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BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

O DIABO - O GRANDE ENGANADOR (PARTE 4)

S. Mestre, 15.08.10

12

 

O DRAGÃO

 

O reino de Satanás não conhece limites. Onde quer que haja seres humanos afetados pelo pecado, Satanás reina. Existe verdade no máxima das Testemunhas de Jeová de que todos os governos humanos são do diabo. O erro deles é falhar em descobrir quem é o diabo.

 

Para divagar por um momento do nosso tema aqui. Porque a existência de um diabo pessoal deveria importar tanto para esta gente? Foi sugerido sem cinismo e com seriedade que, ele elevam o diabo quase a um nível de salvador. Ele alivia-os do grande fardo da culpa que de outra forma teriam de carregar. Se eles perderem o seu diabo então um grande fardo do pecado virá sobre as suas costas, pelo qual não podem escapar da culpa. Ao passo que o diabo das Escrituras é representado como um opressor, o diabo das Testemunhas é um que alivia os homens de uma responsabilidade opressiva, virtualmente tomando o lugar do Senhor Jesus, que disse, “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28); e do qual Pedro disse “andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo” (Atos 10:38). Isto não é nenhuma caricatura da posição das Testemunhas. Quando discutindo a depravação da natureza humana com eles numa ocasião, foi-me dito que eu estava culpando em demasiado a natureza humana. O diabo é que devia ser culpado.

 

Rebelião Politica

 

Voltando ao nosso tema: embora todos os governos humanos sejam do diabo, alguns são mais diabólicos que outros. A natureza humana é basicamente desobediente, mas a rebelião humana torna-se evidente e relevante quando é realçada pelas coisas de Deus. No livro de Apocalipse, a nossa atenção é dirigida para um governo humano operando no mesmo ambiente que o povo de Deus. Inevitavelmente há hostilidade. O governo humano é chamado de “o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás”.

 

O uso da palavra dragão provê uma dica útil. Os outros nomes, antiga serpente, que é o diabo, Satanás, convêm uma impressão da magnitude e universalidade deste símbolo de desejos contrários a Deus. Eles quase que nos convidam a ver este monstro como um símbolo do pecado em todas as suas manifestações. Existe um sentido no qual esta conclusão é a correta, mas também temos que tomar em consideração o facto de que nas Escrituras os animais/bestas são símbolos de governantes humanos, como aprendemos de Daniel 7, onde 4 animais são explicados como “reis”. O homem foi eleito para ter domínio, no final de contas, sobre os animais do campo, e no mesmo capítulo, “um como o Filho do Homem” – um herdeiro da herança humana – toma possessão do reino que até esse ponto tinha sido controlado pelos animais/bestas-reis.

 

Aqui não nos preocuparemos demasiado com o problema da identidade do poder do pecado militante de Apocalipse 12. É suficiente dizer que as sete cabeças do dragão representam diferentes fases de governo, e são para ser vistas como uma série. O dragão não é um monstro de sete cabeças em nenhum momento de tempo. Só vemos as sete cabeças juntas quando vemos este poder do pecado “panoramicamente”. Em termos gerais, vemos aqui um símbolo do pecado politicamente organizado num contexto espiritual, um poder que se opõe ao povo de Deus. Primeiro, vemo-lo no seu todo, em toda a sua manifestação; depois, quando chegamos à “ação” de Apocalipse 12, temos que determinar com exatidão o tempo da ação.

 

Os movimento do poder-dragão no drama do Apocalipse são descritos nos capítulos 12 e 20. Existem cinco fases na história do dragão:

 

  1. No céu

  2. Jogado para a terra

  3. Acorrentado e preso no abismo

  4. Liberto do abismo

  5. Jogado no lago de fogo.

 

A dragão ao ser apreso por mil anos é uma boa maneira de representar, simbolicamente, a restrição de atividades políticas de todos os povos do mundo. O período de mil anos – quer seja tomado literalmente ou não – corresponde apropriadamente aos mil anos em que os abençoados, que tiveram parte na primeira ressurreição, viverão e reinarão com Cristo. No final dos mil anos, o poder ímpio será permitido afirmar-se por um curto espaço de tempo. Inevitavelmente a natureza humana revela a sua impiedade potencial. Dá-se uma rebelião, guerra e a extinção no lago de fogo. O lago de fogo, também descrito como a segunda morte, simboliza a destruição final e absoluta de todos os desejos humanos rebeldes. Deus será tudo em todos.

