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BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

Curso Bíblico 40 Lições - Lição 3 - A BÍBLIA O NOSSO GUIA

S. Mestre, 19.05.20

 

 

Salmo 119:1-40.

 

AS REIVINDICAÇÕES DA BÍBLIA

 

A Bíblia afirma ser a Palavra de Deus. Diz que "Toda a Escritura é inspirada por Deus" (2 Timóteo 3:16). A palavra "inspirada" significa que Deus iluminou espiritualmente certas pessoas para que escrevessem a sua mensagem. Muitas vezes os profetas do Antigo Testamento dizem: "Assim diz o SENHOR".

 

Se a Bíblia não é a Palavra de Deus então não é importante; mas se verdadeiramente é a mensagem de Deus para o homem, então é de vital importância lê-la e fazer o que ela diz. Se ignoramos a mensagem da Bíblia estamos a ignorar o Criador do universo.

 

COMO SABEMOS QUE A BÍBLIA É A VERDADE?

 

A Bíblia prediz o futuro

 

Não podemos ter certezas daquilo que irá acontecer amanhã. A Bíblia em muitas partes diz o que vai acontecer no futuro em alguns casos centenas de anos antes dos acontecimentos. Estas profecias cumpriram-se até nos mais pequenos detalhes.

 

Estes são alguns exemplos:

 

1. O nascimento de Jesus

 

Em Mateus 2 lemos que os magos apresentaram-se perante Herodes e perguntaram "Onde está o recém-nascido Rei dos judeus?". Herodes fez também esta pergunta aos principais sacerdotes e eles responderam : "Em Belém da Judéia". Como sabiam isto? Porque, centenas de anos atrás, isso tinha sido profetizado num dos livros do Antigo Testamento – Miqueias 5:2.

 

2. A morte de Jesus

 

Encontre o Salmo 22 e leia-o cuidadosamente. Neste Salmo há uma descrição da crucificação de Jesus. Observe o final do versículo 16 – "traspassaram-me as mãos e os pés." Leia de novo o versículo 18 – "Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes." Leia agora João 19:23-24, notará que isso foi exatamente o que fizeram os soldados depois de terem crucificado Jesus. Como poderia o escritor do Salmo predizer a morte de Jesus tanto tempo antes de que acontecesse, a não ser que fosse inspirado por Deus?

 

Isto é especialmente extraordinário, porque nos dias do salmista os judeus não conheciam a crucificação o seu método de executar os criminosos era por apedrejamento.

 

3. Preditos grandes acontecimentos

 

Leia Isaías 13:19-20. Quando o profeta Isaías escreveu estas palavras acerca da Babilónia, esta era a maior nação do mundo, gloriosa e poderosa. Onde esteve a Babilónia, agora só existem ruínas numa região semi-deserta. Muitas centenas de anos depois de ter sido pronunciada, a profecia de Isaías cumpriu-se tal como ele tinha dito. Somente Deus pode ver o futuro, e as profecias que encontramos na Bíblia provam que Deus disse aos profetas o que deveriam escrever.

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Os arqueólogos encontraram provas da existência de muitas coisas de que fala a Bíblia.

 

Os arqueólogos descobriram que as cidades de Sodoma e Gomorra existiram (Génesis 19). O mesmo aconteceu com Ai, Asquelom, Betel, Bete-Semes, Gibeá, Hazor, Jericó, Láquis, Megido, Samaria, Siquém, e muitas outras mais que são mencionadas na Bíblia.

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A Bíblia não mudou com o passar dos séculos

 

Entre os manuscritos que foram encontrados perto do Mar Morto em 1947 havia um do livro de Isaías. Este rolo foi escrito faz mais de 2000 anos. O texto é quase o mesmo que os livro de Isaías que temos atualmente. A mensagem da Bíblia não se alterou com o tempo!

 

Há muita gente que ri-se da ideia de que Adão e Eva tenham sido pessoas reais, ou que Noé tenha construído a arca e tenha colocado todos esses animais abordo. Muitos acreditam que há coisas mais interessantes na história do que um enorme peixe que engoliu Jonas. Mas Jesus acreditou nisso tudo!

 

Jesus acreditou nos ensinamentos do Antigo Testamento acerca de...

 

... Adão e Eva (ver Mateus 19:4,5)

... Noé e o dilúvio (ver Lucas 17:26,27)

... Ló e a sua esposa (ver Lucas 17:29-32)

... Abraão, Isaque e Jacó (ver Mateus 8:11)

... David e Salomão (ver Mateus 12:3,42)

... Jonas e o grande peixe (ver Mateus 12:40)

 

Não podemos omitir o ponto de vista do Senhor Jesus Cristo. Ele foi ressuscitado por Deus depois de ter estado morto durante três dias. Isto é um feito histórico, que a maioria das pessoas aceitam. Tal milagre só pode ter acontecido pelo poder de Deus.

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Muitos inimigos da Bíblia, incluindo pessoas muito inteligentes, tentaram provar que a Bíblia é falsa, mas todos falharam. Se pararmos para pensar sobre isto, temos que admitir que isto é extraordinário.

 

 

SABIA QUE...?

  • Levou mais de dois mil anos para escrever a Bíblia.

  • Foi escrita por pastores, reis, pescadores, um médico, um fabricante de tendas e outros.

  • A Bíblia contém 66 livros ; 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo.

  • Todos os escritores juntos dão-nos uma só história – a história do propósito de Deus para com o homem.

  • Quase todos os escritores eram judeus.

  • Grande parte da Bíblia é acerca do povo judeu.

 

O ANTIGO TESTAMENTO

LIVRO

TEMA

GÉNESIS

O princípio do mundo e do relacionamento de Deus com o primeiro homem.

ÊXODO

Estes livros dizem-nos como Deus escolheu os judeus para que fossem o seu povo e como tirou-os do Egito e lhes deu a terra de Canaã (Israel).

LEVÍTICO

NÚMEROS

DEUTERONÓMIO

JOSUÉ ESTER

Estes livros continuam a história do povo judeu.

SALMOS CANTARES

Estes livros são livros de poesia e sabedoria.

ISAÍAS MALAQUIAS

Os livros dos profetas. Estes livros decretavam como os judeus deviam obedecer a Deus e também falam de muitos acontecimentos importantes que aconteceriam na história do mundo. (Alguns destes acontecimentos estão ocorrendo nos nossos dias e outros ainda tão para se cumprir.)

 

O NOVO TESTAMENTO

MATEUS

Estes livros são quatro narrações separadas sobre a vida de Cristo, a sua morte e a sua ressurreição.

MARCOS

LUCAS

JOÃO

ATOS DOS APÓSTOLOS

Este livro é acerca das primeiras igrejas que se formaram e como estes cristãos do primeiro século se organizavam. (Deve-nos servir de guia.)

ROMANOS – JUDAS

Epístolas diversas escritas pelos apóstolos para ajudar as jovens igrejas.

APOCALIPSE

Um livro de profecia.

 

(Uma lista completa de todos os livros da Bíblia pode-se encontrar nas primeiras páginas da mesma.)

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Existem outras revelações de Deus?

 

A resposta a esta pergunta é um simples não. Existem muitas religiões no mundo, e a maioria têm os seus livros sagrados. Os muçulmanos, por exemplo têm o Corão, o qual consideram ser a palavra de Deus. Os Mormons têm o livro de Livro de Mormon, que afirmam ter-lhes sido enviado por Deus. Alguns destes livros tiram parte dos seu ensinamentos da Bíblia; alguns dão conselhos prudentes e sensatos, mas em muitos aspetos estes livros não estão de acordo com a mensagem da Bíblia.

É lógico que Deus não vai dizer uma coisa num livro e outra completamente diferente noutro. Só um destes livros pode ser a Palavra inspirada por Deus. A Bíblia afirma ser essa Palavra.

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A Bíblia – o guia para a vida do homem

 

Deus viu a terrível condição em que se encontrava o homem pecador e enviou o seu Filho, Jesus, para morrer de maneira que as pessoas tivessem a esperança da vida eterna. Jesus Cristo também mostrou-nos como viver de uma forma que agrada a Deus. A Bíblia tem outros exemplos de homens de fé. Também mostra-nos como alguns fracassaram e a história do povo judeu permite-nos aprender com os seus erros.

 

FINALMENTE...

É uma ideia tremenda que Deus nos céus tenha-nos dado um livro através do qual podemos chegar a conhecê-lo, e viver como ele quer que o façamos. Ele diz-nos neste livro porque criou o mundo, e qual será a sua história, até ao momento que o evangelho se cumpra, e Deus seja tudo em todos.

 

A Bíblia é o guia que Deus nos deu, e mostra-nos o caminho que conduz à vida eterna no seu Reino. Não existe nenhum outro livro como este. Não é um livro de letras mortas – é a Palavra viva. Se a lermos diariamente, com cuidado e em oração, transformará as nossas vidas e torná-las-á agradáveis a Deus.

 

RESUMO

  1. A Bíblia é única. Afirma ser a Palavra de Deus para homens e mulheres.

  2. Oferece aos homens e mulheres uma esperança de vida.

  3. Jesus acreditou nas Escrituras do Antigo Testamento.

  4. Existem muitas provas de que a Bíblia é verdadeira; a sua história é comprovada por descobrimentos modernos; contém muitas profecias que se cumpriram.

  5. Relata a história da relação de Deus com o homem, desde da criação do primeiro homem até ao tempo em que a terra esteja cheia da glória de Deus.

  6. É um presente de Deus para todos nós e que nos mostra o caminho da vida. Devemos lê-la todos os dias.

 

 

Salmo 1; Salmo 22; 2 Timóteo 3.

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2 Timóteo 3:16-17.

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra."

 

(Texto original: 40 Lessons Bible Course by Christadelphian Bible Mission, tradução e adaptação para português por S. Mestre, revisão de 2020)

Preparação para Batismo 1 - A Bíblia

S. Mestre, 17.05.20

1 A Bíblia

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1.1 O que é a Bíblia?

RESPOSTA: Não existe nenhum outro livro no mundo como a Bíblia, porque:

    a. Ela é a palavra de Deus e é a Sua mensagem para a humanidade.

HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez, também, o mundo. (Hebreus 1:1-2,RC)

 

Toda a Escritura, divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Timóteo 3:16-17,RC).

    b. É o único livro que dá-nos o verdadeiro conhecimento acerca de Deus, Senhor Jesus e da salvação.

HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez, também, o mundo. (Hebreus 1:1-2,RC)

 

Inclinar-me-ei para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e pela tua verdade: pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.(Salmo 138:2,RC)

 

Toda a Escritura, divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Timóteo 3:16-17,RC).

 

A tua palavra é a verdade, desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre. (Salmo 119:160,RC)

 

    c. Foi escrita por homens que foram guiados pelo Espírito Santo de Deus.

Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito Santo.(2 Pedro 1:21,RC);

 

Indagando que tempo, ou que ocasião de tempo, o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.(1 Pedro 1:11,RC)

    d. Promete a vida eterna para todos os que acreditam e obedecem aos seus ensinamentos.

E a vida eterna é esta; que te conheçam, a ti só, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. (João 17:3,RC)

 

A saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra e incorrupção;(Romanos 2:7,RC)

 

Indagando que tempo, ou que ocasião de tempo, o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.(1 Pedro 1:11,RC)

 

1.2 Como podemos entender melhor a mensagem da Bíblia?

RESPOSTA:

    a. Para entender e crer na sua mensagem, necessitamos de ler a Bíblia com regularidade e antes de cada leitura orar a Deus para termos a Sua bênção no nosso estudo.

Persiste em ler, exortar e ensinar.(1 Timóteo 4:13,RC)

Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! mais doces do que o mel à minha boca. Pelos teus mandamentos, alcancei entendimento; pelo que aborreço todo o falso caminho. Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho. (Salmo 119:103-105,RC)
 
 
Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi, para mim, o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó Senhor, Deus dos Exércitos. (Jeremias 15:16,RC)

    b. A Bíblia é o seu próprio melhor interprete. Algumas partes da Bíblia ajudam-nos a entender outras partes.

E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas, e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. (Lucas 24:25-27,RC)

 

As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. (1 Coríntios 2:13,RC)

(Texto original: Preparation for Baptism by Christadelphian Bible Mission, tradução para português por S. Mestre, revisão de 2020)

O Arrebatamento alguma vez acontecerá?

S. Mestre, 05.03.20

O verdadeiro significado do ensino de Paulo “Seremos arrebatados entre nuvens” (1 Tessalonicenses 4:17).

O tema do Retorno de Cristo deve ser um assunto de grande alegria, e não de medo. Só a presença dele será capaz de retirar o mundo do poço de mal e ruindade em que se afundou. O mundo precisa de um Ditador sábio, que pondo todos os partidos de lado, proverá a humanidade com uma forma de governo justa, e forçará sua adoção universal. Tal homem é uma impossibilidade na esfera humana, e mesmo que fosse encontrado, o mundo recusaria aceitá-lo, e o mataria primeiro antes entregar sua liberdade de se governar a si mesmo.

Mas Deus escolheu um dia no qual julgará o mundo em justiça através desse homem, que Ele escolheu para esse propósito, garantindo isso a todos os homem ao ressuscitá-lo de entre os mortos (Atos 17:31). Esse homem é o Senhor Jesus Cristo, semente de Abraão, no qual foi prometido que todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gál. 3:8,16); a semente de David (Mateus 1:1) que ocupará o seu trono no tempo estabelecido, e de Jerusalém governará o mundo em paz e equidade (Lucas 1:32); Daniel 7:14); Isaías 9:6-7).

Aconselhamos o exame cuidadoso, ponderado e crítico do conteúdo deste livro. Leia-o juntamente com a Bíblia. Tome tempo para estudar as referências Bíblias citadas no texto e o seu contexto.

O SEU ENVOLVIMENTO NO RETORNO DE CRISTO

O Que é o Arrebatamento?

Muita gente por esse mundo fora vivem com medo ou antecipação do que é descrito como O Arrebatamento.

A ideia de um arrebatamento no retorno de Cristo está recebendo cada vez mais apoio no mundo religioso. É dito, com base no ensino da Bíblia, que os crentes serão arrebatados da terra e levados para o céu quando o Senhor aparecer. Livros dramáticos têm sido escritos descrevendo essa experiência antecipada. Um desses livros que tenho aqui à minha frente faz referência a Cristãos desaparecendo, alegando que na segunda vinda de Cristo, milhões de pessoas subitamente desaparecerão. Afirmando:

“Quando o Arrebatamento (ou Segunda Vinda de Cristo) vier, não somente separará os crentes dos descrentes, mas separará maridos de mulheres, irmãos de irmãs, e amigos de amigos.

Num piscar de olhos, você poderá descobrir que a sua mulher não mais está na cozinha, ou você poderá telefonar para o escritório de seu marido e saber que ele de repente desapareceu.

Você pode estar num piquenique com seus filhos, e num instante se apercebe que eles simplesmente desapareceram.

Você pode estar dirigindo na estrada e de repente vê dois ou três carros desgovernados sem condutor.

Você pode estar num avião e de repente o piloto desaparece e o copiloto tem que tomar o controlo da aeronave.

E muito possivelmente, poderá estar sentado na igreja num domingo de manhã e numa congregação de 500 pessoas, subitamente 30, 40 ou 50 simplesmente desaparecem da audiência e no entanto você e centenas de outros são deixados na terra, incluindo o ministro!

Esta é a cena que acontecerá quando Cristo retornar à terra para receber os santos para Si mesmo.

Isto é comummente conhecido como Arrebatamento, ou a Segunda Vinda de Cristo.”

O mesmo livro provê um relato muito dramático e ficcional do que o autor considera acontecer nesse tempo, e pede aos seus leitores para que se preparem para essa crise eminente.

O livro “Como Acabará o Mundo” de S. Kirban, afirma ser um êxito de vendas, com vendas superiores a 250 000 cópias só nos Estados Unidos da América.

A pedido de muitos leitores, examinamos este ensino à luz da Bíblia.

Cristo Voltará

Antes de mais, deve ser reconhecido que Cristo retornará pessoalmente e visivelmente à terra, da mesma forma como subiu ao céu.

Não existe absolutamente qualquer dúvida sobre isto, pois é claramente predito na Bíblia, e os sinais políticos que anunciam o seu retorno, são evidentes nos dias de hoje.

Primeiro, considere algumas provas. Escrevemos “algumas”, porque as referências na Bíblia, ao retorno de Cristo são inumeráveis. A Bíblia contém mais de trezentas referências a este evento. Tenho à minha frente, um livro grosso de mais de 400 páginas com o título A Bíblia da Segunda vinda que contém somente extratos da Bíblia nos quais se faz referência à segunda vinda, suplementados por algumas notas de rodapé.

Na verdade, pode-se dizer com verdade, que se alguém não acredita na Segunda Vinda de Cristo, essa pessoa não acredita no ensino básico da Bíblia, pois é absolutamente fundamental para a sua compreensão.

A Segunda Vinda é ensinada, não meramente com linguagem figurada ou símbolo, mas também com declarações claras e diretas que são fáceis de entender.

Eis aqui algumas dessas declarações:

Então, se verá o filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória” [Cristo aos seus discípulos”] (Lucas 21:27).

Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” [Anjos aos Apóstolos] (Atos 1:11).



Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo… ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade” [Pedro pregando o Evangelho] (Atos 3:19-21).

Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” [Paulo explicando o processo da ressurreição] 1 Cor. 15:23).

Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” [João revelando o impacto da vinda de Cristo] (Apocaplipse 1:7).

Para além disso, as evidências revelam que Cristo não somente retornará, mas que estamos vivendo na época de sua segunda vinda.

Isto é demonstrado pelo cumprimento de profecias Bíblicas no nosso tempo. O aumento da permissividade, violência, crime, e o repúdio geral dos princípios divinos, estão de acordo com o aviso profético de Cristo, “Assim como foi nos dias de Noé, e Ló, assim será no dia em que o filho do homem se manifestar” (Lucas 17:26-30). O aumento do medo no mundo, tensão, rivalidades internacionais mostram quão verdadeira foi a sua predição de que a sua vinda seria apresentada com uma época de “angústia entre as nações em perplexidade,” “homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo” (Lucas 21:25-26). Acima de tudo, o reavivamento de Israel como nação é um testemunho claro ao cumprimento de tais predições como as que se seguem:

Levantar-te-ás e terás piedade de Sião(Israel); é tempo de te compadeceres dela, e já é vinda a sua hora… porque o SENHOR edificou a Sião, apareceu na sua glória… ficará isto registrado para a geração futura…” (Salmo 102:13-18).

Assim diz o SENHOR deus: eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei para a sua própria terra. Farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de todos eles” (Ezequiel 37:21-22).

Esta profecia antecipava um crescimento em três frentes no renascimento de Israel. Primeiro: a restauração do povo (que começou a partir do ano 1917 com a proclamação da Declaração de Balfour convidando os Judeus a retornarem à terra dos seus antepassados). Segundo: O renascimento da nação (proclamado pelo decreto da ONU em 1947). Terceiro: O estabelecimento de uma monarquia (que ainda está para se cumprir quando Cristo voltar, de acordo com o seu título “O Rei dos Judeus” – Mateus 2:2; 27:37).

Duas partes desta profecia tiveram cumprimento nos nossos tempos: esperamos pela terceira parte – o estabelecimento da monarquia sob Cristo. Ele profetizou:

Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles” (Lucas 21:24).

A ocupação de Jerusalém por Israel em 1967 é de grande significado à luz da predição de Cristo. Hoje, pela primeira vez em 2000 anos, Israel tem controlo da sua antiga capital.

Com que propósito Cristo retornará?

Cristo retornará para trazer o cumprimento do propósito de Deus iniciado faz 2000 anos. Esse propósito envolve o seu reinado na terra como Rei sobre um mundo em paz.

Isto não virá a acontecer sem grandes revoluções políticas e mudanças dramáticas por toda a terra.

Por fim, todas as nações estarão sujeitas à sua autoridade e regência. Jerusalém será reconstruída como a cidade-Templo para adoração universal, e se tornará a metrópole do império mundial que ele controlará. Tornar-se-á o centro da sua administração de onde sairão o seu ensino e lei para todo o mundo. Novamente citamos o testemunho inequívoco e claro das Escrituras:

Nos dias destes reis, o deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Daniel 2:44).

Porque convém que ele(Cristo) reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés” (1 Coríntios 15:25).

