, a morada de Deus, e flutuou para baixo numa nuvem espessa, todas as noites através do espaço ilimitado acima para o deserto abaixo? Ou será que Deus enviou o Seu Espírito para a terra, e fabricou aí?

Sem dúvida, este último caso, como qualquer pessoa razoável admitirá.

Esse é o sentido, portanto, no qual temos de compreender as alusões do Senhor a si mesmo. Considere as circunstâncias do seu nascimento. O anjo disse a sua mãe:


"Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lucas 1:35, RA).


Jesus era "o Filho Unigênito de Deus" e, portanto, de cima. Paulo ensinou que "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (2 Coríntios. 5:19). O que estava em Cristo(o Espírito) havia descido do céu, e habitando na carne de Jesus, subiu ao céu depois de sua ressurreição.


Que este é o verdadeiro significado, é mostrado pelas palavras explicativas do Senhor. Aos discípulos confusos, ele declarou:


"Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do Homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita" (João 6:62-63).


Deus, pelo Seu Espírito, desceu à terra para providenciar um da raça humana capaz de vencer o pecado (confira Salmo 80:17), e tendo feito isso, Ele levou este para o céu, depois de ter mudado a sua natureza de um corpo de carne para um de espírito, pois deve ser claramente entendido que um ser espiritual é corpóreo (1 Coríntios. 15:44-45). Assim, o Espírito ascendeu onde estava antes, embora de forma diferente. Ele desceu como o poder de Deus, que subiu como um Filho do Homem feito imortal.


“No Princípio, Era O Verbo” (João 1).


O Evangelho de João começa com esta afirmação, e passa a afirmar que este verbo ou palavra estava com Deus e era Deus, e fez todas as coisas (vv. 1-4). E porque o título, Verbo de Deus, é aplicado ao Senhor Jesus em Apocalipse 19:13, alega-se que estes versos em João dizem respeito a uma Cristo preexistente .


Se assim fosse, no entanto, faria com que a Bíblia parece irremediavelmente contraditória, pois referências tais como: "Eu lhe serei por pai, e ele me sera por filho", "fá-lo-ei meu primogénito", "Jesus Cristo, filho de Abraão, filho de Davi " estão em contradição com o ensinamento que representa Jesus como ser preexistente.


O termo grego traduzido por "verbo" é
Logos. Significa a forma exterior do pensamento interior ou razão, ou a palavra falada como ilustrativa do pensamento, sabedoria e doutrina.


João está ensinando que, no início, o propósito de Deus, sabedoria ou revelação estava em evidência. Estava "com Deus" na medida em que emanava dele, "era Deus" na medida em que representava-O à humanidade [uma expressão semelhante é utilizada por Cristo em Mateus 26:28: "Este é o meu sangue" - ou seja, Isto representa o meu sangue. Novamente em Mateus 13:20: "esse é o" significa o mesmo "ele representa". "E a pedra era Cristo" (1 Coríntios. 10:4), representava Cristo]; e se tornou a força motriz de tudo o que Deus fez, pois tudo foi feito com isso em mente, e apresentou a esperança de vida para a humanidade (confira João 1, 3-4).


O que João está afirmando, portanto, é que no começo, existia a sabedoria ou o propósito de Deus, e que foi revelado aos homens para fornecer um caminho para a vida.



O que proclamava?


A vinda de alguém que iria vencer o pecado e tornar realidade a esperança de vida. A promessa disto foi declarada desde o início na Palavra ou Doutrina de Deus (por exemplo, Génesis 3:15).

 

Esta Palavra, Sabedoria ou Doutrina encontrou a sua realidade, a sua substância, a sua confirmação (Romanos 15:8), na pessoa do Senhor Jesus Cristo; por isso João ensinou:


"E o Verbo se fez(Grego – ginomai “tornou-se”) carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai." (João 1:14).


A Palavra ou Verbo se fez carne, ou tornou-se carne, como está expresso no Grego. A Declaração da sabedoria Divina encontrou a sua substância e realidade, na pessoa do Senhor Jesus Cristo.
Antes do seu advento, era uma simples Palavra ou Promessa, mas quando se tornou manifesta, tornou numa pessoa.


A pessoa não existia antes do nascimento do menino Jesus, mas a promessa e sabedoria de Deus sempre existiu.


Esse é o ensinamento de João. Ela acaba com o constrangimento do ensino de que um anjo tornou-se num embrião no útero de uma mulher, como é exigido pela teoria de um Jesus preexistente.

Reconhecemos que a "Palavra"/”Verbo” é personalizada como "ele", em João 1:4, mas isso é uma Hebraísmo comum encontrado em toda a Bíblia. Riquezas, Sabedoria, Pecado, e outros assuntos são tratados de forma similar. Por vezes, estes são utilizados para pressionar a doutrina da preexistência. Por exemplo, em várias ocasiões, as Testemunhas de Jeová têm chamado a atenção para passagens como Provérbios 8:22, e aplicaram-lhe a sua noção de um Jesus preexistente. A passagem lê-se:


"O SENHOR me possuiu no princípio de seus caminhos e antes de suas obras mais antigas."


O tema do capítulo é a sabedoria que é personificado; mas, infelizmente, para a doutrina do Filho preexistente, é personificada como uma mulher: "Ela clama", etc. (Prov. 8:1-3).



"Glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse." - João 17:5

Será que estas palavras significam que Cristo estava pessoalmente com o Pai desde o início? ou são expressivas do fato de que Deus, como um arquiteto sábio (Hebreus 11:10), previu a glória de Seu plano completo?


Este último, sem dúvida! Isso é mostrado estar fora de questão por causa do uso de linguagem semelhante da mesma maneira.


Assim, Pedro ensinava que o Senhor foi "conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós" (1 Pedro 1:20). João descreve-o como "Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Ap. 13:8).



Jesus foi "morto desde a fundação do mundo?" Normalmente, sim, nos sacrifícios prestados; mas literalmente, não.


Da mesma maneira, Deus, que conhece o fim desde o início, previu a glória do Filho, e proclamou-o através dos profetas. A glória definitiva de Jesus estava na mente e no propósito do Pai desde o início.

Ele também providenciou para a glória final dos seguidores de Cristo, tanto foi assim que o Senhor orou:



"E eu dei-lhes a glória que a mim me deste" (João 17:22).



Os seguidores de Cristo possuem a sua glória agora? Não, eles estão apenas "na esperança" de vir a tê-la (ver Romanos 5:2).


Como pode Cristo então alegar a ter dado a eles? Apenas no sentido de que ele a tinha concedido provisionalmente, sabendo a quem tinha sido dada em promessa cumprirá as condições para finalmente recebê-la na realidade.


Assim, um seguidor aceite na vinda de Cristo poderia falar com o Senhor, como Jesus orou ao Pai:


"
Glorifica-me, com aquela glória que tinha(em promessa) contigo antes que o mundo(este mundo milenar) existisse!"



Deus conhece o propósito cumprido, e sabendo que Ele trazê-lo-á à sua consumação, é capaz de "chama[r] as coisas que não são como se já fossem." (Rm 4:17). Paulo ensinou:



"[Deus] nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade," (Efésios 1:4).


Se João 17:5 comprova a preexistência de Jesus, Efésios 1:4, deve provar a preexistência de todos os que são seguidores dele!

A linguagem utilizada é a mesma dos outros homens que Deus tem usado de uma maneira especial. De Jeremias está escrito: 

"Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta." (Jeremias 1:5).


Será que prova a preexistência de Jeremias? Se não, porque João 17:5 deve ser usado para ensinar a preexistência de Jesus, e assim entar em conflito com muitas outras referências que falam dele como o filho de David que nasceu há 1900 anos? Linguagem semelhante é utilizado de Paulo (Gálatas 1: 15) e outros. Quando Cristo voltar, aos seus seguidores que forem aceites será concedida uma glória semelhante à outorgada ao Filho. Eles serão " conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos." (Romanos 8:29).

 

 

A Responsabilidade É Sua



Como a esperança da vida eterna está ligada a uma compreensão correta do Pai e do Filho (João 17:3), é da responsabilidade de todos buscar a verdade sobre estas matérias. É muito difícil livrar nossas mentes de preconceitos, mas é necessário se quisermos encontrar a verdade. É lógico que um anjo se torne num bebé, e ser obrigado a aprender tudo de novo, essas coisas que um dia ele havia tido conhecimento? Qual é o propósito disto? 

Não, a verdade é simples, clara e lógica. O espírito de Deus causou o nascimento de seu filho, e fortaleceu-o na sua peregrinação diária para a vitória sobre o pecado. Ao fazê-lo foi revelado o meio de vitória para cada um de nós: a ajuda divina e força (Filipenses 4:13). Um exame cuidadoso das Escrituras mostrará que a doutrina da preexistência é tanto ilógica como falsa.

Percebemos que este tratado está longe de ser exaustivo, e que com brevidade tocou nos pontos em questão. Falta de espaço impede-nos fornecer uma exposição mais completa, mas estamos preparados para fazê-lo por correspondência. Caso haja qualquer referência que você acha que ensina a preexistência do Senhor Jesus, por favor, chame-a à nossa atenção para que possamos estudá-la com você.

Como Cristadelfianos acreditamos que a vinda de Cristo está muito próxima, e cabe a todos os que estão interessados em sua salvação pessoal colocar-se em tal relação com ele para que ele o aceite na sua vinda. Uma boa compreensão da pessoa e propósito do Senhor Jesus é essencial para esse fim, e por isso exorto-vos a dar a vossa séria atenção a estas questões. Ficaremos felizes em nos correspondermos com você sobre estas questões.

