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BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

AS TRANSFUSÕES DE SANGUE VIOLAM O ENSINO DA BÍBLIA?

S. Mestre, 06.03.12

AS TRANSFUSÕES DE SANGUE VIOLAM O ENSINO DA BÍBLIA?

De todos os assuntos o que mais traz as Testemunhas de Jeová à atenção do público é a sua recusa em aceitar transfusões de sangue. É comum aparecer logo nas notícias quando uma Testemunha morre por recusar uma transfusão de sangue.

PAI É “FORÇADO” A VIVER

Reporter: Mike Miller

NOVA IORQUE: Uma Testemunha de Jeová está recuperando no hospital depois de ter sido forçado a aceitar uma transfusão de sangue para que os seus cinco filhos tenham um pai.
Numa decisão singular um juiz disse que o direito à morte de Joe Davis vinha em segundo lugar em relação ao direito dos filhos terem um pai.
Jose de 41 anos ficou gravemente ferido em um acidente de carro. Os médicos tiveram que lhe amputar a perna esquerda abaixo da anca e ele perdeu entre 75 a 80 por cento do seu sangue.
No entanto devido às suas convicções religiosas ele recusou aceitar uma transfusão de sangue, sentenciando-se assim à morte.


Custódia

Mas numa reunião de tribunal de emergência em Chicago, o juiz de Ilinois, Walter Dahl ordenou que ele recebesse as transfusões e o colocou sob custódia do tribunal.
“Quando uma pessoa pode manter estas convicções face à morte certa, merece o nosso respeito. Mas ele trouxe cinco filhos ao mundo. O seu dever anula o seu direito de morrer”, disse o juiz.
A mulher de Joe, Elaine, ficou também gravemente ferida no acidente e morreu de suas lesões depois de recusar uma transfusão.
Os filhos têm, 2, 10, 16 e 17 anos.



(Fonte: The News, Terça-feira, 16 de Março de 1982)

Tais sacrifícios podem ser muito nobres – se fosse verdade que Deus requer que arrisquemos nossas vidas e dos nossos filhos ao recusar transfusões de sangue. Mas ele requer isso?

UMA QUESTÃO RELIGIOSA

A Sociedade Torre de Vigia publicou um livro chamado “Jehovah’s Witnesses and the Question of Blood(As Testemunhas de Jeová e a Questão do Sangue)”. Este livro define a base para a atitude deles perante transfusões de sangue.

Na página 5 do livro a sua base para recusar transfusões de sangue é claramente apresentada:

“A posição tomada pelas Testemunhas de Jeová é acima de tudo religiosa. É uma posição baseada no que a Bíblia diz!” (ênfase deles).

A pesar desta afirmação de apoio Bíblico só sete referências Bíblicas são apresentadas no livro de 61 páginas, e todas elas ocorrem nas primeiras 12 páginas.

Assim como em outra publicação sobre o assunto (Blood, Medicine and the Law of God(Sangue, Medicina e a Lei de Deus)) a maior parte destes livros é preenchida com citações seletivas de publicações médicas. As citações escolhidas são aquelas que lidam somente com complicações e problemas que surgem de transfusões de sangue para apresentar a pior imagem possível desse procedimento. Eles ignoram as miríades de ártigos registando as vidas salvas e os benefícios das transfusões de sangue.

INEXATIDÃO MÉDICA

Um engano significante ocorre em todos os livros deles que fazer com que alguém que pense por si mesmo se pergunte porque tantos aceitam este ensino. O engano está na sua definição de transfusão de sangue:

“Uma transfusão de sangue é a transferência de sangue das veias ou artérias de uma pessoa para outra pessoa. Como a alimentação intravenosa, é uma alimentação de sangue e um procedimento em desacordo com as Escrituras.” (Make Sure of All Things(Certificai-vos de Todas as Coisas), p. 47).

“O fato é que isso provê uma alimentação ao corpo para suster a vida” (Blood, Medicine and the Law of God(Sangue, Medicina e a Lei de Deus), p. 14)

O leitor confira as referências médicas. As transfusões de sangue não são tomadas das artérias mas somente das veias. Pois esse é o sangue que já depositou oxigénio e nutrientes e está retornando ao coração. O propósito da transfusão de sangue não é alimentar o paciente mas substituir o volume de sangue perdido. O sangue funciona como um transporte para o oxigénio e não da própria comida. Considere as seguintes citações:

“O sangue bombeado a partir do ventrículo esquerdo (do coração) é conduzido pela aorta e suas ramificações (artérias) para todo o corpo transportando oxigénio e material nutritivo a todo o tecido e célula. Depois de fornecer o oxigénio e nutrientes, o dióxido de carbono é retornado pelas veias à aurícula/átrio direito do coração. (Foundations of Anatomy and Physiology(Fundamentos de Anatomia e Fisiologia), p. 139).
“Transfusão de sangue é a introdução de sangue completo ou plasma em uma veia” (Balier’s Nurses Dictionary(Dicionário de Balier para Enfermeiros)

Note que o paciente não recebe sangue na artéria (que leva o sangue do coração para o corpo) mas na veia. Daí qualquer noção de alimentação está incorreta.

Note ainda:

“É usada para suprir o volume de sangue ou para introduzir constituintes, como fatores de coagulação ou anticorpos que estão em falta no paciente” (Balier’s Nurses Dictionary(Dicionário de Balier para Enfermeiros), p. 329).

Assim, as transfusões de sangue são usadas para restabelecer o volume de sangue, que é depois usado pelo corpo como transporte para os seus próprios nutrientes. De fato este processo de reabastecimento não acontece senão depois de cerca de 24 horas depois da transfusão.

As transfusões de sangues vêm da veia do dador para a veia do paciente e não pode ser dito que este “se alimenta de sangue”.

O engano ocorre ao confundir transfusões com alimentação intravenosa. Um processo semelhante mas totalmente diferente em princípio, e feito por razões totalmente diferentes.

Se o leitor ver que uma transfusão de sangue não é “alimentar-se” como afirmam as Testemunhas, um dos pontos base para o apoio da doutrina deles é derrubado. Agora iremos examinar os argumentos Bíblicos.

AS TRANSFUSÕES DE SANGUE VIOLAM O ENSINO BÍBLICO?

O leitor rapidamente se aperceberá da importância com que as Testemunhas tentam promover o seu conceito de que as transfusões são “alimentar-se de sangue” quando se olha para as citações avançadas como apoio Bíblico. As quatro citações principais são as seguintes:

Gén. 9:3,4 – “Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.”
Lev. 17:10 – “Qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que comer algum sangue, contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo.”
1 Sam. 14:31-35 – “Não pequeis contra o SENHOR, comendo com sangue.”
Atos 15:20-29 – “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados.”

Será que alguém realmente acredita que Deus estava falando de um procedimento que só surgiu no século XX? Note que todas as citações se referem a comer animais com sangue ou beber sangue de animais, como os pagãos tinham a inclinação de fazer. Não existe qualquer referência a sangue humano.

No código sacrificial da Lei de Moisés, Deus deu um significado para o sangue de animais (Lev. 17:10-11). O sangue deveria ser eliminado quer por aspersão ou derramado. Com isto Deus estava ensinando a necessidade de uma vida ser dada para “expiação pelos pecados”. O sangue primariamente apontava para Jesus Cristo que daria a sua vida pelos pecados da humanidade (Heb. 9:11-15).

Deus também estabeleceu uma lei sobre a gordura dos animais porque a gordura tinham um significado religioso também – “gordura nenhuma nem sangue jamais comereis” (Lev. 3:17).

Porque as Testemunhas não têm igualmente leis restringindo o consumo de gordura? Claramente este uso indiscriminado de uma passagem da lei sacrificial de Israel para apoiar a sua posição mostra uma inconsistência flagrante como também uma aplicação errada de “comer sangue”.

O judeus têm tentado obedecer à letra a Lei de Moisés só comento “comida kosher” (carne completamente sem sangue). No entanto vemos que a maioria das Testemunhas de Jeová não têm problemas em comprar carne no talho/açougue, onde a carne muita dela pode não estar devidamente drenada de sangue como requeria a lei, e isto porque eles aplicam maioritariamente essas leis ao sangue humano devido às transfusões.

A LEI DE DEUS DADA A NOÉ

Em Génesis 9:3-4 encontramos a citação onde as Testemunhas baseiam a sua teoria:

“Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento… carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis”.

No seu livro Blood, Medicine and the Law of God(Sangue, Medicina e a Lei de Deus) eles fazem o seguinte comentário:

“A lei que Deus deu a Noé tornou ilegal o consumo de sangue, ou seja o seu uso como alimento ou para sustentar a vida. Já que isso é errado no caso de sangue de animais, é ainda mais repreensível no caso de sangue humano”.

“Esta lei não se originou na Lei de Moisés, só foi repetida e enfatizada lá. A proibição de sangue não era somente uma lei sobre a dieta dos judeus – é aplicável a toda a humanidade que é descendente de Noé” (p. 6-7).

“Ao comer sangue contido na carne de um animal que morria por si só dava lugar a culpa”

Isto levanta duas questões que necessitam resposta:

1. O fato de que a lei estava em força antes da Lei de Moisés torna-a compulsória para todos os descendentes de Noé?

Resposta: Não! A circuncisão também foi dada antes da Lei de Moisés e não estava vigente sobre as outras nações. Uma situação semelhante existia na distinção entre carne pura e impura praticada por Noé. De fato quando surgiu a questão do que os judeus deveriam fazer com um animal que não tinha sido sangrado, Deus disse:

“Não comereis nenhum animal que morreu por si [daí, com sangue]. Podereis dá-lo ao estrangeiro que está dentro da tua cidade, para que o coma, ou vendê-lo ao estranho” (Deut. 14:21)
Com isto notamos que a proibição dada a Noé estava limitada a Israel. Isto era assim devido à necessidade de respeitar o sangue em relação ao seu código sacrificial.

2. A Lei está em vigor hoje para os crentes?

Resposta: Temos certeza que até as Testemunhas concordam que a Lei de Moisés e a lei da circuncisão não estão em vigor para os crentes de hoje. Porque eles persistem em um elemento da Lei relativa ao sangue?

“Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência” (Paulo em 1 Coríntios 10:25).

Isto claramente mostra que com o cumprimento da Lei de Moisés em Cristo Jesus o código sacrificial que lhe estava associado não era mais necessário. Para qualquer Testemunha se agarrar às antigas leis em face de tão claro testemunho é negar as palavras de Paulo. Se os Cristãos podem comer qualquer carne (até com sangue) eles podem aceitar transfusões de sangue com igual liberdade de consciência.

ATOS 15:20-28

A outra citação restante que é usada pelas Testemunhas e que precisa ser comentada é esta:

“Pareceu bem ao espírito santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados…”.
O comentário da Sociedade Torre de Vigia é o seguinte:

“Isto é um mandamento para se abster do sangue, que não era somente uma restrição relativa à dieta, mas um requerimento moral importante.” (Jehovah’s Witnesses and the Question of Blood(As Testemunhas de Jeová e a Questão do Sangue), p.12).