A nação e o reino que não te servirem perecerão” (Isaías 60:12).

O reino do mundo se tornou de nosso senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 11:15).

Como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim o SENHOR deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações” (Isaías 61:11).

Este(Cristo) será grande e será chamado filho do Altíssimo; Deus, o senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lucas 1:32-33).

Quando o SENHOR dos exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém; perante os seus anciãos haverá glória” (Isaías 24:23).

Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de trono do SENHOR; nela se reunirão todas as nações em nome do SENHOR e já não andarão segundo a dureza do seu coração maligno” (Jeremias 3:17).

Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém(para a guerra) subirão de ano em ano para adorar o rei, o SENHOR dos exércitos…” (Zacarias 14:16).

Jerusalém… [a] cidade do grande rei” (Mateus 5:35).

O SENHOR será rei sobre toda a terra” (Zacarias 14:9).



Estas referências claramente ensinam que o Senhor reinará na terra a partir da cidade de Jerusalém. Revelam que Deus intervirá nos assuntos do mundo, e que no final as condições na terra serão tais, que o cântico dos anjos por ocasião do nascimento do Senhor, e o pedido na oração do Pai Nosso se cumprirão:

Glória a deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lucas 2:14).

Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10).

O Senhor não reinará sozinho. Ele requererá associados na governação das nações. A chamada do Evangelho é um convite para nos identificarmos com Cristo agora, para que então reinemos com ele.

Novamente, no que toca a este assunto, o ensino da Bíblia é explícito:

Fiel é esta palavra… se perseveramos, também com ele reinaremos” (2 Timóteo 2:11-12).

Foste(Jesus) morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:9-10).

Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade(receberão a vida eterna); pelo contrário, serão sacerdotes de deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos” (Apocalipse 20:6).

Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações” (Apocalipse 2:26).

A Bíblia ensina que, quando o Senhor Jesus retornar à terra, ele primeiro virá aos seus. Sem que o mundo o saiba, ele ressuscitará aqueles que creram nele, e recompensará os justos com a vida eterna(Romanos 2:6-7). Eles constituirão a aristocracia imortal do Reino que ele estabelecerá na terra. Em sua companhia, ele estabelecerá o seu governo em Jerusalém, e exigirá a obediência de todas as nações (Salmo 2). Alguns se submeterão, outros resistirão. Os primeiros serão incorporados como os súbditos mortais da teocracia que ele estabelecerá na terra; os últimos serão compelidos pelo poder divino que ele usará para sujeitar todos ao seu governo. Finalmente “Todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam” (Salmo 72:11). Um estado de paz e equidade será estabelecido na terra:

Nos últimos dias, acontecerá que o monte da casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Isaías 2:2-4).

O reino do mundo se tornou de nosso senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 11:15)

O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos DEBAIXO de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Daniel 7:27).

Note que as Escrituras citadas definem a localização do Reino a ser estabelecido como sendo NA terra e DEBAIXO do céu. Este facto é importante em vista das noções atuais sobre o chamado arrebatamento.

Foram Preditas Grandes e Dramáticas Mudanças

O reino de Cristo na terra não será estabelecido sem grandes e dramáticas mudanças na terra. As nações não se submeterão de vontade ao seu governo, mas serão humilhadas pelo derramamento do julgamento divino no fogo do Armagedão e seu rescaldo. O resultado será um terramoto político sem precedentes na história. A ordem política presente será completamente derrubada para abrir caminho para a nova ordem mundial de Cristo. As teorias políticas atuais serão descartadas quer sejam Comunistas, Capitalistas, ou Democráticas; e serão substituídas por um novo sistema: a teocracia. Isto incluirá uma ditadura benévola que elevará Deus na consideração da humanidade, enquanto provê as necessidades dos humanos. Será estabelecida com base na verdade e trará claramente à atenção de toda a humanidade os factos concernentes com a revelação divina. Por estes meios, o propósito de Deus na criação será cumprido, e “toda a terra se encherá da glória do SENHOR” (Números 14:21).

Mas embora o estabelecimento do governo de Cristo na terra inclua uma quebra dramática com as condições presentes, e vastas alterações por todo o mundo, o chamado arrebatamento no sentido usado pelas igrejas contemporâneas não está incluído. Porque então as pessoas parecem tão entusiasmadas com isso?

O Arrebatamento: Uma invenção da Imaginação

Isso acontece porque eles falharam no entendimento do ensino básico sobre a segunda vinda de Cristo como apresentada acima, e isso desencaminhou-os por uma interpretação errada de uma única passagem das Escrituras.

É declarado que a doutrina do arrebatamento é ensinada em 1 Tessalonicenses 4:13-18:

Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o senhor. depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.

Esta declaração do Apóstolo Paulo é uma mistura de expressões literais e figurativas que combinadas, expressa de forma muito bonita o propósito de Deus para aqueles que querem seguir o Senhor Jesus. Infelizmente, na mente de alguns gerou-se uma confusão, porque eles falharam em distinguir o literal do figurado, e daí colocaram Escritura contra Escritura.

Por exemplo, o Apóstolo descreve a reunião com o Senhor “nos ares”, e conclui, “e assim estaremos sempre com o Senhor.”

Mas outras passagens das Escrituras revelam claramente que os crente imortalizados “reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:10), não “no ar” ou no céu. Na verdade, é claramente declarado que o seu domínio e esfera de governo será “debaixo de todo o céu” (Daniel 7:27).

Considere também outras citações citadas anteriormente. O Apóstolo declarou que o Senhor retornará do céu com “dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de deus,” e os mortos em Cristo ressuscitarão. A partir disto, alguns imaginam que o Senhor retornará com um “grito” real, tão sonoro e penetrante, como que para “acordar os mortos,” mas isto entra em conflito com outras declarações que afirmam que ele retornará “como o ladrão” (Apocalipse 16:15) - e um ladrão não anuncia a sua presença dessa forma!

A palavra traduzida “palavra de ordem” ou “alarido”(RC) é keleusma, e significa chamamento com autoridade e não é necessariamente audível a não ser para aqueles aos quais é dirigido. Na Septuaginta(tradução Grega do AT), a mesma palavra é usada em Provérbios 30:27 “Os gafanhotos, que não têm rei, contudo a uma palavra de ordem(keleusma), avançam juntos em fileiras”. A “palavra de ordem” à qual os gafanhotos obedecem , é a voz do instinto, e é só “ouvida” por aqueles a que é dirigida.

A “palavra de ordem” de 1 Tessalonicenses 4:16 é a palavra de ordem que fara com que os crentes mortos vivam novamente, e, certamente, não será audível aos outros. Um sussurro de um anjo pode acordar os mortos, quando levado acabo pela ordem daquele que é a ressurreição e a vida. Isto será um grande “alarido” mas inaudível para os ouvidos de carne.

No tempo da criação, Deus falou, e a terra produziu(Salmo 33:6-9); e assim será nesta “nova criação,” Cristo falará e aqueles “escutarão”, aos quais as suas palavras de vida serão dirigidas:

Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: Os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29).

O termo “todos” usado neste contexto é um termo relativo, pois, de facto, nem “todos” ressuscitarão (veja Isaías 26:14; Salmo 49:15-20; Salmo 88:5). A ressurreição acontece com o propósito do julgamento, para que só aqueles são responsáveis perante Deus serão ressuscitados dos mortos (conf. Efésios 2:11-13).

O temos “todos” como é usado neste versículo, é governado pela palavra túmulos. E não hades, a palavra Grega comummente usada para “túmulo,” mas sim mnemeion que significa sepultura memorial: uma sepultura mantida em memória. Comparativamente poucas são as sepulturas que Deus lembrará na vinda de Cristo, pois a maioria da humanidade corresponde à descrição do Salmo 88:5: “os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais já não te lembras.”

A “palavra de ordem” ou “alarido” é também descrita nas Escrituras como “a voz do arcanjo.” O único arcanjo mencionado nas Escrituras é Miguel (Judas 9), e em Daniel 12:1 este nome é aplicado ao Senhor Jesus. O profeta declara que quando Miguel o grande príncipe se manifestar na terra “muitos(não todos) dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” (Daniel 12:2).

Paulo também ensinou que o Senhor retornará com a “trombeta de Deus”. Aqui, mais uma vez, ele está usando a muito significativa e interessante linguagem simbólica, inteligível somente para aqueles que procuram o seu significado literal na Bíblia, mas não aqueles que interpretam os termos literalmente.

A simbologia é tomada da Lei de Moisés. Israel tinha uma vez por ano o Dia da Expiação que era precedido pelo sonido de trombetas memorial (Levítico 25:9; 23:24). Isto chamava o povo para que se reunisse e sacrificasse ao Senhor, e recebesse o perdão dos pecados. Isso prefigurava o grandioso Dia de Expiação para os crentes, quando os mortos responsáveis de todas as eras passadas serão ressuscitados, e com os crentes que estiverem vivos, serão chamados juntos para o julgamento e recompensa.

Em 1 Tessalonicenses 4:13-18, então, Paulo está usando linguagem simbólica para dar mais significado e ilustração à doutrina literal da ressurreição e julgamento. Cristo não retornará com um grito tão sonoro que sobressaltará a humanidade e levantará os mortos; ele não irá soar uma trombeta literal para anunciar o que tempo do julgamento chegou; mas o efeito será o mesmo.

Infelizmente, alguns tomaram as expressões simbólicas de Paulo nesta passagem, e deram-lhes interpretações literais, e daí começaram a ensinar algo que nunca esteve na intenção do Apóstolo.

Vejamos um exemplo disso.

Se aceitarmos literalmente o ensino de Paulo nessa passagem, seriamos levados a crer que quando o Senhor retornar, os crentes serão levados em corpo para os “ares” acima, “e estarão para sempre com o Senhor”.

Segundo esta interpretação, o lugar que onde eles passarão a eternidade será “nos ares” – não no céu! Os “ares” situam-se entre a terra e o céu, e seria um lugar muito insubstancial para passar a eternidade!

Claro, aqueles que acreditam no que se intitula a doutrina do Arrebatamento, afirmam que os crentes ou ascenderão aos céus, ou descerão novamente à terra, para desfrutarem da eternidade; mas Paulo claramente ensina, na referência que está à nossa frente, que ele onde eles se encontrarão com o Senhor aí ficarão para sempre, ou seja “nos ares”.

No entanto, outras passagens das Escrituras mostram que “nos ares” quando tratado simbolicamente, tem como significado literal uma elevação de estatuto e posição, não uma elevação do ser físico.

Os Justos Reinarão na Terra

Que os justos receberão uma mudança de natureza para a imortalidade, e que reinarão na terra com Cristo, no Reino que ele estabelecerá, é um facto, claramente ensinado pelas Escrituras.

Declarações como “reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:10); “ao vencedor… lhe darei autoridade sobre as nações” (Apocalipse 2:16); “Toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre” (Génesis 13:15); Abraão o “herdeiro do mundo” (Romanos 4:13); “Os mansos herdarão a terra” (Mateus 5:5); Vereis “no reino de deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas” (Lucas 13:28); “Toda a terra se encherá da glória do SENHOR” (Números 14:21); “O Deus do céu suscitará um reino [que] esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Daniel 2:44); “Todos os que restarem de todas as nações… subirão de ano em ano para adorar o Rei” (Zacarias 14:16), e assim por diante, afirma esta verdade.

Estas passagens ensinam que Cristo reinará na terra em companhia dos crentes aprovados e imortalizados; e não “nos ares,” ou “no céu” acima.

Isto quer dizer que descartamos a declaração feita em 1 Tessalonicenses 4:17?

Depois, nós, os vivos, os que ficarmos(por ocasião do retorno de Cristo), seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.”

De jeito nenhum, mas, como toda a Escritura, deve ser corretamente interpretada à luz do seu contexto. Neste lugar, Paulo está usando a vívida. Pitoresca e descritiva linguagem simbólica, frequentemente usada na Bíblia.

É comum nas Escrituras, para governos e governadores de uma nação serem referidos como o seu “céu,” enquanto os súbditos, ou povo, são descritos como “a terra.”

Nesta linguagem simbólica, o sol representa as autoridades civis; a lua, sistemas eclesiásticos do estado, derivando poder deste, as estrelas, homens de estado proeminentes ou príncipes; as nuvens, os associados dos governantes; o ar, a constituição do governo; a terra, águas, mares, os súbditos sobre os quais o sol e a lua exercem autoridade.

Aceitando esta interpretação, e Paulo na referência acima citada, ensinou os crentes que a seguir da ressurreição, eles ficariam permanentemente elevados a posições de governação com Cristo: “assim, estaremos para sempre com o Senhor.”

Em vez de ensinar uma ascensão literal da terra para uma posição insubstancial “nos ares”, o Apóstolo usou a linguagem simbólica para descrever a posição exaltada de administração na era por vir onde os aprovados desfrutarão da companhia do seu Senhor.

Reconhecemos que o peso da prova permanece sobre nós, e assim, pedimos ao leitor que cuidadosamente considere as evidências que avançamos.

Céus Simbólicos

Frequentemente, através das Escrituras, “céu” e “terra” são usados neste sentido simbólico ou político. Assim, Isaías, proclamando a sua mensagem aos governantes de Israel, declarou:

Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra… ouvi a palavra do SENHOR, vós, príncipes de Sodoma; prestai ouvidos à lei do nosso Deus, vós, povo de Gomorra” (Isaías 1:2,10).

A mensagem era tanto para príncipes como para o povo, e assim dirigiu-se a eles em linguagem com a qual eles estavam familiarizados. Era a linguagem na qual Moisés já tinha usado para se dirigir à nação:

Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca” (Deuteronómio 32:1)

Jeremias, o profeta, usou expressões similares quando acusou a nação quando “trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito.” Ele declarou: “Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! ficai estupefatos, diz o SENHOR” (Jeremias 2:12).

O profeta culpou os governadores pela condição da nação, e condenou-os na linguagem pitoresca de símbolos. Mais tarde ele referiu-se à “terra pranteando”, e “os céus acima” estando “negros,” pois a luz do seu governo(o rei) se havia extinguido (tomado cativo – Capítulo 4, versículo 28).

A acusação de Deus sobre a antiga e guerreira nação de Edom foi proclamada com termos semelhantes. O profeta declarou: “Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá…” Isto seria uma impossibilidade literal. Como poderiam todas as estrelas do céu serem enroladas juntas e jogadas num monte na terra? Não poderia ser feito. Mas se os termos são usados figuradamente, as “estrelas” representam luminares nos céus políticos, assim como figuras proeminentes de estado (e é assim que a mesma simbologia é usada em Daniel 12:3), a profecia torna-se inteligível. E então a profecia de Deus continua: “Porque a minha espada se embriagou nos céus; eis que, para exercer juízo, desce sobre Edom e sobre o povo que destinei para a destruição” (Isaías 34:4-6).

A mesma interpretação se aplica à profecia de Cristo:

Haverá sinais no sol(governantes), na lua(clericalismo) e nas estrelas(personagens proeminentes no estado); sobre a terra(povo comum), angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas(políticas, agitação)” (Lucas 21:25).

A atual tensão internacional e agitação política, testemunham da verdade da profecia de Cristo.

No livro de Apocalipse, é feito referência a uma guerra no céu (Apo. 12:7), e porque alguns falharam em compreender o peso dos símbolos na passagem, eles avançara a ideia impossível de uma guerra no céu entre os anjos de Deus! Um absurdo, especialmente à luz da oração de Cristo: “Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu!” Se o céu era um palco de guerra violenta e prolongada, que tipo de oração seria essa! A interpretação contradiz outras partes das Escrituras que ensinam que Deus não pode contemplar o mal (Habacuque 1:13).

Mas interpretando simbolicamente ou politicamente a passagem, não há conflito de ideias. E que deve ser interpretada assim fica para além de qualquer dúvida olhando para os versos 1 a 4 do mesmo capítulo. Pois outro “sinal no céu” é dado, uma mulher dando à luz a um filho, enquanto um dragão se prepara para devorá-lo!

É concebível que isto tenha acontecido no céu? A ideia é ridícula! Noutra parte das Escrituras (Apocalipse 17:9-10), “o dragão” é representado como um movimento político mostrando que o “céu” em questão, se relaciona com o estrato superior do mundo político, e não com a morada literal de Deus.

Aparecerão Novos Céus

O “céu” Israelita, ao qual se dirigiu Moisés, Isaías e Jeremias, provou ser desobediente a Deus. Tão desobediente, mesmo, que Ele declarou que causaria um eclipse do sol (governo), para escurecer a luz dos céus políticos. Ele proclamou “Pôr-se-á o sol sobre os profetas, e sobre eles se enegrecerá o dia” (Miqueias 3:6).

No entanto, de acordo com a Sua promessa e propósito, declarou que a Sua intenção de restabelecer o Seu governo na terra, sob a jurisdição de Cristo e dos governadores imortais que Ele elegerá.

Na linguagem do simbolismo, isto constituirá “novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pedro 3:13), Isaías, depois de condenar os antigos “céus e terra” com palavras de repreensão, revelou que Deus os derrubaria para dar lugar a uma nova ordem que será estabelecida por Cristo.

Ele declarou:

Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo” (Isaías 65:17-18).

Deus não irá destruir a terra como às vezes é ensinado, mas a tornará mais bela (Números 14:21). A Bíblia ensina que ela permanece para sempre (Eclesiastes 1:4; Salmo 148:6; Isaías 45:18), como herança dos fieis (conf. Génesis 13:15). Com que propósito destruiria Deus os céus (como é ensinado às vezes) uma vez que eles “declaram a glória de Deus” (Salmo 19:1)? Não haveria sentido ou razão ao fazer isso, e somente uma falsa interpretação das Escrituras requer isso.

Não, os termos são usados politicamente. Os novos “céus e terra” políticos que Deus estabelecerá, verão Jerusalém como a metrópole de um governo mundial, o Senhor Jesus Cristo como seu Rei, e os seus seguidores imortalizados como seus associados, e as nações da terra como súbditos contentes e felizes nesta nova ordem mundial.

Em conformidade com este simbolismo, Cristo é chamado de Sol da Justiça; o culto universal que ele estabelecerá na terra é comparado com a lua que deriva a sua luz do sol; os seus governantes associados imortais são descritos como “resplandecerão como o fulgor do firmamento… como as estrelas, sempre e eternamente.” (Daniel 12:3; 1 Coríntios 15:41).

Assim como o retorno de Cristo é comparado com o nascimento do Sol da Justiça (Malaquias 4:2), desfazendo a escuridão do governo dos povos, é predito: “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti” (Isaías 60:1-2). É um simbolismo muito apropriado, daí, falar daqueles que estarão associados com ele e regendo as nações, como sendo tomados figuradamente “nos ares, e estando para sempre com o Senhor”. (Veja também 2 Samuel 23:4).

Os Ares Políticos do Futuro

Daniel ensina que aqueles que reinarão com Cristo no era por vir “resplandecerão como o fulgor do firmamento… como as estrelas, sempre e eternamente” (Daniel 12:3). Mais uma vez, esta é a linguagem de símbolos. De facto, eles “reinarão sobre a terra” (Apocalipse 2:25; 5:10). Mas figuradamente eles serão como luminárias na administração milenar de Cristo, “estrelas brilhando” nos céus políticos que ele estabelecerá na terra.

Pois é óbvio que o reinado de Cristo será na terra. De facto, as nações mortais são representadas como indo a Jerusalém para adorar perante o Rei (Zacarias 14:16). A Bíblia descreve como os povos virão a ele desde os confins da terra, e confessarão a sua ignorância (Jeremias 16:19). Isto seria impossível se o assento de sua autoridade estivesse no céu. Em Ezequiel é declarado sobre Jerusalém: “este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo” (Ezequiel 43:7). Estas expressões são incompatíveis se o Senhor ficar “nos ares,” como alguns dizem baseando-se num entendimento errado de 1 Tessalonicenses 4:17. A verdade é sumariada nas palavras de Jeremias 3:17:

Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de trono do SENHOR; nela se reunirão todas as nações em nome do SENHOR e já não andarão segundo a dureza do seu coração maligno.”

Claramente, esta cidade que será visitada por aqueles que anteriormente andaram segundo a imaginação dos seus corações malignos, a cidade na qual o Senhor irá habitar na era vindoura, é Jerusalém no Médio Oriente.

Mas nesse tempo ela será o lugar do trono do governo e culto mundial, que Cristo estabelecerá (Zacarias 6:12-13), na linguagem simbólica da Bíblia, o centro dos “céus” políticos do mundo por vir.