 

13

 

TU ÉS O HOMEM”

 

O tema do diabo é uma parábola contínua no Novo Testamento sobre a natureza humana atacada pelo pecado. Mas porquê, seria perguntado, o Espírito achou necessário apresentar-nos este assunto como uma parábola?

 

Como outras parábolas, a parábola do diabo cumpre um duplo propósito. Ela revela e esconde. Aos perspicazes ela provê informação vital acerca do pecado. Permite-lhes verem-se a si mesmos como realmente são. Uma coisa é dizer aos homens que eles são pecadores; é completamente diferente fazer-lhes entender a dura realidade da sua própria condição miserável. Um tratamento de choque é necessário. Nós vemos o monstro horrível exposto à nossa frente, e trememos à vista da sua falsidade, crueldade e malvadez. E então a temida verdade cai sobre nós. Isto é uma imagem de mim mesmo! Encontramo-nos na mesma posição que David, quando a parábola da cordeirinha lhe é interpretada. Lembre-se como, depois de declarar duramente que o cruel, homem rico deveria morrer, ele ouve as terríveis palavras, “tu és o homem” (2 Samuel 12).

 

O que é revelado ao servos de Deus é escondido dos do mundo. Eles já têm uma alta opinião sobre si mesmos. Já são adeptos em culpar pessoas e as circunstâncias pelas suas faltas e erros. As Escrituras são um espelho que reflete a natureza humana em toda a sua fealdade. Estas pessoas olham no espelho, vêm o seu próprio reflexo, e falham em reconhecerem-se a si mesmos. “Ele é que é o culpado, não eu”, dizem eles, ao deixarem contentes para trás a sua imagem. “O diabo é responsável por todos os problemas e maldade.” Olhos eles têm, mas não vêm.

 

Quão trágica é a cegueira espiritual! Deus só salva aqueles que se vêm como realmente são – aqueles que se vêm como Deus os vê – e a maioria das pessoas recusam-se completamente a encarar a sua própria desdita.

 

Nudez Espiritual

 

Esta tendência humana de esconder a fraqueza e a maldade e fingir que não existem começou no Éden, imediatamente depois da transgressão. Pondere sobre o facto de que a árvore proibida era a árvore do conhecimento do bem e do mal. Este mesmo facto demonstra a misericórdia de Deus. Ao passo que o ato faria do homem um pecador, o efeito de comer este fruto especial permitiria ao pecador ver a gravidade da sua situação, sem a qual a salvação não poderia ser efetuada.

 

Quando Adão e Eva pecaram, as consequências da sua transgressão foram-lhes reveladas. Os seus olhos se abriram e ele souberam que estavam nus. Isto era uma condição tanto espiritual como física. Mera roupa não era suficiente. Adão e Eva tinham que aprender isto pelo caminho árduo. O que eles fizeram foi fazer coberturas para a sua nudez física; e em tendo feito isto ficaram contentes por algum tempo.

 

Ficaram contentes até que ouviram a voz do Senhor Deus, andando pelo jardim. Não foi necessário Deus condená-los. Cientes da presença do Juiz, eles julgaram-se a si mesmos como nunca tinham feito antes. Olharam para si mesmos como o Juiz o iria fazer, e eles não mais estavam contentes. As cobertas de folha de figueira não eram adequadas, e procuraram mais cobertura entre as árvores do jardim. Embora agora estivessem duplamente cobertos, eles continuavam nus aos seus próprios olhos e aos olhos de Deus. Quando Adão confessou a sua nudez, Deus proveu uma cobertura adequada.

 

Existe nisto uma grande lição para nós. Como os nossos primeiros pais, nós tendemos a cobrir a nossa culpa em vez de confessá-la abertamente, primeiro a nós mesmos e depois a Deus. Como eles, nós adotamos a atitude “longe da vista, longe do coração” para a nossa condição miserável. Se conseguirmos manter uma certa aparência, ficamos satisfeitos. Ao enganarmos os outros, nos enganamos a nós mesmos, e o que não se vê não existe.

 

Adão caiu em si ao ficar de repente ciente da presença de Deus; e as consciências de outros seres humanos são “alertadas” da mesma maneira. Até homens dignos como Isaías, Ezequiel, Daniel e João sentiam-se dominados pela imperfeição quando confrontados por anjos ou visões de Deus. Na escala humana estes eram homens bons: no entanto sentiam-se pequenos quando viam as coisas na verdadeira perspetiva. Quanto mais imperfeitos devem se sentir os pequenos rebeldes quando se apercebem que o Juiz está perto. Na sua situação limite dizem à montanhas e rochas, “Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” (Apocalipse 6:16,17).