 

por H. P. Mansfield

Tradução: S. Mestre

O DIABO E SATANÁS

S. Mestre, 15.11.09

O cristianismo baseia-se na vida, obra e ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. No entanto, não podemos apreciar o que ele fez se não entendermos o que a Bíblia quer dizer quando usa as palavras diabo e Satanás. O apóstolo João declarou:

 

“Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.” (1 João 3:8)

 

Paulo diz que Jesus partilhou da natureza dos seus irmãos para que “por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” ( Hebreus 2:14). Durante o seu ministério, Jesus deu poderes extraordinários a um certo número de seus discípulos e enviou-os a pregar o evangelho e curar os doentes. Quando eles regressaram, cheios de alegria pelo êxito da sua missão, Jesus disse-lhes:

 

“Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano." (Lucas 10:18, 19)

 

Estas passagens indicam que o diabo, apesar de ser muito poderoso, finalmente será destruido através da obra do Senhor Jesus Cristo.

 

 

O inimigo da humanidade

 

 

É necessário entender “o diabo e Satanás” não só para apreciar a missão de Jesus mas também para compreender o efeito deste poder sobre nós próprios. No Novo Testamento, o diabo é representado como o inimigo da humanidade. Por exemplo, Pedro exorta os crentes com estas palavras: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.” 1 Pedro 5:8, 9). Paulo disse aos crentes: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;” (Efésios 6:11). Tiago diz que se os crentes resistirem ao diabo, este fugirá deles (Tiago 4:7). Até Jesus sentiu a força deste poder adverso, quando foi levado ao deserto “durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo.”Lucas 4:2). Obviamente é muito importante que o servo de Deus entenda o significado que a Bíblia dá às palavras diabo e Satanás.

 

 

Quem ou quê é o diabo?

 

 

Quando se menciona este tema, a maioria das pessoas imediatamente pensa num espírito mau, um anjo que se rebelou contra Deus cuja meta primordial é fazer com que os homens e mulheres desobedeçam a Deus. Os dicionários modernos concordam com esta idéia. Satanás é definido como príncipe dos anjos rebeldes, o principal dos anjos caídos, o principal espírito mau, adversário de Deus e tentador dos homens. Este é o conceito de diabo que se tem ensinado durante séculos na Cristandade, fomentando no coração dos homens um terror irracional e ruim. Associado com o temor do próprio diabo veio por um lado o medo de seus supostos ministros, os demónios e espíritos imundos, e por outro lado o terror do fogo eterno depois da morte, no inferno onde o diabo e seus anjos supostamente reinam supremos. Não se pode negar que através dos séculos pôde-se manter a potestade da igreja tanto por propagação de tais doutrinas como pela esperança da salvação.

 

Muitas pessoas rejeitam agora tais ideias, mas no geral esta rejeição não é o resultado de um correcto entendimento dos ensinos da Bíblia mas a consequência de terem aceite a negação moderna de tudo o que tem o mais leve sabor a sobrenatural. Outros aderem à crença tradicional de que o diabo é um “anjo caído” rebelde, crendo sinceramente que esta é a única forma de entender o tema. O objectivo deste folheto é mostrar que a Bíblia não ensina nada acerca de tal monstro maligno, mas que os termos diabo e Satanás são os nomes muito expressivos que frequentemente se dão ao pecado e aos que o praticam. Para saber exactamente a quê ou a quem se referem a palavra diabo ou Satanás em uma determinada passagem bíblica, é preciso analisar cuidadosamente a passagem e o seu contexto.

 

O que diz a Bíblia

 

 

Todos os estudantes da Bíblia devem estar de acordo que o diabo tem as seguintes características:

 

1.Opõe-se a Deus;

2.É muito poderoso e manifesta-se de muitas formas;

3.Afecta a humanidade e tem causado estragos através de toda a criação;

4.Somente Cristo pode vencê-lo;

5.A morte de Cristo foi essencial para esta vitória;

6.Finalmente, o diabo será destruido por completo.

 

Para poder entender o ensino bíblico é indispensável conhecer o significado das palavras diabo e Satanás.

 

 

Satanás: adversário

 

 

A palavra “Satanás” é simplesmente uma adaptação à pronuncia portuguesa do vocábulo satan, do idioma hebraico em que foi escrito o Antigo Testamento. A palavra hebraica satan não é um nome, mas simplesmente uma palavra comum e corrente que significa “adversário” ou “inimigo.” Nem sempre aparece na Bíblia em português como “Satanás,” mas frequentemente é traduzida, dando-lhe o seu significado correspondente. Por exemplo, lemos que “Levantou o SENHOR contra Salomão um adversário, Hadade, o edomita...” (1 Reis 11:14). Outro exemplo encontra-se nas palavras dos filisteus quando tiveram medo de se aliar com David: “não desça conosco à batalha, para que não se faça nosso adversário no combate” (1 Samuel 29:4). Nos dois casos a palavra hebraica original é satan, e em ambos os casos é obvio que o adversário a que faz referência é um ser humano, e não um anjo rebelde. Em nenhuma parte do Antigo Testamento se encontra esta palavra associada a um anjo caído ou a um ser sobrenatural. Vale a pena notar que tirando o livro de Jó, somente existem três alusões a Satanás em todo o Antigo Testamento, e nenhuma alusão ao diabo. Tendo em conta que o Antigo Testamento contém os primeiros quatro mil anos do desenvolvimento do propósito de Deus para com o homem, sendo inexplicável se Satanás é realmente um anjo que se rebelou e é responsável por todo o pecado e mal que tem existido desde então.

 

Nas páginas do Antigo Testamento, os israelitas são continuamente reprovados pelos seus pecados e repetidamente castigados, mas ele próprios são os responsáveis pelos pecados cometidos. Não se culpa ninguém mais. Este é um ponto importante que será ampliado mais adiante. O primeiro capítulo do livro de Jó é frequentemente citado como exemplo de Satanás em acção, mas o relato não nos diz nada acerca de quem era este Satanás. Era um adversário, exactamente o que a palavra significa, mas quem era não nos diz. Não há razão alguma para crer que era um ser sobrenatural ou que tinha poderes extraordinários. Isto também será considerado posteriormente de forma mais detalhada.

 

 

Deus como adversário (satan)

 

 

É muito útil estudar alguns exemplos do uso da palavra hebraica satan onde é impossível que faça referência a um monstro maligno. No primeiro livro de Crónicas é-nos dito que “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel.” (1 Crónicas 21:1). No outro relato do mesmo incidente registado no livro segundo de Samuel, lemos: “Tornou a ira do SENHOR a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá.” (2 Samuel 24:1). Então, o próprio Deus foi um adversário ou Satanás para o seu povo Israel. Houve outras ocasiões em que devido à maldade do povo, Deus declarou estar contra Israel, ou dito de outra forma, foi para eles um adversário ou inimigo (ver Isaías 63:10, Jeremias 30:14, Lamentações 2:4 e 5). Também temos a conhecida ocasião em que um anjo de Deus se opôs ao profeta Balaão. Este tinha sido contratado pelos inimigos de Israel para amaldiçoar o povo de Deus. Ainda que Deus lhe tenha advertido para que não cumprisse a sua missão, ele perseverou e tentou fazê-lo: “Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário(hebraico satan).” (Números 22:22). Neste caso a palavra é aplicada a um anjo, mas não se trata em absoluto de um anjo rebelde mas a um que está cumprindo fielmente as ordens de Deus.

 

Pedro como adversário

 

 

Pouco depois de que Pedro ter feito a sua notável confissão de fé, de que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus vivo,” Jesus começou a advertir os seus discípulos que havia um aspecto da sua missão que eles ainda não entendiam. Disse-lhes claramente que “lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.” Pedro protestou: “isso de modo algum te acontecerá.” Mas Jesus o repreendeu, dizendo: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” (Mateus 16:16-23). Nesta ocasião Pedro foi um adversário para Jesus, porque pensando em protegê-lo, tentou impedir que o seu Mestre cumprisse o propósito de Deus, entregando-se em vez de ser crucificado. Deve-se notar em especial que o Satanás era o próprio Pedro; Jesus não disse que Pedro estava “possuído por Satanás” como se Satanás fosse um poder externo.

 

 

O diabo

 

 

Esta é outra palavra que não é uma tradução do idioma original mas uma adaptação para português do vocábulo grego diabolos. Esta palavra literalmente significa “acusador” ou “caluniador,” e assim é traduzida, por exemplo em 2 Timóteo 3:3. Diabolos só aparece no Novo Testamento, e na maioria das vezes não foi traduzido mas aparece na forma de diabo, como por exemplo quando Jesus disse aos seus discípulos: “Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.” (João 6:70). Assim como a palavra Satanás, diabo em si não indica de forma precisa a quem ou a que se refere. Isto tem que ser deduzido através de outros detalhes.

 

 

“O diabo vive pecando desde o princípio”

 

 

No princípio fizemos uma lista das características deste poder maligno. Agora é útil fazer uma lista das passagens que expressam essas características. Durante o seu ministério Jesus esteve em conflito continuo com os líderes religiosos dos judeus, e em várias ocasiões criticou-os severamente com palavras bem claras. Por exemplo, declarou: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44). O apóstolo João escreveu: “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). O próprio Jesus, no início do seu ministério, sentiu o efeito deste poder. Nas palavras de Mateus: “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mateus 4:1). Jesus referiu-se a este mesmo poder através da palavra Satanás(v. 10). No final do ministério de Jesus, o diabo operou através de Judas para traí-lo: “Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus...”(João 13:2). Novamente, mais adiante, faz-se referência a este poder como Satanás(v. 27). O apóstolo Paulo fez a seguinte advertência: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Efésios 6:11). Jesus mesmo exortou os seus seguidores: “Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova...” (Apocalipse 2:10). No entanto, este poder seria completamente destruido, e isto tornou-se possível através da morte de Jesus na cruz: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hebreus 2:14)

 

 

O poder do pecado

 

 

Esta última passagem ajuda-nos a identificar sem qualquer lugar para dúvidas o grande inimigo de Deus e do homem. Porque se nos perguntarmos o que é que tem o poder da morte e que foi o que Jesus veio destruir, somente pode haver uma resposta: o pecado, como se pode claramente ver nas seguintes passagens:

 

“O salário do pecado é a morte.” (Romanos 6:23)

 

“O pecado reinou pela morte.” (Romanos 5:21)

 

“O pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tiago 1:15)

 

“O aguilhão da morte é o pecado.” (1 Coríntios15:56)

 

A morte é o resultado directo do pecado, e uma das passagens que mostra este facto com maior clareza é a seguinte:

 

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Romanos 5:12)

 

A morte é a consequência do pecado. Se Cristo veio para “que destruísse aquele que tem o poder da morte,” ou seja, “a causa da morte,” então veio para destruir o pecado. Ninguém pode por em dúvida que este era o objectivo primordial da sua primeira vinda. Várias passagens bíblicas confirmam que isto era a essência da sua missão e mostram claramente que a vitória sobre o pecado foi realizada através da sua morte na cruz.