Será lá em Jerusalém, que o Senhor habitará, e lá, com ele, na terra, é que os fieis “estarão para sempre com o Senhor” como corregentes.

Assim se cumprirá a promessa feita à mãe do Senhor:

Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; deus, o senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lucas 1:32-33).

Alguns afirmam que o trono de David está no céu. Mas ao dizerem isso eles contradizem as declarações claras da Bíblia. Na Bíblia Cristo disse: “voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei” (Atos 15:16). Será um grande pulo de imaginação para imaginar que essas ruínas estão no céu!

Arrebatados Entre nuvens

A declaração em 1 Tessalonicenses 4:17 que diz que os crentes serão “arrebatados entre nuvens” e não significa mais do que ser reunidos em grupos. Em Hebreus 12:1, os crentes são denominados “nuvem de testemunhas,” por isso estar associados a esse grupo poderia ser descrito como sendo arrebatados entre nuvens.

Em Tessalonicenses, Paulo está mais uma vez usando a linguagem simbólica. Isto é uma fonte de estudo muito proveitosa, que pode dar muito prazer à mente meditativa. Por exemplo, na Bíblia, mares, rios são algumas vezes usados para representar nações (veja Isaías 57:20; Apo. 17:15), e como as nuvens são criadas pela ação do sol, a evaporação, por isso as “nuvens” do céu milenar (a “nuvem de testemunhas” de Hebreus 12:1, e as “nuvens” de 1 Tess. 4:17) são formadas pela ação do “Sol da justiça” arrebatando alguma da “água” de entre os povos da terra. Esta água formará as “nuvens” políticas da Era por vir, que derramarão a sua chuva sobre a terra (figura de povos – veja o Salmo 72:6). Assim as Escrituras falam da doutrina da verdade como “a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva” (Deuteronómio 32:2).

A “chuva” que será carregada por estas “nuvens” será a mensagem dadora de vida de Cristo, que reviverá a humanidade na Era vindoura, depois de ter sido crestada e queimada pelos fogos do Armagedão. ´

É nestes termos que 1 Tessalonicenses 4:17 deve ser entendido, e não de outras maneiras que entrem em conflito com outras declarações claras da Palavra. Aqui, Paulo ensina que Cristo retornará para ressuscitar os crentes mortos, galardoará os justos com a vida eterna, e os elevará a posições de autoridade e glória na Era por vir. O propósito de Deus é encher a terra como glória (Números 14:21), e este será o meio pelo qual isso será alcançado.

Paulo aconselhou os seus leitores a “consolarem-se uns aos outros como estas palavras.” Existe consolo infinito no facto de Deus ter um propósito para a terra; que Cristo está voltando para trazer grandes mudanças. Mas o verdadeiro consolo só é aplicável se nos identificarmos com Cristo agora da forma designada, para que um dia possamos ser honrados nele quando ele vier. Cristo vem para ser “glorificado nos seus santos” (2 Tessalonicenses 1:10); ele voltará para punir aqueles que “não obedecem ao Evangelho” (v.8), e para mudar as condições na terra. “De Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém” (Isaías 2:3).

Aconselhamos o leitor, a comparar cuidadosamente Escritura com Escritura, para que chegue a um entendimento salutar da sua verdade, e assim estar equipado para que se consolem com estas palavras.

Author Cristadelfiano : informação não disponível

Tradução S. Mestre



Pregando a Verdade - Capítulo 8

S. Mestre, 27.10.17

CAPÍTULO OITO

O Grande Debate

 

Nunca na história da aldeia, pelo menos que algum dos habitantes se lembre, tinha se reunido tamanha audiência como aquela que tentou entrar na escola naquela terça-feira à noite – a primeira noite do debate.

 

A escola não tinha espaço suficiente para acomodar a toda a gente: muitos que não conseguiram lugar de pé foram forçados a sair desapontados.

 

Quando chegou a hora para começar o debate, Timóteo Bereia levantou-se e deu alguns esclarecimentos, declarando a causa e objeto do debate, a forma e regras da discussão, e dando uma palavra de conselho para os oradores e que a audiência estivesse calma e preservasse a ordem.

 

Ele disse “Sr. Hamilton irá falar vinte minutos a favor e depois o Sr. Estéfanas apresentará a sua refutação por outros vinte minutos; Então o Sr. Hamilton poderá ocupar quinze minutos questionando o Sr. Estéfanas ou a discursar. Em seguida o Sr. Estéfanas poderá ocupar quinze minutos questionando o Sr. Hamilton ou a discursar.

 

Seria decidido no final de cada encontro se seria necessário outro encontro para continuar a debater o tema.

 

O assunto do debate foi então anunciado “É certo que os Justos São Recompensados ao Serem Levados para o Céu Aquando de sua Morte”

 

O presidente do debate chamou o Sr. Hamilton para começar a discussão com um discurso de vinte minutos defendendo a proposição do debate.

 

O Sr. Hamilton começou: “Amados párocos, é com sentimento de pesar e humilhação que estou perante vós neste agora nestas circunstâncias. Pesar por uma discussão deste tipo se torne necessária, ou que seja considerada necessária por aqueles que me persuadiram a participar nela. Humilhação, porque a dignidade do alto e santo ofício ao qual fui chamado no ministério, deva sofrer por seu ocupante tomar parte num argumento público com um homem leigo que, não importando o bem intencionado que seja, é no entanto um iletrado e não tem quaisquer daqueles santos estudos que são necessários para o correto entendimento e correta interpretação da Palavra Divina.

 

Poderão pensar que isto é uma declaração injusta e irrelevante, mas eu posso assegurar-vos que eu não tenho qualquer intenção de ser injusto e a declaração é bastante relevante porque ela forma uma parte importante do meu argumento esta noite. O assunto é o seguinte, sendo iletrado em estudos teológicos o meu oponente não está qualificado para dar uma interpretação que irá suster as arremetidas e criticismo adverso e que se possa depender dela como estando em harmonia com todo o sistema Bíblico de teologia. Vocês verão quão forte é este argumento conforme eu for avançando e mostrando o grande volume de estudo e trabalho que foi necessário para obter o conhecimento que nós agora temos.

 

Estão vendo aquela pilha enorme de livros que estão sobre aquela mesa além? Não se alarmem. Não vou lê-los esta noite. Trouxe-os para dar-lhes alguma ideia do volume de trabalho e estudo que um clérigo tem que fazer antes de estar qualificado para o ministério e ser capaz de interpretar as Escrituras e pregar o evangelho. Naquela pilha estão contidas as seguintes ciências nos seus respetivos volumes: Criticismo Bíblico, para averiguar o tempo exato de certas obras que afirmam ser inspiradas, e se possível o tempo, local e autoria humana; Apologética, para estabelecer e defender a reivindicação Bíblica de que ela é inspirada. Hermenêutica, para investigar os princípios de interpretação; Exegese, levar esses princípios à pratica pela interpretação. E assim poderia eu continuar e falar de outros volumes sobre Teologia Dogmática, Teologia Polémica, Teologia Prática e Teologia Pastoral, etc., e com tudo isto não estamos muito bem preparados para o grandioso trabalho de defender e interpretar as Escrituras. Como então pode um ferreiro qualquer que não teve acesso a estes estudos, ser de confiança para pregar a verdade de Deus? Eu digo que é uma absurdez impensável.”

 

Bem deixem-me ir às próprias Escrituras e mostrar quão claramente elas ensinam o que a nossa proposição afirma. Não irei repetir os argumentos que apresentei no meu sermão na semana passada sobre este tema; não é necessário fazê-lo porque existe muitas provas de onde escolher, por exemplo o Mestre, nesse grandioso e eloquente sermão da montanha disse, «Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.» (Mateus 5:8). Agora pergunto, como poderão ver Deus se não forem levados até Ele? Não poderão ver ele com olhos mortais e neste tabernáculo de carnal. Quando poderão vê-Lo? Certamente não nesta vida: terá que ser a quando da morte quando eles recebem o seu galardão no céu. Oh! Mas o meu oponente diz que eles não irão para o céu! Bem, fico contente que não precisamos da opinião dele! O Mestre não nos deixou em dúvida sobre isso; ele não somente nos disse que os puro de coração verão a Deus, mas ele disse quando e como, tanto neste discurso como noutros registados no Novo Testamento.”

 

No mesmo capítulo no versículo 12 ele diz: «Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.»”

 

Quando os puros verão Deus então? A resposta óbvia é: quando eles receberem o seu grandioso galardão no céu”

 

Bem, e quando irão eles para o céu? Resposta: “Quando morrerem”.”

 

Como sabemos isto?” Cristo o disse. Vejamos o capítulo 16 de Lucas, versículo 20. Aqui o Mestre está relatando o incidente do homem rico e Lázaro, o pobre mendigo. Leiamos a partir do versículo 20, «Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele;

e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.» No dialogo que se segue entre Abraão e o homem rico que se encontra em tormento depois de morrer, as seguintes palavras ditas ao homem rico no versículo 25: «Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.» Pode alguma coisa ser mais clara que isto? O homem justo morre e é levado pelos anjos para o seio de Abraão e é confortado...”

 

Eu vejo que o meu tempo está no fim e antes de terminar quero colocar algumas questões para que o meu oponente responda. Que que ele me diga porque Paulo disse «Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” E que ele tinha “o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.» (Filipenses 1:21-23) Se ele não esperava estar com Cristo quando partisse?. Porque os fiéis esperavam uma cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador se eles não esperassem ir para o céu? (Hebreus 11:10). E se é dito que esta cidade fica na terra, então porque o apóstolo falando dela no mesmo capítulo no versículo 16 diz, «Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.» Fim do tempo alocado.

 

Quando o clérigo tomou o seu lugar houve uma grande ovação da parte da audiência, que foi interrompida pelo presidente que pediu à audiência que parasse com as demonstrações ruidosas. “Estejamos calmos,” disse ele, “e pesemos bem os argumentos que são apresentados e deixemos que o nosso julgamento do debate esteja baseado não em sentimentos partidários mas sim na razão, senso comum e acima de tudo o testemunho da Palavra de Deus.” Ele então chamou o Sr. Estéfanas para que discursasse 20 minutos refutando a preposição. Paulo Estéfanas se levantou e se dirigiu à audiência.

 

Sr. Presidente, Senhoras e Senhores:”

 

Esta é a primeira vez na minha vida que sou chamado a participar num debate público; e embora pareça que estou em grande desvantagem, tanto em treinamento como em aptidão natural, no entanto eu não partilho dos sentimentos do meu oponente que disse no início do seu discurso, “é com sentimento de pesar e humilhação que estou perante vós neste agora nestas circunstâncias.” Confesso que não sinto nem pesar nem humilhação, mas pelo contrário creio que me sinto mais ou menos como o apóstolo Paulo que quando foi chamado prestar declarações perante Agripa disse “Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, pelo privilégio de, hoje, na tua presença, poder produzir a minha defesa”. Eu considero ser uma honra e um privilégio que me seja permitido defender e apresentar a verdade de Deus a uma audiência como esta aqui reunida esta noite.”

 

Agora tomarei dos argumentos do meu oponente e lhes darei resposta conforme o tempo me permita. O primeiro argumento que ele apresentou e que ocupou grande parte do seu discurso foi este: “O Sr. Estéfanas é leigo, é iletrado, inculto e ignorante de todos aqueles santos estudos teológicos que os clérigos têm que entender e ter terminado para poder pregar. Ele ao dirigir a vossa atenção para a pilha de livros, o conteúdo da qual ele guardou com sucesso nos recantos mais profundos da sua expansiva mente, e tentou com toda a sua persuasão impressionar-vos com todo o seu maravilhoso conhecimento, eu não pude deixar de pensar naquela história Bíblica sobre o grande gigante chamado Golias, que aterrorizava Israel pela sua grande estatura. Este gigante como certamente recordareis se exibia diariamente entre os campos de Israel e dos Filisteus, e parecia que Israel estava intimidado por esta poderosa presença. Mas um dia um pequeno rapaz pastor veio e sem lança ou escudo ou armadura, matou o gigante com uma pedra usando uma fisga e se colocando sobre o morto com sua própria espada cortou fora a cabeça do gigante. Agora, já que o Sr. Hamilton teve o prazer de se colocar perante vós no lugar de gigante nesta discussão, a única posição que me resta é a do rapaz pastor e tenho algumas pedras que apanhei no rio da água da vida (a Palavra de Deus, a quais intendo arremessá-las a este gigante intelectual e deitá-lo ao chão. Bem, estou bem preparado para dar-me como culpado no que toca a ser um pobre ferreiro iletrado, sem treino teológico, mas então, os discípulos de Cristo eram somente pescadores iletrados, e o próprio Mestre era carpinteiro, e o apóstolo Paulo fazia tendas. Não, queridos amigos, Deus não nos deixou à mercê de teólogos sabidos, mas, pelo contrário, Ele nos convidou um a um para que viéssemos beber de graça da água da vida (a Palavra de Deus). Se é necessário que enchamos nossas mentes com ciências dessa pilha de livros que ali está, antes que possamos entender a verdade de Deus, então não há esperança para nenhum de nós que estamos aqui, pois as circunstâncias da vida nas quais somos colocados nunca nos permitirão alcançar tal feito. Pela minha parte eu não me preocupo em tentar, já que considero o meu limitado espaço mental de muito valor para se encher do que não seja a Palavra incorruptível de Deus, sobre a qual Paulo diz poder “tornar-te sábio para a salvação” (2 Timóteo 3:15); e «que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.» (Atos 20:32).”

 

O meu oponente cita Mateus 5:8 “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” e pergunta “como poderão ver Deus se não forem levados até Ele?” Bem, devo dizer que é uma pergunta digna de nota vinda de um homem com uns estudos como parece ter. Pergunte essa pergunta a qualquer menino de escola e ele responderá que se os puros de coração verão Deus então ou eles irão até Deus ou Deus virá até eles. Mas o meu oponente só consegue ver em uma direção, ou seja a direção que concorda com a sua teologia. Mas devemos responder a essa questão. Quando e onde os puro de coração verão a Deus no cumprimento da promessa de Cristo? Bem, podemos estar seguros de uma coisa, e isso é que os puros de coração não verão a Deus por serem levados ao céu quando morrerem pois não existe passagem Bíblica entre as suas capas que ensine ou sugira que homem vá para o céu quando morre. Pelo contrário, existem provas abundantes de que tal coisa não ocorre. De facto, é-nos dito claramente que «ninguém subiu ao céu» (João 3:13). Não há necessidade de ficarmos perplexos com uma simples questão como esta pois foi respondida por nós há milhares de anos, muito antes de de seminários teológicos terem sido inventados. O patriarca Jó dá-nos a resposta direta a essa questão; no capítulo 19 do seu livro nos versículos 25 a 27, ele afirma «Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim.» Qualquer que seja o sentido, então, pelo qual seremos permitidos ver Deus isso acontecerá no fim dos tempos na terra. O apóstolo João disse em certa ocasião, falando de Cristo, «Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.» (1 João 3:2). Vejamos, ver Cristo é o equivalente de ver a semelhança ou manifestação de Deus; pois Cristo disse certa vez, «Quem me vê a mim vê o Pai» (João 14:9). Isto se tornará ainda mais verdadeiro num sentido mais amplo nesse grandioso dia quando ele retornar à terra em grande poder e glória «para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram» (2 Tessalonicenses 1:10). Mas o Sr. Hamilton diz que os justos vão realmente para o céu quando morrem porque Cristo no seu sermão da montanha disse, falando daqueles que eram perseguidos por serem justos, «Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.»”. O problema do meu oponente é que ele lê algo nessa passagem e que não está lá. Não contém qualquer menção sobre ir para o céu. Verdade que fala de galardão nos céus. Isso é assim porque Deus está lá e Ele tem o galardão com Ele. Pedro diz-nos que está reservado nos céus para nós (1 Pedro 1:4), ou seja, está guardado para nós, e depois diz-nos que é trazido até nós na revelação de Jesus Cristo, ou seja, quando Cristo retornar (veja 1 Pedro 1:13). O próprio Mestre resolve o assunto quando ele diz na mensagem que ele enviou a João na ilha de Patmos «Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.» Fica bem claro então que o galardão está no céu agora, mas que quando Cristo retornar como ele prometeu fazer, ele trará o galardão com ele e o dará aos seus fiéis amigos que guardaram os seus mandamentos. Em seguida o meu oponente usa a parábola do homem rico e Lázaro. Eu sabia que ele iria citar isto: é o argumento antigo e consagrado pelo uso de todos os teóricos da ida para o céu. Ele não disse se crê ser uma parábola ou um relato factual de um incidente que realmente aconteceu. Não faz qualquer diferença qualquer que seja a opinião dele, está cheia de dificuldades que lhe causarão mais dano à sua teoria do que qualquer argumento apresentado contra ele por um oponente. Em primeiro lugar, se ele não considera o relato uma parábola, mas sim uma história verídica, então isso contraria toda a sua teoria.”

 

Segundo o ensino do Sr. Hamilton o que acontece quando alguém morre? O corpo do morto vai para o céu ou inferno, conforme seja o caso? O quê? Não! Nós sabemos que o corpo é levado para o cemitério e baixado à terra e coberto com ela. Não! O Sr. Hamilton não acredita que o corpo vá para o céu ou inferno, mas a ideia dele é que, existe uma alma imaterial imortal no homem sobre a qual Isaac Watts diz:

 

«Até às cortes onde anjos habitam,

Ela sobe triunfante até lá,

Ou Diabos a afundam em infinito desespero

até ao inferno»

 

Vejamos, esta alma é supostamente imaterial, ou seja, não tem substância, você não pode vê-la ou tocá-la. E esta alma que o meu oponente crê que vai para na morte para o céu ou para o inferno. A história do homem rico e de Lázaro não vai ajudá-lo a provar isto porque não fala de almas invisíveis. Mas de homens reais e substanciais que têm olhos, voz, dedos, língua; homens visíveis que podem ver-se uns aos outros e falar uns com os outros, por isso se ele considera isto um incidente real e não meramente uma parábola, então isso destrói em vez de apoiar a sua teoria. Por outro lado se ele considera o relato como uma parábola, o que sem dúvida o é, então é só uma história dita do ponto da moral para ilustrar um ensinamento e não necessariamente tem que ser factual ou até possível. No nono capítulo de Juízes é contada uma história de árvores que vão escolher um rei, e eles vão de árvore em árvore pedindo que alguma delas seja o seu rei, e finalmente um espinheiro aceita essa posição. Agora não vamos supor que esta parábola ensina que árvores podem andar e falar e entrar em discussões políticas, não acham? Bem, o mesmo acontece com a parábola do homem rico e Lázaro, ela não ensina que os mortos possam falar ou que os justos possam desfrutar da glória enquanto estão vendo os injustos a ser torturados. Não, a parábola das árvores tinha como intenção ensinar que Israel nessa altura tinha escolhido o pior dentro da nobreza para ser rei, um que seria em comparação com outros em Israel assim como o espinheiro é comparado com as outras árvores do campo. E a parábola do homem rico e Lázaro tem como intento ensinar aos Fariseus e aqueles que tinham ouvidos para ouvir aquilo que ele claramente afirmou no versículo 15 deste capítulo (Lucas 16) logo antes ele conta uma história para ilustrar isso.

As palavras dele são estas, e isto é o que a parábola ensina falando aos Fariseus: «Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.» A parábola ilustra isso maravilhosamente ao mostrar um homem rico altamente estimado mas ruim atormentado, e um justo mas pobre e desprezado que é confortado. A parábola não nos diz o quando ou o lugar, mas Cristo diz-nos o tempo, lugar e circunstâncias no capítulo 13 de Lucas, onde ele diz no versículo 28, «Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes, no reino de Deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós, lançados fora.» Vejo que o meu tempo expirou por isso responderei às outras questões mais tarde”

 

Qualquer que tenha sido a impressão causada pelo discurso do ferreiro, quem quer que olhasse para a expressão da cara de Timóteo Bereia não ficaria duvidaria que pelo menos ele estava satisfeito. Ele se levantou e anunciou um intervalo de cinco minutos, para permitir à audiência que relaxasse um pouco antes de começar a segunda parte do debate. Quando terminou o intervalo ele chamou à atenção a audiência e anunciou que o Sr. Hamilton iria agora usar quinze minutos a questionar o Sr. Estéfanas ou em discurso, ou dividindo esse tempo entre as duas coisas.