 

O Juiz está sempre perto. Para nos relembrar, e manter-nos lembrados deste facto, provê-nos com o incentivo para julgarmos a nós mesmos: “Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Coríntios 11:31).

 

Confissão e Perdão

 

Inevitavelmente estes pensamos trazem-nos até o Salmo 32:

 

Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado. Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento” (versículos 1-7).

 

 

O homem cujo pecado é coberto fica contente: mas a cobertura deve ser provida por Deus, e não pelo próprio homem. Longe de cobrir o seu próprio pecado, o homem deve reconhecê-lo, pois quando um homem revela o seu pecado, Deus cobre-o, e a mancha da culpa é completamente removida. E assim o Salmista dá a sua lição. Homens crentes devem confessar os seus pecados agora, quando Deus está acessível. Em vez de se esconderem de Deus, como Adão, eles encontram o seu esconderijo em Deus.

 

David sabia tudo isto. Houve um período negro em sua vida em que ele “calou” (versículo 3). A sua própria miséria e a mão pesada de Deus sobre ele fez da sua vida um fardo. Então veio o alívio. David quebrou o seu silêncio, confessou o seu pecado – e Deus perdoou.

 

O Salmo 51 revela a profundidade da sua penitência. Com um coração despedaçado com tristeza e faz a sua confissão a Deus, e roga por misericórdia.

 

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim... Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.

Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste. Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito” (versículos 1-3; 7-11).



Tudo isto foi registado em misericórdia, para que possamos também chegar até Deus e confessar os nossos pecados, e receber o perdão. Se repudiarmos as nossas transgressões, estamos em nossos corações, concordando com Deus que disse que estas coisas não são para se fazer. Embora, em fraqueza, pecamos, o nosso coração está correto para com Deus. Nas palavras de Paulo, “Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim” (Romanos 7:17). Se pecamos a despeito de nós mesmos, e não por causa de nós mesmos, Deus pode sem ser inconsistente cumprir o desejo de nossos corações, e fazer-nos justos.



Faltas Ocultas



É importante então que vejamos realmente como somos. O perdão está dependente da confissão a Deus; e só podemos confessar o que sabemos. Isto levanta um problema. Mesmo se examinarmos a nós mesmos, devem haver alguns pecados, que no momento, não reconhecemos. Não podemos confessar esses pecados. O Salmista falou disto faz muito tempo, e duas passagens são especialmente relevantes:



Além disso, por eles(mandamentos de Deus) se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa. Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão” (Salmo 19:11-13).



Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139:23,24).



Ao confessarmos os pecados que reconhecemos; ao reconhecermos que podem existir outros pecados que não descobrimos em nós mesmos; ao termos um comportamento contrito e pedirmos a Deus que nos limpe das nossas faltas ocultas: através disto podemos nos colocar nas mãos de Deus e ser mantidos no caminho da retidão.



Inculpáveis e Irrepreensíveis”



Isto significa que a retidão que recebemos no batismo, quando todos os nossos pecados do passado foram lavados, pode ser mantida, através da vida, até ao julgamento. Tão importante é esta negligenciada verdade que vale a pena citar algumas evidências das Escrituras:



“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” (Efésios 1:3,4).



A palavra a tomar em conta é: “irrepreensíveis”. A próxima citação tem a sua mensagem bem clara e não é necessário comentário algum:



“E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis” (Colossenses 1:21,22)



E finalmente:



“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória” (Judas 24).



Consciência



Se isto é para ser o nosso quinhão, uma coisa é essencial. A lei de Deus deve estar gravada nos nossos corações. Aprendemos de Romanos 2 que quando a lei está escrita nos corações da pessoas “servem eles de lei para si mesmos” (versículo 14). Isto significa que a lei faz parte delas; elas são a lei de Deus incorporada. Se eles causarem ofensa, eles não somente ofendem o Dador da lei, mas a si mesmos, porque a lei faz parte deles. Assim vem o trabalho da consciência, e os pensamentos daqueles que carregam a lei de Deus nos seus corações são acusados ou defendidos. (versículo 15).