A confusão surge da palavra “essenciais”. Isto afinal eram mandamentos ou recomendações? Que estas restrições sobre dieta não eram assunto de salvação se torna óbvio quando consideramos as palavras de Paulo nas seguintes passagens:

Carne oferecida a ídolos:

“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Cor. 8:4).

“Não é a comida que nos recomendará a deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos” (1 Cor. 8:8).

Sangue e carne de animais sufocados:

“Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência” (Paulo em 1 Coríntios 10:25).

Claramente Paulo ensinou que os crentes não eram aferrados pela “carne oferecida a ídolos” ou por essa carne com sangue. A razão para a recomendação em Atos 15:28 era a natureza sensível da relação entre judeus e gentios que foram unidos pelo Evangelho de Cristo. Os judeus trouxeram com eles os seus hábitos e tradições alimentares e ficavam ofendidos com o hábito dos gentios de comerem qualquer carne, mesmo com sangue.

Assim como era errado aos judeus exigir aos gentios que guardassem a Lei de Moisés (Atos 15:5 – comparar com o versículo 24) assim também era errado os gentios causarem escândalo aos seus irmãos judaicos ao comerem carne com sangue na sua presença, sem respeito pelos seus hábitos antigos. Paulo escreveu assim sobre este tema:

“E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Cor. 8:13).

“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam” (1 Cor. 10:23).

Isto coloca em perspetiva a passagem em Atos 15:28 . Não era um mandamento para todos ou para sempre, era meramente uma recomendação para que os gentios convertidos a Cristo se refreassem de causar ofensa desnecessária. Note a razão que acompanhou a recomendação:

“Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam” (Atos 15:21).

Era necessário exercitar discrição para evitar ofender os irmãos judeus. Nos nossos tempos não temos esse problema e a “necessidade” não mais se aplica. Era uma recomendação para aquela época em especial quando os judeus e gentios juntos aceitaram Jesus.

Você notará que o argumento é sobre assuntos de alimentação – não transfusões de sangue!

AS TESTEMUNHAS SE CONTRADIZEM

Embora estando prontos para morrer ao evitar transfusões de sangue, as Testemunhas prontamente aceitam vacinas:

“Vacinas ou inoculações não é alimentar-se de sangue” (Make Sure of All Things(Certificai-vos de Todas as Coisas), p.48).

No entanto o ponto de vista deles sobre sangue é bem claro:

“Com vista nos avanços constantes no campo da pesquisa médica, constantemente aparecem novos tratamentos envolvendo o uso de sangue e os seus componentes. Mas qualquer seja o método de transferir o sangue ou substâncias sanguíneas para o corpo – a lei de Deus permanece a mesma” (Blood, Medicine and the Law of God(Sangue, Medicina e a Lei de Deus), p. 14).

As vacinas e inoculações claramente se enquadram na categoria de “sangue e seus componentes”. Considere a definição providenciada pela Enciclopédia Britânica sobre a derivação de vacinas:

“O tratamento do tétano emprega um soro antitóxico (preferivelmente de origem humana – para uso em grande escala é preparado a partir de sangue de cavalos e vacas que foram inoculados com toxoide tetânico e neurotoxina e ficaram imunes.

“Imunoglobulinas séricas são uma parte relativamente pequena do plasma que contém anticorpos ou substâncias químicas que ajudam a combater as doenças…” (Vol 3. Pp. 809, 885-886).

As Testemunhas estão claramente em discrepâncias com as suas próprias doutrinas. As vacinas para sarampo são feitas a partir de sangue humano, e no entanto eles aceitam estas e negam transfusões de sangue.

Talvez a razão para esta notória contradição seja que as vacinas são obrigatórias para viajar para outros países e se eles rigidamente e honestamente aplicassem o seu ponto de vista sobre o sangue às vacinas, os missionários não poderiam viajar. Por esta razão uma exceção é feita e assim contradizem-se a si mesmos.

O CÚMULO DO ABSURDO

As Testemunhas têm ido até ao extremo do ridículo para justificarem a sua posição impopular sobre transfusões de sangue. Considere este torcer das Escrituras:

“Temos que amar Deus com todo o nosso coração e com toda a nossa alma e com toda a nossa mente”(Mateus 22:37). O que envolve amar Deus com toda a nossa alma? Lembre-se que na Sua declaração depois do Dilúvio, na lei dada a Noé, Deus igualou a alma com o sangue dizendo, “Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer”. Não podemos drenar parte do nosso sangue, que representa a nossa vida e ainda assim amar Deus com toda a nossa alma porque tomamos parte da nossa alma – nosso sangue e o demos a alguém” (Blood, Medicine and the Law of God(Sangue, Medicina e a Lei de Deus), p. 18).

Quão incrível não! O nosso amor por Deus nasce do sangue literal, ou do nosso intelecto e emoções?

O que acontece a uma pessoa que perde muito sangue num acidente? A sua capacidade de amar Deus vê-se reduzida? Se a lógica acima apresentada é verdade então a capacidade de amar Deus é aumentada ou diminuída em proporção com o nosso volume de sangue. Certamente então os pacientes que recebem transfusões de sangue estão sendo ajudados a amar Deus de um modo mais profundo?

Deixamos isto aos leitores para que julguem por si mesmos este raciocínio.

PARA SALVAR VIDAS – NÃO PARA DESTRUÍ-LAS

Em todas a leis dadas por Deus a Israel havia sabedoria benéfica. A distinção entre carnes impuras e puras, circuncisão, abluções e o tratamento de leprosos ilustram que as leis de Deus foram feitas para a boa saúde da nação (em um tempo em que a higiene era deficiente). As leis de Deus são sempre benéficas e sugerir que Deus daria uma lei que fizessem com que as pessoas morressem quando existe métodos para ajudá-las é negar a Sua sabedoria e a consistências das Suas leis.

Não somente as Testemunhas de Jeová deturpam os fatos médicos do caso como também impiedosamente aplicam para fim indevido as Escrituras para apoiarem a sua doutrina preconcebida. De fato todas aquelas Testemunhas de Jeová que comem carne vermelha, comem mais sangue em um ano do que o sangue que eles obteriam em uma transfusão.

(Testemunhas de Jeová - uma Análise Bíblica e Histórica, Secção 5)

Tradução: S. Mestre

AS TRANSFUSÕES DE SANGUE E A BÍBLIA - NÃO ESTÃO EM CONFLITO

S. Mestre, 25.02.12

TRANSFUSÕES DE SANGUE E A BÍBLIA

As Transfusões de Sangue são erradas? Alguns dizem que são contra a Bíblia, contra Deus. Mas se as Transfusões de Sangue não são contra Deus, então muitas pessoas estão sofrendo de coração partido e infelicidade sem razão, particularmente quando os seus mais queridos estão em perigo por falta de sangue. Devemos examinar este assunto com cuidado.

ONDE PODEMOS ENCONTRAR PROVAS?


Quem ler os textos da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados fica pasmo com a falta de provas Bíblicas apresentadas para apoiar os argumentos sobre Transfusões de Sangue. São citadas vezes sem conta autoridades médicas e outras para colmatar a falta de base Bíblica. Considerando que as Transfusões de Sangue são um puramente um procedimento médico moderno, como qualquer outra operação que envolva a transferência de matéria viva de um corpo para outro ou parte de um corpo para outro, talvez não devemos ficar surpreendidos. Era impossível realizar tais intervenções até bem pouco tempo atrás.
Por outro lado Deus previu eventos do tempo presente; estes tempos de medo, estes tempos quando a promessa da vinda de Jesus é ridicularizada (Lucas 21:26; 2 Pedro 3:3-4). Mas ele não mencionou o procedimento das Transfusões de Sangue nem qualquer outros tratamentos médicos mencionados acima. Concluímos então que Deus não está especialmente interessado do ponto de vista religioso em Transfusões de Sangue. O Facto de poderem existir argumentos médicos contra as Transfusões de Sangue, é completamente irrelevante para o tema religioso. No entanto na brochura “Sangue, Medicina e a Lei de Deus” publicado em 1961 pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, o autor preenche pelo menos 36 páginas de um total de 62 lidando com fatores médicos (isso é 58% da brochura) e inclui mais de oitenta referências e citações a autores médicos. Tal proporção parece completamente errada, mas ilustra a escassez de evidência Bíblica sobre o assunto.

TRANSFUSÕES DE SANGUE É COMER SANGUE?

O que tem a Bíblia a dizer, isso é se tem, que esteja remotamente relacionado com as Transfusões de Sangue? A relação apontada, e tudo gira em torno deste relacionamento fraco, é que receber Transfusões de Sangue é equivalente a comer sangue. O comer sangue, é, claro, referido na Bíblia de uma maneira que restringia o seu uso por certo povo. Veremos estas restrições mais tarde. Por agora, perguntamos se as Transfusões de Sangue são o mesmo que comer sangue. A resposta obviamente é, não. Os efeitos de comer sangue, ou bebê-lo, seriam completamente diferentes dos efeitos ou potenciais efeitos de receber uma Transfusão de Sangue. As duas coisas são dois processos diferentes. Um transplante de rim é o mesmo que comer o rim de um companheiro humano? Claro que não! Os efeitos de inserir diretamente algo no corpo é inteiramente diferente da inserção por via do sistema digestivo.

Os efeitos de uma Transfusão de Sangue no recetor não só são diferentes dos efeitos de comer algo, mas o efeito de ambos dos casos no sangue também são diferentes. Receber o sangue através da boca significa destruir a vida no sangue; enquanto que uma Transfusão de Sangue não mata a vida no sangue que é transferido, mas incorpora-a no sangue que já lá está.

Num artigo sobre o sangue, a revista Sentinela de 1 de Dezembro de 1967 argumenta fastidiosamente que receber uma transfusão é “alimentar-se”, porque depois de longo tempo eventualmente o sangue acaba como veículo para o oxigénio e elementos do que se come, e é ele próprio desmantelado e reusado pelo corpo.

“Bem, pelos anos durante os quais o corpo se renova em novo corpo, este sangue veicular é usado ou consumido pelo corpo do paciente, o mesmo acontece com qualquer outro transplante de órgão. De que maneira, então, este desenrolar de coisas difere essencialmente de alimentar-se do sangue recebido pela transfusão? Os resultados são os mesmos: o corpo do paciente se sustenta da coisa inoculada.” (Traduzido do inglês, pág. 720).

Mas este argumento vai longe de mais. No sentido proposto o corpo de toda a agente continuamente se alimenta de sangue. Reconhecidamente do seu próprio sangue, mas note que a Sociedade não permite distinção entre o seu próprio sangue e o de outros:

“Cristãos maduros… não sentirão se eles tiverem algum do seu sangue armazenado para transfusão, será mais aceitável do que o sangue de outra pessoa.” (Sangue, Medicina…., páginas 14 – 15).
Este ensino leva à notável conclusão que toda a gente deveria remover o seu sangue para prevenir que o corpo se alimentasse dele. Mas Deus colocou o sangue no corpo e obviamente ele permite que se “alimentem” do sangue no sentido do que se está discutindo.