 

(Original: Preaching the Truth, A Narrative Reciting the Experiences of a Christadelphian Preaching,"The Truth as it is in Jesus", tradução por S. Mestre)

Pregando a Verdade - Capítulo 7

S. Mestre, 27.10.17

CAPÍTULO SETE

Uma Proposta de Debate

Na manhã seguinte, Doris apareceu à mesa para o pequeno-almoço apresentando-se um pouco pálida. A sua mãe e irmão, notando a sua palidez, perguntaram ansiosos como se sentia. Doris assegurou-lhes que não havia motivo para alarme e que se sentia bastante bem.

Chegaste tarde a casa ontem, não foi Doris?” perguntou o pai.

Sim, pai. O Sr. Estéfanas, o ferreiro pregador, visitou os Bereia e tivemos uma conversa na qual ficámos tão absorvidos que nem notámos o tempo a passar,” respondeu Doris.

Ah sim, lembro-me agora, que a Sra. Bereia disse-me que esperava a visita deste homem, Estéfanas. Examinei os pontos em disputa com ela e indiquei alguns dos pontos fracos dos argumentos dele. Não tenho dúvidas que ele encontrou-a bem preparada para responder aos seus sofismas,” disse o Sr. Hamilton.

Bem, o fato é que,” respondeu Doris, “nem a Sra. Bereia nem nenhum de nós podemos responder aos seus argumentos; na verdade, eles pareciam incontestáveis; eram compostos quase na maioria por simples declarações Bíblicas e negá-las significaria rejeitar a Bíblia, pelo menos foi o que nos pareceu. De todos os modos, fomos como crianças nas suas mãos, só podemos ouvir enquanto ele nos citava e explicava as Escrituras.”

Como pode ter sido isso, Doris! Tu surpreendes-me. Pensei que tu pelo menos pudesses dar uma boa e suficiente razão para a fé que tens em ti,” disse o Sr. Hamilton.

Também pensei isso,” disse Doris, “mas este ferreiro iliterado parecia remover todo o fundamento que nos apoiava. Ele dominou-nos por completo com o testemunho das Escrituras, e parecia que ensinava-nos com clareza o oposto do que sempre acreditámos. A própria Sra. Bereia e eu estávamos muito perturbadas com isso.”

Onde estava Timóteo durante a discussão?” inquiriu Arthur Hamilton, o irmão de Doris.

O Timóteo estava ouvindo assim como nós,” respondeu Doris.

Ouvindo, é?! Não tentou responder aos sofismas deste homem?” perguntou o Sr. Hamilton.

Não, pai, ele não fez qualquer tentativa em responder, de fato, ele parecia profundamente impressionado e agradado com as coisas que ouvia,” disse Doris.

Que disparate! Doris,” disse o Sr. Hamilton, “como pode um homem com a inteligência e posição de Timóteo, ficar impressionado com os dogmatismos de um ferreiro iliterado?”

Não eram as suas próprias asseverações, pai,” disse Doris, “mas o testemunho das Escrituras, que ele apresentou para apoiar as suas asseverações, foi que pareceu impressionar Timóteo. Tu sabes que a família Bereia é conhecida pelo seu amor às Escrituras, e têm investigado as Escrituras para ver se estas coisas são mesmo assim, e o resultado tem sido uma impressão profunda de que são verdadeiras. O Timóteo disse-me ontem à noite que não se surpreenderia se tivesse que alterar as suas ideias sobre a salvação e como será obtida. Foi um choque para mim ouvir o Timóteo falar dessa maneira e quando fui para o quarto não consegui dormir a não ser já muito tarde. Decide pedir-te, pai, que venhas em nosso auxílio e que mostres a falácia dos argumentos deste homem, pois, sinto que ele deve estar errado e que os seus argumentos podem ser contestados e tu és o único a quem podemos pedir ajuda, na esperança de vencer esta maré de heresia.”

A palidez desaparecera do rosto de Doris, no seu lugar estava o rubor do excitamento sobre as suas faces. Ela falou com seriedade, quase suplicando ao seu pai e teve muito sucesso em comunicar o fervor do seu interesse no assunto tanto a ele como aos outros que estavam à mesa.

Alegrar-me-á e considerarei o meu dever fazer tudo o que posso sobre o assunto. O que sugeririas? Devo dar um curso especial de sermões, ou pensas que seria melhor falar com Timóteo em privado?” perguntou o Sr. Hamilton.

Sugeriria, pai que preparasses um debate com o Sr. Estéfanas e que convidasses os habitantes da aldeia para que estivessem presentes,” disse Doris.

O quê! Debater com um mero leigo, um ferreiro sem estudos? Certamente, Doris, não desejarias que eu tivesse que baixar da dignidade do meu alto ofício para tal coisa,” exclamou o pastor.

Eu não desejaria isso, pai, se eu visse mais alguma saída para salvar o Timóteo e outros da contaminação destas doutrinas heréticas. Sabes, eles encontram-se diariamente com o ferreiro no estabelecimento, onde ele avança os seus argumentos sem que alguém lhe dê resposta, e como a maioria deles não conhecem as Escrituras o resultado é que ficam impressionados , e vão reter essa impressão a não ser que alguma coisa contradiga isso. Agora, a minha teoria é a seguinte, se tu o enfrentares num debate público e responderes aos seus argumentos perante os habitantes da aldeia, as pessoas se fortalecerão contra os raciocínios dele, e a sua influência cessará.”

Não achas, pai, que poderias fazer isto pelo amor à nossa antiga fé e salvar algumas das pessoas da destruição espiritual?” suplicou Doris.

 

O velho pastor sentiu a força da lógica da sua filha e depois de permanecer em silêncio por um momento ou dois disse, “Bem, Doris, é um grande sacrifício para dignidade só de pensar em tal coisa, mas eu quero fazer tudo o que posso pelos meus semelhantes. Vou estudar o assunto e logo te digo alguma coisa depois.” Com isto levantou-se e foi para o seu estúdio.

 

Na noite seguinte ao dia em que Doris Hamilton e o seu pai tiveram a conversa durante o pequeno-almoço, Paulo Estéfanas, depois de um árduo dia de trabalho na oficina, estava atarefadamente dedicado em preparar as notas para a sua dissertação na Escola no sábado à noite.

A Sra. Estéfanas ao ouvir baterem à porta saiu da cozinha; e ao abrir a porta surpreendeu-se em ver Timóteo Bereia, que perguntou se o Sr. Estéfanas estava em casa. A Sra. Estéfanas assegurou que o marido estava em casa e que ficaria contente em vê-lo. Timóteo foi levado para a sala de estar onde o ferreiro estava sentado com a Bíblia aberta à sua frente e depois das costumeiras saudações, Timóteo começou logo por declarar o objetivo da sua visita.

Ficará surpreendido,” disse ele, “quando lhe dizer porque venho aqui; pode não estar ciente do fato mas a sua pregação e as conversas na oficina com aqueles que vêm à sua aloja tornaram-se uma fonte de alarme para alguns dos membros principais da nossa igreja. Parecem temer que as suas doutrinas façam com que os membros mais fracos deixem a igreja e acreditem nas coisas que você lhes ensina.”

Espero sinceramente,” disse Paulo, “que só os membros fracos, mas alguns daqueles que são considerados “pilares” abram os seus olhos para a Verdade eterna de Deus e que tenham a coragem de encarar qualquer oposição que possa surgir como resultado da aceitação dessa Verdade.”

Do seu ponto de vista isso está muito bem,” disse Timóteo, “mas mesmo assim do ponto de vista deles, você dificilmente pode culpá-los por estarem algo alarmados quando veem indicações de que está em ação uma influência destruidora.”

Sim, mas todos os meus esforços têm sido francos e a descoberto. Falei abertamente e estou aberto à discussão, e tenho estado sempre preparado para responder a questões até onde possa fazê-lo,” disse Paulo.

Eu concordo completamente consigo Sr. Estéfanas,” disse Timóteo, “você atuou frontalmente, e pessoalmente posso testemunhar que senti a força de alguns dos seus golpes; mas o que desejo dizer é isto: A equanimidade religiosa desta comunidade foi perturbada pela sua pregação do que você chama “A Verdade,” e foi desenvolvido um plano pelo qual os seus ensinamentos podem ser testado para ver se realmente são “A Verdade” e eu vim esta noite para ver se você está de acordo com o plano. Indo diretamente ao assunto, Sr. Estéfanas, é o meu dever pedir-lhe que entre num debate com o Sr. Hamilton, o pastor da nossa aldeia, sobre os pontos doutrinais que você apresentou. O que diz?”

Paulo Estéfanas ficou tão surpreendido que por um momento não teve palavras para responder; recuperado da surpresa, entretanto, disse: “Bem, não sei, Sr. Bereia, você bem vê só sou um pobre ferreiro com pouca educação, enquanto que o Sr. Hamilton é um homem erudito e assim sendo vai ter grande vantagem sobre mim; não seria melhor se eu enviasse um dos nossos irmãos que tem mais estudos para enfrentar o Sr. Hamilton em pé de igualdade?”

Não penso que isso seja aceitável,” disse Timóteo. “é você que está implicado nesta controvérsia e penso que recai sobre si defender a posição que você tomou e mostrar que é Bíblica.”

Bem, não intenciono fugir à minha obrigação,” disse Paulo, “mas creio estar a dar melhor chances à verdade ao colocar à sua frente o seu melhor representante; no entanto, se recai sobre sim defendê-la, com a ajuda de Deus farei o meu melhor, e posso assegurar-lhe que estou preparado com o meu jeito humilde para responder a todo o homem que me pergunta a razão da esperança que há em mim, com mansidão e temor.”

A experiência do passado,” disse Timóteo, “leva-me a acreditar que você dará uma boa conta da sua mordomia. Foi sugerido que o debate tenha lugar na escola na próxima semana, começando na terça-feira e continuado por quantas noites quantas forem necessárias. No entanto, se desejar mais tempo para se preparar, podemos escolher uma data posterior.”

Não faz qualquer diferença para mim,” disse Paulo, “Estou pronto a qualquer momento. Qual será o assunto da discussão?”

Foi sugerido,” disse Timóteo, “que na primeira noite se trate do assunto da recompensa dos justos; a proposta diz o seguinte:

Os justos são recompensados ao serem levados para o céu quando morrem; Afirma o Sr. Hamilton; Nega o Sr. Estéfanas.”

Para mi está ótimo,” disse Paulo.

Agora devo apressar-me e ir dizer ao Sr. Hamilton que você aceitou o plano,” disse Timóteo, levantando-se para sair. “Tem alguma sugestão para quem seja o presidente do debate nessa noite?” continuou ele, enquanto se dirigiam ambos para a porta.

Não consigo pensar em ninguém mais a não ser você, Sr. Bereia. Você sabe que não tenho amigos aqui,” disse Paulo.

Bem, pensarei sobre isso,” disse Timóteo. “Boa noite e não se esqueça do debate na terça-feira à noite! Toda a aldeia estará lá.”

Timóteo foi diretamente para a residência do Sr. Hamilton e informou do seu sucesso em conseguir que o Sr. Estéfanas concordasse em participar no debate. Tinha sido Doris que lhe tinha pedido que fosse visitar o ferreiro e que acertasse as coisas com ele, depois do seu pai relutantemente consentir em participar no debate público.

Nessa noite preparou-se tudo para que Timóteo presidisse todo o debate.

O Sr. Hamilton estava longe de estar entusiasmado com isso; agia como um homem que estava prestes a passar por uma experiência desagradável, que não havia maneira de evitar. Mas mesmo assim estava determinado em fazer o seu dever.

O debate foi anunciado na escola no sábado à noite, no final da palestra de Paulo Estéfanas, a qual teve boa assistência.

Também foi anunciado no domingo de manhã na igreja da aldeia, depois disso tornou-se o grande assunto de conversa por todo o povoado.

 

(Original: Preaching the Truth, A Narrative Reciting the Experiences of a Christadelphian Preaching,"The Truth as it is in Jesus", tradução por S. Mestre)

Pregando a Verdade - Capítulo 5

S. Mestre, 27.10.17

CAPÍTULO CINCO

 

A Igreja de Vila Monótona

 

O sino da igreja havia tocado a sua badalada final chamando os habitantes de Vila Monótona quando Paulo Estéfanas entrou na pequena igreja e encontrou um lugar perto da porta.

 

O Sr. Hamilton era de certa forma um evangelista no sentido convencional do termo. Era um orador emocional e trabalhava os sentimentos da audiência, contando histórias tocantes e patéticas que muitas vezes traziam lágrimas aos olhos dos que o ouviam.

 

Quando as cerimónias de abertura terminaram, o pastor levantou-se e anunciou o seu tema: “A recompensa dos Justos,” e declarou que tinha-lhe sido especialmente pedido que nessa manhã mostrasse que essa parte da fé ortodoxa está fundada na verdade das Escrituras.

 

Considero,” disse ele, “que isto é uma grande honra, e agora procederei dando-lhes um pouco da grade massa de evidências que podem ser apresentadas. Primeiramente, vem à minha mente aquele tempo em que o Senhor estava para deixar esta terra e ascender ao céu; certamente lembrar-se-ão como ele confortou os seus discípulos nessa ocasião. Disse-lhes, “Não se turbe o vosso coração; credes em deus, crede também em mim. Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. pois vou preparar-vos lugar… para que, onde eu estou, estejais vós também” (João 14:1-3).

 

Isto,” disse o pastor, “é suficiente para esclarecer a questão de uma vez por todas. Isto prova conclusivamente,” disse ele, “que os justos vão para a casa do Pai no céu para estarem com ele. Não seria necessário citar nenhumas outras passagens para provar isto, porque uma declaração do Senhor vale uma dúzia, porque Ele nunca se contradiz a si mesmo. No entanto, para mostrar o quão forte é a nossa posição, eu peço que vejamos novamente as palavras do Mestre. Ele está a falar a uma multidão e entre outras coisas diz, “bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:11,12).

 

Isto mostra para além de qualquer sombra de dúvida,” disse o pastor, “que o céu é o galardão dos justos. Não vale a pena gastar mais do vosso tempo citando outras passagens do que estas declarações do próprio Mestre.”

 

Contudo, ele disse que teria todo o gosto em fornecer à congregação uma lista de outras passagens que preparara e que incluíam as palavras do ladrão na cruz, a parábola do homem rico e Lázaro e outras provas.

 

O Sr. Hamilton então prosseguiu retratando a glória do céu e os felizes reencontros que acontecerão lá, e finalmente terminou o culto cantando o hino “Isso será glória para mim.”

 

Quando a celebração terminou, Paulo Estéfanas levantou-se do seu lugar com um sentimento misto de tristeza e vexação. Ele dirigiu-se à porta, mas andou só uns poucos passos quando foi abordado pela Sra. Bereia, que depois de lhe dar a mão, perguntou-lhe se havia gostado do sermão.

 

Bem,” disse Paulo, “já que me pergunta. Devo dizer que foi uma mostra deplorável de torção das escrituras.”

 

Porquê, Sr. Estéfanas, como pode dizer tal coisa?” Eu achei o sermão esplêndido e absolutamente conclusivo.”

 

Mas, Sra. Bereia, não notou nada de errado com a citação de João 14?”

 

Claro que não! Todos a conhecemos de cor, “Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. pois vou preparar-vos lugar. Para que, onde eu estou, estejais vós também.” Ele foi para o céu para preparar-nos um lugar para que possamos estar onde ele está.”

 

Sra. Bereia, você assombra-me. Tenha a bondade de ler a passagem a partir da Bíblia. Aqui está.” Passando-lhe a Bíblia aberta no capítulo catorze de João.

 

A Sra. Bereia confidentemente tomou o livro e leu:

 

Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”

 

Que estranho! Nunca tinha notado as palavras, “voltarei,” antes,” disse a Sra. Bereia.

 

Evidentemente o seu pastor também não notou. Mas agora gostaria colocar-lhe uma ou duas questões. Primeira – Quando Jesus voltar, onde estará?”

 

 

Na terra claro.”

 

Agora olhe o texto novamente, e diga-me porque virá de novo.”

 

A Sra. Bereia olhou para o livro novamente e leu a resposta. “para que, onde eu estou, estejais vós também.”

 

Então o que esta passagem realmente ensina é que Cristo irá embora por algum tempo mas voltará de novo à terra para que os seus discípulos estejam com ele na terra.”

 

A Sra. Bereia ficou perturbada e confusa. Paulo, não desejando humilhá-la na presença daqueles que se tinham aproximado durante a conversa, terminou a discussão e sugeriu que ela estudasse o assunto um pouco mais a fundo e relembrou-a do encontro na sua casa, marcado para quarta-feira à noite, onde poderiam falar sobre isso com calma.

 

Depois de apertar a mão a Timóteo e a alguns outros que se tinham ajuntado à volta desejou-lhes um bom dia e foi para casa.

 

A Sra. Bereia esperou até que todos saíssem da igreja e então teve uma conversa longa e atenta com o Sr. Hamilton depois da qual foi para casa totalmente tranquilizada e confiante, e com uma forte determinação em defender a sua fé contra a intrusão desta, como lhe chamava, “nova ideia”.

 

(Original: Preaching the Truth, A Narrative Reciting the Experiences of a Christadelphian Preaching,"The Truth as it is in Jesus", tradução por S. Mestre)

 

Pregando a Verdade - Capítulo 3

S. Mestre, 27.10.17

CAPÍTULO TRÊS

 

A Palestra de Paulo Estéfanas discutida na casa de Timóteo Bereia

 

Quando Timóteo chegou a casa, encontrou os seus pais e a sua irmã na sala comentando a palestra. A chegada de Timóteo temporariamente interrompeu a discussão. Quando já estava sentado a senhora Bereia reabriu a conversa. Dirigindo-se a Timóteo disse, “Bem, o que achaste da palestra?”

 

Extremamente interessante; Fiquei surpreendido com o conhecimento que o homem tem das escrituras e a sua habilidade em ir às passagens para apoiar os seus argumentos,” foi a resposta.

 

Estou preparada para admitir a sua familiaridade com as escrituras e não duvido que seja sincero, mas claro, está muito enganado em algumas de suas ideias,” disse a Sra. Bereia.

 

Em que pontos em especial achas que ele está errado?” perguntou Timóteo.

 

Bem, claro, lembrarás que ele continuamente se referiu à terra em vez do céu e a coisas materiais em vez daquelas grandes moradas imortais que estão para além das presentes habitações materiais.”

 

Isso é verdade, mãe, mas não foram as suas declarações apoiadas pelo testemunho das escrituras?”

 

Bem, sim, ele citou as escrituras, mas não posso deixar de sentir que foram mal aplicadas. Até os infiéis algumas vezes citam as escrituras para apoiarem as suas convicções. Mas, filho, não notaste que ele atacou a nossa querida antiga fé ortodoxa que chegou a nós como uma herança de incalculável valor? Em certo ponto da sua palestra ele referiu-se à nossa crença, que um dia deixaremos este vale de lágrimas e ascenderemos às regiões celestiais, e então disse que a Bíblia relata uma história completamente; Por outras palavras, a nossa mais acarinhada crença de um lar no céu à aspiramos e que nos anima através da vida e nos conforta na hora da morte – segundo este homem é tudo imaginação. Digo-te isto não é nada menos que infidelidade e tudo o que pude fazer foi ficar sentada a ouvi-lo.”

 

Está bem, mãe, não te agites. Eu sei como te sentes. Eu notei essas coisas que mencionaste, também, e foi por isso que fiquei para trás para falar com ele.”

 

Ah! Então mostraste-lhe o seu erro: Fico muito contente com isso.”

 

Não tão rápido, mãe: em vez disso temo que falhei miseravelmente. Gostaria que estivesses comigo para me ajudares, certamente tudo teria sido diferente. Mas o homem silenciou-me completamente.”

 

Mas, Timóteo, como pôde ser isso?”

 

Foi-lhe muito fácil, mãe. Eu nunca me apercebi do quão pouco conhecia a Bíblia até que falei com o ferreiro pregador. Não pude responder às questões mais simples e não consegui lembrar-me de passagens das Santas Escrituras para apoiar a nossa querida fé. Por exemplo, quando ele abri a discussão ao perguntar-lhe: “Se não vamos para as regiões celestiais por altura da morte como você parece implicar no seu discurso, o que acontece às nossas almas imortais?” Ele respondeu, “As escrituras nunca mencionam almas imortais ou a sua trasladação para regiões celestiais, e daí eu não acreditar em ambas coisas.” “O quê!” Disse eu, “Você quer dizer que não temos almas imortais? Mas toda a Bíblia menciona isso; de onde mais poderia vir essa crença?”