 

“Ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.” (Hebreus 9:26)

 

“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados.” (1 Pedro 2:24)

 

“Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.” (1 Coríntios 15:3)

 

“Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.” (Mateus 26:28).

 

Através da sua morte na cruz. Jesus Cristo destruiu o que tinha o império ou poder da morte, o diabo, ou seja, o pecado que causa a morte. Então, se podemos descobrir a origem e natureza do pecado teremos descoberto a origem e natureza do diabo.

 

 

De onde vem o pecado?

 

 

Esta é a parte crucial da questão, e sobre isto o ensino da Bíblia é perfeitamente claro. O próprio homem é responsável pela introdução do pecado no mundo. Não há lugar ou necessidade para outro agente. O homem introduziu o pecado e é responsável pela sua existência: “Por um só homem entrou o pecado no mundo” (Romanos 5:12). Já que a morte é o resultado inevitável do pecado introduzido pelo homem, também é certo que “a morte veio por um homem” (1 Coríntios 15:21).

 

O homem continua a ser uma criatura pecadora e em consequência sujeita à morte, não devido a estar sob a influência de um poderoso monstro do mal, mas simplesmente porque se deixa levar pelos seus próprios pensamentos e desejos pecaminosos: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tiago 1:14-15). Jesus expressou a mesma verdade da seguinte forma: “Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem” (Mateus 15:1-20). Isto concorda completamente com a experiência de todos os que tentam guardar a lei de Deus. Não precisam de um tentador externo para fazê-los pecar, porque a sua própria mente e coração são suficientes para desviá-los do caminho. Paulo escreveu enfaticamente acerca da sua própria experiência:

 

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim” (Romanos 7:14-21).

 

Paulo estava consciente que um conflito tremendo, não entre si próprio e um monstro maligno, mas entre a lei de Deus que ele queria guardar e uma poderosa inclinação para desobedecer essa lei. Ele descreve este conflito como um guerra: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros” (Romanos 7:22-23).

 

Então temos aqui um grande poder em acção, contra Deus e contra o homem, um poder associado com o próprio homem, e no entanto um poder que ele não pode vencer sem ajuda. Somente Cristo foi capaz de vencê-lo, como Paulo dizia “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (v. 24-25). Este poder, o qual é o pecado que reside no próprio homem, é o que a Bíblia frequentemente chama de diabo e Satanás.

 

 

O pendor da carne

 

 

Esta característica inata dos humanos está expressa numa expressão utilizada pelo apóstolo Paulo: “o pendor da carne.” Paulo Escreveu:

 

“Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.” (Romanos 8:6-7)

 

A livre expressão deste pendor conduz às “obras da carne.” Paulo fez uma lista delas: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas”; e acrescenta: “a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gálatas 5:19-21). Em um mundo que não reconhece a autoridade das leis divinas, estas características predominam, de maneira que a sociedade humana no geral, se converte numa expressão do pendor da carne: “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1 João 2:26). Uma sociedade assim constituí-se inimiga de Deus e dos servos de Deus. Paulo descreve este “pendor da carne” como “o pecado que habita em mim.” O homem é Satanás e diabo de si mesmo. A tentação provem do interior, dos seus próprios desejos, e estes desejos são estimulados por um mundo cujas acções são a expressão colectiva do “pendor da carne.” Não há necessidade nem lugar para outra fonte de tentação.

 

 

O homem é responsável pelo pecado

 

 

É de suma importância reconhecer que a Bíblia responsabiliza unicamente o próprio homem pelo pecado e suas consequências. O homem e somente ele é responsável perante Deus por suas acções. Isto vê-se claramente na história do povo de Israel. Eis aqui uma nação com privilégios especiais e as responsabilidades que esses privilégios acarretam perante os olhos de Deus. A nação fracassou continuamente ao não viver à altura de suas responsabilidades; vez após vez foi reprovada e recebeu advertências de um castigo inevitável. Somente eles foram responsáveis pelas suas falhas. Não há a menor insinuação de que um monstro maligno os tivesse desviando para um caminho errado. A palavra diabo não se encontra no Antigo Testamento, a a palavra Satanás só ocorre em três passagens tirando o livro de Jó. Jeremias expôs claramente a razão do fracasso de Israel, que ao mesmo tempo é a razão do fracasso do resto da humanidade: “Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno; andaram para trás e não para diante” (Jeremias 7:24).

 

Este é o ensino consistente das Escrituras.

 

A serpente no Éden

 

 

Frequentemente ouve-se falar que a serpente no jardim do Éden era a encarnação do diabo, e que foi realmente este que causou a queda dos nossos primeiros pais. Não há nenhuma razão para supor tal coisa. O relato do livro de Génesis é perfeitamente claro: a serpente era simplesmente um animal do campo que Deus tinha criado. O relado diz que a serpente era mais astuta que todos os outros animais (Génesis 3:1), mas tirando isso não era diferente deles. Não há a menor sugestão de que fosse a encarnação de um ser espiritual maligno. Comentando este incidente e tirando dele lições para os seguidores de Cristo, Paulo disse simplesmente: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Coríntios 11:3).

 

A capacidade de falar que mostrou a serpente não é um problema insolúvel. A jumenta de Balaão também recebeu poder para falar para um propósito especial ( Números 22:28). Mais ainda, o castigo que recebeu a serpente relacionava-se simplesmente com as suas características animais: “Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida” (Génesis 3:14). A diferença entre a serpente e as outras criaturas era que ela foi dotada da faculdade de comunicar-se com a mulher. Então pode-se perguntar. “Porque permitiu Deus que a serpente tentasse a mulher desta forma?” A resposta é que o homem tinha que ser testado. Tinha que desenvolver o seu carácter aprendendo pela experiência a distinguir entre o bem e o mal, e usar o seu livre arbítrio para glória de Deus e não simplesmente para satisfazer os seus próprios desejos. Até esse momento não lhe tinha ocorrido desobedecer a Deus. A sugestão de que a desobediência podia-lhe ser conveniente saiu de uma criatura sem sentido ou responsabilidade moral. Através deste teste o homem desenvolveu o seu carácter. O homem não foi criado para ser uma máquina ou robô que somente se comportaria da maneira que o Criador queria. Era o desejo de Deus que Adão e Eva escolhessem obedecer-lhe voluntariamente. Eles fracassaram nesta ocasião, e esse fracasso inicial teve como resultado a tendência inata da natureza humana para a rebelião: o pendor da carne. A tentação que originalmente foi apresentada pela serpente agora vem do interior do homem, da sua carne, e de influências exteriores que são a expressão do mesmo pendor carnal.

 

Devido ao papel realizado pela serpente na introdução do pecado, posteriormente chegou a ser um símbolo do pecado e de tudo o que resultou da mentira da serpente original. Como tal, muitas vezes está associada com o diabo e Satanás. Antes de examinar aquelas passagens que são citadas frequentemente para apoiar a ideia errada de que o diabo é uma poderosa criatura espiritual, devemos completar o nosso estudo do ensino das Escrituras sobre a origem do mal.

 

 

A origem do mal

 

 

Aqueles que acreditam na existência dum monstro sobrenatural do mal geralmente atribuem todos os males do mundo – doenças, catástrofes naturais, a morte e até acidentes – à actividade do diabo e seus agentes. Isto é completamente o oposto do ensino da Bíblia. Segundo a Bíblia, o próprio homem introduziu o pecado no mundo, e o mal é o resultado dessa tendência para o pecado. Pode ser um resultado directo, como por exemplo as guerras e outros males que são resultado da cobiça e ambição humanas, ou pode ser um resultado indirecto, introduzido por Deus como castigo e correcção por causa do pecado. Desta maneira as doenças e a morte são o julgamento de Deus sobre a sua criação. Isto se explica claramente no relato do livro de Génesis e é confirmado por passagens posteriores. Por exemplo, Deus disse através de Isaías: “Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Isaías 45:6-7). Também disse à nação de Israel: “Eis que eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras e rejeitam a minha lei” (Jeremias 6:19). Noutra ocasião: “Sucederá algum mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?” (Amós 3:6). Novamente, está claro que não há necessidade nem lugar para um ser sobrenatural maligno que se opõe a Deus.