De facto, nenhuma das leis de Deus sobre o sangue usa o termo “alimentar-se,” mas “comer”*. Este processo acontece antes da digestão no estômago. Consumo de comida e o uso para sustentar o corpo segue-se ao processo chamado “comer”. Claramente as Transfusões de Sangue não têm nada que ver com “comer”.

*(Note que em relação ao sangue a Bíblia sempre usa o termo “comer” e “beber” em ver de “alimentar-se”. Em João 6:54,56 a Tradução do Novo Mundo tem uma exceção traduzindo a palavra “come” por “alimenta”, que é uma interpretação e não uma tradução exata.)

Agora consideraremos o ensino Bíblico sobre comer sangue. Houve três ocasiões onde Deus deu mandamentos sobre o assunto.

NOÉ E AS PRIMEIRAS RESTRIÇÕES SOBRE O SANGUE

A primeira lei na Bíblia restringindo comer sangue é dada a Noé (Génesis 9:3-4).

“Todo animal movente que está vivo pode servir-vos de alimento. Como no caso da vegetação verde, deveras vos dou tudo. Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer.”

Esta foi a primeira vez que foi permitido comer animais; antes do dilúvio só era permitido comer vegetais. Embora esta nova dieta tenha sido permitida, parece que Deus não se agradava com a matança de suas criaturas. Daí tornou o sangue um símbolo da vida da criatura, e introduziu a restrição proibindo comer sangue.

Esta restrição claramente aplica-se a Noé e seus filhos imediatos, e a implicação do contexto (veja Génesis 9:1-2) é que se aplicaria também aos seus descendentes que encheriam a terra. No entanto, notamos que os animais carnívoros não estavam restringidos de comer sangue de outros animais, mas sim de matar o homem. O homem tornou-se uma parte protegida da criação de Deus (Gén. 9:5-6):

“E, além disso, exigirei de volta vosso sangue das vossas almas. Da mão de cada criatura vivente o exigirei de volta; e da mão do homem, da mão de cada um que é seu irmão exigirei de volta a alma do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem será derramado o seu próprio sangue, pois à imagem de Deus fez ele o homem.”

O homem não poderia ser morto a não ser por castigo por ter morto outro homem. Isto tudo fazia parte da constituição preparada por Deus para a terra depois do dilúvio, para que a sua criação se pudesse multiplicar uma vez mais.

Agora é importante considerar a situação que surgiu mais tarde quando o homem se tinha multiplicado e enchido a terra. Eles construíram a torra de Babel e Deus confundiu a língua deles, e assim foram espalhados pela terra. Sem dúvida a nova constituição tinha cumprido o seu propósito principal e já não era necessária. Alguns dos seus estatutos foram revogados? A resposta é, Sim.

A proteção especial sobre todos os homens foi revogada para os inimigos de Israel. Pelo mandamento de Deus Israel destruiu nações e indivíduos que eram ofensivos perante Deus, por exemplo, as nações de Canaã. Isto era necessário, embora Deus claramente não goste do derramamento de sangue (Compare com 1 Crónicas 22:8). Mas assim como a lei que proibia o derramamento de sangue humano foi revogada por Deus, assim também o foi a lei de comer sangue.
Assim, embora na lei de Moisés a restrição sobre comer sangue tenha sido reafirmada e mais restrições adicionadas, é reconhecido que isto só se aplicava ao povo de Israel. Não estava vigente sobre o resto da humanidade. Isto fica claro lendo Deuteronómio 14:21:

“Não deveis comer nenhum corpo [já] morto. Podes dá-lo ao residente forasteiro que está dentro dos teus portões, e ele tem de comê-lo; ou pode ser vendido a um estrangeiro, porque és um povo santo para Jeová, teu Deus. (O parêntesis aparece na tradução do Novo Mundo).

Este comer de um animal que “morreu por si”, como é traduzido pela Ferreira de Almeida RA, significaria um animal em que o sangue já coagulara, e já não seria possível derramá-lo no solo como devia ser. Assim aos não Israelitas era permitido e até encorajado comprar e comer carne com sangue.

Para além das duas leis já mencionadas, outras que haviam sido dadas a Noé foram revogadas mais tarde. A distinção entre animais limpos e impuros (Génesis 7:2 e 8:20).
Isso foi revogado:

“Sei e estou persuadido no Senhor Jesus que nada é aviltado em si mesmo; somente quando um homem considera algo como aviltado, para ele é aviltado.” (Romanos 14:14. (Compare também Atos 10:10-15; Marcos 7:15, 18-20).

Os sacrifícios de animais, que foram observados por Adão, Noé e Abraão antes da vinda da lei de Moisés, foram revogados (Hebreus 10:11-12). Restrições sobre comida e bebida e também a guarda de dias especiais foram todas revogadas (Col. 2:14-17):
“E apagou o documento manuscrito [que era] contra nós, que consistia em decretos e que estava em oposição a nós; e Ele o tirou do caminho por pregá-lo na estaca de tortura. Desnudando os governos e as autoridades, exibiu-os abertamente em público como vencidos, conduzindo-os por meio dela numa procissão triunfal. Portanto, nenhum homem vos julgue pelo comer ou pelo beber, ou com respeito a uma festividade ou à observância da lua nova ou dum sábado; pois estas coisas são sombra das coisas vindouras, mas a realidade pertence ao Cristo.”

A Sociedade admite isto em relação ao Sábado, e cita esta passagem. Veja “Coisas em Que É Impossível que Deus minta” (página 295(inglês)). Para serem justos estas passagem também deveria ser aplicada a comida e bebida.

O SANGUE SOB A LEI DE MOISÉS

As principais passagens Bíblicas que proíbem comer sangue encontram-se na lei cerimonial de Moisés. (Veja Lev. 3:17; 17:13-14; Deut. 12:23-25; etc.) Esta lei agora é desnecessária. Em “Sangue, Medicina e a Lei de Deus” na página 6, isto é admitido sem convicção, mas com mais convicção em “Vida Eterna” página 331:

“No dia de Pentecostes do ano 33 E.C. a velha lei da aliança foi removida e a nova aliança inaugurada por Jesus Cristo no céu tomando o seu lugar. (Efésios 2:14,15; Colossenses 2:13,14; Hebreus 10:8-10) Isto significa então, que a proibição contra comer e beber sangue assim como estava na velha lei Moisaica foi removida? Sim!”

Mais uma vez, a revista Sentinela de 1 de Dezembro de 1967 confirma isso na página 717:

“… Deus encravou a lei de Moisés à estaca de morte de Jesus Cristo e aboliu-a. (Col. 2:13,14; Ef. 2:13-15).”

Se este facto foi realmente aceite, é difícil de entender porque praticamente metade da suposta evidência Bíblica sobre Transfusões de Sangue apresentada pelas publicações Torre de Vigia vem da lei cerimonial. Se o uso destas passagens teve a simples intenção de apresentar princípios e o significado da restrição sobre o sangue, só ó último artigo citado dá alguma pista sobre isso. E mesmo aí, é certo que os princípios não foram corretamente deduzidos. O princípio Bíblico é:

“…a vida de toda a carne é o seu sangue” (Lev. 17:14, RA)

A vida, ou alma, é dita estar só no sangue da criatura morta, figuradamente. A criatura pode morrer sem perder o seu sangue, e então onde está a sua vida? A vida não é idêntica ao sangue ou até à parte material do sangue. De forma similar a carne e sangue de Jesus são tornados símbolos da vida eterna, (João 6:53-56); e é nos dito para comer e beber deles, porque carne e sangue estavam envolvidos na provisão da vida eterna. Não é que esta vida eterna residisse realmente na sua carne e sangue. É é nos dito comer deles, e não por comer a verdadeira carne e sangue de Jesus que podemos obter a vida eterna.

Como símbolo da vida, o sangue era usado na lei cerimonial (no altar)para expiação pelas vidas dos homens (Lev. 17:11) e por isso não era para ser comido. Já que o sangue de animais não é nos dias usado dessa forma, a restrição não tem aplicação.

O significado mais abrangente e correto de “nephesh” (= alma, vida) é reconhecido pela Sentinela de 1 de Setembro de 1968, página 250, e com verdade afirma:

“Assim, a Bíblia ensina que a alma é a vida da qual você desfruta. A sua alma é VOCÊ. Quando você vive, você é uma alma vivente. Quando morre, a alma está morta.”

Quando lemos “Sangue, Medicina…” emerge uma história diferente, página 8:

“Não podemos remover de nosso corpo parte desse sangue, que representa a nossa vida, e continuar a amar Deus com toda a nossa alma, porque removemos parte da nossa alma – nossa alma – e a demos a outra pessoa.”

O argumento que aparece aqui não tem cabimento quando comparado com o que Jesus fez. Ele entregou completamente a sua verdadeira vida pelos seus amigos, não somente uma parte do sangue. Não podemos acusá-lo de não amar Deus com toda a sua alma. Mais uma vez, a partir do argumento na brochura, podemos deduzir que, por removermos uma certa quantidade de sangue de uma pessoa e doá-lo a outra, estamos tomando uma parcela da alma de um e dando isso a outro, e essa pessoa que recebeu o sangue agora tem uma alma e mais por exemplo um oitavo de alma. O argumento é claramente ilógico. Não concorda com o ensino da Bíblia, que é que a alma é a pessoa, e não parte dela que possa ser medido.

A ÁGUA DE BELÉM

Outro argumento irrelevante publicado pela Sociedade(veja “Sangue, Medicina e a Lei de Deus” páginas 5-6), é tomado da ocasião em que o rei David recusou beber a água que os seus homens trouxeram de Belém, porque ele disse que havia sido como sangue de suas vidas que eles puseram em perigo (1 Crónicas 11:18-19). Isto é somente outro exemplo de tomando um líquido, neste caso água, para representar a vida de pessoas. Não era obviamente as suas verdadeiras vidas; mas devido ao perigo que incorreram em obtê-la, a água representava as suas vidas. Ao fim ao cabo os homens eram mais importantes para David do que a água, e por isso recusou bebê-la. Notamos que foi água que David recusou beber, e não sangue. Era errado ele beber qualquer outra água? Obviamente que não. Da mesma forma, porque a alguns foi proibido o sangue, não quer dizer que não seja comestível, ou que todos tenham sido proibidos de usá-lo.

REGULAMENTOS DO CONCILIO DE JERUSALÉM

O Concílio de Jerusalém é mais relevante para o caso da proibição de comer sangue para Cristãos, do que a água de Belém. Mas, a Transfusão de Sangue não é o mesmo que comer sangue; por isso nem mesmo este argumento é aplicável. Para mais, veremos que está aberta a muitas dúvidas, nos dias de hoje, a decisão desse Concílio proíbe tomar sangue, mesmo pela boca.