 

Antes de me responder colocou as mãos nos meus ombros e olhou-me diretamente na cara e disse em tom simpático: “Amigo, tenho a certeza que ambos queremos ser guiados pela Palavra de Deus. Se ela está cheia de menções a almas imortais então poderá dizer-me onde encontrar isso. Eu li a Bíblia de ponta a ponta várias vezes e nunca encontrei tal coisa. No entanto, se você mostrar-me uma passagem das Escrituras que fale de uma alma imortal estou disposto a curvar-me perante a Palavra Divina e ser corrigido.”

 

Ele esperou alguns momentos para que eu respondesse, e sabes, mãe, eu não consegui pensar em uma passagem sequer; Eu nunca fiquei tão embaraçado em minha vida e fiquei contente quando o encarregado apagou a luzes naquele momento. O Sr. Estéfanas notou o meu embaraço e disse, “Bem, não importa, podemos falar sobre isso com calma noutra ocasião,” Portanto convidei-o para que viesse aqui na quarta-feira à noite; isso dar-te-á uma oportunidade de falares com ele e corrigir a minha insuficiência, e se for necessário na tua opinião, mãe, pediremos ao nosso pastor, Sr. Hamilton, para vir e ajudar-nos a defender a nossa fé. O Sr. Estéfanas agradeceu-me pelo convite e assegurou-me que viria.”

 

A Sra. Bereia ia responder a Timóteo, mas ao notar o aspeto abatido do seu rosto refreou-se de continuar a discussão e simplesmente disse, “Bem, falaremos sobre isso amanhã de manhã; são quase meia-noite e temos que nos levantar cedo para dar de comer aos nossos animais antes de irmos à igreja. O Sr. Hamilton vai pregar sobre “A Recompensa dos Justos,” e Eu penso que nos fortalecerá e ajudará a ambos escutá-lo. Estou algo arrependida de termos ido ouvir o ferreiro pregar. Parece que te perturbou que alguma forma, mas deixemos isso, coloca isso nas mãos do Senhor em oração e encontrarás alívio para a tua alma perturbada. Boa noite filho.”

 

Boa noite, mãe.”

 

A Sra. Bereia ficou à escuta até que a porta do quarto de Timóteo foi fechada e então virou-se para a sua filha e disse suspirando, “Coitado do Tim, nunca o vi tão perturbado. Esse homem Estéfanas é o responsável por isso, e temos que fazer tudo o que pudermos para que Timóteo não se relacione demasiado com ele.”

 

Porquê mãe? O que te faz pensar que seja necessário tomar tais precauções com Timóteo? Sempre lhe deste crédito pelo seu bom senso, e conheces muito bem a sua reverência pela Bíblia. Estou confiante que ninguém o faria acreditar em nada que seja contrário ao ensino das escrituras. Acho que estás alarmada sem justificação.”

 

Bem,” respondeu a Sra. Bereia, “talvez tenhas razão, mas mesmo assim mais vale prevenir que remediar, e assim intenciono que seja o pai a tratar de quaisquer arranjos ou negócios que requeiram lidar com o ferreiro da aldeia. O meu receio pode ser tolo, Dorcas, mas de alguma forma, a voz da intuição de mãe parece-me dizer que o perigo se aproxima. Boa noite, Dorcas, devemos descansar.

 

A conversa foi assim abruptamente terminada, a mãe e a filha retiraram-se para os seus respetivos quartos.

 

(Original: Preaching the Truth, A Narrative Reciting the Experiences of a Christadelphian Preaching,"The Truth as it is in Jesus", tradução por S. Mestre)

 

Pregando a Verdade - Capítulo 2

S. Mestre, 27.10.17

CAPÍTULO DOIS

 

A Palestra de Paulo

 

Os cartões criaram o interesse e curiosidade que são normalmente manifestados numa aldeia rural quando algo se afasta do costume estabelecido. Era algo realmente novo para as pessoas da aldeia serem convidadas para uma palestra de um comum ferreiro. O assunto também os desconcertou e tornou-se o tema de conversa na mercearia da aldeia, que eram um tipo de fórum para as discussões sobre as novidades da aldeia, ou qualquer assunto que surgisse na aldeia. O assunto também foi discutido na reunião de mães e no círculo de costura, e, inevitavelmente, antes do final da semana não havia uma alma na aldeia que não tivesse ouvido falar da palestra que seria dada pelo ferreiro da aldeia. Daí, no sábado à noite a escola estava cheia até ao máximo. Sem dúvida, muitos, talvez a grande maioria, estivessem ali simplesmente por curiosidade. E que mal tem isso? Muitas vezes a curiosidade leva á investigação, e a investigação você sabe é “o braço direito do conhecimento.”

 

Quando chegou a altura de começar, Paulo Estéfanas subiu à plataforma e pediu à audiência que se levantasse enquanto ele rogava uma bênção ao Dador do bem e dons aceitáveis. Depois abriu a sua Bíblia já bem gasta e leu o salmo setenta e dois, após o qual deu início à sua palestra.

 

Caracterizou-se pela simplicidade de linguagem e discurso direto. Evidentemente o homem não estava ali para exibir qualquer habilidade que pudesse possuir. Não tentou voos de oratória; usou palavras assim como usava as suas ferramentas na oficina; com utilidade e não ornamento. Ele tinha uma história a contar e contou-a de uma maneira direta, simples, e no entanto havia bondade no tom, uma seriedade fervorosa e uma humildade evidente que fez a audiência sentir que estavam a ser dirigidos por um amigo e não um professor. A leitura em parte foi como se segue:

 

Amigos e vizinhos: Temo que pensem que sou arrogante ou presunçoso ao estar perante vós para palestrar. Mas quero que saibam antes de começar que eu não venho perante vós como um orador para entregar um discurso erudito, nem como professor para vos instruir. Mas chamei-vos para convidar-vos para uma reunião maior que acontecerá na terra num futuro próximo, quando a pessoa mais importante que o mundo já conheceu reunirá os seus amigos para um banquete real e irá presenteá-los com presentes que só ele pode dar. Eu fui convidado para esse banquete e foi-me pedido que passasse o convite a outros. A palestra, como lhe chamamos, será simplesmente uma breve descrição do que será esta grande reunião, onde acontecerá e quem é a Grande Personagem que a encabeçará. Os pequenos cartões pelos quais foram convidados a vir aqui indicam em traços largos onde isso acontecerá. Demos o título “Um tempo feliz virá sobre a terra.” E verdadeiramente será o tempo mais feliz que esta velha terra alguma vez já provou. Desculpem-me, amigos por colocar esta questão, mas estão cientes de que cada um de vós tem em suas casas uma descrição completa e um convite pessoal para tomar parte neste grandioso tempo de felicidade? Sim, têm. Encontram isso na vossa Bíblia familiar.

 

Amigos e vizinhos, por favor não fiquem ofendidos, mas sabem tão bem quanto eu que a Bíblia é muito pouco lida e é vista como um livro de textos dourados pelos quais é suposto prepararmo-nos para o tempo quando iremos supostamente deixar este vale de lágrimas por regiões celestiais, e que em breve Deus irá fazer uma enorme fogueira com esta velha terra. Mas, oh, que história diferente nos conta este querido velho livro se apenas lhe dermos ouvidos. Agora vos pedirei que escutem enquanto ouvem-no falar-vos, ou melhor enquanto Deus vos fala através ele.

 

Por volta de 3500 anos atrás, Deus começou a falar-nos deste tempo feliz que virá sobre a terra. Em uma ocasião quando falou através do Seu profeta Habacuque, disse, “Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Habacuque 2:14; vejam também Números 14:21; Salmo 72:18; Isaías 11:9). Agora bem, sabeis que isso nunca aconteceu ainda. Se a terra estivesse cheia da glória de Deus não veríamos à nossa volta a dor, o sofrimento, o crime e o pecado que agora existem. Nenhuma destas coisas aconteceram ainda, mas como todas as promessas de Deus certamente se cumprirão, sabemos isso acontecerá e a terra se encherá com a Sua glória. Mas concentremo-nos nas coisas mais práticas e que significado têm. Para vermos o que significa este tempo de felicidade temos que olhar à nossa volta e ver as condições que agora prevalecem na terra. Se pudessem ir a uma das nossas grandes cidade veriam numa parte da cidade residências magníficas, e toda a pompa e grandeza daqueles que têm tudo que o coração pode desejar; enquanto noutra parte da cidade podem ver casebres, ruelas, favelas/bairros de lata que formam as casas da pobreza. E se visitassem esses lugares veriam os rostos macilentos e pesarosos daqueles que apenas subsistem na luta pela sobrevivência. Há um grande que se eleva daqueles milhões que gemem e que se alimentam das migalhas que caiem das faustas mesas dos ricos. Creem que Deus ouve este clamor? Escutem! “Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos” (Tiago 5:1-4). Estas são as palavras de Deus registadas no Seu livro. Ele ouve o choro dos pobres. Como responderá? Isso faz parte do tempo de felicidade que virá sobre a terra, os pobres receberão atenção, o opressores cessarão. Acudamos ao Salmo que já vos li esta noite (o Salmo 72). Leiamos os primeiros versículos, “Concede ao rei, ó Deus, os teus juízos e a tua justiça, ao filho do rei.” Agora bem, este Rei é o Grande Personagem que é o Mestre de Cerimónia nesse grandioso dia. Que fará quando Deus lhe passar os Seus juízos? Escutem! “Julgue ele com justiça o teu povo e os teus aflitos, com equidade.” Versículo quatro – “Julgue ele os aflitos do povo, salve os filhos dos necessitados e esmague ao opressor.” Versículo doze – “Porque ele acode ao necessitado que clama e também ao aflito e ao desvalido.”

 

Podemos ver então que o tempo de felicidade que virá sobre a terra será caracterizado por uma atenção amorosa da parte do Rei que governará naqueles dias para com os aflitos e desvalidos.

 

Este é o tempo mencionado no Salmo 113 onde lemos “Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo.”

 

Maria, a mãe de Jesus ao falar profeticamente deste tempo diz: “Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos” (Lucas 1:52-53).

 

Estas afirmações e muitas outras que podem ser apresentadas para provar para além de dúvida que virá um tempo de felicidade em que a maldição da opressão e a pobreza abjeta serão removidas das multidões de pobres que gemem; e quando poderão voltar a sua atenção da luta pela existência para levantarem as suas cabeças para a Fonte e Dador de todo o bem e dizerem com o salmista – “Bom é render graças ao SENHOR e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade… Pois me alegraste, SENHOR, com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos” (Salmo 92:1-2,4).

 

Um dos grandes prazeres a ser desfrutado nesse dia de boas coisas é a adoração a Deus sob circunstâncias que o tornarão um verdadeiro prazer, porque estará livre das distrações e más condições que nos acompanham na atualidade. Zacarias diz-nos, “Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos” (Zacarias 14:16). Isto significa que as pessoas de todas as nações, desde as montanhas geladas da Gronelândia até aos bancos de coral da Índia farão uma peregrinação anual a Jerusalém para adorar o Rei de rei e o Senhor de senhores. Imaginem como será esse tempo glorioso, quando homens deixaram suas quintas e trabalho diário e viajarem sobre a terra e o mar para chegarem à cidade do grande Rei. O profeta Ezequiel fala-nos do grandioso templo que o mundo já mais viu que será erigido em Jerusalém para acomodar os adoradores que fluirão de todas as partes do mundo.

 

Nesse dia só haverá uma religião porque os homens serão ensinados por aqueles que Deus designou. O espírito que animará as pessoas por todo o mundo nesse dia é maravilhosamente expresso pelo profeta Miqueias no seu quarto capítulo nas seguintes palavras – “Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém” (Miqueias 4:2). Vejam, existe uma nota de verdadeiro prazer nisto. Não é a expressão de um povo obrigado a fazer algo contra a sua vontade. Eles não dizem – “Está bem, acho que tenho que ir”. Ó não!, é “Vinde, e subamos ao monte do SENHOR”. É uma sugestão alegre e espontânea que se eleva dos corações das pessoas que antecipam fazê-lo com prazer sincero. Zacarias fala do mesmo espírito entre as gentes. Ele diz, “Os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do SENHOR” (Zacarias 8:21).

 

Assim vejam que este tempo de felicidade é real; é um tempo em que os homem não mais passarão as suas vidas na corrida após o dinheiro e prazeres ou na mera luta pela existência, mas tomarão tempo a pensar no Criador, e o seu maior prazer se encontrará em adorá-Lo e servi-Lo.

 

Depois temos as condições que existem nos dias de hoje e que serão abolidas nesse glorioso sistema de coisas. Por exemplo, a guerra será abolida, pois nos é dito “uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” – Isa 2:4; Miqueias 4:3. Certamente isto aumentará a paz e felicidade dos habitantes da terra e conduzirá a uma tranquilidade e segurança que caracterizarão aquele glorioso dia.

 

Então a duração da vida mortal será alongada, por é nos dito que “Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado”(Isaías 65:20). Facilmente podemos ver como poderá ser isso, pois o “sábio” diz-nos “Tão certo como a justiça conduz para a vida, assim o que segue o mal, para a sua morte o faz” (Provérbios 11:19).

 

Agora no que respeita este vindouro tempo de felicidade o profeta diz – quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Isaías 26:9). Quando o homem anda pelos caminhos da justiça não só é provável que tenham uma vida mais longa, mas a suas vidas serão mais doces, melhores e mais agradáveis.

 

Outra das características deste tempo de felicidade que virá sobre a terra será a fecundidade da terra. Agora dentre vós os que trabalham na terra conhecem o labor que é fazer com que o solo dê o fruto para pagar as despesas, mas neste grandioso e abençoado dia que virá o profeta diz-nos – “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente” (Amós 9:13). E é nos dito que a terra produzirá o seu fruto e a maldição que está agora no solo causando que cresçam em todo o lado espinhos e abrolhos será removida e em lugar do espinheiro crescerá o cipreste e em lugar da sarça crescerá a murta – Ezequiel 34:27; Isaías 55:13. Estas coisas foram proferidas particularmente sobre a Terra de Israel, mas parece haver todas as indicações de que condições similares existirão por toda a terra.

 

É a antecipação destas coisas que faz com que o salmita diga – “Alegrem-se e exultem as gentes” – Salmo 67:4. “Aclamai a Deus, toda a terra. Salmodiai a glória do seu nome, dai glória ao seu louvor” (Salmo 66:1-2). Mas nesta ocasião não podemos dizer-vos tudo o que acontecerá, nem as muitas bênçãos que encherão o cálice da gente feliz que formará a população da terra nesse glorioso dia. Já dissemos o bastante para mostra que a nuvem negra do pecado e da dor que agora paira sobre os milhões que gemem na terra será substituída dentro em breve pela luz do sol das bênçãos de Deus que fará com que desapareçam a dor e o pesar.

 

Estas coisas de que vos falámos esta noite não são as maiores e mais importantes coisas que caracterizarão esse tempo de felicidade; elas são na realidade as menos importantes: mas são aquelas coisas que vemos primeiro, que primeiro nos atraem quando olhamos para o tema, e são fatos gloriosos que têm que ser tomados em consideração. Estas boas coisas para as quais chamámos a vossa atenção são na maioria coisas que serão usufruídas pelos habitantes da terra que estejam vivos no tempo em que essas coisas ocorrerem. Mas suponham que morremos antes destas coisas aconteçam; O que acontecerá? Não tomaremos parte nesse glorioso dia que virá sobre a terra? Bem, o tomar ou não tomar parte depende da nossa atitude presente perante Deus e a Sua palavra. Reservámos esta parte do nosso assunto para outra palestra, e se o Senhor quiser no próximo sábado à noite iremos contar como todas estas coisas acontecerão e como tanto vós como eu podemos acertar as nossas vidas no presente para que quando chegue esse glorioso tempo possamos estar entre os que partilharão de suas bênçãos.”

 

Paulo Estéfanas então convidou os presentes a virem novamente no sábado seguinte e declarou que ficaria contente em falar no final da reunião com qualquer um que estivesse interessado: e também que a sua casa estaria aberta a toda a hora para receber todos aqueles que quisessem explorar estes temas. A reunião então foi fechada com algumas palavras apropriadas de oração. Então dirigiu-se para o final da sala para apertar as mãos e falar com quantos fosse possível antes que abandonassem a sala.

 

Produziu-se a normal variedade de expressão e falta de expressão daqueles que compunham a audiência. Houve aqueles que procuraram a oportunidade de passarem desapercebidos enquanto Paulo falava com alguém. Também havia os apertos de mão inanimados onde quem apertava era só Paulo. Quem não experimentou este tipo de aperto de mão sem vida: no qual aqueles que você cumprimenta consentem que você levante e baixe o peso morto do seus braço para cima e para baixo uma ou duas vezes enquanto esperam pacientemente que termine.

 

Estiveram, no entanto, presentes alguns seres vivos verdadeiros e o seu sentido e vigoroso aperto de mão foi acompanhado pela sua expressão de aprovação ou desaprovação conforme fosse o caso. No seu todo a audiência estava sem saber como expressar-se apropriadamente porque o que tinha acontecido era uma experiência nova.

 

No entanto havia na audiência um jovem que parecia mais profundamente interessado que o restante. O seu nome era Timóteo Bereia: Ele esperou até que os outros saíssem e então, de Bíblia na mão, falou com Paulo Estéfanas até que o apagar das luzes colocou um final à sua entrevista.

 

(Original: Preaching the Truth, A Narrative Reciting the Experiences of a Christadelphian Preaching,"The Truth as it is in Jesus", tradução por S. Mestre)

AS TRANSFUSÕES DE SANGUE E A BÍBLIA - NÃO ESTÃO EM CONFLITO

S. Mestre, 25.02.12

TRANSFUSÕES DE SANGUE E A BÍBLIA

As Transfusões de Sangue são erradas? Alguns dizem que são contra a Bíblia, contra Deus. Mas se as Transfusões de Sangue não são contra Deus, então muitas pessoas estão sofrendo de coração partido e infelicidade sem razão, particularmente quando os seus mais queridos estão em perigo por falta de sangue. Devemos examinar este assunto com cuidado.

ONDE PODEMOS ENCONTRAR PROVAS?


Quem ler os textos da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados fica pasmo com a falta de provas Bíblicas apresentadas para apoiar os argumentos sobre Transfusões de Sangue. São citadas vezes sem conta autoridades médicas e outras para colmatar a falta de base Bíblica. Considerando que as Transfusões de Sangue são um puramente um procedimento médico moderno, como qualquer outra operação que envolva a transferência de matéria viva de um corpo para outro ou parte de um corpo para outro, talvez não devemos ficar surpreendidos. Era impossível realizar tais intervenções até bem pouco tempo atrás.
Por outro lado Deus previu eventos do tempo presente; estes tempos de medo, estes tempos quando a promessa da vinda de Jesus é ridicularizada (Lucas 21:26; 2 Pedro 3:3-4). Mas ele não mencionou o procedimento das Transfusões de Sangue nem qualquer outros tratamentos médicos mencionados acima. Concluímos então que Deus não está especialmente interessado do ponto de vista religioso em Transfusões de Sangue. O Facto de poderem existir argumentos médicos contra as Transfusões de Sangue, é completamente irrelevante para o tema religioso. No entanto na brochura “Sangue, Medicina e a Lei de Deus” publicado em 1961 pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, o autor preenche pelo menos 36 páginas de um total de 62 lidando com fatores médicos (isso é 58% da brochura) e inclui mais de oitenta referências e citações a autores médicos. Tal proporção parece completamente errada, mas ilustra a escassez de evidência Bíblica sobre o assunto.

TRANSFUSÕES DE SANGUE É COMER SANGUE?

O que tem a Bíblia a dizer, isso é se tem, que esteja remotamente relacionado com as Transfusões de Sangue? A relação apontada, e tudo gira em torno deste relacionamento fraco, é que receber Transfusões de Sangue é equivalente a comer sangue. O comer sangue, é, claro, referido na Bíblia de uma maneira que restringia o seu uso por certo povo. Veremos estas restrições mais tarde. Por agora, perguntamos se as Transfusões de Sangue são o mesmo que comer sangue. A resposta obviamente é, não. Os efeitos de comer sangue, ou bebê-lo, seriam completamente diferentes dos efeitos ou potenciais efeitos de receber uma Transfusão de Sangue. As duas coisas são dois processos diferentes. Um transplante de rim é o mesmo que comer o rim de um companheiro humano? Claro que não! Os efeitos de inserir diretamente algo no corpo é inteiramente diferente da inserção por via do sistema digestivo.