 

 

Os demónios

 

 

Há quem mantenha que as referências no Novo Testamento a Jesus e seus discípulos expulsando demónios provam a existência de um mundo de espíritos malignos. Demónio era o nome que davam os gregos a seres que, segundo eles imaginavam, viviam no ar; seres espirituais intermediários entre os deuses e o homem, e que trabalhavam em nome dos deuses para o bem ou para o mal. Mas tais criaturas são o produto da imaginação do homem; não têm existência real e não têm lugar nos planos de Deus. Os anjos são os únicos seres espirituais, fora Deus e o seu Filho ressuscitado. De novo deve-se enfatizar que o mal na sua totalidade é o resultado do pecado e está sob o controlo directo de Deus. Se alguém pergunta porque Cristo muitas vezes referiu-se aos demónios como se fosse reais, a nossa resposta é: Que mais poderia ter feito? Era a forma que as pessoas daquela época pre-científica descreviam as causas invisíveis e incompreensíveis das doenças físicas e mentais. Se Jesus tivesse utilizado outra forma de expressão, descrevendo as suas curas em termos modernos, não seria entendido. Hoje em dia existem exemplos similares, uma pessoa pode ser chamada de "lunática", que literalmente significa "afectada pela lua", mas isto não significa que ao utilizar tal expressão estejamos de acordo com a crença medieval de que a loucura se deve à influência da lua. É importante notar que as poucas ocasiões em que a palavra demónio ocorre no Antigo Testamento são uma clara alusão aos deuses falsos das nações que não têm existência real, e o reconhecimento e a adoração de tais é firmemente condenado (ver por exemplo Levítico 17:7, Deuterenómio 32:17, Salmo 106:37).

 

 

O adversário de Jó

 

 

Já se mencionou que mesmo que os primeiros capítulos do livro de Jó sejam citados como exemplo de Satanás em acção, de facto o relato não nos diz grande coisa acerca deste Satanás. Era um adversário, mas quem era não nos é dito. Não há nenhuma razão para crer que era sobrenatural ou que tinha poderes extraordinários. Pelo contrário, é evidente que não tinha poder para afligir Jó; teve que pedir a Deus que causasse a aflição, dizendo: "Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem..." (Jó 1:11). O próprio Jó estava consciente de que Deus, e não o adversário, tinha causado os seus sofrimentos: "Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me atingiu" (Jó 19:21). O tema de discussão através do livro, é a razão pela qual Deus tinha afligido Jó com tal severidade. De maneira que se Jó realmente tivesse sido afligido por Satanás e não por Deus, os argumentos do livro carecem totalmente de sentido. Depois dos primeiros capítulos, não se faz qualquer outra alusão a Satanás, e o livro termina com as seguintes palavras: "Então, vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs... e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado" (Jó 42:11). Depois da sugestão inicial de que Jó devia ser provado, o adversário desaparece do relato. A sugestão pode ter sido de um conhecido invejoso de Jó. Quem quer que tenha sido, tinha um poder muito limitado e não tinha nenhuma semelhança com o conceito tradicional de Satanás.

 

 

Lúcifer

 

 

Este título só ocorre uma só vez em toda a Bíblia, e não se justifica a exagerada importância que se lhe dá. Na realidade, poucas versões da Bíblia usam a palavra Lúcifer, a maioria, como por exemplo a Bíblia de Jerusalém e versões Ferreida de Almeida, usam as palavras "estrela d'alva" ou "estrela da manhã," as quais são traduções correctas do vocábulo hebraico original. À primeira vista, o que se diz de Lúcifer parece estar perfeitamente de acordo com o que alguns afirmam acerca de Satanás: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!... Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus... subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo" (Isaías 14:12-15). No entando, não há absolutamente nada neste relato que identifique Lúcifer com um anjo caído. Pelo contrário, ao investigar acerca de quem está falando o profeta, encontramos a resposta no versículo 4: "Proferirás este motejo contra o rei da Babilônia." Outros versículos confirmam que isto é simlesmente uma profecia que descreve em linguagem simbólica a queda do rei da Babilónia. Por exemplo, lemos que ele "com ira dominavam as nações," e que "debilitava as nações," que "fazia estremecer a terra e tremer os reinos," e que no final seria desonrado na sua morte, ao recusarem-se os ritos funerais (v. 6, 12, 16, e 20). Concluimos então que em Isaías 14 não existe o menor vestigio de evidência que corrobore a existência de um monstro sobrenatural.

 

 

"Querubim da guarda"

 

 

Esta frase aparece noutra passagem profética do Antigo Testamento, Ezequiel capítulo 28. Este capítulo contem as seguintes frases: "Estavas no Éden, jardim de Deus... Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus" (v. 13-16). Mas não existe nada em absoluto que associe estas palavras com o diabo e Satanás. Pelo contrário, é-nos dito claramente que isto era uma "lamentação contra o rei de Tiro" (v. 12). Como em outras partes da Bíblia, a palavra "Éden" não se refere ao jardim original onde Deus colocou Adão, mas à região fértil do Líbano onde a cidade de Tiro estava localizada (veja também Ezequiel 31:16 e 36:35). Não há necessida de fazer mais explicações ou comentários a este respeito.

 

O facto de que se recorra a passagens tão inadequadas como as anteriores para tentar demonstrar que o diabo é um anjo caído é uma clara indicação da insuficiência de provas bíblicas genuinas para identidicar o diabo com um anjo caído.

 

 

"Anjos caídos"

 

 

Existem duas passagens no Novo Testamento que fazem a referência a "anjos caídos," mas nenhuma delas serve de base para a ideia de que o diabo é um anjo que se rebelou contra Deus e foi lançado do céu para a terra, onde tem afligido a humanidade desde então. Estas passagens são as seguintes:

 

"Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo...é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo"(1 Pedro 2:4 e 9).

 

"E a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia" (Judas 6).

 

Há que ter em conta os seguintes pontos:

 

1.Estas passagens não dizem que os anjos estavam no céu.

2.Os anjos não foram lançados na terra mas "no inferno," para "abismos de trevas."

3.Não ficaram em liberdade para ir onde quisessem e causar problemas à humanidade, mas foram condenados a "algemas eternas."

4.Não é mencionado nem o diabo, nem Satanás.

 

Uma vez mais, é evidente que estes versículos não dão qualquer apoio ao conceito de diabo como anjo caído; possívelmente aludem ao castigo imposto aos revoltosos de Corá, Datã e Abirão nos dias de Moisés, quando a terra se abriu e os tragou vivos (ver Números 16:30). (Em mais de cem passagens da Bíblia, as palavras hebraica e grega que são traduzidas "anjo" referem-se a homens e não aos anjos celestiais de Deus.)

 

 

"A antiga serpente, que se chama diabo e Satanás"

 

 

Esta é uma frase tirada de Apocalipse 12:9. Sem dúvida alguma, muitas das ideias comumente aceites acerca do diabo têm sido derivadas deste único versículo e de seu contexto, que é como segue: "Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos" (Apocalipse 12:7-9).

 

Se esta descrição fosse lida como uma história literal, daria uma base para o ponto de vista tradicional acerca da origem do diabo e Satanás. Mas o próprio Apocalipse estabelece claramente que estas palavras não são destinadas a ser tomadas no sentido literal ou histórico. E mais, a João foi dito que o que lhe seria revelado teria que ver com os acontecimentos desde o seu tempo para a frende. O primeiro versículo do capítulo 1 diz:

"Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer."

 

No versículo 1 do capítulo 4, João recebe o seguinte convite: "Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas." A revelação (este é o significado da palavra grega "apocalipse") foi dada por Jesus a João para manifestar aos servos de Deus os detalhes dos eventos que teriam lugar a partir do século primeiro da era cristã até à vinda de Jesus e estabelecimento do reino de Deus na terra; também dá uma vista de olhos à eternidade subsquente. Assim que é altamente improvável que o capítulo 12 se refira a contecimentos que supostamente tiveram lugar antes da criação.

 

Por outra parte, o livro na sua totalidade está redigido numa linguagem sumamente figurada ou simbólica. Isto é óbvio quando lemos o capítulo 12. O primeiro versículo descreve "uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés." Depois aparece a descrição do diabo e Satanás: "um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra" (v. 3 e 4). É esta uma descrição de uma criatura literal? Claro que não! Isto tudo é linguagem simbólica, e mais à frente no transcurso da revelação alguns do símbolos são interpretados para nosso benefício: "Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes... São também sete reis... Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino" (Apocalipse 17:9-12). É evidente que o dragão é pura e simplesmente uma criatura simbólica. Também é evidente que simboliza um sistema político, e não é difícil demonstrar que as diferentes bestas de Apocalipse representam o poder do império romano, que era o grande adversário dos cristãos. Neste mesmo livro de Apocalipse, os cristão de Esmirna recebera, a seguinte advertência: "Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova" (Apocalipse 2:10). Eram as autoridades romanas as que lançavam os cristãos na cadeia. Sem nenhuma dúvida, Pedro também se referia às autoridades romanas que perseguiam os cristãos quando escreveu: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar" (1 Pedro 5:8).

 

Porque foi simbolizado este poder político através do diabo e Satanás e da serpente antiga? Porque estes representam o pendor da carne, e quando homens motivados pelo pendor da carne se opõem aos servos de Deus, actuam da mesma forma que a serpente no princípio. Um exemplo típico são aqueles que se oposeram a Cristo quando pregava o evangelho em Israel. Ele disse aos escribas e fariseus: "Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?" (Mateus 23:33). Noutra ocasião disse-lhes: "Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (João 8:44). Em ambas passagens Jesus referia-se claramente à serpente do Éden, cuja mentira semeou a semente do pecado e conduziu à condenação e morte do homem. Todos aqueles que de forma similar operam contra Deus são em sentido figurado, descendentes da serpente, ou a sua "semente," usando a expressão de Génesis; e estão destinados a ser destruidos por Cristo, a semente da mulher (Génesis 3:15). Nisto tudo temos uma linguagem simbóblica firmemente baseada nos factos que ocurreram no Éden, onde por primeira vez o homem se opôs a Deus e o pecado apareceu no mundo, não por causa de um monstro imortal, mas através do próprio homem, instigado pela serpente. Não necessitamos de procurar para além da raça humana para encontrar o diabo e Satanás. Na raça humana temos este poder do pecado no nosso próprio coração e, à nossa volta, nos outros indivíduos, em comunidades e sociedades, e nas autoridades humanas, tanto civis como eclesiásticas. Todo este poder maligno está destinado a ser destruido por Cristo.