Existem assim dois juízes para as nossas ações. A nossa consciência é o juiz imediato, e Deus é o derradeiro Juiz. Se a lei de Deus está realmente inscrita nos nossos corações, então o juiz imediato pode dizer-nos e o derradeiro Juiz irá ilibar-nos ou condenar-nos.



Na prática, isto significa que temos que nos dedicar ao estudo das Escrituras. A leitura bíblica deve estar bem alto na nossa lista de prioridades. Como o Salmista devemos poder dizer, “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Salmo 119:97).



14

 

O ACUSADOR”



Ho diabolos o diabo – é um título que significa O Acusador. O nosso propósito agora é explicar porque o grande tentador do homem deve ter tal título. De que maneira os desejos humanos que incitam o homem à rebelião contra Deus acusam o homem?



Primeiro, lembremo-nos do facto de que existem várias Escrituras que retratam o diabo como alguém que acusa. A passagem que vem imediatamente à mente é Apocalipse 12:10. O diabo aqui é descrito como “o acusador de nossos irmãos... que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.”



Menos direta, mas não menos relevante, são as passagens onde aparece “Satanás” em Jó e Zacarias. Já vimos que no Novo Testamento, Satanás não é um adversário, mas o adversário: por outras palavras, o diabo. Já notamos também que em dois locais no Antigo Testamento o uso da palavra no Novo Testamento é antecipado. Quão interessante então observar que em ambos estes lugares, Satanás age como um acusador, ou diabo. O papel de acusador do Satanás de Jó é bem conhecido e não precisa aqui do apoio de citações. Este e o Satanás de Zacarias já foram discutidos no Capítulo 6.



Um acusador, não é um juiz. A função dum acusador é convencer o juiz de que a pessoas que está a ser julgada é digna de ser punida. O acusador não tem o poder de punir: isso é da alçada do juiz.



Deus é o juiz que determina uma vez por todas o destino dos homens, e que castiga quando necessário. Se Deus “justifica” um homem, então efetivamente ninguém pode condená-lo. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Se estivermos em paz com Deus, os nossos inimigos não têm qualquer poder para nos atingir. Foi por esta razão que o Senhor Jesus disse, “Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer” (Lucas 12:4,5). Os nossos inimigos podem nos perseguir fisicamente, mas um verdadeiro crente é encorajado a ver isso como uma “leve tribulação” que “produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2 Coríntios 4:17). A perseguição pode mesmo ser uma bênção. Pode fazer-nos apreciar os valores espirituais, e pode trazer-nos mais perto de Deus. A perseguição só é perigosa se nos fizer cair no dia da adversidade é esquecermos a amizade de Deus.



Inimigos Reais



Isto traz-nos até um pensamento importante. Já que os nossos inimigos não têm qualquer poder para nos atingir se estamos em paz com Deus, a única maneira em que eles podem ter sucesso nos seus maus propósitos é induzir-nos a transgredir as leis de Deus. Se a perseguição faz um discípulo tropeçar, a acusação é um inimigo realmente. Se, no entanto, a perseguição provê um incentivo para um serviço mais fiel, a acusação, apesar das suas intenções hostis, não é um inimigo real. Os nossos inimigos reais são normalmente muito mais sutis. Eles aproximam-se com o disfarce de amigos; eles maquinam maneiras de mostrar o pecado como algo atrativo, ou até virtuoso, e pela sua artimanha persuadem-nos a sermos pecadores e inimigos de Deus. Então Deus nos castiga.



O Derradeiro Inimigo



O inimigo mais perigoso está sempre connosco. As suas oportunidades para nos tentar a ignorar as leis de Deus são ilimitadas. Ele aperfeiçoou a arte de persuadir-nos que alguns modos errados de pensar e agir não são ofensivos para Deus, e que são para vantagem nossa. Este inimigo tem prevalecido sobre nós através da artimanha tantas vezes que nem podemos contá-las: no entanto ainda o tratamos com respeito que só pode ser descrito como único. Embora ele invariavelmente se aproxime de nós como um amigo, é ele que dá a Deus a justa causa de nos condenar. Ele é, de facto, aquele que nos acusa perante Deus. Realmente, o seu nome é ho diabolos, O Acusador. Dito em linguagem literal, é porque permitimos que sejamos arrastados pelas nossas concupiscências que nos tornamos inimigos de Deus, e a Sua ira desce sobre nós. Em linguagem moderna, somos condenados pelos nossos desejos errados.