Os efeitos de uma Transfusão de Sangue no recetor não só são diferentes dos efeitos de comer algo, mas o efeito de ambos dos casos no sangue também são diferentes. Receber o sangue através da boca significa destruir a vida no sangue; enquanto que uma Transfusão de Sangue não mata a vida no sangue que é transferido, mas incorpora-a no sangue que já lá está.

Num artigo sobre o sangue, a revista Sentinela de 1 de Dezembro de 1967 argumenta fastidiosamente que receber uma transfusão é “alimentar-se”, porque depois de longo tempo eventualmente o sangue acaba como veículo para o oxigénio e elementos do que se come, e é ele próprio desmantelado e reusado pelo corpo.

“Bem, pelos anos durante os quais o corpo se renova em novo corpo, este sangue veicular é usado ou consumido pelo corpo do paciente, o mesmo acontece com qualquer outro transplante de órgão. De que maneira, então, este desenrolar de coisas difere essencialmente de alimentar-se do sangue recebido pela transfusão? Os resultados são os mesmos: o corpo do paciente se sustenta da coisa inoculada.” (Traduzido do inglês, pág. 720).

Mas este argumento vai longe de mais. No sentido proposto o corpo de toda a agente continuamente se alimenta de sangue. Reconhecidamente do seu próprio sangue, mas note que a Sociedade não permite distinção entre o seu próprio sangue e o de outros:

“Cristãos maduros… não sentirão se eles tiverem algum do seu sangue armazenado para transfusão, será mais aceitável do que o sangue de outra pessoa.” (Sangue, Medicina…., páginas 14 – 15).
Este ensino leva à notável conclusão que toda a gente deveria remover o seu sangue para prevenir que o corpo se alimentasse dele. Mas Deus colocou o sangue no corpo e obviamente ele permite que se “alimentem” do sangue no sentido do que se está discutindo.

De facto, nenhuma das leis de Deus sobre o sangue usa o termo “alimentar-se,” mas “comer”*. Este processo acontece antes da digestão no estômago. Consumo de comida e o uso para sustentar o corpo segue-se ao processo chamado “comer”. Claramente as Transfusões de Sangue não têm nada que ver com “comer”.

*(Note que em relação ao sangue a Bíblia sempre usa o termo “comer” e “beber” em ver de “alimentar-se”. Em João 6:54,56 a Tradução do Novo Mundo tem uma exceção traduzindo a palavra “come” por “alimenta”, que é uma interpretação e não uma tradução exata.)

Agora consideraremos o ensino Bíblico sobre comer sangue. Houve três ocasiões onde Deus deu mandamentos sobre o assunto.

NOÉ E AS PRIMEIRAS RESTRIÇÕES SOBRE O SANGUE

A primeira lei na Bíblia restringindo comer sangue é dada a Noé (Génesis 9:3-4).

“Todo animal movente que está vivo pode servir-vos de alimento. Como no caso da vegetação verde, deveras vos dou tudo. Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer.”

Esta foi a primeira vez que foi permitido comer animais; antes do dilúvio só era permitido comer vegetais. Embora esta nova dieta tenha sido permitida, parece que Deus não se agradava com a matança de suas criaturas. Daí tornou o sangue um símbolo da vida da criatura, e introduziu a restrição proibindo comer sangue.

Esta restrição claramente aplica-se a Noé e seus filhos imediatos, e a implicação do contexto (veja Génesis 9:1-2) é que se aplicaria também aos seus descendentes que encheriam a terra. No entanto, notamos que os animais carnívoros não estavam restringidos de comer sangue de outros animais, mas sim de matar o homem. O homem tornou-se uma parte protegida da criação de Deus (Gén. 9:5-6):

“E, além disso, exigirei de volta vosso sangue das vossas almas. Da mão de cada criatura vivente o exigirei de volta; e da mão do homem, da mão de cada um que é seu irmão exigirei de volta a alma do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem será derramado o seu próprio sangue, pois à imagem de Deus fez ele o homem.”

O homem não poderia ser morto a não ser por castigo por ter morto outro homem. Isto tudo fazia parte da constituição preparada por Deus para a terra depois do dilúvio, para que a sua criação se pudesse multiplicar uma vez mais.

Agora é importante considerar a situação que surgiu mais tarde quando o homem se tinha multiplicado e enchido a terra. Eles construíram a torra de Babel e Deus confundiu a língua deles, e assim foram espalhados pela terra. Sem dúvida a nova constituição tinha cumprido o seu propósito principal e já não era necessária. Alguns dos seus estatutos foram revogados? A resposta é, Sim.

A proteção especial sobre todos os homens foi revogada para os inimigos de Israel. Pelo mandamento de Deus Israel destruiu nações e indivíduos que eram ofensivos perante Deus, por exemplo, as nações de Canaã. Isto era necessário, embora Deus claramente não goste do derramamento de sangue (Compare com 1 Crónicas 22:8). Mas assim como a lei que proibia o derramamento de sangue humano foi revogada por Deus, assim também o foi a lei de comer sangue.
Assim, embora na lei de Moisés a restrição sobre comer sangue tenha sido reafirmada e mais restrições adicionadas, é reconhecido que isto só se aplicava ao povo de Israel. Não estava vigente sobre o resto da humanidade. Isto fica claro lendo Deuteronómio 14:21:

“Não deveis comer nenhum corpo [já] morto. Podes dá-lo ao residente forasteiro que está dentro dos teus portões, e ele tem de comê-lo; ou pode ser vendido a um estrangeiro, porque és um povo santo para Jeová, teu Deus. (O parêntesis aparece na tradução do Novo Mundo).

Este comer de um animal que “morreu por si”, como é traduzido pela Ferreira de Almeida RA, significaria um animal em que o sangue já coagulara, e já não seria possível derramá-lo no solo como devia ser. Assim aos não Israelitas era permitido e até encorajado comprar e comer carne com sangue.

Para além das duas leis já mencionadas, outras que haviam sido dadas a Noé foram revogadas mais tarde. A distinção entre animais limpos e impuros (Génesis 7:2 e 8:20).
Isso foi revogado:

“Sei e estou persuadido no Senhor Jesus que nada é aviltado em si mesmo; somente quando um homem considera algo como aviltado, para ele é aviltado.” (Romanos 14:14. (Compare também Atos 10:10-15; Marcos 7:15, 18-20).

Os sacrifícios de animais, que foram observados por Adão, Noé e Abraão antes da vinda da lei de Moisés, foram revogados (Hebreus 10:11-12). Restrições sobre comida e bebida e também a guarda de dias especiais foram todas revogadas (Col. 2:14-17):
“E apagou o documento manuscrito [que era] contra nós, que consistia em decretos e que estava em oposição a nós; e Ele o tirou do caminho por pregá-lo na estaca de tortura. Desnudando os governos e as autoridades, exibiu-os abertamente em público como vencidos, conduzindo-os por meio dela numa procissão triunfal. Portanto, nenhum homem vos julgue pelo comer ou pelo beber, ou com respeito a uma festividade ou à observância da lua nova ou dum sábado; pois estas coisas são sombra das coisas vindouras, mas a realidade pertence ao Cristo.”

A Sociedade admite isto em relação ao Sábado, e cita esta passagem. Veja “Coisas em Que É Impossível que Deus minta” (página 295(inglês)). Para serem justos estas passagem também deveria ser aplicada a comida e bebida.

O SANGUE SOB A LEI DE MOISÉS

As principais passagens Bíblicas que proíbem comer sangue encontram-se na lei cerimonial de Moisés. (Veja Lev. 3:17; 17:13-14; Deut. 12:23-25; etc.) Esta lei agora é desnecessária. Em “Sangue, Medicina e a Lei de Deus” na página 6, isto é admitido sem convicção, mas com mais convicção em “Vida Eterna” página 331:

“No dia de Pentecostes do ano 33 E.C. a velha lei da aliança foi removida e a nova aliança inaugurada por Jesus Cristo no céu tomando o seu lugar. (Efésios 2:14,15; Colossenses 2:13,14; Hebreus 10:8-10) Isto significa então, que a proibição contra comer e beber sangue assim como estava na velha lei Moisaica foi removida? Sim!”

Mais uma vez, a revista Sentinela de 1 de Dezembro de 1967 confirma isso na página 717:

“… Deus encravou a lei de Moisés à estaca de morte de Jesus Cristo e aboliu-a. (Col. 2:13,14; Ef. 2:13-15).”

Se este facto foi realmente aceite, é difícil de entender porque praticamente metade da suposta evidência Bíblica sobre Transfusões de Sangue apresentada pelas publicações Torre de Vigia vem da lei cerimonial. Se o uso destas passagens teve a simples intenção de apresentar princípios e o significado da restrição sobre o sangue, só ó último artigo citado dá alguma pista sobre isso. E mesmo aí, é certo que os princípios não foram corretamente deduzidos. O princípio Bíblico é:

“…a vida de toda a carne é o seu sangue” (Lev. 17:14, RA)

A vida, ou alma, é dita estar só no sangue da criatura morta, figuradamente. A criatura pode morrer sem perder o seu sangue, e então onde está a sua vida? A vida não é idêntica ao sangue ou até à parte material do sangue. De forma similar a carne e sangue de Jesus são tornados símbolos da vida eterna, (João 6:53-56); e é nos dito para comer e beber deles, porque carne e sangue estavam envolvidos na provisão da vida eterna. Não é que esta vida eterna residisse realmente na sua carne e sangue. É é nos dito comer deles, e não por comer a verdadeira carne e sangue de Jesus que podemos obter a vida eterna.

Como símbolo da vida, o sangue era usado na lei cerimonial (no altar)para expiação pelas vidas dos homens (Lev. 17:11) e por isso não era para ser comido. Já que o sangue de animais não é nos dias usado dessa forma, a restrição não tem aplicação.

O significado mais abrangente e correto de “nephesh” (= alma, vida) é reconhecido pela Sentinela de 1 de Setembro de 1968, página 250, e com verdade afirma:

“Assim, a Bíblia ensina que a alma é a vida da qual você desfruta. A sua alma é VOCÊ. Quando você vive, você é uma alma vivente. Quando morre, a alma está morta.”

Quando lemos “Sangue, Medicina…” emerge uma história diferente, página 8:

“Não podemos remover de nosso corpo parte desse sangue, que representa a nossa vida, e continuar a amar Deus com toda a nossa alma, porque removemos parte da nossa alma – nossa alma – e a demos a outra pessoa.”

O argumento que aparece aqui não tem cabimento quando comparado com o que Jesus fez. Ele entregou completamente a sua verdadeira vida pelos seus amigos, não somente uma parte do sangue. Não podemos acusá-lo de não amar Deus com toda a sua alma. Mais uma vez, a partir do argumento na brochura, podemos deduzir que, por removermos uma certa quantidade de sangue de uma pessoa e doá-lo a outra, estamos tomando uma parcela da alma de um e dando isso a outro, e essa pessoa que recebeu o sangue agora tem uma alma e mais por exemplo um oitavo de alma. O argumento é claramente ilógico. Não concorda com o ensino da Bíblia, que é que a alma é a pessoa, e não parte dela que possa ser medido.

A ÁGUA DE BELÉM

Outro argumento irrelevante publicado pela Sociedade(veja “Sangue, Medicina e a Lei de Deus” páginas 5-6), é tomado da ocasião em que o rei David recusou beber a água que os seus homens trouxeram de Belém, porque ele disse que havia sido como sangue de suas vidas que eles puseram em perigo (1 Crónicas 11:18-19). Isto é somente outro exemplo de tomando um líquido, neste caso água, para representar a vida de pessoas. Não era obviamente as suas verdadeiras vidas; mas devido ao perigo que incorreram em obtê-la, a água representava as suas vidas. Ao fim ao cabo os homens eram mais importantes para David do que a água, e por isso recusou bebê-la. Notamos que foi água que David recusou beber, e não sangue. Era errado ele beber qualquer outra água? Obviamente que não. Da mesma forma, porque a alguns foi proibido o sangue, não quer dizer que não seja comestível, ou que todos tenham sido proibidos de usá-lo.

REGULAMENTOS DO CONCILIO DE JERUSALÉM

O Concílio de Jerusalém é mais relevante para o caso da proibição de comer sangue para Cristãos, do que a água de Belém. Mas, a Transfusão de Sangue não é o mesmo que comer sangue; por isso nem mesmo este argumento é aplicável. Para mais, veremos que está aberta a muitas dúvidas, nos dias de hoje, a decisão desse Concílio proíbe tomar sangue, mesmo pela boca.

O relatório do Concílio de Jerusalém está registado para nós em Atos capítulo 15, e a decisão relevante era a seguinte:

“Pois, pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação.” (Atos 15:28-29)

Vejamos, esta decisão do Espírito Santo e dos Apóstolos foi tinha originalmente a intenção de ser aplicada aos gentios das Igrejas da Antioquia, Síria e Cilícia (Atos 15:23), nas congregações mistas que se encontravam nesses lugares, quando estas Igrejas foram estabelecidas. A decisão foi tomada no contexto da demanda que os crentes gentios fossem circuncidados e guardassem a lei de Moisés (Atos 15:5). Foi repetida (Atos 21:25) no contexto de uma acusação contra Paulo dizendo que ele ensinava os Judeus a deixarem a lei, o que era mentira. Estes eram problemas das Igrejas daquele tempo. Não surgiram de um momento para ou outro, tinham estado em ebulição por algum tempo, ocasionalmente rebentando em conflito aberta, A primeira ocasião aconteceu imediatamente depois do Apóstolo Pedro retornar de uma visita à casa de Cornélio para pregar o evangelho. Os apoiantes do grupo da circuncisão contenderam com Pedro. (Veja Atos 11).

Se examinarmos a história destes problemas, veremos que eles sempre tinham que ver com a circuncisão e a lei de Moisés. Os decretos do Concílio de Jerusalém, como seria de esperar teriam alguma ligação com isso. Os decretos tinham como objetivo prover uma solução para as dificuldades, e como iremos ver, fizeram isso mesmo.

No entanto, olhando para os argumentos apresentados no Concílio, fica claramente provado pelo testemunho do Espírito Santo que guardar a lei era desnecessário para os gentios; a sua fé era suficiente para purificar-lhes o coração (Atos 15:8-9). Os Apóstolos esforçavam-se em evitar colocar os gentios sobre qualquer jugo desnecessário. Pedro chama a lei de “jugo” (Atos 15:10), e os decretos do Concílio foram cuidadosos em evitar “acrescentar um fardo adicional” aos discípulos (Atos 15:28). Apesar disso, foi imposto um fardo de quatro decretos de abstinência. Por isso deve ter havido alguma razão porque estes fardos em particular, foram considerados necessários. Que razão seria essa?

Em três casos os decretos se referem ao comer. Se olharmos para trás para a origem da controvérsia veremos que a questão sobre comida estava lá.

“De modo que, quando Pedro subiu a Jerusalém, os [patrocinadores] da circuncisão começaram a contender com ele, dizendo que ele tinha ido à casa de homens incircuncisos e havia comido com eles. (Atos 11:2-3)

A objeção à ação de Pedro em ter ido até Cornélio era que ele tinha estado com gentios e comeu com eles. Esta era a dificuldade enfrentada pelos judeus que queriam manter a lei. Era impossível mantê-la e ao mesmo tempo comer com os gentios.

TRAZENDO PAZ PARA A IGREJA

A decisão do Concílio de Jerusalém era bem equilibrada para enfrentar a situação que existia entre crentes judeus e gentios. Por um lado permitia aos gentios quase completa liberdade do jugo da lei; mas por outro lado restringia os gentios no que seria suficiente para permitir os judeus partilhar refeições com eles. Este era o objetivo principal dos decretos sobre comida oferecida a ídolos, sangue, e animais estrangulados. Os decretos permitiam que tanto judeus como gentios, tanto aqueles que desejavam guardar a lei, e aqueles que não o queriam fazer, viver em harmonia; trazendo assim paz à Igreja(Agora podemos entender a referência a Moisés sendo pregado, no julgamento feito por Tiago nesse Concílio (Atos 15:21). Não era que, se os judeus estivessem pregando Moisés, os Cristãos gentios teriam que guardar e pregar toda a lei. Pelo contrário, porque Moisés era pregado pelos judeus e muitos seguiam isso, os decretos tinham que tomar isso em consideração. Se removermos a pregação de Moisés e os seguidores, e a necessidade dos três decretos desaparece).

Ao implementarem estes decretos ambos os lados podiam mostrar amor uns pelos outros. Os gentios mostravam amor ao se sujeitarem a algumas restrições no que se refere a suas dietas; enquanto que os judeus mostravam amor e respeito pelo crente gentio ao estar na companhia deles, uma privilégio que não se estendia aos outros gentios. O quarto decreto sobre fornicação não é do mesmo caráter e foi incluído por uma razão diferente que mencionaremos mais tarde.

Daquilo que já escrevemos, deve ficar claro que os primeiros três decretos dependiam das circunstâncias que existiam entre dois partidos dentro da Igreja, aqueles que queriam guardar a lei, e os que não queriam. Essas regras tinham sentido nessas circunstâncias; mas em outras circunstâncias são realmente necessárias? Estas regras eram para ser aplicadas em todas as Igrejas? Fica claro a partir do ensino de Paulo em suas cartas que a resposta a estas questões é, Não.

O ENSINO DE PAULO DEPOIS DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM

Paulo é muito claro sobre a restrição sobre o que comer. Ele estava convencido de três coisas:
1. Nenhuma comida é moralmente prejudicial por si só; quer seja oferecida a ídolos, ou sangue ou o quer que seja.
2. Quando comemos devemos fazê-lo em fé e dando graças a Deus, completamente seguros em nossas próprias mentes .
3. Podemos comer desde que isso não afete negativamente os outros. Se isso ofender ou causar dano a outro, então temos que nos restringir por amor a eles.

Este ensino vem claramente de 1 Coríntios capítulos 8 e 10, Romanos Capítulo 14, Colossenses 2:16-17 e 1 Timóteo 4:4-5; embora estas epístolas tenham sido escritas bastante tempo depois do Concílio de Jerusalém, e daí com total conhecimento dos seus decretos - O registo da primeira pregação em Corínto, por exemplo, não se encontra senão no capítulo 18 de Atos. Recomendamos que o leitor leia essas passagens antes de continuar.

Os três pontos do ensino de Paulo são ilustrados pelas seguintes citações:

Ponto 1:
“Sei e estou persuadido no Senhor Jesus que nada é aviltado em si mesmo; somente quando um homem considera algo como aviltado, para ele é aviltado.” (Romanos 14:14)

“Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; Porque do Senhor é a terra e a sua plenitude. Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência.” (1 Coríntios 10:25-27, RA)

“Não há nada de fora dum homem passando para dentro dele que possa aviltá-lo; mas as coisas que procedem do homem são as que aviltam o homem… Assim declarou limpos todos os alimentos.” (Marcos 7:15-20)

Veja outras passagens relevantes: 1 Cor. 8:4,7; 10:19-20; Col. 2:16-17; Rom. 14:2-4, 20; 1 Timóteo 4:4-5.

Ponto 2:

“A razão disso é que cada criação de Deus é excelente, e nada deve ser rejeitado se for recebido com agradecimento, porque é santificado pela palavra de Deus e pela oração sobre [ele].” (1 Timóteo 4:4-5)

“Mas, se tiver dúvidas, já está condenado, se comer, porque não [come] em fé...” (Romanos 14:23).

Veja também Romanos 14:2,5,20; 1 Cor. 8:7.

Ponto 3:

“Assim, pois, empenhemo-nos pelas coisas que produzem paz e pelas coisas que são para a edificação mútua. 20 Parai de demolir a obra de Deus só por causa do alimento. Verdadeiramente, todas as coisas são limpas, mas é prejudicial para o homem que come com motivo para tropeço. 21 É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer algo que faça teu irmão tropeçar.” (Romanos 14:19-21).