O relatório do Concílio de Jerusalém está registado para nós em Atos capítulo 15, e a decisão relevante era a seguinte:

“Pois, pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação.” (Atos 15:28-29)

Vejamos, esta decisão do Espírito Santo e dos Apóstolos foi tinha originalmente a intenção de ser aplicada aos gentios das Igrejas da Antioquia, Síria e Cilícia (Atos 15:23), nas congregações mistas que se encontravam nesses lugares, quando estas Igrejas foram estabelecidas. A decisão foi tomada no contexto da demanda que os crentes gentios fossem circuncidados e guardassem a lei de Moisés (Atos 15:5). Foi repetida (Atos 21:25) no contexto de uma acusação contra Paulo dizendo que ele ensinava os Judeus a deixarem a lei, o que era mentira. Estes eram problemas das Igrejas daquele tempo. Não surgiram de um momento para ou outro, tinham estado em ebulição por algum tempo, ocasionalmente rebentando em conflito aberta, A primeira ocasião aconteceu imediatamente depois do Apóstolo Pedro retornar de uma visita à casa de Cornélio para pregar o evangelho. Os apoiantes do grupo da circuncisão contenderam com Pedro. (Veja Atos 11).

Se examinarmos a história destes problemas, veremos que eles sempre tinham que ver com a circuncisão e a lei de Moisés. Os decretos do Concílio de Jerusalém, como seria de esperar teriam alguma ligação com isso. Os decretos tinham como objetivo prover uma solução para as dificuldades, e como iremos ver, fizeram isso mesmo.

No entanto, olhando para os argumentos apresentados no Concílio, fica claramente provado pelo testemunho do Espírito Santo que guardar a lei era desnecessário para os gentios; a sua fé era suficiente para purificar-lhes o coração (Atos 15:8-9). Os Apóstolos esforçavam-se em evitar colocar os gentios sobre qualquer jugo desnecessário. Pedro chama a lei de “jugo” (Atos 15:10), e os decretos do Concílio foram cuidadosos em evitar “acrescentar um fardo adicional” aos discípulos (Atos 15:28). Apesar disso, foi imposto um fardo de quatro decretos de abstinência. Por isso deve ter havido alguma razão porque estes fardos em particular, foram considerados necessários. Que razão seria essa?

Em três casos os decretos se referem ao comer. Se olharmos para trás para a origem da controvérsia veremos que a questão sobre comida estava lá.

“De modo que, quando Pedro subiu a Jerusalém, os [patrocinadores] da circuncisão começaram a contender com ele, dizendo que ele tinha ido à casa de homens incircuncisos e havia comido com eles. (Atos 11:2-3)

A objeção à ação de Pedro em ter ido até Cornélio era que ele tinha estado com gentios e comeu com eles. Esta era a dificuldade enfrentada pelos judeus que queriam manter a lei. Era impossível mantê-la e ao mesmo tempo comer com os gentios.

TRAZENDO PAZ PARA A IGREJA

A decisão do Concílio de Jerusalém era bem equilibrada para enfrentar a situação que existia entre crentes judeus e gentios. Por um lado permitia aos gentios quase completa liberdade do jugo da lei; mas por outro lado restringia os gentios no que seria suficiente para permitir os judeus partilhar refeições com eles. Este era o objetivo principal dos decretos sobre comida oferecida a ídolos, sangue, e animais estrangulados. Os decretos permitiam que tanto judeus como gentios, tanto aqueles que desejavam guardar a lei, e aqueles que não o queriam fazer, viver em harmonia; trazendo assim paz à Igreja(Agora podemos entender a referência a Moisés sendo pregado, no julgamento feito por Tiago nesse Concílio (Atos 15:21). Não era que, se os judeus estivessem pregando Moisés, os Cristãos gentios teriam que guardar e pregar toda a lei. Pelo contrário, porque Moisés era pregado pelos judeus e muitos seguiam isso, os decretos tinham que tomar isso em consideração. Se removermos a pregação de Moisés e os seguidores, e a necessidade dos três decretos desaparece).

Ao implementarem estes decretos ambos os lados podiam mostrar amor uns pelos outros. Os gentios mostravam amor ao se sujeitarem a algumas restrições no que se refere a suas dietas; enquanto que os judeus mostravam amor e respeito pelo crente gentio ao estar na companhia deles, uma privilégio que não se estendia aos outros gentios. O quarto decreto sobre fornicação não é do mesmo caráter e foi incluído por uma razão diferente que mencionaremos mais tarde.

Daquilo que já escrevemos, deve ficar claro que os primeiros três decretos dependiam das circunstâncias que existiam entre dois partidos dentro da Igreja, aqueles que queriam guardar a lei, e os que não queriam. Essas regras tinham sentido nessas circunstâncias; mas em outras circunstâncias são realmente necessárias? Estas regras eram para ser aplicadas em todas as Igrejas? Fica claro a partir do ensino de Paulo em suas cartas que a resposta a estas questões é, Não.

O ENSINO DE PAULO DEPOIS DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM

Paulo é muito claro sobre a restrição sobre o que comer. Ele estava convencido de três coisas:
1. Nenhuma comida é moralmente prejudicial por si só; quer seja oferecida a ídolos, ou sangue ou o quer que seja.
2. Quando comemos devemos fazê-lo em fé e dando graças a Deus, completamente seguros em nossas próprias mentes .
3. Podemos comer desde que isso não afete negativamente os outros. Se isso ofender ou causar dano a outro, então temos que nos restringir por amor a eles.

Este ensino vem claramente de 1 Coríntios capítulos 8 e 10, Romanos Capítulo 14, Colossenses 2:16-17 e 1 Timóteo 4:4-5; embora estas epístolas tenham sido escritas bastante tempo depois do Concílio de Jerusalém, e daí com total conhecimento dos seus decretos - O registo da primeira pregação em Corínto, por exemplo, não se encontra senão no capítulo 18 de Atos. Recomendamos que o leitor leia essas passagens antes de continuar.

Os três pontos do ensino de Paulo são ilustrados pelas seguintes citações:

Ponto 1:
“Sei e estou persuadido no Senhor Jesus que nada é aviltado em si mesmo; somente quando um homem considera algo como aviltado, para ele é aviltado.” (Romanos 14:14)

“Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; Porque do Senhor é a terra e a sua plenitude. Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência.” (1 Coríntios 10:25-27, RA)

“Não há nada de fora dum homem passando para dentro dele que possa aviltá-lo; mas as coisas que procedem do homem são as que aviltam o homem… Assim declarou limpos todos os alimentos.” (Marcos 7:15-20)

Veja outras passagens relevantes: 1 Cor. 8:4,7; 10:19-20; Col. 2:16-17; Rom. 14:2-4, 20; 1 Timóteo 4:4-5.

Ponto 2:

“A razão disso é que cada criação de Deus é excelente, e nada deve ser rejeitado se for recebido com agradecimento, porque é santificado pela palavra de Deus e pela oração sobre [ele].” (1 Timóteo 4:4-5)

“Mas, se tiver dúvidas, já está condenado, se comer, porque não [come] em fé...” (Romanos 14:23).

Veja também Romanos 14:2,5,20; 1 Cor. 8:7.

Ponto 3:

“Assim, pois, empenhemo-nos pelas coisas que produzem paz e pelas coisas que são para a edificação mútua. 20 Parai de demolir a obra de Deus só por causa do alimento. Verdadeiramente, todas as coisas são limpas, mas é prejudicial para o homem que come com motivo para tropeço. 21 É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer algo que faça teu irmão tropeçar.” (Romanos 14:19-21).

“Mas, se alguém vos disser: “Isto é algo oferecido em sacrifício”, não comais, por causa daquele que o expôs e por causa da consciência. “Consciência”, digo eu, não a tua, mas a da outra pessoa. Pois, por que haveria de ser julgada a minha liberdade pela consciência de outra pessoa?” (1 Cor. 10:28-29)

Veja também Rom. 14:13,15-16; 1 Cor. 8:1,9-13;10:23-24)

APLICANDO O ENSINO DE PAULO NOS DIAS DE HOJE

Fica claro a partir do ensino de Paulo que os decretos do Concílio de Jerusalém ou haviam sido revogados, ou nunca tiveram a intenção de serem absolutamente e universalmente aplicados. A última destas possibilidades é que muito provavelmente estará correta. Os decretos eram aplicados onde e quando fossem necessário para trazer paz e harmonia para dentro da Igreja. Aplicavam-se particularmente às Igrejas onde havia uma mistura de judeus e gentios. Os escritos de Paulo dão a razão para a existência de tais decretos. Ele sumariza a situação dizendo,

“Guardai-vos para não vos tornardes causas de tropeço para judeus, bem como para gregos e para a congregação de Deus.” (1 Coríntios 10:32)

Todos os homens deviam ser tratados com o bem deles em mente. Quer crente ou descrente. Poderia ser um judeu que queria obedecer à lei de Moisés, ou um gentio que achava difícil separar coisas usadas na adoração falsa da própria adoração.

Os princípios ainda são aplicáveis hoje, mas vivemos num mundo muito diferente daquele do primeiro século. É pouco provável causarmos dano a um irmão ou conhecido pela comida que comemos nestes dias ( veja Romanos 14:15); mas ao recusar permitir Transfusões de Sangue a um dependente, podemos realmente ficar responsáveis pela sua morte. Isto não mostraria o princípio do amor, que é a base de todos os decretos.

Alguns podem argumentar contra o que escrevemos sobre os decretos. Se os primeiros decretos de restrições podem ser tratados desta forma, que dizer do quarto sobre a fornicação? É permitida agora? A resposta é, Não. Paulo trata a fornicação de um modo completamente diferente. Ele mantém que todos os crentes devem se manter afastados disso.

“Nem pratiquemos a fornicação, assim como alguns deles cometeram fornicação, só para caírem, vinte e três mil [deles], num só dia.” (1 Cor. 10:8)

A restrição no que diz respeito à fornicação é claramente mantida por Paulo em passagens como 1 Cor. 6:18; Gál. 5:19-21; Ef. 5:3-5 e outras. Em nenhum lugar encontramos qualquer sugestão de como tendo sido abolida. Em ugar algum aparece a sugestão de que a sua aplicabilidade depende das circunstâncias.

Uma razão provável para a fornicação aparecer juntamente com os decretos sobre comida oferecida a ídolos, sangue e animais estrangulados, é que assim como os outros estavam intimamente ligados à idolatria.

NÃO EXISTE QUALQUER INDÍCIO NA BÍBLIA CONTRA TRANSFUSÕES DE SANGUE


O estudo acima mostra que não existe um argumento Bíblico substâncias contra as Transfusões de Sangue com o propósito de salvar vidas. As lei sobre comer sangue foram dadas com o propósito apropriado para as circunstâncias de Noé, Israelitas, e os Cristãos gentios do primeiro século. Como descobrimos, os propósitos não são definitivamente apropriados para os dias de hoje. Mesmo que fossem, seria errado confundir a Transfusão com o ato natural de comer. A Sociedade adultera a evidência Bíblica em suas publicações falíveis.

O USO ERRADO DO MEDO

Uma das características mais fortes das publicações deles sobre Transfusões de Sangue é a tentativa que é feita para amedrontar os leitores pela descrição horrenda do que poderá acontecer como resultado de uma Transfusão. É como o ensino da Cristandade sobre o inferno de fogo, que não base bíblica também. Que sofrimento horrível e desnecessário é infligido aos corações daqueles assediados por esta doutrina, particularmente aqueles que têm filhos.