A Serpente – Um Acusador



Já discutimos o relacionamento entre a serpente e o diabo. Contrário à ideia popular, o diabo não virou serpente, mas a serpente virou diabo. A serpente no Éden é o protótipo do que incita o homem à rebelião contra Deus. Não é de surpreender então descobrir que a serpente do Éden foi o primeiro acusador.



Foi a serpente que deu a Deus a razão para condenar o homem à morte. A serpente induziu o homem a desobedecer à lei de Deus, e então a ira de Deus caiu sobre ele. Se a serpente tivesse desejado causar diretamente mal ao homem, ela não teria sucedido. O homem desfrutava da bênção e proteção de Deus no Jardim do Éden. O homem estava bastante seguro a não ser que ofendesse Deus. Se ele ofendesse Deus então nada poderia protegê-lo. Qualquer que fosse então o motivo da serpente, ela pode ser vista como uma criatura que acusou o homem perante Deus.



A questão dos motivos da serpente não afeta a tese principal, e não é obviamente um assunto para dogmatismo. A serpente, é, em qualquer evento, para ser vista como a que apresentou a Deus a razão para condenar o homem. Era um acusador. Mais uma vez pensamos sobre as palavras de Apocalipse 12 acerca da “antiga serpente, que é o diabo, Satanás”. É “o acusador de nossos irmãos... que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus”. A frase “antiga serpente” é usada para levar nossas mentes até ao Éden. Sugere, de facto, que este poder hostil tem o mesmo papel que a serpente – quer deliberadamente ou involuntariamente – no Éden.



Quão irónico que, depois da transgressão, o homem tornou-se o seu próprio acusador! Somos lembrados de um ditado antigo, “Uma consciência culpada não precisa de condenação”. Quando Adão e Eva ouviram a voz do Senhor Deus eles se esconderam. Deus ainda não os tinha condenado: eles condenaram-se a si mesmos. Primeiro condenaram-se ao se esconderem, e depois por confessarem a sua nudez, apesar da dupla cobertura de folhas de figueira e das árvores.



As Escrituras dão-nos um número de exemplos de pessoas que agem de uma maneira diabólica, ou acusadora ao trazerem o julgamento de Deus sobre outras. Balaão achou impossível amaldiçoar o povo que Deus tinha abençoado. Mas ele não se sentiu derrotado. He podia, e tentou o povo a pecar contra Deus e sofrer a Sua ira. Jereboão o filho de Nebate era ele próprio um transgressor: mas ele nos é apresentado na Bíblia como o homem “que tinha feito pecar a Israel”. E ainda mais uma vez pensamos sobre Satanás em Jó, a quem Deus disse, “Ele conserva a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa”.



Finalmente pensamos dum exemplo no Novo Testamento: Elimas o mágico. Quando Barnabás e Saulo estavam tentando persuadir o procônsul de Pafos a fazer as pazes com Deus, Elimas estava tentando-o a ser inimigo de Deus. Se ele tivesse tido sucesso, ele de facto teria convidado Deus a punir este homem. Daí a severidade da condenação: “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor?” (Atos 13:10).



15

 

O ENSINO BÍBLICO

SOBRE A NATUREZA HUMANA

 

 

O Poder do Pecado

 

Façamos uma pequena pausa para nos relembrarmos do que a Bíblia diz acerca da natureza humana. Repetidamente, e com grande ênfase, as Escrituras nos dizem que a tendência para pecar é forte no homem. As seguintes passagens são típicas:

 

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)

 

Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem” (Marcos 7:21-23).

 

“Como está escrito:

Não há justo, nem um sequer,

não há quem entenda, não há quem busque a Deus;

todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis;

não há quem faça o bem, não há nem um sequer.

A garganta deles é sepulcro aberto;

com a língua, urdem engano,

veneno de víbora está nos seus lábios,

a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;

são os seus pés velozes para derramar sangue,

nos seus caminhos, há destruição e miséria;

desconheceram o caminho da paz.

Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Romanos 3:10-18).



Mesmo se as Escrituras não tivessem estas afirmações claras, o facto da tendência humana para pecar poderia ser deduzido a partir da história bíblica. O homem é apresentado como um rebelde. Vez após vez ele demonstra a iniquidade da sua natureza. Toda a história humana, quer sejam os que viveram antes do dilúvio, os Judeus ou Gentios, é uma história de rebelião contra Deus.