“Mas, se alguém vos disser: “Isto é algo oferecido em sacrifício”, não comais, por causa daquele que o expôs e por causa da consciência. “Consciência”, digo eu, não a tua, mas a da outra pessoa. Pois, por que haveria de ser julgada a minha liberdade pela consciência de outra pessoa?” (1 Cor. 10:28-29)

Veja também Rom. 14:13,15-16; 1 Cor. 8:1,9-13;10:23-24)

APLICANDO O ENSINO DE PAULO NOS DIAS DE HOJE

Fica claro a partir do ensino de Paulo que os decretos do Concílio de Jerusalém ou haviam sido revogados, ou nunca tiveram a intenção de serem absolutamente e universalmente aplicados. A última destas possibilidades é que muito provavelmente estará correta. Os decretos eram aplicados onde e quando fossem necessário para trazer paz e harmonia para dentro da Igreja. Aplicavam-se particularmente às Igrejas onde havia uma mistura de judeus e gentios. Os escritos de Paulo dão a razão para a existência de tais decretos. Ele sumariza a situação dizendo,

“Guardai-vos para não vos tornardes causas de tropeço para judeus, bem como para gregos e para a congregação de Deus.” (1 Coríntios 10:32)

Todos os homens deviam ser tratados com o bem deles em mente. Quer crente ou descrente. Poderia ser um judeu que queria obedecer à lei de Moisés, ou um gentio que achava difícil separar coisas usadas na adoração falsa da própria adoração.

Os princípios ainda são aplicáveis hoje, mas vivemos num mundo muito diferente daquele do primeiro século. É pouco provável causarmos dano a um irmão ou conhecido pela comida que comemos nestes dias ( veja Romanos 14:15); mas ao recusar permitir Transfusões de Sangue a um dependente, podemos realmente ficar responsáveis pela sua morte. Isto não mostraria o princípio do amor, que é a base de todos os decretos.

Alguns podem argumentar contra o que escrevemos sobre os decretos. Se os primeiros decretos de restrições podem ser tratados desta forma, que dizer do quarto sobre a fornicação? É permitida agora? A resposta é, Não. Paulo trata a fornicação de um modo completamente diferente. Ele mantém que todos os crentes devem se manter afastados disso.

“Nem pratiquemos a fornicação, assim como alguns deles cometeram fornicação, só para caírem, vinte e três mil [deles], num só dia.” (1 Cor. 10:8)

A restrição no que diz respeito à fornicação é claramente mantida por Paulo em passagens como 1 Cor. 6:18; Gál. 5:19-21; Ef. 5:3-5 e outras. Em nenhum lugar encontramos qualquer sugestão de como tendo sido abolida. Em ugar algum aparece a sugestão de que a sua aplicabilidade depende das circunstâncias.

Uma razão provável para a fornicação aparecer juntamente com os decretos sobre comida oferecida a ídolos, sangue e animais estrangulados, é que assim como os outros estavam intimamente ligados à idolatria.

NÃO EXISTE QUALQUER INDÍCIO NA BÍBLIA CONTRA TRANSFUSÕES DE SANGUE


O estudo acima mostra que não existe um argumento Bíblico substâncias contra as Transfusões de Sangue com o propósito de salvar vidas. As lei sobre comer sangue foram dadas com o propósito apropriado para as circunstâncias de Noé, Israelitas, e os Cristãos gentios do primeiro século. Como descobrimos, os propósitos não são definitivamente apropriados para os dias de hoje. Mesmo que fossem, seria errado confundir a Transfusão com o ato natural de comer. A Sociedade adultera a evidência Bíblica em suas publicações falíveis.

O USO ERRADO DO MEDO

Uma das características mais fortes das publicações deles sobre Transfusões de Sangue é a tentativa que é feita para amedrontar os leitores pela descrição horrenda do que poderá acontecer como resultado de uma Transfusão. É como o ensino da Cristandade sobre o inferno de fogo, que não base bíblica também. Que sofrimento horrível e desnecessário é infligido aos corações daqueles assediados por esta doutrina, particularmente aqueles que têm filhos.

Quão diferente é a atitude dos Apóstolos. Ele não viram razão para assustar os crentes no que se refere o sangue. No que foi possível eles evitaram qualquer tipo de fardo, e através de decretos do Espírito Santo ofereceram paz e amor à Igreja. Desta forma foram capazes de trazer grande alegria aos discípulos; mentes que não estavam atormentadas com a morte.

A exigência de que um Cristão deve se abster de Transfusões de Sangue impõe um jugo injustificado sobre ele com a intenção de causar tristeza. Não há desculpa para isto. A consciência de outro não ficará machucada por recebermos uma Transfusão no hospital. Nem a nossa dádiva de sangue torna difícil que outro continue com o seu modo de vida tradicional. Certamente em qualquer dos casos não estaremos desobedecendo a Deus, porque tal exigência não existe.

J.S.G

Tradução: S. Mestre

Lúcifer - A verdade sobre a identidade de Lúcifer

S. Mestre, 06.02.12

Lúcifer - A verdade sobre a identidade de Lúcifer

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã (traduzido às vezes como Lúcifer), filha da alva! como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! “ (Isaías 14:12).

A Terrível Realidade do Mal

Muitas vezes é difícil para as pessoas enfrentar a questão do mal. A sua existência é um fato gritante, feio e inegável. No entanto, a maioria de nós naturalmente evita aquilo que nos apresenta problemas embaraçosos, para além da nossa capacidade de resolvê-los.

O mal tem estado presente desde o início da história. A luta incansável entre as “forças do bem e do mal” – independentemente de como o termo possa ser compreendido - continua hoje com força crescente! A violência da sociedade de hoje, a taxa de criminalidade crescente, a história constante de derramamento de sangue, são evidências desse fato.

Mas a questão ainda permanece sem resposta: Qual é a verdadeira fonte do mal? Existe alguma força externa sobre as quais não temos controlo, exercendo uma influência negativa sobre nós? Existe um “diabo” sobrenatural, como tem sido a base da doutrina da Igreja durante séculos? Se isto é assim, como é que nós mesmos temos consciência de fazer algo errado, ou nos sentimos desconfortáveis quando somos culpados de algo - sendo este o caso, mesmo com crianças pequenas?

Mais importante ainda: quem ou o que nos faz fazer o que é errado? Ou somos totalmente culpados pelos nossos próprios erros?

A história da luta do Bem e do mal desde os primeiros tempos - quase todas as culturas têm mantido algum tipo de crença numa luta eterna entre as forças do bem e do mal. Um mundo pagão concebeu filosofias de seres sobrenaturais que envolvia demónios e diabos com poderes assustadores e exerciam uma influência terrível sobre a humanidade. Como sempre havia um Deus principal do “bem” que se acreditava estar num lugar de felicidade algures nas regiões superiores da atmosfera, e por isso havia a necessidade de um deus sombrio chefe do “submundo”, para proteger os espíritos dos mortos nas sombras escuras de uma área misteriosa e profunda abaixo da superfície da Terra.

Inventividade Humana

A partir destas antigas superstições a mente inventiva do homem fabricou a fantasiosa noção da igreja de um monstro super-humano, chamado Diabo, a personificação absoluta de toda forma de mal e iniquidade; um poder a ter em conta, uma criatura quase tão poderosa quanto o próprio Deus.

Desta forma, o Cristianismo ortodoxo sobrepôs as crenças e superstições pagãs dos povos civilizados e bárbaros sobre os ensinamentos da Bíblia para ganhar o controlo sobre eles, e encontrou um bode expiatório para a maldade, alguém que foi o originador e instigador de tudo o que é mau e ímpio. Alguém em quem o homem poderia jogar a sua própria responsabilidade de fazer o que é errado e culpando-o: “Ele fez-me fazer isso!”

Esta invenção deu origem à introdução de novos erros no ensinamento da Igreja, pois o Diabo e os seus supostos “anjos maus” deviam ter as suas vítimas! Uma vez que os cadáveres não desaparecem misteriosamente, mas corrompiam-se, então obviamente o Diabo tinha que com as suas garras apanhar a “almas” dos mortos que, sendo maus, não são aceitas no céu. Por isso, foi fundamentado que o homem deve possuir “alma imortal” - um ensinamento que não se encontrada de todo na Bíblia! Já que as almas ímpias não podem ir para o céu, elas são enviados na direção oposta - para um lugar chamado inferno, debaixo da terra!

Naturalmente, estes argumentos entram em colapso quando se percebe que o homem não possui uma alma imortal. Examine as Escrituras do início ao fim, e você nunca irá encontrar a expressão “alma imortal.” Estas duas palavras nunca ocorrem juntas - nem no mesmo versículo - em toda a Bíblia!

O início da vida e o verdadeiro significado de “Alma”

A Bíblia fala claramente sobre a origem do homem e da sua alma. “Formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (Génesis 2:7). Esta declaração é simples, e fácil de entender. Os elementos utilizados para a formação e criação do primeiro corpo humano foram retirados da terra. Aqueles que duvidam disso rejeitam as próprias palavras do próprio Jesus Cristo pois ele claramente aprovou este relato da criação do homem: “desde o princípio, os fez homem e mulher” (Mateus 19:4). Se Jesus Cristo, o Filho de Deus, não sabia o que era verdade sobre a origem do homem, quem o saberia? Ou acreditamos no apoio de Cristo no relato de Génesis, ou rejeitamos todo o ensinamento da Bíblia. Não há meio-termo.

Tendo feito o primeiro homem, Deus, então, “ lhe soprou nas narinas o fôlego de vida.” A Bíblia não diz que Deus soprou em suas narinas o “fôlego de vida eterna” - ou “vida sem fim.” Simplesmente, “o fôlego da vida”

A criatura a ser conhecida como “homem” estava agora viva: “e o homem passou a ser alma vivente.” Mais uma vez, note a simplicidade e objetividade do texto. A palavra traduzida por “vida” é de uma palavra hebraica, chay, de chaya, que significa “vida” ou “vivo”. Olhe atentamente para a forma em que esta palavra é usada em Génesis 1:20, 21, 24, 28, 30. Note, também, a sua aplicação a todos os animais da criação, em Génesis 2:19.

A palavra “alma” parece ter um significado enigmático para muitos, como se isso implicasse em si mesmo que o homem é imortal. Não é assim. Traduzida a partir da palavra hebraica nephesh, significa simplesmente “uma criatura viva, que respira, uma pessoa; um animal.” A palavra nunca é usada na Bíblia em relação à imortalidade.



Verdadeiro significado da palavra “alma”

A Bíblia aplica a palavra nephesh de várias formas, mostrando absolutamente que a palavra enfatiza a mortalidade da humanidade e toda a vida animal. Por exemplo, aprendemos que:

- uma “alma” nasce: (Génesis 46:18, RC);
- uma “alma” pode comer: (Êxodo 12:15, RC);
- uma “alma” pode ser comprada: (Levítico 22:11);
- uma “alma” pode ser livrada da morte: (Salmo 56:13);
- uma “alma” pode morrer: (Josué 11:11, RC);
- até mesmo uma alma sem pecado, morreu: (Isaías 53:12, RC).

A palavra nephesh palavra ocorre 754 vezes no Antigo Testamento. Em 326 lugares a “alma” é dito estar sujeita à morte, em 203 lugares é dito estar em perigo de morte, e em 123 lugares é dito ser livrada da morte, o que implica a sua sujeição à morte.

No Novo Testamento a palavra grega equivalente é psyche, que ocorre 106 vezes. Em 45 lugares é dito estar sujeita à morte, em 29 lugares é dito estar em perigo de morte, e em 16 lugares é dito ser livrada da morte. A “alma”, nunca é descrita como sendo imortal. Nem pode ser aplicada para representar algo dentro de humanidade que continua a viver, após a morte. Não há, então, almas imortais para flutuarem para longe, seja para cima ou para baixo para o céu ou para o inferno. Pelo contrário, a Bíblia claramente ensina que o homem é totalmente mortal, e que no momento da morte ele deixa completamente de existir.

Depois de Adão e Eva terem quebrado o mandamento de Deus, Deus pronunciou a sentença de morte sobre eles: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.” Deus não fez menção a uma” alma”sendo separada do corpo com a cessação da vida. Em vez disso Ele disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden” (Génesis 3:22-24).

Na Morte, o Homem Deixa de Existir

O relato da criação mostra que o homem foi criado uma criatura vivente. Nada mais do que isso é explícito ou implícito.

Há também evidências abundantes, estabelecidas em termos claros e de fácil compreensão, o que confirma que, no momento da morte, a vida humana deixa de existir. Depois de “o fôlego da vida” deixar o corpo, nenhuma outra “vida” permanece. A Palavra de Deus declara:

    - “Na morte, não há recordação de ti [Deus]; no sepulcro, quem te dará louvor?” (Salmo 6:5).
    - “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios. “ (Salmo 146:3-4).

    - “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol... Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”(Eclesiastes 9:5,6,10).
    - “A sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova” (Isaías 38:18).
    - “Ali [na sepultura], os maus cessam de perturbar, e, ali, repousam os cansados.” (Jó 3:17).
    - “David… morreu e foi sepultado, e o seu túmulo [ou seja a evidência de como está morto] permanece entre nós até hoje.... Tendo David servido à sua própria geração, conforme o desígnio de deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção.” (Atos 2:29; 13:36).
    ”Lázaro adormeceu... Lázaro morreu...” (João 11:11,14).

Céu, Inferno, ou a Sepultura?

Tendo em vista a evidência bíblica precedente, vê-se que as crenças comuns sobre a origem do mal e a recompensa dos justos são claramente erradas.

Muitos dos erros teológicos giram em torno da falácia da imortalidade da alma. Este ensinamento exige que as “almas” têm que ir para “algum lugar” no momento da morte. Alega-se que os justos (ou pessoas “boas”), vão para o céu. Isso significa que alguém “lá em cima” deve estar encarregado disso. É muitas vezes retratada a imagem de “almas” subindo a grandes alturas para se encontrarem com “São Pedro”, que fica de guarda nos “Portões Celestiais”, com as chaves na mão, para determinar se é concedida a entrada ou não. Se a decisão for negativa e a entrada é negada, a “alma” tem de voltar a embarcar em sua jornada, desta vez uma curva descendente, onde deve se encolher-se diante da presença maléfica do “Diabo”. Lá, no fundo da terra (assim nos é dito) é incrivelmente quente, de modo que uma “alma” recém-chegada é saudada por gritos aterradores e gritos de gelar o sangue das “almas” que estão na interminável tortura e tormento por toda a eternidade. Demónios repugnantes saltam em volta entre as sulfurosas, chamas rugindo, brandindo tridentes e vexando as “almas ”que estão assando com crueldades infinitas.

Uma Paródia da Verdade

O conceito de um “monstro” sobrenatural fazendo com que a humanidade cometa pecado não é meramente biblicamente errado. Isso causa duas violações graves contra a verdade divina e todo o tipo de lógica.

Em primeiro lugar, tal doutrina desonra Deus; pois argumenta que, enquanto Deus faz tudo o possível para levar a humanidade pelos caminhos da bondade e justiça, um de Seus próprios anjos pode impunemente e abertamente se rebelar contra a omnipotência de um Deus santo e justo, triunfantemente sujeitando homens e mulheres a toda forma de maldade e impiedade que ele possa conceber.

Em segundo lugar, se uma criatura do mal existe - com um poder tão grande, ou maior, do que o de Deus – removeria toda a responsabilidade da humanidade pelos pecados e o mal que eles cometem; pois eles poderiam muito bem culpar a influência perversa do “Diabo” por suas más ações, enquanto eles permaneciam irrepreensíveis. Porque as prisões, então, estão cheias de pessoas, enquanto o verdadeiro “criminoso”, o Diabo, anda livre?

Um Deus sábio e amoroso, cujo único desejo para a humanidade é que os homens e as mulheres podem alcançar a salvação eterna, permitiria que a raça humana fosse dominada por um “anjo caído” pervertido e totalmente depravado?

A própria sugestão é irracional! Tal estado de coisas terríveis só poderia existir no mundo se Deus fosse impotente para destruir esta criatura do mal - o que certamente deve ser o caso, se tal criatura existe, tendo em vista o estado terrivelmente degenerado e moralmente corrupto do mundo de hoje!

É difícil conceber que tais conceitos especiosos de “vida após a morte” possam ser ensinados como parte da religião cristã. No entanto, toda a teologia absurda descrita no parágrafo acima é baseada na doutrina da imortalidade da alma. Uma vez estabelecido a partir das páginas da Bíblia, que o homem é totalmente mortal, que toda a existência cessa com a morte, e que “a imortalidade da alma” é uma doutrina falsa originária da invenção da imaginação filosófica do homem, o nosso pensamento sobre estes assuntos passa por uma mudança notável. Não existem almas imortais.

Portanto, ninguém vai para o céu ou para o inferno quando morte. E não há um “Diabo” sobrenatural.

Quem, então, é Lúcifer?

Muitos dicionários, um pouco carentes em áreas de conhecimento Bíblico, alegam que “Lúcifer é um nome do diabo” Esta é a opinião popular, e é amplamente aceite.

Talvez parte do mito e do misticismo em torno da palavra Lúcifer vem do fato de que o seu significado latino é “aquele que brilha” - similar ao significado da palavra hebraica da qual foi tomado. Gesenius, um estudioso notável de hebraico, afirma que a palavra original em hebraico significa “estrela brilhante” ou “estrela da manhã.” O nome “Lúcifer” ocorria em traduções antigas da Bíblia, mas é geralmente omitida nas versões modernas das Escrituras.

Por exemplo na tradução de Figueiredo, essa palavra só é encontrada na profecia de Isaías: “Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia, parecias tão brilhante?” (Isaías 14:12). Outras, traduções mais corretas, desta expressão hebraica, podem ser observadas. A versão Almeida Revista e Atualizada: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!” A NVI tem: “Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada!”. A Bíblia para Todos : “Como pudeste cair do céu, astro brilhante da manhã!” (Isaías 14:12).

A palavra hebraica para “Lúcifer” é heylel, derivada de uma palavra da raiz, halal, que significa “ser claro” e, portanto, brilhante.” A palavra é particularmente identificada com corpos celestes.

Mas quem foi a “estrela brilhante”, que “caiu” do “céu”, como mencionado em Isaías 14:12? É sempre imprudente tomar um versículo ou dois da Escritura fora do contexto, e por isso é importante ler os versículos de fundo deste capítulo. Mesmo uma leitura superficial de Isaías 14, fará com que a identidade do indivíduo seja bastante clara. Belsazar que viveu cerca de 600 a.C. era rei de Babilónia, no momento em que esta profecia foi proferida. Então é ordenado a Isaías: “Proferirás este motejo contra o rei da Babilónia e dirás: como cessou o opressor! Como acabou a tirania!” (Isaías 14:4).

O capítulo não tem nada a ver com as circunstâncias da criação da Terra, nem com o que aconteceu no Jardim do Éden. Diretamente até ao final desta secção profética, o poder da Babilónia continua a ser o ponto central da profecia. “Levantar-me-ei contra eles, diz o SENHOR dos exércitos; exterminarei de Babilónia o nome e os sobreviventes, os descendentes e a posteridade, diz o SENHOR.” (Isaías 14:22-23).

Simbologia Bíblica e o Cumprimento de Profecias

O capítulo em que Isaías menciona “Lúcifer” é uma continuação das profecias registadas no capítulo anterior, que começa com as palavras: “Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de Amoz, contra a Babilónia….” O profeta continua: “As estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará resplandecer a sua luz” (note os termos celestiais que são marcadamente semelhantes à linguagem do capítulo 14: 12-13, onde se afirma que, em seu orgulho e vanglória extravagante, o rei de Babilónia determinara “subir ao céu” e “exaltar seu trono acima das estrelas de Deus”). Assim: “Babilónia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra” (Isaías 13:10, 19). Portanto, o “Lúcifer” de Isaías capítulo 14 não é outro senão o rei da Babilónia.

Alguns podem se perguntar qual o uso de linguagem celestial para descrever reinos terrenos, na sua elevação e queda. Isto não é incomum nas Escrituras. Isaías fornece uma explicação mais aprofundada desta simbologia nas palavras de abertura da sua profecia: “Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra,” (Isaías 1:2). Não se pode imaginar o profeta erguendo a voz para as nuvens, abordando-as como se fossem capazes de ouvir e responder, nem é razoável imaginá-lo curvado sobre um torrão de terra e falando de forma semelhante, na esperança de ser ouvido pelo solo. Ele explica: “Ouvi a palavra do SENHOR, vós... Dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo “Ouvi a palavra do SENHOR, vós, príncipes… prestai ouvidos à lei do nosso deus, vós…povo” (v. 10).