Quão diferente é a atitude dos Apóstolos. Ele não viram razão para assustar os crentes no que se refere o sangue. No que foi possível eles evitaram qualquer tipo de fardo, e através de decretos do Espírito Santo ofereceram paz e amor à Igreja. Desta forma foram capazes de trazer grande alegria aos discípulos; mentes que não estavam atormentadas com a morte.

A exigência de que um Cristão deve se abster de Transfusões de Sangue impõe um jugo injustificado sobre ele com a intenção de causar tristeza. Não há desculpa para isto. A consciência de outro não ficará machucada por recebermos uma Transfusão no hospital. Nem a nossa dádiva de sangue torna difícil que outro continue com o seu modo de vida tradicional. Certamente em qualquer dos casos não estaremos desobedecendo a Deus, porque tal exigência não existe.

J.S.G

Tradução: S. Mestre

"... que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século?"

S. Mestre, 17.11.11

"... que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século." (Mateus 24:3)

Problema: As T.J. afirmam que a palavra grega "parousia" significa "presença", daí o retorno de Cristo só será notado por aqueles que o veem com os olhos do discernimento. É dito que isso aconteceu em 1914. E é literalmente afirmado que Jesus nunca colocará um pé na terra.

Solução:

1 - "Parousia" segundo os estudiosos do grego pode significar presença(ver entrada de "parousia" na Analytical Concordance to the Holy Bible de Robert Young), mas isto não implica necessariamente uma presença invisível. Por exemplo, a mesma palavra "parousia" aparece no original em grego de outras passagens como: na chegada de Tito (2 Coríntios 7:6, 7); a chegada de Estéfanas (1 Coríntios 16:17); e a presença de Paulo (Filipenses 1:26) requerem uma presença pessoal destas pessoas. Do mesmo jeito, a "presença pessoal" (Em grego: Parousia) é exatamente o que o registo implica - uma presença literal e visível.

2 - Jesus advertiu contra falsos profetas que ensinariam um "retorno invisível". Jesus disse: "Portanto, se vos disserem: "Ali está ele no deserto!", não vão lá. Ou então: "Está escondido em tal lugar", não acreditem. Pois, tal como o relâmpago alumia o céu de um extremo ao outro, assim será a vinda do Filho do Homem. (Mat 24:26-27 SBP)" . Este versículo é o oposto direto do ponto de vista que afirma que Cristo retornou invisivelmente em 1914 ("escondido em tal lugar"). Nem se pode associar um relâmpago que ilumina todo o céu com um evento que não é visível.

3 - Jesus irá visivelmente e literalmente retornar à terra. Isto se prova através da evidência que se segue:

a) "Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio..." (Zacarias 14:4 ), nessa passagem as T.J tentam espiritualizar o monte mas basta perguntar qual é intenção de espiritualmente dividir o monte em dois e formar uma planície desde Geba até Rimom(Zac. 14:10) para indicar que esta passagem não é figurada. Cristo retornará ao monte de onde ascendeu ao céu (Atos 1:10, 11). Este evento irá cumprir o que foi dito, "Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir."(Atos 1:11), as TJ às vezes respondem a isto dizendo que "do modo" se refere ao fato de que só uns poucos viram Jesus ascender ao céu, daí só uns poucos irão testemunhar o seu regresso. Basta sublinhar que "o modo" descrito na passagem não se refere ao número de pessoas presentes , mas sim ao "modo" como Jesus ascendeu - uma nuvem o recebeu e o deixaram de o ver.

b) Os habitantes de Jerusalém e a casa de David "olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito." (Zac. 12:10; confira com 13:6). Como pode isso acontecer a não ser que Cristo retorne pessoalmente à terra? (confira com Apocalipse 1:7 - " Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.")

4 - "Parousia" não é a única palavra grega usada para descrever o retorno de Cristo:

a) Phaneroo - "quando aparecer o Sumo Pastor (1Pe 5:4 ACF). Esta palavra não somente significa aparecer mas também carrega o significado adicional de que a pessoa será vista em seu verdadeiro caráter. É a mesma palavra usada sobre os crentes quando estiverem presentes perante o tribunal de Cristo (2 Coríntios 5:10), e também é usada para descrever a primeira vinda de Cristo (Hebreus 9:26).

b) Prosopon - " banidos da face do Senhor" (2Tess. 1:9). Esta palavra indica a presença atual de alguém que está vindo e que todos estarão perante a sua face. A mesma palavra é usada para descrever a presença de Cristo perante o Seu Pai no céu (Heb. 9:24).

c) Heko - "Conservai o que tendes, até que eu venha", (Apo. 2:25). Esta palavra significa não somente vinda, mas sublinha a chegada também. A mesma palavra é usada na chegada de Jesus à Galileia vindo da Judeia (João 4:47), e para a chegada do filho pródigo a casa (Lucas 15:27).

(Palavras gregas conferidas na Analytical Concordance to the Holy Bible, Londres, Lutterworth Press, 1965).

Assim podemos ver que o retorno de Cristo tem que ser pessoal e visível.

Tradução: S. Mestre

PORQUE É PERSONIFICADO O PECADO?

S. Mestre, 03.08.10

A Psicologia e Sociologia do Pecado


Uma nova questão


NUMA ÉPOCA em que a cristandade em geral acreditava na existência de um diabo sobrenatural, um anjo caído do céu que conspirava em todas as oportunidades para atrair almas para o pecado, não é de estranhar que os Cristadelfianos, estando livres de tais horrores pela Verdade, devem estar ansiosos para demonstrar que o Diabo das Escrituras não tinha nada a ver com as superstições pagãs que tinham infetado o Cristianismo. Por exemplo, no capítulo do irmão Robert Roberts sobre o Diabo em Cristandade Desviada o peso do argumento é mostrar que o ensino das “igrejas” é antibíblico. Hoje em dia, no entanto, na maior parte, as velhas superstições não são defendidas e a corrupção moral é atribuída a males sociais, e talvez encontramos poucas oportunidades para discutir o assunto.

No passado tivemos de demonstrar a partir da Escritura que o Diabo, claramente descrito como uma pessoa, é de facto a personificação do “pecado na carne”. Num clima diferente de pensamento no entanto, somos desafiados a responder a uma nova pergunta: Por que o pecado é personificado? – É por isso que a Bíblia fala do diabo como se fosse uma pessoa? Não é suficiente apresentar um argumento negativo sobre o assunto. Temos de compreender o ensino positivos das Escrituras. Se podemos encontrar um razão clara para a personificação do pecado, estaremos ainda mais bem equipados para mostrar o erro daqueles que ainda mantêm o ponto de vista tradicional.

A questão, porém, não deve ser respondida apenas para o benefício dos outros. Nós mesmos somos desafiados a entender porque algumas passagens, falando do poder da morte, se referem ao Diabo (por exemplo, Hebreus 2:14) 14 “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” enquanto os outros sobre o mesmo assunto omitem essa referência. Tiago 1:14-15 “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” é geralmente citado, ao explicar o Diabo. A passagem simplesmente descreve o caminho que leva à morte: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”. A tentação nesta passagem é claramente demonstrada como tendo origem no coração do homem. Não há espaço para a influência de uma força sobrenatural. Mas se a verdade é tão simples, porque é usada nas Escrituras a ideia de "diabo”?

O equivalente do Diabo no Antigo Testamento


Ao aproximar-mo-nos do assunto uma característica se destaca obviamente: o Diabo é um conceito do Novo Testamento. Existem apenas três vezes em que "demónios" ocorre no Antigo Testamento. A palavra "diabo" não se encontra no Antigo Testamento. E essas três passagens falam de falsos deuses adorados por Israel.

Levítico 17:7 “Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demónios, com os quais eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo nas suas gerações”.


Deuteronómio 32:17 “Sacrifícios ofereceram aos demónios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais.”


Salmo 106:37 “imolaram seus filhos e suas filhas aos demónios”
A observação merece uma explicação. É uma regra sã de exposição que cada tema, se corretamente entendido, pode ser seguido por toda a Escritura. Qual é então a contrapartida do Velho Testamento para o Diabo? Uma visão geral das Escrituras rapidamente fornece a resposta. O Diabo no Novo Testamento representa o poder em oposição à Verdade. No Antigo Testamento, o papel é realizado pela idolatria pagã. Um estudo de idolatria, tal como apresentado na Escritura estabelece as bases para a compreensão do Diabo.

A loucura da idolatria é desnudada em Isaías 44. As observações feitas pode parecer óbvias para a mente iluminada, mas vale a pena fazer um pequeno balanço dos efeitos desta análise. No versículo 9, o profeta declara que a vaidade dos ídolos é atestada pela sua própria natureza: “eles mesmos são testemunhas de que elas[imagens] nada vêem, nem entendem, para que eles sejam confundidos." Qual é então o segredo do seu poder sobre os homens? O versículo 13 dá a resposta. “O artífice... esboça uma imagem; …à semelhança e beleza de um homem”. Como há um só Deus, a idolatria só pode ser o produto da imaginação do homem “o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira aquilo em que confio?” (V.20). Naturalmente os ídolos resultantes são imagens distorcidas do homem para refletir as características e as faculdades que o homem considera mais desejáveis. Verdadeiramente “o ídolo não é nada” por si só, mas é a expressão externa do orgulho humano e rebelião contra Deus. Se o ídolo tem uma existência que não seja de madeira ou pedra, só pode ser no coração do homem. Esta é a mensagem de Ezequiel, no capítulo 14, onde a Palavra do Senhor testemunhou contra os homens de Israel que levantaram “os seus ídolos dentro do seu coração”. “Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração, tropeço para a iniquidade que sempre têm eles diante de si; acaso, permitirei que eles me interroguem?" (V.3).

Podemos assim maravilhar-nos com a capacidade do homem para o auto-engano. As etapas desse processo são descritos em Êxodo 32, quando Arão fez o bezerro de ouro. Começando com os brincos de ouro, aparato de vaidade humana , um bezerro de ouro, foi moldado, e depois investiu na mente das pessoas com o poder que os livrou do Egito “o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito”(v.8). Seja qual for o modelo pagão ao qual a imagem pode ter sido conformada a sua existência era dependente do orgulho de Israel. “Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz” (v.9). Na resposta que Arão deu a Moisés temos um vislumbre do auto-engano que teria resultado em Israel realmente acreditar que o bezerro de ouro os tinha salvo: “Então, eu lhes disse: quem tem ouro, tire-o. Deram-mo; e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro. "(v.24). Uma sugestão que talvez alguma forma de adivinhação tivesse sido usada na criação do ídolo.

Ídolos, portanto, podem ser visto como a imagem externa do coração do homem, que é perverso e enganoso. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Jeremias (17:9) Em que os deuses representados pelos ídolos são atribuídas personalidades, são personificações do coração do homem pecador.