Numa passagem comovente em Romanos 7, Paulo fala da luta que um homem justo tem para cumprir as leis justas de Deus. Tão feroz é a luta que ele foi levado a exclamar, “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” O facto de que um amante da retidão tem que lutar o que, sem a ajuda de Deus, seria uma batalha perdida contra a suas próprias tendências pecaminosas, dá-nos alguma ideia da imensa força gravitacional do pecado.



Nesta passagem esclarecedora, aparecem as seguintes palavras:



“Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (versículos 15-18).



Será que podemos entender a realidade da situação? Suponha que perguntamos duas questões, e damos a resposta, a partir destes versículos:



O que habita no homem?

Resposta: Pecado. (“... o pecado que habita em mim.”)



O que não habita no homem?



Resposta: Bem nenhum. (“ eu sei que em mim... na minha carne, não habita bem nenhum”



O Engano do Pecado



Um dos grandes propósitos da Lei de Moisés era permitir aos homens verem claramente a sua própria condição de pecadores, para que pudessem apreciar a sua necessidade desesperante da salvação. A salvação só é possível quando as pessoas reconhecem a sua desventura; e no entanto a maioria das pessoas têm uma grande relutância em admitir que são pecadores. Isto e assim porque – referindo novamente a Jeremias 17:9 – o coração, para além de ser “desesperadamente corrupto” é “enganoso... mais do que todas as coisa”. Ironicamente, o engano de cada coração humano é contra si próprio. Embora toda a evidência aponte no outro sentido, o homem é enganado a supor que é justo. A deceção é ainda mais surpreendente porque o homem é o seu próprio enganador.



Mesmo aqueles que professam acreditar que a natureza humana é má, tendem a exluir-se desta avaliação. Desde a infância as bocas das pessoas se abrem em auto-justificação. Como o escritor de Provérbios diz, “Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos” (21:2). É por isso que as pessoas amargamente se ressentem com críticas, não importa o quão justas, não importa a boa intenção , não importa com que gentileza forem apresentadas. Quando Deus, através de Malaquias, condena os sacerdotes e o povo pelos seus pecados, a resposta inevitável foi um arrogante desmentido da acusação. “Em que ofendemos?” perguntaram eles. Onde e quando fizeram isso de que eram acusados? E assim tem sido sempre.

Já foi feita menção ao grande propósito da Lei de Moisés: permitir aos homens ver claramente a sua condição de pecadores. Ao dar a Lei aos Israelitas, Deus tomou o desafio humano. Este filhos de Abraão pensavam que eram bons. Deus sabia que não o eram. Então Deus convidou-os a provar a sua bondade ao guardarem a Sua Lei. Embora eles tenham dito, “Tudo o que o SENHOR falou faremos”, eles falharam. Aquelas bocas que se abriram bem em auto-justificação foram eficazmente fechadas. Paulo expressa isso assim:



“Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Romanos 3:19).



Aqueles que dizem que os seres humanos são “assim tão maus”; aqueles que descrevem a nossa natureza como “neutra”; aqueles que, ignorando a história da Queda, afirmam que o homem não pode ser iníquo porque Deus o criou : todos estes, ao falharem e não aprenderem a lição sobre a iniquidade humana, estão demonstrando quão enganoso é o coração humano.



A Carne



A palavra carne é frequentemente usada no Novo Testamento para descrever aquele elemento humano que se rebela contra as leis de Deus. Por isso Paulo diz:



Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gálatas 5:16, 17).



Alguns têm sido picuinhas sobre a adequação desta palavra carne, e têm questionado a justiça da acusação, aparentemente esquecendo que é o Espírito de Deus que usa a palavra desta forma.



Realmente, bem de pressa se torna aparente que as Escrituras representam a carne como aquilo que é diretamente oposto ao Espírito de Deus. Este pensamento é expresso na passagem de Gálatas 5; e existem outras expressões do mesmo pensamento. Por exemplo:



“O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6:63).



“Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Romanos 8:13).



Já vimos que a natureza humana é hostil às leis de Deus. Também vimos que a palavra carne é usada para descrever este elemento rebelde no homem – especialmente quando expressa a sua oposição ao Espírito de Deus. Algumas vezes a tendências ofensivas são chamadas, mais precisamente, de concupiscências (ou desejos) da carne. E, como vimos em Romanos 7, a palavra pecado é algumas vezes usada para descrever, não somente atos de transgressão contra a lei de Deus, mas também aquela tendência no homem que se manifesta a si mesma nestes atos ímpios.