Na simbologia bíblica, o “céu” (e corpos celestes como o sol, a lua e as estrelas) representam poderes dominantes, e a “terra” representa a sociedade de um reino (Deuteronómio 32:1; Levítico 26:19; Isaías 49:13; Isaías 51:6, Jeremias 2:12, 2 Pedro 3:13). Em cumprimento destas profecias - que eram bastante notáveis, considerando que a Babilónia era, naquela época, o reino mais poderoso da terra - os medos e persas invadiram e conquistaram o Império Babilónico, tomando o controlo da grande cidade durante a noite.

Assim, o rei que se achava todo-poderoso e capaz de “subir” para as maiores alturas dos “céus” políticos, foi trazido para baixo “de volta à terra” através da intervenção divina nos assuntos dos homens. E não somente isso, mas o profeta acrescentou: “O além, desde o profundo, se turba por ti, para te sair ao encontro na tua chegada” (Isaías 14:9). Esta afirmação pode reacender as fantasias de fogo eterno e os gritos intermináveis ​​dos ímpios, assando por toda a eternidade. Mas não se deixe enganar; deixe a Bíblia falar por si mesma, como vamos fazer agora:

O que é o Inferno, e Onde fica?

Estabelecemos a partir do ensino bíblico que os humanos não possuem uma alma imortal, e que na morte a humanidade deixa completamente de existir. Portanto, não existem “almas” quer para irem para o céu acima, ou para serem arrastadas gritando para o fogo eterno do inferno. O que, dizer então, deste “inferno” que fica “por baixo?”

No Antigo Testamento, como visto neste versículo de Isaías, a palavra “além” foi traduzida a partir do hebraico sheol, que significa “cobrir” ou se aplica a qualquer lugar coberto”. Embora a Ferreira de Almeida Revista e Atualizada traduza a palavra como “Além” 11 vezes e “inferno” 9 vezes, traduz a mesma palavra hebraica como “Sepultura” 18 vezes, como “Sepulcro” 5 vezes, e como “Cova” 4 vezes. Algumas versões não traduzem a palavras mas somente a transliteram como xeol ou sheol, deixando-a na sua forma hebraica. A Nova Versão Internacional às vezes não traduz a palavra colocando Sheol e outras vezes traduz mas coloca uma nota de rodapé indicando “Hebraico: Sheol”.

A palavra significa simplesmente “um local coberto por cima”.

Se o “inferno” é definido como o lugar de tormento eterno para as “almas” ímpias cria problemas insuperáveis, não apenas por razões já apresentadas neste artigo, mas porque “inferno” é o lugar para que ambos os ímpios e os justos são enviados. Por exemplo, Jacó, um dos grandes patriarcas, foi para lá (Génesis 37:35), foi também o lugar de descanso final dos sacerdotes rebeldes de Israel: Corá, Datã e Abirão e seus companheiros ímpios (Números 16:30).

O Salmo 16:10 profetiza que o Filho de Deus, Jesus Cristo estaria no “inferno”: “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu santo veja corrupção” (RC). Pedro cita este versículo em Atos 2:31, usando o verbo no passado, após a ressurreição de Cristo dentre os mortos: “a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção” (RC), acrescentando: “A este Jesus deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas” (Atos 2:31-32). Paulo mais tarde usou o Salmo para provar o mesmo ponto - que Cristo morreu, foi colocado no túmulo, e depois ressuscitou dentre os mortos pelo poder de seu Pai (Atos 13:35).

Outra passagem do Antigo Testamento que usa a palavra sheol, é citada no Novo Testamento para provar que os fiéis servos de Deus serão ressuscitados da sepultura para receber o dom da natureza divina (compare com Oseias 13:14 com 1 Coríntios 15:55). Essa passagem fornece a prova de Paulo de que o próprio Jesus Cristo tinha ressuscitado dos mortos – e não que ele tenha sido entregue às chamas furiosas dum “inferno”, para ser injustificadamente maltratado pelo “Diabo”, O inferno então, não é um lugar de tormento eterno. Tal conceito está baseado na mitologia, e não no ensino da Bíblia. Na terminologia bíblica o inferno é simplesmente a “sepultura”; um “lugar coberto”, onde são colocados os corpos humanos após a morte. No caso dos servos verdadeiros e fiéis de Deus, é apenas o seu lugar de descanso até à hora do retorno de Cristo, quando serão levantados para aparecerem diante dele.

O Diabo e Satanás

Muitos estão convencidos de que um monstro sobrenatural do mal existe, simplesmente porque as palavras “diabo” e “satanás” aparecem na Bíblia. Como, perguntam-se eles, poderiam estas palavras alguma vez se referir a qualquer outra pessoa senão Lúcifer? Na verdade, nenhuma dessas palavras são nomes próprios, como já demonstramos no que se refere à palavra traduzida “Lúcifer”.

A palavra “diabo”, não aparece em todo o Antigo Testamento.

No Novo Testamento, a palavra “diabo” foi traduzida a partir da palavra gregas diábolos, que é citada para sugerir a existência de um monstro sobrenatural. É derivada do prefixo dia, que significa “através”, e ballo “lançar, atirar ou jogar”. Diabolos significa “falso acusador, caluniador”, e pode dizer respeito a qualquer um que se oponha à verdade da Palavra de Deus, falando caluniosamente ou falsamente contra ela. Como todas as outras palavras traduzidas “diabo” ou “satanás”, diabolos não é um nome; define um tipo particular de caráter ou condição, e é sempre usada daqueles que violam ou opõem-se à vontade ou Palavra de Deus. Por exemplo, é usado para descrever o pecado (Hebreus 2:14); autoridades civis que perseguiam o povo de Deus (Efésios 6:11, Apocalipse 2:10), aqueles que eram falsos acusadores (2 Timóteo 3:3); Judas Iscariotes, que era um ser humano de carne e osso (João 6:70); mulheres que caluniavam outras (1 Timóteo 3:11).

Satan” é uma palavra hebraica encontrada no grego como: Satan ou Satanás. O significado é o mesmo em ambas as línguas: “adversário” ou “oponente”. Assim como diabolos, a palavra Satanás não é um nome, mas é descritivo de um tipo de pessoa ou grupo de pessoas. Tem sido traduzida como “inimigo”, “adversário”, “acusador” e “satanás”. Ela tem sido usada de várias maneiras que indicam que não é “um outro nome para o diabo”, como alguns sugerem. Por exemplo, é usada para Deus quando Ele se tornou um “adversário” para Israel (1 Crónicas 21:01). Um “anjo do Senhor” é também descrito como “satanás” (Números 22:22, 32). O Senhor Jesus Cristo descreveu o apóstolo Pedro como “Satanás” porque ele “opôs-se” ao Senhor, quando Cristo ia para Jerusalém e para a sua crucificação (Mateus 16:23). Comunidades religiosas que proclamam um falso evangelho também são chamadas de “Satanás” (Apocalipse 2:9). No Antigo Testamento na Revista e Atualizada, a palavra Satanás ocorre apenas três vezes fora do livro de Jó.

Que dizer, então, de satanás no livro de Jó? Ele é descrito como “rodeando passeando pela terra”, mas nunca se fala de voar pelos céus, ou descer para um domínio de fogo debaixo da terra. Lá diz que se reuniu com os “filhos de Deus”, mas este é um termo usado para crentes mortais, entre os quais o próprio Jó foi contado (1 João 3:2). Além disso, não foi “Satanás” que trouxe tanto sofrimento sobre Jó, mas o próprio Deus (Jó 2:3; 19:21; 42:11). Não há nenhuma evidência para associar o satanás do livro de Jó com um monstro sobre-humano. Assim, as palavras traduzidas como “diabo” e “satanás”, entendidas de acordo com as várias palavras originais, não representam um monstro sobrenatural que leva as pessoas ao pecado.

A Origem do Pecado

Enquanto há certamente a esperança de uma ressurreição para a vida eterna para todos os que servem a Deus como “verdadeiros adoradores... Em espírito e em verdade” (João 4:23-24, Atos 4:19-20, 2 Coríntios 15), a realidade do pecado e os seus efeitos ainda devem ser enfrentados, pois ”o salário do pecado é a morte” (Romanos 6: 23).

Portanto, a menos que encontremos os meios pelos quais podemos vencer o pecado, anulando seu poder em nossas vidas, nos manteremos na “congregação dos mortos” (Provérbios 21:16).

Onde, então, poderemos encontrar a fonte do pecado? A resposta a essa pergunta nos ajudará a libertar-nos das doutrinas erróneas e especiosas que são a marca do “cristianismo”popular, que desde que permaneçam sob sua influência cega as pessoas para a verdadeira mensagem da Palavra de Deus. O Senhor Jesus Cristo responde: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfémia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem” (Marcos 7:21-23).

A quem culparemos pelas coisas erradas que fazemos? Apenas de nós mesmos. Não podemos manter ninguém mais como responsável. Por natureza, todos nós temos uma propensão ao pecado. “É mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade” (Génesis 8:21). A este testemunho, o profeta Jeremias acrescenta: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jeremias 17:9). Como aconteceu isso à raça humana? Como o pecado entrou no mundo? Nós vamos responder a estas questões vitais depois de ter definido “pecado.” Deus nos diz que “pecado é a transgressão da lei” (1 João 3:4), Deus colocou diante da humanidade certos mandamentos e estatutos que Ele exige que a raça humana obedeça. Isto é para o seu próprio benefício, bem como para cumprirem a vontade de Deus nas suas vidas. Quando os homens e mulheres decidem que não se importam com a vontade de Deus ou propósito, ou repudiam a Sua Palavra, eles vivem um modo de vida que está fora da Sua lei. Assim, eles se tornam “fora-da-lei”, porque eles vivem “fora”da “lei” e dos caminhos de Deus. Esta situação surgiu por causa de um incidente que ocorreu no início dos tempos.

Eva e a Serpente

De todas as criaturas da criação, somente o homem foi feito à “imagem” [forma] e “semelhança” [capacidade mental; capacidade de moralizar] de Deus, tornando-se moralmente e espiritualmente responsáveis ​​perante Ele. Era o propósito de Deus que a humanidade tivesse “domínio” sobre toda a terra, como representantes de Deus, refletindo a Sua justiça e santidade (Génesis 1:26). Este propósito foi interrompido temporariamente quando o pecado entrou no mundo como resultado direto do falso ensino da serpente. Mas é um propósito que será cumprido no futuro.

No Jardim do Éden, Adão e Eva foram submetidos a uma lei para que Deus pudesse testar a sua fidelidade e lealdade: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Génesis 2:16-17).

Quando toda a obra da criação tinha sido concluída, Deus pronunciou tudo o que Ele tinha feito como sendo “muito bom” (Génesis 1:31). Adão e Eva foram colocados no belo jardim para cuidar dele.

A serpente então apareceu em cena.

Esta criatura é descrita como uma “serpente”, e nada mais. Não é apresentado como um monstro sobrenatural na forma de uma serpente. Nem a Bíblia ensina que o “Diabo” estava escondido em algum lugar do jardim, usando a serpente como um instrumento para a perpetração do mal.

Sendo o que foi dito primeiro o caso, a humanidade não teria nada a temer mais a partir deste “diabo”, porque “Deus amaldiçoou-o entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selváticos;” e Ele disse à serpente: “Rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida” – assim foi condenado a se tornar uma criatura abjeta da Terra (Génesis 3:14).

Se o “Diabo” estava escondido em algum lugar do jardim e tinha solicitado a serpente para perpetrar a primeira mentira, com certeza a serpente, quando confrontada por Deus, teria culpado o diabo. Mas a serpente não tinha ninguém para culpar!

Mais tarde, o apóstolo Paulo endossou o que é indicado em Génesis: “Receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa... (2 Coríntios 11:3). Ele não menciona qualquer “diabo.”

A Bíblia revela três coisas sobre a serpente. A primeira é que ele “mais sagaz que todos os animais” (Génesis 3:1), que simplesmente significa que ele tinha uma inteligência superior a qualquer outra criatura entre os de ordem inferior de animais. No entanto, uma vez que não havia sido criado com a capacidade de moralizar sobre princípios divinos, que possuía apenas uma mente animal, ou carnal. Os pensamentos que ela poderia expressar eram o produto de uma mente natural, ou ímpia.

Em segundo lugar, que tinha o poder da palavra, pois era capaz de conversar com a mulher (Génesis 3:2-5). À mula de Balaão foi dado esse mesmo poder (Números 22:28-30; 2 Pedro 2:16).

Em terceiro lugar, é evidente que a serpente anteriormente não rastejava. Se esta serpente possuía a mesma forma de uma serpente de hoje, não teria havido nenhum ponto em Deus sentenciar: “Rastejarás sobre o teu ventre”.

O Pecado e a Morte - Deus Interveio

Deus tinha advertido o homem e a mulher que se eles desobedecessem à Sua lei (Génesis 2:16-17), eles morreriam. Mas a serpente persuadiu a mulher: “É certo que não morrereis”. Insensata e tragicamente, a mulher atendeu ao falso ensino da serpente que tinha apenas falado de acordo com sua mente animal e limitada, sem qualquer compreensão do espiritual e das implicações morais do que disse a Eva, e, portanto, ela e o seu marido pecaram contra Deus, e o seu pecado resultou na morte que passou a toda a raça humana.

Este fato é apoiado pelos ensinamentos de Paulo: “Assim como por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens.” (Romanos 5:12). Isto concorda com o que ele escreveu aos Coríntios: “O aguilhão da morte é o pecado” (1 Coríntios 15:56). E aos Romanos: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23).

Assim, a morte veio sobre a raça humana como resultado do pecado – uma sentença que foi pronunciada contra Adão e Eva no Éden, e que passou a todos os seus descendentes. Obviamente o pecado se origina de dentro da humanidade e não opera através da influência de um “Diabo” externo e sobrenatural.

Esta situação teria deixado a humanidade numa condição impossível, se Deus não tivesse intervindo. A graça e a misericórdia de Deus tinham de ser reveladas para fornecer uma esperança de redenção para a humanidade. Deus prometeu que viria um que seria “descendente da mulher”, “feriria” a “cabeça” da serpente (que tinha se tornado um símbolo para a origem e existência do pecado).

A única maneira dos efeitos do pecado serem derrotados, enquanto que ao mesmo tempo, não colidisse com a justiça do Deus Todo-Poderoso, era que alguém da raça condenada de Adão vencesse o pecado como representante dos pecadores. Ele teria que viver uma vida de perfeita obediência a Deus, para superar totalmente o poder do pecado em si mesmo, e depois de bom grado oferecer a sua vida como sacrifício a Deus. Com isto, ele negaria na totalidade as propensões e inclinações da sua natureza para o mal e, na sua morte, mostraria que toda a justiça vem somente de Deus e não da carne.

Como o prometido “descendente da mulher” era necessário que o Senhor Jesus Cristo fosse “nascido de mulher” (Gálatas 4:4), tendo a mesma natureza propensa ao pecado, fraca e mortal que resultou da condenação de Deus do pecado no Jardim do Éden. “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele [Jesus], igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, [o diabolos, a natureza humana caída, com suas propensões para o mal] … para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hebreus 2:14,17).

Como Alcançar a Vitória Através de Cristo

Cristo conseguiu destruir “o diabo”, o efeito do pecado na carne (Romanos 8:3), que detinha o poder da morte. Até ao triunfo do Senhor sobre a fraqueza da sua natureza humana, a morte tinha exercido “domínio” sobre todos (Romanos 6:9). Depois que Cristo ressuscitou dos mortos, ele recebeu a natureza divina – a mesma natureza que Deus possui, uma natureza que nunca pode morrer, e na qual o Senhor Jesus nunca mais experimentaria as fraquezas da carne (Hebreus 5:7-8). A sua morte sacrificial demonstra a maneira pela qual podemos obter a vitória sobre “o diabo.” Porque ainda somos mortais, criaturas que erram, pecamos através da fraqueza da nossa natureza e necessitamos de perdão. Deus fez provisão para esta necessidade para todos os que O adoram “em espírito (a disposição correta) e em verdade” (de acordo com o verdadeiro ensinamento da Palavra de Deus - (João 4:23-24)). João ensinou: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9). Devido a esta condição maravilhosa da graça divina, Pedro ensinou: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados” (Atos 2:38).

Quando se faz isso, podemos olhar para o futuro, para o cumprimento do propósito de Deus em remodelar este mundo e torná-lo um lugar de alegria e paz. Isto exige o retorno de Jesus Cristo para subjugar todas as nações e uni-las num império mundial, e “para ser glorificado nos seus santos” (Atos 1:9-11; 17:31, Daniel 2:44, Apocalipse 11:15; 2 Tessalonicenses 1:7-10). Cristo então reinará sobre a terra, como rei sobre o reino de Deus (Hebreus 2:5-13, Mateus 19:28, Lucas 1:31-33, Salmo 2).

A esperança de viver e reinar com Cristo e de ganhar o dom incomensurável da natureza divina, é oferecido a todos os que ouvirão a mensagem da Palavra de Deus, e se esforçarão para obedecê-la. Aqueles que ganham o dom da imortalidade “reinarão” com ele como “reis e sacerdotes” sobre a terra (Apocalipse 5:9-10). Poderia possuir esperança mais grandiosa? Poderia haver alguma esperança maior do que viver por toda a eternidade, manifestando a glória do nosso Criador, no verdadeiro espírito de santidade e de justiça? Esta esperança pode ser a nossa, pois Cristo ensinou: “Quem crer [no verdadeiro evangelho] e for batizado será salvo” (Marcos 16:15-16).

 

Sumário do ensino Bíblico: O Diabo e Satanás

 

A palavra “Diabo” é a tradução para português da palavra grega: Diabolos

 

DIABOLOS significa “falso acusado”, “caluniador”, “maldizentes” etc. Foi traduzida “maldizentes” em 1 Timóteo 3:11, “caluniadores” em 2 Timóteo 3:3 e “caluniadoras” em Tito 2:3; EM lugar algum é usada para descrever um ser sobrenatural que tenta a humanidade. É traduzida “diabo” nas seguintes passagens Mateus 4:1, 5, 8, 11; 13:39; 25:41. Lucas. 4:2, 3, 6, 13; 8:12; João 6:70; 8:44; 13:2; Atos 10:38; 13:10; Efésios 4:27; 6:11; 1 Timóteo 3:6,7; 2 Timóteo 2:26; Hebreus 2:14; Tiago 4:7; 1 Pedro 5:8; 1 João 3:8,10; Judas 9; Apocalipse 2:10; 12:9, 12; 20:2,10.

 

DIABOLOS é usada para descrever uma pessoa (João 6:70); mulheres maldizentes em Timóteo 3:11; caluniadores (2 Timóteo 3:3); o pecado (Hebreus 2:14); a carne (Atos 13:10); o mundo antagonista (Efésios 4:27); autoridades civis perseguidoras (Efésios 6:11; Apocalipse 2:10).

 

SATAN é a palavra hebraica, que significa “opor-se” a algo ou alguém” ou “ser um adversário”. A palavra é traduzida “adversário”, “inimigo”, etc. e é também transliterada como “satanás”. Aparece como “adversário(s)” ou “inimigo” nos seguintes lugares: Números 22:22; 1 Samuel 29:4; 2 Samuel 19:22; 1 Reis. 5:4; 11:14, 23, 25; Salmos 38:20; 71:13; 109:29; “hostilizam” no Salmo 109:4; “contrários” no Salmo 109:20); “Satanás” em 1 Crónicas 21:1; Jó 1:6,7,8,9,12;2:1,2,3,4,6,7; Zacarias 3:1; 3:2; “Acusador” em Salmo 109:6.

 

Com o que foi acima exposto, pode-se descobrir que o termo tem sido usado para descrever a Deus quando revelado como um oponente de Israel (1 Crónicas 21:10), um "anjo do Senhor" (Números 22:22, 32), homens bons e maus (I Samuel 29:4; 2 Samuel 19:22; Salmos 38:20), um apóstolo (Mateus 16:23; Marcos 8:33) comunidades religiosas adversas (Apocalipse 2:90), os maus pensamentos (Lucas 22:3; João 13:27, Atos 5:3), a carne (Atos 26:18), o mundo como em oposição a Deus (1 Coríntios 5:5; 1 Timóteo 1:20), os governos (Apocalipse 12:9; Lucas 10:18).

 

H. P. Mansfield

Tradução: S. Mestre