A função social dos ídolos


Mesmo que a existência do poder de um ídolo dependia que o coração do homem assim o quisesse, uma vez estabelecido numa cultura esse poder é maior do que o indivíduo. O irmão Arthur Gibson na sua introdução ao estudo “Eliseu, o profeta da Graça” mostrou que os deuses de Canaã, eram considerados os guardiões dos direitos espirituais e temporais do povo: “Na Palestina, havia um complicadíssimo sistema altamente sofisticado de teologia como a política de ação com uma massmídia cujo objetivo é endoutrinar a população "(Testimony, Setembro 1978). Recusar a vontade dos deuses era se opor às forças sociais representadas pelos deuses. Esses deuses pareciam ter o poder de retaliação pessoal já que a calamidade quase certamente sucederá ao cidadão infiel que ultrapassem as normas e valores sociais. Desta forma, os falsos deuses que se apresentam como agentes de controle social, e uma sociedade era conhecida pelos seus deuses. Existe então um sentido em que os deuses existiam fora do indivíduo.

É fascinante observar que a natureza sofisticada do casamento da teologia com a política na sociedade cananeia foi reconhecido nas Escrituras e recebeu a resposta adequada. Tem sido demonstrado que, assim como abertamente condenanda a estupidez da adoração de ídolos, os profetas de Javé denunciaram os deuses, como Baal, por meio da paródias e trocadilhos: a forma de ataque que convinha à sutileza da influência de Baal. Eliseu ao flutuar o machado de ferro foi visto como um milagre contra a adoração de Israel “da máquina militar da Síria e da teologia atendente de um deus da guerra”. A forma da lição reconhecida, mas ao mesmo tempo, punha em causa, as forças sociais que operam através dos deuses.

Há, portanto, dois aspectos importantes da idolatria, que são reveladas na Escritura. Eles podem ser descritos em termos modernos como a psicologia e a sociologia da idolatria. Pela psicologia refiro-me à base de idolatria centrada nos corações dos homens e mulheres individuais. Idolatria é essencialmente natural, não sobrenatural, porque está enraizada na natureza humana. A sociologia da idolatria, no entanto, é a dimensão importante a ressaltar aqui, porque nós devemos compreender como é que os deuses podem ser maiores do que os indivíduos que originalmente os criaram. Os deuses, embora dependendo da ingenuidade humana para a sua credibilidade, poderiam influenciar o comportamento, atitudes e crenças do indivíduo através de caminhos sutis proveniente de fora do indivíduo e até mesmo independentes duma crença na existência de deuses sobrenaturais. Isto poderia ser assim porque os ídolos encapsulavam a ideologia predominante da sociedade.

Idolatria e o Diabo


A idolatria é referida no Novo Testamento, mas não parece ter tido o mesmo poder sobre as vidas das pessoas como foi o caso no Antigo Testamento. Particularmente nas cartas de Paulo, a idolatria é apresentada como um aspecto de rebeldia contra a justiça ao invés de ser um mal prevalecente. Considere Gálatas 5:19-21.

19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,

20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,

21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.



A idolatria é o quarto item de uma lista de dezassete obras da carne. Talvez isso reflita a menor importância dada às doutrinas religiosas de adoração de ídolos no mundo Romano. No entanto, a essência da idolatria era manifestada na vida secular na adoração a Mamom (como Paulo indica, a avareza é idolatria) e na adoração do poder do Estado.

Esta é a razão para a introdução do Diabo no Novo Testamento. É a de cristalizar a consciência do poder do pecado, que ficou a cargo da natureza humana. O Diabo, como uma pessoa, mas também por ser maior do que o indivíduo, resume esse poder. O irmão Thomas expressou claramente este ponto quando escreveu: “A mente carnal ou serpente na carne, é o objecto de uma dupla manifestação, ou seja, individualmente e coletivamente" (Elpis Israel, 14 ª edição, p.91).

"O príncipe deste mundo"


Até agora, temos mostrado que os falsos deuses, embora criações da imaginação dos indivíduos(homens e mulheres corruptos) , podem possuir um poder que era superior, e exterior, ao indivíduo. Os deuses eram parte da estrutura da sociedade, o que representa a ideologia predominante, e pode influenciar o pensamento do indivíduo e de comportamento através das forças sociais. Desta forma, os deuses podiam exercer um controle real sobre os seus seguidores. Esses falsos deuses podem ser pensados como personificações da natureza humana pecaminosa, suas concupiscências e ambições. De forma semelhante, no Novo Testamento o Diabo é apresentado como uma personificação do pecado, que, embora originário do coração do indivíduo torna-se no conjunto de organizações sociais num poder maior do que o individuo.

Apreciando este aspecto do pecado humano nas organizações é essencial para uma plena compreensão do conceito bíblico do diabo. O diabo não é apenas essa “voz de dentro”, que mnos instiga a desobedecer aos mandamentos de Deus. Com efeito, na Escritura, onde a propensão do indivíduo para o pecado é mais claramente discutidas – Romanos 7 – Paulo não menciona o diabo. Naquelas passagens onde encontramos o diabo descrito em detalhe são atribuídos poderes maiores do que os indivíduos possuem.

A primeira referência ao diabo está no relato da tentação do Senhor Jesus no deserto,. Lá, o Diabo está na posição de ser capaz de dar a Jesus “todos os reinos do mundo”. “Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.”(Mateus 4:8, 9). O Diabo é o senhor do reino dos homens. O mesmo status e autoridade são mais evidentes em Efésios 6. A fim de suportar as astutas ciladas do diabo os Efésios são exortados a “colocar toda a armadura de Deus”, uma proteção que era essencial, pois as forças que lutavam contra eram “principados”, “potestades”, “dominadores deste mundo tenebroso”, e “forças espirituais do mal, nas regiões celestes”(6:12). Estas são as hierarquias sociais, políticas e religiosas criadas pelo homem e que são motivadas por um “espírito de desobediência” que obriga os homens a viverem “segundo o curso deste mundo" (2:2).

Em Efésios 6, mais claramente, somos informados de que a luta contra o pecado não se limita a resistir a uma “voz interior”, mas é também uma batalha contra um governo bem organizado do pecado. As sociedades humanas, governos e instituições, dedicadas ao culto do homem são caracterizadas por um “espírito de desobediência” (Efésios 2:2) que permeia todos os aspectos da vida, incluindo ciência, educação e sistemas religiosos, e atividades sociais e culturais. Através dessas influências as astutas “ciladas do diabo”(Efésios 6:11) seduzem os incautos para seguir “o curso deste mundo” (Efésios 2:2). O pecado domina sobre os assuntos dos homens e por isso é dado o título de “o príncipe deste mundo”(João 12:31).

Nos tempos do Novo Testamento, o poder social e político, foi o Império Romano, e o Diabo é identificável com este sistema em várias passagens. Ao dizer “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar;” (1 Pedro 5:8), os crentes são advertidos a estar em guarda contra o Diabo, que, como um leão que ruge, anda de roda procurando presas. Em resistindo à sua vontade os crentes teriam que sofrer as aflições infligidas pelas autoridades. Aqui, o Diabo é as autoridades Romanas ao tentarem obrigar os santos a se conformarem com o sistema.

Ao dizer “Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”(Apocalipse 2:10), o Diabo é descrito como tendo o poder de lançar os irmãos e irmãs em Esmirna na prisão.

Ao dizer “E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12: 9). O sistema pagão romano deposto por Constantino é descrito como "a antiga serpente, chamada o Diabo".

Hoje em dia as astutas “ciladas do diabo” (Efésios 6:11) são vistas nas pressões sociais que desafiam a nossa fé de maneira sutil, como apresentando o Cristianismo como uma forma de consciência social. Elas também podem ser vistas nas tentativas da mass mídia e do sistema educacional para nos fazer desacreditar no milagroso. Estamos rodeados por pressões para nos conformarmos que somos incapazes de resistir sem toda a armadura de Deus para nos proteger.

Assim, em resposta à pergunta “Porque é o pecado personificado - apresentado como uma pessoa?” o primeiro ponto que temos enfatizado é que o pecado é uma força mais poderosa do que os indivíduos e que, porque os homens vivem em grupos organizados, pode ter uma existência em si. O pecado individual é a transgressão da lei, mas o pecado expresso coletivamente é uma força política, social, religiosa contra a vontade de Deus. Devido à terribilidade deste poder há uma necessidade para marcá-lo como diferente das deficiências individuais e os atos de pecado. Nas Escrituras, o Diabo serve esse propósito. O fato de que o diabo é descrito como uma pessoa nos ajuda a identificar a força retratada. Isto é necessário desde que o homem criou o poder, e todos são potencialmente canais através dos quais pode ser perpetuado.

O princípio da personificação é resumido na frase “o homem do pecado” (2 Tessalonicenses 2:3). Não porque pode ser encontrado em um só homem, mas porque é pecado proeminentemente encarnado numa ordem de homens. A personificação do pecado, ao invés de apresentar-nos problemas de explicação, deve sublinhar claramente no nosso pensamento a corrupção do reino dos homens e a ameaça que ela representa para os santos.

O Cabeça Federal da Semente da Serpente


O diabo está nas Escritura para chamar a atenção para o poder do pecado manifesto através de organizações humanas. No Novo Testamento, vemos um confronto entre este poder e a autoridade do Céu, investida na pessoa do Senhor Jesus Cristo. A grande batalha registada é o cumprimento da profecia de “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Génesis 3:15 ) a respeito da semente da mulher e a semente da serpente. Por um lado é o Senhor Jesus Cristo, a semente prometida da mulher, e por outro lado é o Diabo “a cabeça federal” da semente da serpente. O Diabo é a serpente no mesmo sentido em que o Senhor Jesus foi o segundo Adão.

Desde Génesis ao longo das Escrituras a linha justa da semente da mulher pode ser seguida através de Sete, Noé, Sem, e Abraão, e através de “estrangeiros e peregrinos” (Hebreus 11:13), que esperaram pacientemente para o aparecimento da cidade celestial. A semente da serpente podem ser rastreada através da linha de Caim. É significativo que as Escrituras registam que Caim “edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.” (Génesis 4:17). Seus descendentes espirituais continuaram a desenvolver civilizações, dinastias e governos, que, como Babel, foram projetados para perpetuar os ideais e aspirações do homem natural. Uma vez que estas organizações são construídas em torno do homem, inevitavelmente, refletem os pontos fracos e a maldade a que o homem está sujeito. Facilmente estes sistemas podem se virar contra indivíduos para oprimir, perseguir, e pressionar para estarem de conformidade com o sistema. A soma total desses sistemas compõem o “mundo” que o Senhor Jesus venceu.