 

 

O porquê da personificação

 

 

Contudo pode-se fazer a pergunta: "porquê tão frequentemente se faz referência à pecaminosidade humana como se fora uma pessoa? A resposta é que tal figura de estilo, chamada "personificação," é típica de figuras vívidas e poéticas da Bíblia; estas causam um maior impacto e são mais concretas e memoráveis que uma simples descrição literal da realidade. Existem muitos exemplos de personificação na Bíblia. O pecado, para além de ser representado com um grande adversário, também é descrito como amo possuidor de escravos (João 8:34 e Romanos 6:16-18), como governante (Romanos 5:21) e como enganador e assassino (Romanos 7:11). Ao espírito ou poder de Deus é-lhe dado personalidade (João 16:13). A sabedoria é representada como uma mulher em Provérbios 8 e 9. A nação de Israel também foi comparada a uma mulher virgem quando era fiel a Deus (Jeremias 31:4) e a uma meretriz quando era infiel (Isaías 1:21). O mesmo acontece com a igreja de Cristo (2 Coríntios 11:2, Apocalipse 19:7). Estas personificações são mais expressivas e pitorescas que as correspondentes descrições literais. O mesmo acontece com o diabo e Satanás, que simplesmente são uma forma de personificar a tendência pecaminosa inata da raça humana. Os problemas surgem quando permitimos que estas figuras de estilo nos conduzam a ideias totalmente erradas, culpando um personagem fictício pelas nossas más acções quando na realidade a responsabilidade é completamente nossa.

 

Conclusões

 

Isto enfatiza a importância de conclusões correctas acerca do tema. "Eu sei," escreveu Paulo, "que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum" (Romanos 7:18). É sumamente significativo que nos oito primeiros capítulos da carta aos romanos, a sua obra mestra, Paulo não faça uma só referência ao diabo ou Satanás. Isto apesar de que estes capítulos tratam de forma profunda o pecado: a sua origem, o seu efeito sobre a humanidade, a missão de Cristo para retirá-lo, e os resultado desta grande vitória. Assim como no Antigo Testamento, o silêncio das Escrituras é muito mais convincente que umas quantas passagens isoladas que citam foram do seu contexto. A ênfase do apóstolo está em "o pecado que habita em mim," "Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte," e "o pendor da carne é inimizade contra Deus" (Romanos 7:20, 5; 8:7). Aqui temos o inimigo verdadeiro, dentro de nós mesmos. Este é o diabo que devemos resistir, o adversário que temos que vencer. Estamos em batalha mortal contra os nossos próprios pensamentos perversos e maus desejos. Se confiamos somente em nós próprios fracassaremos. Mas Deus nos proveu de um meio de vitória através do seu Filho, mediante a crença no evangelho que ele pregou e o baptismo em seu nome. Aqueles que aceitam este caminho, ainda que conscientes, assim como Paulo, de suas fraquezas, podem dizer com ele:

 

"Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 15:57).

 

 

 

Publicado pela Missão Bíblica Cristadelfiana, traduzido por S. Mestre

DEPOIS DA MORTE - O QUÊ?

S. Mestre, 13.11.09

Não existe qualquer maneira de escapar da realidade da morte. Quando vem de repente, de maneira inesperada, como seja no caso de um acidente ou ataque de coração, ficamos abalados. Da mesma maneira quando alguém ainda na "flor da vida" morre de cancro ou de insuficiência renal. Acontecimentos como estes são tão comuns que todos nós temos conhecimento deles. Somos vencidos pelo sentimento da nossa própria incapacidade de fazer alguma coisa: não podemos reverter o que aconteceu. Todos os meios humanos são ineficazes para devolver alguém à vida. Os familiares angustiados no seu pranto não são fáceis de ser confortados.

Como as pessoas reagem à morte? Os jovens não levam a sério este assunto. Quando têm um choque ocasional - por exemplo, um amigo que é morto num acidente - é apenas "má sorte". A tragédia é rapidamente esquecida. Os de meia idade não pensam muito nisso. A morte ainda está longe para ser um perigo real. "Logo se vê quando chegar". As pessoas mais velhas estão mais cientes que existe uma realidade a que não escaparão. Amigos e familiares vão morrendo. A visão vai-se indo e a audição também, aumento de achaques indica-lhes que eventualmente perecerão.

Sobrevivência?

Muitas pessoas encontram conforto na ideia da sobrevivência. Pensam que uma vida interior chamada de "alma" sai do corpo na altura da morte e vai para o "céu", onde a pessoa continua a viver - em felicidade absoluta. Esta ideia não é tão comum nem têm as pessoas tanta confiança nela nos nossos dias como tinham no passado; Hoje é mais comum uma esperança piedosa do que uma forte convicção. E é muito vaga, como pode-se ver pela oração da véspera do Natal em que o líder ora para que a congregação seja unida com aqueles "que se alegram connosco, mas no outro lado numa luz maior" - está falando dos que estão mortos. Se perguntássemos, o que é "numa luz maior"? Onde fica o "outro lado" não seria fácil obter respostas claras e precisas. A esperança é vaga.

A ideia que era prevalecente, como uma contrapartida necessária, era que as "almas" dos maus vão para o "inferno", para lá sofrer tormento, que hoje em dia foi no geral abandonada, exceptuado a Igreja Católica, que mantém a crença do inferno, purgatório, limbo e paraíso. Deve ser dito que existe uma certa falta de razão na atitude popular de hoje. Pois, se as "almas" dos justos vão para o céu, para onde vão as "almas" dos maus?

Cada vez um maior número de pessoas estão francamente pessimistas. Aceitam que a morte é de facto o fim da vida. "Qualquer dia passarei desta para melhor", como um conhecido diz. Esta ideia tem consequências graves, porque a pessoa que tem este ponto de vista é tentada a argumentar que a vida é tudo o que tem; e que pode fazer o que bem quiser com ela; E bem poderá descansar, comer, beber e regalar-se, pois amanhã morrerá. Este ponto de vista acerca da vida tem um efeito grave no tipo de vida que se leva, que pode tornar-se centrada na satisfação pessoal e na própria pessoa, com resultados desastrosos para a sociedade como vemos nos dias de hoje.

Mensagens dos Mortos?

É um facto inegável que desde a aurora da história, milhões e milhões de seres humanos viveram, morreram e foram colocados nas sepulturas. Se eles de facto continuaram a viver numa nova forma, não seria de esperar deles algumas palavras de consolo para os que ficam sofrendo, alguma informação acerca do seu estado, ou algum aviso para os viventes? Mas nunca ouvimos nada deles. Nem uma palavra. Não é isto estranho? e onde estão todos esses milhões?
Existem certas pessoas, chamadas de Espíritas que acreditam na continuação da vida para além da morte e que recebem mensagens dos mortos. Mas através de investigação minuciosa revelará quão pouco convincentes são as suas afirmações. Faz anos que o presente autor assistiu a sessões espíritas e leu muito acerca deste assunto. As alegadas mensagens dos mortos eram tão triviais e comuns que nem necessitavam de uma explicação 'espírita'. As descrições do além eram cheias de jardins, riachos, árvores de fruto e flores de aroma doce, desfrutados numa feliz ociosidade. Claramente isto não passa dos desejos idealizados pelos humanos. O senhor C.E.M Joag, um sério investigador na pesquisa psicológica, fez um comentário sobre a alegada pobre qualidade das comunicações espíritas, vigorosamente declarou: "é evidente que se o nosso espírito sobrevive, não certamente o nosso cérebro!"

Depois existe a compaixão. Homens e mulheres que viveram boas vidas, humanamente falando, sendo prestáveis, amáveis e inteligentes; alguns mesmo aprenderam uma especialidade no seu ramo. Pode isto ser perdido para sempre? Não haverá maneira de preservar a vida e o carácter que são de valor? Naturalmente isto provoca a questão, O que é de valor? Voltaremos a isto mais tarde.

A Questão Vital

Como resolvemos esta questão acerca do que acontece depois da morte? Onde iremos para obter uma resposta de confiança e verdadeira?

Confiamos nos nossos sentimentos e 'intuição'? Como sabemos se estamos certos? Como poderíamos esperar que alguém aceitasse o nosso ponto de vista baseados na nossa autoridade? Como pode algum homem ou mulher dar-nos a resposta? De todas as maneiras, como é que eles sabem? Aceitamos os pontos de vista das autoridades religiosas, quer de individuais ou de Concílios  ou Sínodos? Como é que eles sabem? E que pensaremos quando é visto que importantes líderes religiosos estão divididos entre eles acerca de assuntos importantes? Um proeminente Bispo declarou que Cristo não tinha ressuscitado de entre os mortos; outros declaram que a Ressurreição é um dos fundamentos da fé Cristã. Em quem devemos acreditar - e porquê?

Estas questões, quando sinceramente encaradas, levam-nos a esta conclusão inescapável: A opinião de uma mente humana, em si própria, não tem mais valor do que a de qualquer outra. Por outras palavras, o pensamento humano não nos pode dar a resposta. Disto uma importante conclusão emerge: Já que nenhuma mente humana pode pronunciar com autoridade o que acontece depois da morte, então claramente precisamos de uma autoridade vinda de fora e acima da humanidade - isto é uma autoridade super-humana.



A Resposta

Uma autoridade tal existe entre nós. É a Bíblia que desde o princípio até ao fim declara que é uma mensagem de Deus - o Criador dos céus e da terra, e da humanidade -  para a raça humana.