Carne, concupiscências, pecado: estas e outras expressões são aplicadas a esta desregramento que caracteriza a natureza humana: mas podemos ainda indagar onde no homem definitivamente reside esta tendência ofensiva. Ou, colocando a questão de outra forma: Qual é a quinta-essência do pecado?





16

 

TENTAÇÃO

 

Já foi apontado no capítulo anterior que a palavra carne é usada para descrever aquilo que se rebela contra as leis de Deus. Mas o que carne significa realmente neste contexto? É uma palavra para se tomar literalmente? É a carne-tecido humano a coisa básica do pecado? Implica um diferença entre a carne e outras substâncias do corpo? Devemos ver aquelas partes carnudas do corpo como sendo aquelas onde residem as tendências rebeldes? Ou devemos supor porque a maioria da substância do corpo é carne, a palavra é uma figura apropriada para o homem inteiro, ou para a humanidade como um todo?(Isto seria um exemplo da figura de estilo(linguagem) chamada sinédoque).

 

Um número de passagens vêm à mente. “O que é nascido da carne é carne”; “Jesus Cristo veio em carne”; “nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas...” Tais Escrituras como estas indicam bastante claramente que a carne é uma expressão bíblica para o homem completo, ou para a natureza humana em geral.

 

Assim quando Paulo fala da carne militando contra o espírito, e o espírito contra a carne, e não está indicando precisamente onde, no homem, as obras da iniquidade são produzidas. Ele está dizendo, sim, que os desejos errados são uma característica da natureza do homem.

 

O Verdadeiro Tentador

 

Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tiago 1:13-15).

 

Estas palavras de Tiago são instrutivas. Primeiro dizem-nos quem não tenta o homem: Deus. Alguns têm problemas com afirmações como, “...depois destas coisas... tentou Deus a Abraão”. Não existe um problema real aqui. Tiago está preocupado com a tentação no sentido de induzir a pecar. Ele está dizendo que Deus, Ele próprio, não pode ser induzido a pecar, também não induz o homem a pecar. O que realmente faz do homem um pecador é a sua própria resposta aos seus próprios desejos.

 

Uma questão aqui. Deus repudia as sugestões de que Ele induz o homem a pecar: mas Ele às vezes leva pessoas injustas a circunstâncias onde os desejos maus as atraem e fazem-nas pecar? Seguindo isto, quando oramos, “Não nos induzas à tentação”(RC), estamos a pedir a Deus para controlar as nossas circunstâncias para que não sejamos desviados pelas nossas próprias concupiscências e sejamos seduzidos por elas?

 

A propósito, Tiago dá-nos aqui uma excelente razão para não crer num diabo pessoal. É argumentado a partir de silêncio: mas o silêncio é eloquente. Tiago está discutindo a questão da tentação. A sugestão que Deus tenta os homens é refutada. Deus não tem o papel de um tentador “exterior”. Se no entanto existisse um outro tentador “externo” chamado diabo, este certamente seria o local para dizê-lo. Mas em vez de falar de uma poderosa personalidade maligna, sempre pronta a causar a queda do homem, Tiago diz que a tentação vem dos próprios desejos errados(concupiscências) do homem.

 

Resistindo ao Diabo

 

Vejamos agora Tiago 4. As palavra cobiçar, invejar, prazeres ocorrem na abertura deste capítulo:

 

De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (versículos 1-3).



Os desejos humanos são uma força poderosa. Tornam o homem hostil para com os outros e ofensivos a Deus. No versículo 4 Tiago usa uma palavra abrangente para descrever todos os maus desejos: chama-lhes “o mundo”. Relembramo-nos imediatamente da afirmação de João que “tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1 João 2:16).



Voltando a Tiago 4, existem dois poderes mutuamente hostis procurando ganhar o homem para si. Um poder é Deus; o outro é o mundo – ou desejos errados humanos. “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” Este ponto é apresentado nitidamente no versículo 7:



“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”



O uso da palavra diabo nesta passagem parece surpreendente? Tiago tem estado a falar das concupiscências humanas, ou do “mundo”. Obviamente a palavra diabo representa as concupiscências humanas. O contexto exige isso. A intrusão de um monstro sobrenatural neste ponto seria irrelevante e uma distração, mesmo se tal ser existisse.



Se alguém deseja ser contencioso, o assunto é definitivamente decidido no versículo 8, onde Tiago expressa o mesmo pensamento, mas em termos diferentes. Correspondendo às palavras “ Sujeitai-vos, portanto, a Deus”, está, “Chegai-vos a Deus...”; correspondendo a “resisti ao diabo...” está, “Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração”.