Os escritores da Bíblia nunca disseram que falavam por sua própria autoridade, mas somente "a palavra do Senhor". Como Deus disse ao profetas Jeremias (1:9): "Eis que ponho na tua boca as minhas palavras". Jesus aceitou as escrituras da "lei e os profetas" (O nosso Velho Testamento) como sendo a Palavra de Deus. Ele próprio declarou que as palavras que ele falava eram as Palavras de Deus. Os apóstolos disseram a mesma coisa: Paulo declarou que "toda a escritura é inspirada por Deus". Quando diz que foi inspirada por Deus quer dizer que foi através do seu Espírito, logo, o que as Escrituras dizem é verdade. Os primeiros crentes em Jesus, os quais conheciam pessoalmente os Apóstolos, aceitaram o Velho e o Novo Testamento como a verdadeira e fidedigna Palavra de Deus.  Durante séculos o ensino da Bíblia tem sido a fundação da crença Cristã.

Pense no que faz a Bíblia. Ela tem registado como surgiu a raça humana e explica claramente o porquê da existência do mal, sofrimento e morte no mundo. Diz-nos positivamente o que acontece depois da morte. E revela também o novo tipo de vida que também poderá ser nosso, se somente tomarmos atenção à sua mensagem.

Não, nenhum outro livro no mundo faz tudo isto. Na realidade não há nenhum outro livro que mostra tantos sinais de como não é produto da mente de humanos, mas pela mente de Deus. Faz mais de 100 anos que Henry Rogers escreveu um livro excepcional intitulado "A origem sobre-humana da Bíblia deduzida a partir da mesma". Ele declarou: "A Bíblia não é um livro que os homens escrevessem se pudessem, nem poderiam ter escrito se quisessem". A razão é que é uma mensagem de Deus para nós. Por isso é que merece a nossa sincera atenção.

A Bíblia e Nós

É importante que entendamos o que a Bíblia tem para nos dizer, a nossa origem e natureza. É o único relato com autoridade acerca de como viemos a existir.

O livro de Génesis é acerca da nossa origem. Ele diz-nos claramente que o homem é um ser criado; isto é, que a sua própria vida dependeu e depende do Criador. Ele não foi responsável pela sua própria origem. Isto foi como aconteceu:

"Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente" (Génesis 2:7).

Note a origem bem modesta do homem: da terra. Génesis também nos diz (em 6:17 e 7:21) que os animais partilham "do fôlego da vida" com a humanidade. Mas é a expressão "alma vivente" que chama a nossa atenção e ensina-nos a primeira condição essencial para entender a Bíblia: temos que entender os termos usados na Bíblia no seu próprio sentido, e não no nosso. Hoje em dia para muitas pessoas "a alma" sugere um espírito dentro do homem que "sobrevive à morte do corpo". Mas isso não é de maneira nenhuma o sentido que encontramos em Génesis, onde a palavra traduzida "alma" é usada para animais também. Em Génesis 1:21,24 é traduzido como "seres viventes". Na Versão Revista e Corrigida de Almeida aparece como "alma vivente".

A conclusão é clara: Génesis está-nos a dizer que pela sua origem e natureza o homem foi criado como ser vivente. Claro, que ele tem faculdades muito acima dos animais, mas basicamente a sua natureza é a mesma que a deles.

A Chegada da Morte

A questão acerca de que como a vida do homem pode chegar ao fim é respondida no início de Génesis. Deus disse a Adão que se ele desobedecesse ao mandamento que recebera, iria morrer. E ele desobedeceu, e este é o julgamento que foi pronunciado contra ele:

"No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás" (3:19).

O que está registado é devastadoramente simples: a morte não é uma porta aberta para outra vida - é o julgamento pela desobediência. O homem volta para o pó da terra. Assim, no relato do Dilúvio em Génesis, quando "A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência... porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra." (6:11,12), as águas do julgamento vieram, e o homem e os animais pereceram da mesma maneira:

"Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos... e todo homem. Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas..., morreu" (7:21,22).

O Homem e Os Animais

A Bíblia frequentemente compara a natureza do homem com a dos animais. O Salmista declara, falando de ambos:

"Se ocultas[Deus] o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó" (104:29).

O escritor de Eclesiastes é bastante categórico: ele deseja que o homem veja que

"...o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida... todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão" (3:19-20).

O homem e os animais têm por natureza o mesmo destino: todos retornam ao solo. O versículo seguinte:

"Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?" (v. 21).

Que quer dizer, Quem pode dizer que existe alguma diferença? Quem pode dizer que um vai para cima e outro para baixo? Ninguém. Quando o fôlego se vai então deixam de respirar e morrem.

Então "a alma pode morrer". O Salmista, falando acerca do julgamento que Deus trouxe sobre os orgulhosos Egípcios, sob a forma de 10 pragas, diz: "[Deus] não poupou da morte a alma deles"; e imediatamente depois acrescenta: "entregou-lhes a vida à pestilência" (Salmo 78:30), ,mostrando que a alma e a vida são a mesma coisa.

Deus declara duas vezes através de Ezequiel que "a alma que pecar, essa morrerá" (Ezequiel 18:4,20). Sansão, no seu último apelo a Deus, ora "Morra eu com os filisteus", uma tradução literal do hebraico desse versículo seria "Que a minha alma morra com os filisteus" (Juízes 16:30).

A alma então é a pessoa, o ser vivente. Quando perece, a alma, a vida, perecem também.

O Homem à Imagem de Deus

Quer dizer que o homem não é melhor que os animais? Nada disso, pois em Génesis 1:26 diz-nos que o homem foi feito "à imagem" de Deus. Por outras palavras, a natureza física da humanidade é como a dos animais; mas o homem tem uma mente superior, capaz de entender e responder a Deus. O salmista fez este comentário enriquecedor  :

"O homem, revestido de honrarias, mas sem entendimento, é, antes, como os animais, que perecem" (Salmo 49:20).

Então é o entendimento que faz a diferença entre os homens e os animais. Quando perguntamos, "Entender o quê?", então o Novo Testamento vem poderosamente em nossa ajuda, como veremos.

Com vista em toda as provas Bíblicas que revemos até agora, é surpreendente saber que os mortos  na sepultura descansam, completamente inconscientes. Não confie em príncipes ou no homem, diz o Salmista, pois "Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios" ( Salmo 146:4).
David orou a Deus para que o livrasse da morte, pois, "na morte, não há recordação de ti; no sepulcro, quem te dará louvor?" (Salmo 6:5).

O Salmo 115 diz a mesma coisa: "Os mortos não louvam o SENHOR, nem os que descem à região do silêncio" (v. 17).

O escritor de Eclesiastes enfaticamente diz que:

"Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma... Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; ...Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma " (9:5-10).

O lugar dos mortos é enfaticamente e consistentemente descrito nestas passagens como "pó", "sepulcro" e "região do silêncio".

O Sono da Morte

Daniel tem uma extraordinária afirmação acerca deste assunto. É especialmente significante porque a ideia é usada da mesma forma no Novo Testamento. As profecias de Daniel contêm referências aos eventos dos "últimos dias", quando Deus mostrará o Seu Poder uma vez mais na terra, num "tempo de angústia, qual nunca houve"

"Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno" (Daniel 12:1,2).

É claro que parte desta afirmação se refere aos servos fiéis de Deus pois é dito que receberão "a vida eterna". Mas note, onde estão eles até receberem o seu galardão: estão dormindo "no pó da terra", um testemunho inteiramente consistente com o que temos visto até agora.

Neste ponto alguns leitores poderão dizer: "Até agora tem citado o Velho Testamento. Certamente o Novo Testamento é uma nova revelação de Jesus e o Evangelho? Não diz lá algo bastante diferente?"

Jesus, Os Apóstolos e o Velho Testamento

Para responder esta questão é essencial entender qual era a atitude de Jesus, e dos Apóstolos, em relação às escrituras agora conhecidas como Velho Testamento. Os factos são claros e para além de serem questionados: eles todos aceitavam "a lei, os salmos e os profetas", como a Palavra inspirada de Deus. Eles citaram-na constantemente na sua pregação; nunca contradisseram ou colocaram dúvidas em qualquer passagem do Velho Testamento, pelo contrário tentaram procurar tirar dele o verdadeiro significado do que estava escrito. Você assim esperará que as Escrituras do Novo Testamento estejam em concordância com as do Velho, e assim é. Aqui vão alguns exemplos.

Tinha havido uma tragédia na Galiléia. Os soldados romanos tinham morto um certo número de Judeus num motim por motivos religiosos. Alguns Judeus foram a Jesus para lhe contar o sucedido. A sua resposta foi muito significativa. Vocês pensam, disse ele, que aqueles Galiléus que morreram eram mais pecadores que todos os outros moradores da Galiléia, porque sofreram este destino? Não, disse ele, mas disse-lhes:

"se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis" (Lucas 13:1-31).

"Perecer" na Bíblia significa mesmo isso: deixar de existir. Não há maneira de escapar aos ensino de Jesus aqui: toda a humanidade perecerá, a não ser que se arrependa. Isto é como no Salmo 49: o homem é como os animais que perecem, a não ser que tenha entendimento. Aqui temos a primeira pista para a resposta à nossa questão, "Entender o quê?" Certamente que tem que ver com arrependimento.

Jesus também concordou com Daniel, que tinha declarado "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão" (12:21). Isto é como o Evangelho de João regista o que ele disse:

"Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo" (João 5:28,29). ( O "todos" que jesus usou é o mesmo que  os "muitos" que usou Daniel: são todos os que durante a sua vida "ouviram a voz do Filho de Deus", (v. 25).

Veja onde estão os mortos: "nos túmulos" ("que dormem no pó da terra", Daniel); eles ressuscitam ou para a vida ou para julgamento. A harmonia entre Jesus e Daniel é completa; o Senhor aprova o ensino do Velho Testamento neste importante assunto acerca do lugar, estado e destino dos mortos.

Os Apóstolos tinham o mesmo ensinamento. João, no mais conhecido versículo do Novo Testamento, declara:

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (3:16).

As palavras que temos enfatizado são frequentemente ignoradas, não são qualquer escape para o veredicto - que todos os que não "creêm" em Jesus (seguindo as Escrituras) perecerão, que é - cessarão de existir.

O Apóstolo Paulo tinha a mesma mensagem. Ao escrever aos crentes em Éfeso, disse-lhes que antes de conhecerem e acreditarem em Cristo, que estavam "sem Cristo, ...não tendo esperança e sem Deus no mundo" (Efésios 2:12). Isto é uma mensagem demolidora. Diz-nos sem rodeios que se não  estivermos relacionados com Deus através de Cristo, da maneira que ele requer, estamos sem esperança. Quão precioso deve ser esse "entendimento" que pode salvar-nos de tal destino!

O Apóstolo Tiago disse aos seus leitores para não fazer afirmações confiantes acerca do que vão fazer no futuro. Vós não sabeis o que sucederá amanhã, diz ele, e depois acrescenta:

"Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa." (Tiago 4:14). Na Revista e Corrigida diz : "Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece."
A descrição de Daniel acerca dos mortos como estando "dormindo" na sepultura é usada pelo Apóstolo Paulo. Os crentes de Tessalónica estavam pranteando a morte de alguns que tinha crido em Cristo:

"Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem(ele quer dizer mortos), para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança...  Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro;" (1 Tessalonicenses 4:13,16);
Note o que esta passagem diz: os crentes fiéis que morreram estão "dormindo"; aqueles que não acreditam não têm "esperança"; Cristo pessoalmente descerá dos céus; e os fiéis que estão mortos ressuscitarão das suas sepulturas. Estes são os ensinamentos básicos que se encontram por todo o Novo Testamento. São as verdades fundamentais do Evangelho.

A Ressurreição dos Mortos

Tem sempre sido duro para aqueles que acreditam na vida depois da morte, pela alma imortal ou espírito, explicarem porque o Novo Testamento dá tanta importância à ressurreição dos mortos.

Que realmente isso acontece está fora de questão. Jesus confirma que é verdade, ao dizer aos Judeus para não convidar somente os vizinhos ricos para o banquete, esperando ser convidados por eles, mas para convidar os necessitados, "serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos" (Lucas 14:14). Os crentes fiéis ressuscitarão das suas sepulturas; será então que receberão a sua recompensa.

O Apóstolo Paulo devotou um capítulo inteiro para defender que os mortos ressuscitarão. Ele usa uma linha especial de argumento que se Cristo não ressuscitou dos mortos, então ninguém irá ressuscitar  também. Nesse caso, "os que dormiram em Cristo pereceram" (1 Cor. 15:18). (Note a implicação: se neste caso até os crentes fiéis em Jesus "pereceram", quanto mais aqueles que não creram!)

Mas não há qualquer dúvida acerca da ressurreição, diz Paulo: Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos (veja a lista impressionante de testemunhas nos versículos 3 a 8 deste capítulo); e assim Cristo tornou-se "as primícias dos que dormem" (v.2o). Duas vezes em três versículos Paulo descreve os mortos como "dormindo". Tal é a sua concordância com Daniel.

No restante deste capítulo, Paulo declara que depois da ressurreição os crentes fiéis terão uma mudança de natureza: "a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus." A natureza que possuímos agora é mortal e corruptível; mas quando os mortos forem ressuscitados, irão ser "transformados": pois o "corpo corruptível se revestir[á] de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir[á] de imortalidade". Esta é a maneira que se dirá "Tragada foi a morte pela vitória" (v. 50-54).

Assim chegamos à clara verdade Bíblica que a recompensa dos justos não consiste de uma "existência espiritual" algures; será a concessão de um corpo incorruptível, um corpo que não se deteriorará nem perecerá como os que temos agora, mas não estará mais sujeito à morte.  A razão disto é digna de nota: Deus tem um trabalho para os fiéis fazerem no futuro. Aqueles que são ressuscitados irão andar pelo mundo como pessoas tangíveis e reais, ocupados na tarefa de iluminar as nações do mundo com as verdades de Deus que o mundo ignorou ou perverteu durante tantos séculos. Como a Bíblia diz, este será o propósito do reinado de Cristo sobre as nações quando ele voltar.

"Mas...?"

Mas não existem algumas passagens do Novo Testamento que apoiam a ideia da sobrevivência depois da morte? Existem muito poucas passagens algumas vezes citas para apoiar essa ideia. Mas quando são cuidadosamente examinadas, vemos que estão em harmonia com o ensino da Bíblia como um todo. Aqui lidaremos com as mais conhecidas:

Inferno: No Velho Testamento a palavra "inferno" não significa mais do que um lugar oculto e coberto. Esta palavra é traduzida como "inferno", "sepulcro", "além" e também como "sepultura", em passagens como estas:
(Jacó pranteando pela morte de seu filho José): "Chorando, descerei a meu filho até à sepultura" (Génesis 37:35). "no sepulcro, quem te[a Deus] dará louvor?"...porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma" (Eclesiastes 9:10).

Daí a profecia acerca de Jesus: "Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção"(na Revista e Corrigida diz:"Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção." que é uma tradução mais literal), isto significa que Deus não deixaria Jesus na sepultura, como mostra o restante do versículo: "nem permitirás que o teu Santo veja corrupção" (Salmo 16:19).

No Novo Testamento esta passagem é citada pelo Apóstolo Pedro (Actos 2:31). Ele usa a palavra Grega que é geralmente traduzida por "inferno", mostrando que ele entendeu-a da mesma maneira que é usada no Salmo.

Geena: Existe no entanto, no Novo Testamento uma outra palavra muito interessante que é traduzida por "inferno", é a palavra "Geena". Isto era o nome de um lugar fora da cidade de Jerusalém. A seguinte explicação do Léxico do Novo Testamento - "Grimm-Thayer's Greek-English Lexicon of the New Testament" é muito útil:

"Geenna: ...o vale da lamentação... é o nome do vale a sul e leste de Jerusalém, assim chamado por causa do gritos das crianças, atiradas para os braços em chamas de Moloque, um ídolo tendo a forma de boi. O Judeus tanto abominaram esse lugar depois desses sacrifícios que foram abolidos pelo rei Josias que começaram a jogar para lá todo o tipo de lixo e até cadáveres de animais ou de criminosos que tinham sido executados. O fogo constante era necessário para consumir os cadáveres, para que o ar não ficasse cheio do cheiro da putrefacção, o lugar começou a ser chamado de "Geena de fogo.”

A palavra Geena é usada 12 vezes no Novo Testamento, 11 delas pelo próprio Jesus. Uma das passagens em causa é a seguinte:

"...se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno(Geena),onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga" (veja a passagem completa, Marcos 9:43-48).

O significado das palavras de Jesus é o seguinte: Se há alguma coisa que você está fazendo com as suas mãos, algum lugar onde você está indo com os seus pés, alguma coisa que você está vendo com os seus olhos, que estão fazendo com que você não entre no Reino de Deus, então pare de o fazer; senão o seu fim será a destruição com os maus na morte. Os vermes e o fogo são agentes simbólicos de destruição. Não são eternos, mas continuam o seu trabalho até que este esteja terminado. Assim Geena torna-se um tipo de julgamento para os maus no último dia(julgamento).

Todas as outras passagens que têm Geena contêm a mesma ideia.

A Alma: As passagens do Velho Testamento que já vimos mostraram que a "alma" significa "pessoa" e a sua "vida". Pode pecar e pode morrer.

A palavra equivalente aparece no Novo testamento umas 100 vezes. É traduzida como "alma", "vida". Uma das passagens é bastante relevante. Jesus disse aos seus discípulos que quem deseja ser seu verdadeiro seguidor: "a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me", Jesus depois continuou:
"Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?"  (Mateus 16:25,26).

O leitor de Português pensaria que duas palavras estão sendo usadas aqui "vida" e "alma". Mas na realidade a palavra original é só uma. De facto se o leitor ver estes dois versículos na Bíblia de Jerusalém verá que só a palavra "vida" é usada.

Outra passagem que é normalmente citada é a seguinte: "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma;" isto é impressionante, mas a segunda parte do versículo diz "temei, antes, aquele[que é, Deus] que pode fazer perecer no inferno[Geena] tanto a alma como o corpo." (Mateus 10:28).
Assim vemos que a alma pode ser destruída. O raciocínio de Jesus não é difícil de entender: Um servo fiel morre, depois recebe a sua vida (ou alma) de novo na ressurreição dos mortos, como já vimos. Mas o servo infiel será completamente destruído na morte, no julgamento simbolizado por Geena. A sua "alma", ou vida, perecerá juntamente com ele.

O homem rico e Lázaro: Se o leitor não está familiarizado com esta passagem (Lucas 16:19-31) recomendamos que estude-a cuidadosamente agora.

Lázaro, o mendigo, morre e foi  "levado pelos anjos para o seio de Abraão". O homem rico morre , mas ele está "No inferno, estando em tormentos", e ele consegue ver "ao longe" Lázaro no seio de Abraão. Ele implora que Abraão lhe envie Lázaro, e pede a "Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua". Mas o pedido é rejeitado - o homem que fora rico tem que sofrer o seu castigo. Para além disto, diz Abraão, "está posto um grande abismo entre nós e vós", tornando a passagem de um lado para o outro impossível. Então o homem rico pede a Abraão para enviar Lázaro para avisar os seus cinco irmãos, para que eles não sofram o mesmo destino que ele. Este pedido também é rejeitado(já iremos analisar isto dentro de momentos).