Definições



Até este ponto, na nossa busca de uma definição para diabo, prosseguimos tentativamente . Tiago agora trouxe-nos ao ponto em que podemos ser mais dogmáticos. O diabo na Bíblia representa aqueles desejos humanos que entram em conflito com a lei de Deus.



Até isto não esgota o significado da expressão. A própria pessoas que satisfaz estes desejos ímpios fica aprisionada por eles e é chamada também de diabo. Satanás entrou no coração de Judas Iscariotes, e Judas foi chamado de diabo.



Desejos Humanos



Os desejos humanos entram necessariamente em conflito com a lei de Deus? Quase que não precisa ser mencionado que os desejos básicos dos homens não são, em si mesmos, maus. Seres humanos normais têm um número de necessidades físicas e emocionais inatas. Mencionando duas: apetite de comida, e apetite sexual. Estes apetites foram divinamente implantados , e o seu propósito é óbvio. Foram criados para assegurar a sobrevivência do indivíduo e da espécie respetivamente, enquanto que provêm uma medida de felicidade presente. A gratificação dos apetites humanos não constituem em si pecado. O homem torna-se num ofendedor quando são desrespeitadas as leis de Deus, e estes desejos são explorados pelos ego.



Isto precisa de ser qualificado. O facto é que os desejos humanos são quase sempre explorados pelo ego. É a atitude egoísta do homem centrada no seus próprios desejos que causa o problema. Quando o homem foi criado, a intenção era que ele vivesse em íntima comunhão com o seu Criador. Onde o sucesso da vida dos outros animais depende à obediência dos instintos implantados neles, o sucesso da vida humana depende de estar centrada em Deus. Quando, no entanto, Adão e Eva agiram em desobediência à lei de Deus, o equilíbrio perdeu-se. O homem tornou-se centrado em si mesmo em vez de centrado em Deus. O resultado tem sido uma exploração total dos desejos humanos para o benefício imaginado do ego, e as consequências têm sido desastrosas.



Quando os desejos humanos são explorados, hábitos ruinosos de pensamento e de ação são formados. Esses desejos inatos que têm sido explorados pelo ego tornam-se por sua vez exploradores do ego. Tornam-se imperiosos nas suas exigências; tornam-se insaciáveis. Conduzem à corrupção moral e física, e por fim destroem a pessoa que pensava que eles provinham a chave para a felicidade. Este é o padrão normal para os humanos. Pedro diz-nos que a corrupção está no mundo através da paixões que existem no mundo (2 Pedro 1:4); e Paulo diz que Deus entregou os homens à imundícia através das concupiscências dos seus corações (Romanos 1:24). E assim, de acordo com o padrão adâmico, o homem começa por abusar das suas tendências inatas, e rapidamente vira a vítima destas tendências. Referência já foi feita a duas necessidades básicas humanas, embora sem qualquer mal em si, tornam-se tiranas quando exploradas pelo ego. Outro exemplo, mais sutil, pode ajudar a esclarecer este ponto.



Está bem e é natural aos homens reunir um pequeno stock de coisas básicas. Através disto energia é poupada e a vida corre mais suavemente. Loucamente, muitos homens imaginam que quanto mais reunirem mais felizes serão; e assim, com uma dedicação maravilhosa, amontoam stocks enormes de coisas não necessárias. Como resultado desta atividade fútil, a necessidade de conseguir coisas, e continuar a consegui-las, torna-se cada vez mais forte, até que se tornam num grande propósito para a vida. Embora o objetivo desta atividade seja a felicidade, o açambarcador nunca é feliz. “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda” (Eclesiastes 5:10). Podemos imaginar que, rodeado por riqueza material suficiente para confrontar as crises que possam surgir na vida, um homem se sentiria seguro. Mas não é assim. As riquezas não protegem o homem: o homem tem que proteger as riquezas!

Então não existe nada de sinistro sobre a carne humana. Não existe nada basicamente mau com os desejos humanos. A fonte principal da iniquidade humana é a obsessão do homem com o seu ego, para a gratificação de interesses egoístas e ambição são o maior propósito na vida do homem, já que toda a força do homem são dirigidos a dar prazer físico, sentir segurança e um sentido de importância. A pessoa em si é o seu próprio ídolo.

 

(The Devil: The Great Deceiver por Peter Watkins, tradução para português: S.Mestre)