Existem certas características desta narrativa que a tornam impossível de ser interpretada literalmente. O seio de Abraão com o lugar dos justos após a morte; a conversa entre Abraão que está no 'paraíso' e o homem rico que está no 'inferno'; a ideia de alguém pode ir com água de um lugar ao outro para que "refresque a língua" do que está sofrendo. A convicção de que isto não é um relato real mas um tipo de parábola, ou narrativa simbólica torna-se uma certeza quando percebemos que todos estes detalhes faziam parte da tradição dos Fariseus nessa altura, como Josephus, o historiador Judeu do primeiro século, mostra no seu "Discourse Concerning the Hades (Discurso Acerca do Hades)”. Jesus estava usando alguma das ideias dos seus oponentes para os confundir. Mas é realmente nos últimos versículos da passagem que o ponto chave de Jesus emerge.
Quando o homem rico pede a Abraão para enviar Lázaro para advertir os seus irmãos, Abraão responde: "Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos". Quando o homem rico diz, "Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão", Abraão responde: "Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos."

Dentro de pouco tempo isto se cumpriu de maneira exemplar. Jesus ressuscitou dos mortos Lázaro - o verdadeiro Lázaro - o irmão de Marta e Maria. O milagre foi uma sensação para as pessoas, mas longe de se "arrependerem", os líderes dos Judeus somente ficaram mais decididos em matar Jesus. Pouquíssimo tempo depois, o próprio Jesus ressuscitou dos mortos. Mesmo com poderosas provas  de testemunhas, as autoridades Judaicas estavam determinadas em negar a sua ressurreição e rejeitar que Jesus era como dizia o Filho de Deus. Eles não aceitaram o ensino das suas próprias Escrituras, "Moisés e os profetas", e não aceitaram que Jesus fosse o esperado Messias.
Este foi o objectivo da parábola do Homem Rico e Lázaro. Transmitindo perfeitamente o que Jesus queria dizer. Não tem nada a ensinar-nos acerca do estado dos mortos. Porque para isso temos que ter em consideração as Escrituras como um todo para encontrar provas acerca do estado dos mortos.

O ladrão na Cruz: Lucas 23:39-43 contém o acontecimento. Jesus está na cruz. Um dos dois ladrões que foram crucificados com ele, confessa :"na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo", mas "este[Jesus] nenhum mal fez". Então, dirigindo-se a Jesus, diz "Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino"(v. 42).

Este pedido é extraordinário, pois implica:

1. Que para o ladrão, Jesus era "Senhor";
2. Que o ladrão esperava que Jesus sobrevivesse a crucificação;
3. Que algures no futuro, Jesus viria para estabelecer o Reino;
4. Que nessa altura Jesus se lembraria dele, e o devolveria à vida.



Todas estas suposições estão de acordo com o que o Novo Testamento ensina. Agora veja a resposta de Jesus:

"EMVERDADETEDIGOQUEHOJEESTARÁSCOMIGONOPARAÍSO"

Isto é a maneira como a letras Gregas aparecem nos manuscritos mais antigos: todas em maiúsculas; as palavras sem estarem separadas; sem pontuação; e a palavra "que" não aparece no original em grego. Então como entende a resposta de Jesus? como,

"Em verdade, te digo (que) hoje estarás comigo no paraíso"?

ou como,

"Em verdade, te digo hoje, (que) estarás comigo no paraíso"?

Isto faz uma grande diferença no entendimento da promessa de Jesus. O que decidimos então? Segundo a gramática ambas as frases são possíveis. Simeron(hoje) pode ser usado com o primeiro verbo ou com o segundo. Mas há que tomar outras coisas em consideração.

1. Jesus estava usando uma forma de afirmação Hebraica comummente encontrada no Velho Testamento. Aqui temos três exemplos tirados de um capítulo (Deuteronómio 4:26, 39 , 40):

"Hoje, tomo por testemunhas contra vós outros o céu e a terra... hoje, saberás e refletirás no teu coração... Guarda, pois, os seus estatutos e os seus mandamentos que te ordeno hoje..."

A declarar algo "hoje"(ou neste dia), era uma forma de uma afirmação solene feita na certeza da sua veracidade.  Expressões similares ocorrem somente no livro de Deuteronómio 42 vezes. Assim Jesus estava usando usando uma formula Hebraica bem conhecida para reforçar a seriedade das suas palavras, "Em verdade, te digo hoje...". O ladrão assim poderia ter a certeza de que o que Jesus prometeu se realizaria.

2. De todas as maneiras, onde esteve Jesus "nesse dia"? Não em glória, no céu. Ele esteve na sepultura". Como disse ele próprio aos escribas e Fariseus: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra" (Mateus 12:40. "Coração" é uma palavra Hebraica usada  para significar "no meio" (dentro); ele queria dizer que estaria na sepultura.

3. Como podemos entender a palavra "paraíso"? Uma vez mais temos que ser cuidadosos ao tomar nosso esclarecimento a partir da própria Bíblia, e não de tradições humanas. A palavra era no original Persa e no Velho Testamento é traduzida como floresta, pomares, e jardins. Isaías diz que quando vier o tempo para o senhor "confortar Sião", Ele "fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do SENHOR" (51:3).

A tradução do Velho Testamento para Grego(feita cerca de 200 anos antes de Cristo) traduziu a palavra Hebraica "jardim" para paradeisos, as mesma palavra usada por Jesus quando respondeu ao ladrão. A referência na profecia de Isaías é à prosperidade e fertilidade da "Terra da Promessa", a terra ocupada por Israel no anos antes do nascimento de Cristo. Então "paraíso" é sinónimo do novo Reino de paz e alegria que Jesus irá estabelecer quanto retornar à terra, "quando ele vier no seu reino", como acreditou o ladrão que ele viria. Assim ao entendermos a passagem , não tem nada que ver com lendas Gregas e sim com o consistente ensino de toda a Bíblia.

Um número pequeno de outras passagens é às vezes citado para apoiar a ideia da sobrevivência da alma depois da morte, mas com um exame cuidadoso, mostram que são consistentes com o resto da Bíblia.

Porquê tão Difundida?

Pode ser questionado, Se a sobrevivência da alma ou espírito para além da morte não é ensinada na Bíblia, como é que tanta gente religiosa acredita nisso?

A explicação é simples. Ideias similares da sobrevivência da alma eram comuns nas religiões pagãs da antiguidade, em todas as nações. Representavam o desejo da mente humana. Era uma marca da diferença dos Cristãos do primeiro século que rejeitavam essa falsa crença. Eles esperavam a nova vida, prometida pelo Evangelho, não  pela altura da morte mas no retorno de Jesus quando os fiéis que estivessem mortos fossem ressuscitados. No entanto, com o passar do tempo, ocorreram "conversões em massa" em nações pagãs no mundo Romano.

Inevitavelmente muitos dos que foram convertidos trouxeram com eles as suas noções pagãs. E mais ainda, os líderes da Igreja Cristã tentaram harmonizar o ensino da Bíblia com as ideias dos filósofos, derivadas de fontes Gregas. A imortalidade da alma era uma coisa comum entre eles.

Mas quando tem havido uma tentativa séria de descobrir o que a Bíblia realmente está dizendo, há também um retorno às crenças dos primeiros Cristãos. Isto aconteceu durante a Reforma na Europa nos séculos XVI e XVII. A verdade tem sido reconhecida abertamente em tempos mais recentes por notáveis Teólogos. Veja estas citações:

Em 1897, B. F. Wescott, Professor de Teologia em Cambridge, no seu comentário sobre 2 Timóteo 1:10, escreveu:

"O facto central da nossa crença - não é a imortalidade da alma, mas a ressurreição do corpo. O nosso salvador trouxe à luz, vida e incorruptibilidade(não imortalidade)... Tendo esta verdade em mente, podemos perceber a força das palavras de Paulo: "The Lord Jesus shall fashion anew the body of our humiliation" ("o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação" (Filipenses 3:20-21)" - Some Lessons of the Revised Version of The New Testament, p. 192.

Em 1924, Bispo Gore (de Londres) escreveu:

"Eu penso... que, na doutrina da natureza humana, a ideia de que a alma do homem é na sua essência incorruptível, e assim necessariamente imortal ... é derivada da filosofia Grega e não das Escrituras" - The Holy Spirit and the Church, p.288, nota de rodapé.

Chocada com o aumento de irreligiosidade nos anos das guerras mundiais, a Igreja da Inglaterra estabeleceu uma Comissão sob o comando do Bispo de Rochester. Muitos membros de varias comunidades religiosas tomaram parte. No relatório, Towards the Conversion of England(Com vista à conversão da Inglaterra", publicado em 1945, contém o seguinte parágrafo:

"A ideia da inerente indestrutibilidade da alma humana (ou consciência) deve a sua origem a fontes Gregas e não à Bíblia. O tema central do Novo Testamento é a vida eterna não para todos, mas para os crentes em Cristo ressuscitado dos mortos.-" - p. 23.

(as partes em itálico são do escritor deste folheto).

Estas declarações são realmente impressionantes. Tudo o que encontramos na Bíblia está confirmado aqui. Os homens e as mulheres não sobrevivem à morte automaticamente. Pela sua natureza perecem na sepultura. Aqueles que são dignos de vida eterna irão sobreviver a morte mas quando vier Jesus e os ressuscitar.

A Mensagem Vital

Através da nossa breve revista ao ensino da Bíblia sobre este importante tema uma coisa torna-se clara: A sua mensagem é vital para todos nós, pois se a ignorarmos, pereceremos. É por isso que a sua mensagem é chamada de "Evangelho", que é "boas novas". Isto é tão importante que Paulo disse aos seus leitores em Corínto "Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei,... por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei,..." (1 Cor. 15:1,2).
Aos Romanos ele escreveu:

"Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rom. 1:16).

Quão necessitada é a nossa raça mortal destas "boas novas"! Que coisa maravilhosa é a existência desta mensagem de vida para todos nós, nas páginas da Bíblia, nas próprias palavras de Jesus e dos seus apóstolos. Que seja a nossa meta conhecer esta "palavra de vida" enquanto temos a oportunidade, pois o nosso futuro está em jogo.

FRED PEARCE

Tradução: S. Mestre

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