As semelhanças familiares entre a serpente e o seu primogénito, Caim, são próximas. As características da família são descritas pelo Senhor na sua denúncia dos Judeus, que também eram filhos do diabo. Em João 8:44 Jesus diz deles, "Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” Tão próximos sãos os relatos das atividades de ambos a serpente original e Caim que é difícil decidir quem está sendo referido. A serpente era um assassino já que foi fundamental para levar a morte à raça humana. Ele era mentiroso e sua a mentira, tu “certamente não morrerás” (Génesis 3:4), é o pai da mentira. Mas o versículo também pode ser aplicado a Caim. Ele foi homicida desde o início. Ele “não se firmou na verdade” (João 8:44) no sentido de que ele foi expulso das faces dos Querubins (Gn 4:14) e ele “saiu da presença do Senhor, e habitou na a terra de Node”(Génesis 4:16). Ele era um mentiroso (4:9) e pai de um expoente maior da mentira (4:23).

Caim era um filho do diabo em que ele herdou uma natureza corruptível e submeteu-se voluntariamente aos seus impulsos. Ele é apresentado em 1 João 3, como o exemplo eminente de um filho do pecado: “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio... Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão... Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”(v. 8-12).

O pecado estava encarnado em Caim, e manifestou na sua vida as “obras do diabo” pelas quais ele matou o seu irmão. Ao longo dos séculos as mesmas obras foram colocadas em oposição à linha justa da semente da mulher, mas na vida e na morte do Senhor Jesus este conflito atingiu seu clímax. Nesta batalha, registada nas Escrituras, o Diabo é usado como uma forma de resumir o poder do pecado numa personalidade que era a antítese da personalidade do Senhor Jesus.

Nós justamente salientamos a vitória do Senhor Jesus ao experimentar todos os tipos possíveis de tentações sem pecar, mas não devemos esquecer que as tentações levantaram-se, não só da natureza de "carne e sangue" com a qual o Senhor nasceu, mas também das propensões do pecado encarnado nas administrações civis e eclesiásticas da Palestina Romana. Estes últimos elementos são claramente vistos nos eventos envolvendo a crucificação.

Os acusadores no julgamento do Senhor foram, por sua definição, “filhos do diabo” (1 João 3:10). Seus motivos para matá-lo surgiram a partir de corações dedicados a manter o seu estatuto próprio e prosperidade. O ódio contra o Senhor Jesus levantou-se da violência do choque entre a verdade revelada de Deus em Jesus e a falsidade. Jesus disse-lhes: “Mas agora procurais matar-me, a mim que vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus; assim não procedeu Abraão.” (João 8:40). Esses acusadores perpetuaram a mentira contra Deus na sua rejeição de Seu filho e denunciando o ensinamento de Jesus. No julgamento a sua falsidade ficou evidente na sua dependência de depoimentos de testemunhas falsas.

Essas falsas testemunhas tiveram pouca influência sobre Pilatos, que estava numa posição de colocar Jesus em liberdade. No entanto, Pilatos, como representante da administração Romana, não estava preocupado com a verdade. Jesus disse a Pilatos “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.” (João 18:37), mas a resposta de Pilatos foi “Que é a verdade?” A verdade não era o guia das suas ações, e o Senhor foi entregue para ser crucificado. É importante notar que Pilatos e Herodes, antes inimigos, se tornaram amigos na sua oposição à “semente da mulher”. Então, Judeus e Gentios se juntaram para criar um poder do pecado que era "o diabo”.

O papel de Judas nos eventos liga esse poder ao indivíduo. Estamos especificamente dizendo que o Diabo pôs “no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus,” (João 13:2). Como o Diabo, já identificado como a prevalecente ordem religiosa, política e social, operou no coração de Judas? A influência religiosa pode ser vista na medida em que Judas seguiu o ponto de comum sobre a natureza do Messias. Judas ficou desiludido com Jesus. Ele não acreditava que Jesus era o Cristo. A influência política pode ser visto na criação das circunstâncias em que foram consideras necessárias pelas autoridades para tomar Jesus enquanto ele estava longe das multidões. A influência social pode ser vista na medida em que Judas tinha aceite a soberania de Mammon e ele era um “amante do dinheiro”.

A traição de Judas surgiu de acreditar numa mentira sobre Jesus, e tão completamente ele manifestou o caráter da semente da serpente que ele é chamado de “diabo” (João 6:70)(atenção que os tradutores da Tradução do Novo Mundo das Sagradas Escrituras(tradução própria das Testemunhas de Jeová) removeram a palavra “diabo”, talvez porque ia contra a doutrina de um diabo pessoal). Ele não era o diabo uma vez que o diabo não é qualquer pessoa, mas ele foi o canal através do qual o poder do pecado agiu.

A partir destes factos, podemos compreender que a vitória do Senhor Jesus foi mais do que superar as tendências pecaminosas da carne que ele herdou como a semente de Abraão. O Senhor Jesus venceu o mundo – as organizações humanas motivadas por um espírito de desobediência, que faziam tudo o que podiam em todas as oportunidades para evitar qu o Filho de Deus manifestasse o Pai. Essa vitória deu ao Senhor poder para destruir o Diabo, e assim tomar os reinos deste mundo como seus próprios e, finalmente, apresentar-los, libertos do pecado, como uma oferenda para o Pai. Este tempo é descrito em 1 Coríntios 15:24: “E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte”.

O governo, autoridade e poder, que o Senhor Jesus Cristo irá subjugar é a ideia bíblica do diabo. No Apocalipse este domínio do homem é chamado de “o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás” (Apocalipse 20:2) e que será reprimida por mil anos, enquanto o Senhor governa sobre as nações com cetro de ferro. No final dos mil anos o domínio do homem é permitido levantar a cabeça, só para ser totalmente destruído. Naquele tempo, o Diabo será completamente e finalmente aniquilado, e o reino do pecado terá um fim, e a própria morte irá morrer.


Stephen Palmer

Tradução: S. Mestre

O QUE DEUS PROMETEU

S. Mestre, 26.07.10

Há muitas promessas importantes na Bíblia e no presente artigo, pretendemos apenas examinar algumas delas.

Mas primeiro devemos lembrar que existem dois tipos de promessas: condicionais e incondicionais.


Condições?

Uma mãe pode dizer ao seu pequeno filho Tommy, se comeres o repolho, depois podes comer sorvete. Isto é uma promessa condicional dependente se Tommy come o repolho ou não.

Por outro lado a mãe, poderia dizer: “Tommy, como está um bom dia iremos nadar esta tarde.” Esta é uma promessa incondicional e expressa uma firme intenção de ir nadar.

Esta distinção pode nem sempre ser tão simples como parece, mas é uma distinção útil e, na Bíblia, vemos que Deus faz tanto promessas condicionais como incondicionais.

Vejamos duas passagens chave do Novo Testamento, que falam das promessas de Deus.

...Pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,
pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo
” (2 Pedro 1:3-4).



Observe que as promessas são descritas em termos superlativos – elas são "mui grandes e preciosas” e para além disso, elas prometem a vida eterna – participação “da natureza divina” – como o oposto da nossa natureza natural mortal que está sujeita à morte eterna.

Tudo Através de Jesus

A segunda passagem do Novo Testamento que queremos ver é esta:

Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele(Jesus) o sim” (2 Coríntios 1:20).


A linguagem pode parecer-nos um pouco estranha, mas o significado é muito claro – todas as promessas de Deus encontram a sua realização através de Jesus. O que significa que as promessas de Deus para as pessoas como Adão e Eva, Noé, Abraão e David são cumpridas em Jesus. Isto requer um pouco de cuidadosa investigação, se você não está familiarizado com as promessas, então vamos conhecê-las uma a uma.

A Adão & Eva

A primeira das grandes promessas de Deus é incondicional e aparece muito cedo na Bíblia - na verdade, em Génesis capítulo 3, versículo 15. Aqui está ela, dita à serpente:

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.


Estas palavras foram cumpridas em Jesus que era em uma maneira muito especial o descendente de uma mulher (Maria), mas não tinha pai humano. Ele receberia um ferimento não-fatal (uma ferida no calcanhar não é fatal), mas que, por sua vez desferiria um golpe fatal para a descendência da serpente (representando o pecado e tudo que se opõe a Deus). O Senhor Jesus, o filho da mulher, de facto recebeu ferimentos e foi cruelmente morto, mas os seus ferimentos não foram fatais. Pois Deus ressuscitou-o dos mortos ao terceiro dia para a vida eterna.

Através de Jesus (o único o homem sem pecado), o poder do pecado e toda a oposição a Deus foram quebrados (feridos) e a Seu tempo Deus toda a oposição a Deus e Jesus será completamente eliminada. Se pensarmos nisso, é uma maravilhosa promessa de esperança, para o homem e mulher que timha, pecaram e ficaram(E que por sua vez, todos nós)  sujeitos à fadiga e morte e ainda assim no início das Escrituras há essa garantia absoluta de que o poder do pecado e da morte seria completamente quebrado.

A Noé

Um pouco mais adiante, no relato Bíblico chegamos à seguinte promessa:

Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Génesis 8:21,22).


Nesta passagem, lemos que, após o grande dilúvio, Deus prometeu que  jamais voltará a usar  um diluvio como castigo. Esta é outra promessa incondicional que a grande Terra continuará habitável - e é um grande conforto para nós de vez em quando quando os cientistas fazem previsões de grandes catástrofes naturais que virão sobre a terra.

A Abraão

Talvez a mais importante de todas as promessas de Deus foi aquela feita a Abraão (mais tarde confirmada ao seu filho Isaque e ao seu neto Jacó). Por favor, leia Génesis capítulo 12 versículos 1-4. Deus fez esta promessa com a condição de que Abraão (1) deixasse a terra do seu nascimento (2) o seu povo e (3) a sua própria família. Abraão fez todas essas coisas primeiro ao sair de Ur dos Caldeus, depois deixou o seu pai e o seu próprio povo (em Harã, Síria) e, finalmente, a sua família (o seu sobrinho Ló).

Devido a isso os componentes da promessa serão certamente cumpridos. Deus prometeu que  os descendentes de Abraão se tornaria uma grande nação e isso se cumpriu, pois as nações Judaica e Árabes são todos descendentes de Abraão. Deus também prometeu que todos os povos sobre a terra seriam abençoados através de Abraão. Isto já se cumpriu? Já!

Jesus é um descendente de Abraão e através de Jesus podemos receber o perdão dos pecados e a esperança segura da vida eterna. É por isso que o primeiro versículo do Novo Testamento começa com a afirmação: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão” (Mateus 1:1).

A David

Esse versículo menciona o rei David, bem como Abraão. David foi rei em Jerusalém, cerca de 1000 a.C. e foi um servo fiel de Deus. Em 2 Samuel capítulo 7 versículos 12-16, temos o registo de uma grande promessa feita por Deus a David, acerca de um descendente  que iria reinar como rei para sempre no o trono de David, que estava, naturalmente, em Jerusalém.

O referido é descendente não é outro senão o Senhor Jesus Cristo. Isso fica claro nas palavras faladas a Maria (em Lucas capítulo 1 versículos 30-33). O anjo disse-lhe que o seu filho seria grande e que Deus:

Lhe dará o trono de David, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.


Esta promessa ainda não foi cumprida mas Jesus ressuscitou dos mortos e é o rei ungido de Deus. No devido tempo (e nós acreditamos que será em breve dentro em breve), ele retornará do céu para governar toda a terra desde Jerusalém, assim como Deus prometeu.

Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele(Jesus) o sim” (2 Coríntios 1:20).


Estas são as coisas que Deus prometeu e em Sua graça Deus oferece a cada um de nós partilhar das Suas promessas e da vida eterna no Seu reino – em  e através de Jesus.
Jesus.

David Godfrey

 

(Article: What God Has Promised, Glad Tidings 1509, pag. 15-17)

Tradução: S. Mestre

LÓ VAI PARA SODOMA

S. Mestre, 24.07.10

 

Abraão e o seu sobrinho Ló e as suas respectivas famílias e servos tinham viajado desde de Ur dos Caldeus para a terra de Canaã, por ordem de Deus. Encontrar pastagens para os seus rebanhos e manadas não era fácil, assim que decidiram cada um ir para o seu lado, e isso trouxe Ló a um ambiente difícil, como Dudley Fifield agora explica.

 

(1) O próprio nome de Sodoma passou para o idioma Português como sinónimo de infâmia e maldade humana. Como Ló veio a habitar nesta cidade ensina-nos como devemos viver as nossas vidas. Em Génesis capítulo 13, lemos sobre o conflito entre os pastores de Ló e os pastores de Abraão. Encontrar  pastagem suficiente estava a criar tensões insuportáveis, por isso Abraão

gentilmente permitiu que Ló fizesse a escolha quanto ao local onde os seus rebanhos iriam

pastar. Isto é o que nos é dito:

 

E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar. Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro”                       (Génesis 13:10,11).

 

(2) O nome Ló significa “um véu”. Alguns  descreveram-no como “o homem com um véu sobre o rosto”. Observe a ênfase; é um jogo com o significado do seu

nome. Ele levantou os olhos e olhou – mas a sua percepção espiritual estava nublada. Viu só as vantagens imediatas da bem regada campina do Jordão. Ele não foi perspicaz o suficiente para ver os perigos de viver na proximidade de tais “poços de iniquidade” como Sodoma e Gomorra. No início, somos informados, que ele “habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma” (13:12), mas quando os acontecimentos que precederam a destruição das cidades são registrados, nós vemos que Ló não só havia se mudado para Sodoma, mas que ele realmente "estava sentado à porta de Sodoma" (Génesis 19:1). Isso significa que ele tornou-se um juiz ou um governante da cidade, pois eram as pessoas que se sentavam na porta da entrada para tomarem decisões sobre os assuntos referentes à mesma.

 

(3) Dois anjos visitaram Abraão para dizer-lhe que Deus iria destruir as duas cidades de Sodoma e Gomorra por causa de sua maldade e Abraão insistiu com eles na esperança de que eles poderiam poupar Ló e a sua família (Génesis 18:23-33). Conhecendo a justiça de Deus, perguntou-lhes: “Destruirás também o justo com o ímpio?” (18:23) e, em seguida, ele tentou negociar com eles. Talvez, disse ele, houvesse cinquenta justos ali. O anjo lhe assegurou que, se fosse esse o caso então a cidade seria poupada. Abraão persistiu e confessou que, se houvesse 45, ou 40, ou 30, ou 20 ou mesmo 10 justos entre os habitantes de Sodoma, a cidade seria poupada. Foi-lhe dada a garantia de que por 10 pessoas tementes a Deus a cidade seria poupada.

 

Isto é uma visão notável da misericórdia de Deus, que Ele não destruiria a cidade, se dez justos se encontrassem lá, mas que Ele sofreria então a maldade da maioria. Isto fala-nos volumes sobre a tolerância de Deus em face da iniquidade do mundo em que nós vivemos. Sem essa graça e misericórdia a humanidade teria sido apagada da face da terra à gerações atrás. Na verdade, a realidade é que Deus sempre salva os justos, pois o “justo Ló" (2 Pedro 2:7) foi salvo quando as duas cidades foram destruídas.

 

Destruição!

 

(4) Os terríveis acontecimentos que ocorreram em Sodoma está registado em Génesis capítulo 19, versículos 1-29. Podemos nos perguntar se a visita dos dois anjos foi o teste final. Se os homens daquela cidade se tivessem comportado de maneira diferente, Deus a teria destruído? Mas não havia remédio e assim tomando Ló, a sua esposa e as suas duas filhas, o anjo conduziu-os para fora da cidade. (Veja os versículos 16-22 para um outro exemplo da compaixão e condescendência de Deus.) O capítulo diz-nos que a mulher de Ló

olhou para trás e foi transformada numa estátua de sal (versículos 17 e 26). O versículo 17 deixa claro que “olhar para trás” não significa um olhar inquisitivo sobre o ombro. Eles haviam sido alertados para virar as costas a Sodoma e a tudo o que estava associado com essa cidade, ou eles morreriam com ela. Parece que a mulher de Ló tinha deixado o seu coração em Sodoma. Ela amava esse lugar; era onde ela pertencia e, por fim, ela  ficou para trás e olhou para a cidade cheia de saudades.

 

(5) O registo diz que ela foi transformado num pilar de sal. Tem-se observado que na área do Mar Morto, há muitos pilares de sal, alguns tão altos como 12 metros. O destino dela era ser engolida no cataclismo que afetou as cidades da planície. Ela ficou literalmente enterrada num “Pilar de sal” que posteriormente manteve-se como monumento à sua incredulidade.

 

Talvez, porém, ela tivesse feito mais do que olhar para trás com saudade do que tinha deixado para trás. Em Lucas 17, o Senhor Jesus refere-se à destruição de Sodoma e compara esse evento às circunstâncias que prevalecerão na terra por altura da seu segundo vinda:

 

Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar” (v. 28-30)

 

É impressionante que, nos dias de Noé (versículos 26 e 27), não foi a grande imoralidade das pessoas que foi enfatizada, mas sim a sua obsessão com as coisas da vida quotidiana. Essas são as coisas que em si são perfeitamente legítimas, mas, uma vez que Deus é negligenciado, buscando essas coisas leva a toda sorte de más ações (ver Ezequiel 16:49,50).

 

(6) Este aviso sobre os dias da segunda vinda do Senhor nos dá outra visão sobre o destino da esposa de Ló. Pois Jesus disse o seguinte:

 

Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lucas 17:31,32).

 

A implicação é clara. Ela não somente olhou para trás, ela voltou mesmo para trás e morreu com o ímpios daquele lugar. Os incidentes ficam portanto, como um aviso para nós na presente geração de como devemos nos comportar se somos paras escapar dos julgamentos de Deus, quando Ele enviar o Senhor Jesus Cristo de volta à Terra.

 

Outra Lição

 

(7) Podemos, no entanto, aprender um pouco mais a partir do exemplo de Ló. Na sua Segunda Epístola, o apóstolo Pedro descreve a vida à qual são chamados os crentes no Senhor Jesus Cristo (1:4-7).

 

Incentivar os crentes a viver vidas como a de Cristo, ele diz:

 

Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados”           (2 Pedro 1:8-9).

 

Então seriam como Ló – o homem com o véu sobre os olhos!

 

O capítulo 2 da carta passa a falar especificamente de Ló. Ele descreve como Deus finalmente tomou ação na época de Noé, e depois ele diz o seguinte sobre a destruição de Sodoma:

 

E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis(Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas);” (2 Pedro 2:6-8).

 

Note que “todos os dias” Ló afligia a sua alma com as obras injustas daqueles. Poderíamos dizer não há nenhuma sugestão disto no registo de Génesis, mas as palavras dos Sodomitas em Génesis capítulo 19 são testemunho do que Pedro escreveu. Eles disseram: “Como estrangeiro este indivíduo veio aqui habitar, e quereria ser juiz em tudo?”(19:9).

 

Porquê, diziam, ele é apenas um estrangeiro (ou seja, um residente temporário).  Ele não é um de nós, mas ele está sempre a criticar o nosso modo de vida.

 

(8) As palavras de Pedro criam uma imagem da atitude dos homens justos e mulheres para a maldade humana que poderíamos não ter considerado. Então, Ló, sua esposa, os habitantes de Sodoma e os acontecimentos em que foram envolvidos falam-nos tanto da bondade como da severidade de Deus (Romanos 11:22). Eles advertem-nos da necessidade de odiar a maldade em todos as suas formas, e afastar-nos dela, se quisermos ser achados dignos de herdar a vida eterna no Reino de Deus.


Dudley Fifield

Tradução: S. Mestre

(Article: Lot goes to Sodom, Glad Tidings 1508, pag. 12-14)

Fé na Adversidade

S. Mestre, 23.07.10

 

O Novo Testamento foi escrito logo após que Jesus viveu na terra e foi concluído por volta do final do século primeiro. Os livros do Novo Testamento falam-nos sobre a vida e ensinamentos de Jesus e como que se espalhou esse ensino.

 

Os 66 livros do Antigo e Novo Testamentos em conjunto são “a Palavra de Deus”. Jesus deixou claro que para compreender o significado do seu ensino e da sua vida e morte, era necessário compreender “as Escrituras” (Lucas 24:25-27). Quando ele disse isso, “Escrituras” eram o Antigo Testamento. É importante, então, entendermos que o Novo Testamento é construído sobre a fundação do Antigo.

 

Um Homem de Fé

 

O Novo Testamento chama a nossa atenção para muitas pessoas do tempo do Antigo Testamento que mostraram fé preciosa perante adversidade. Tome José, filho de Jacó. Ele foi favorecido pelo seu pai porque ele era um filho temente a Deus. Os seus irmãos tinham ciúmes dele e o atacaram e quase o mataram. Em vez disso, ele foi vendido a alguns comerciantes que o levaram para o Egito. Lá ele se tornou escravo, servindo um oficial Egípcio. Ele provou ser fiel e consciencioso.  Mas um dia a mulher do oficial  acusou falsamente de tentar molestá-la. O resultado? Ele foi colocado na prisão. Apesar do facto de que tudo parecia estar dando errado de novo, José nunca perdeu a sua fé. Ele confiava que Deus estava desenvolvendo seu caráter através da provação, que Deus tinha algum propósito maior.

 

Isso ficou claro quando, mais tarde ele assistiu o Faraó no governo e armazenou cereal durante os anos de abundância para utilização durante os anos de fome. A própria família de José em Canaã foram forçados a ir ao Egito para comprar comida. Lá, numa série dramática de encontros, José revelou a seus irmãos que ele era aquele que ele tinham desprezado e vendido à escravidão muitos anos antes. Será que ele procurou a vingança? Não! Ele viu qual tinha sido o propósito de Deus:

 

Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” (Génesis 45:5).

 

José queria que os seus irmãos enfrentassem o seu errado; mas ele queria avançar e trazê-los a um relação positiva com Deus. Ele mostra-nos claramente que a confiança em Deus nos ajuda a lidar com o que a vida nos apresenta. José acreditava firmemente nas promessas que Deus fizera ao seu bisavô, Abraão, ao seu avô Isaque, e ao seu pai Jacó. Essas promessas era uma garantia de que as pessoas que fazem parte do povo de Deus têm futuro. Por mais que falhem, por muito que entrem em dificuldades, a crença nesse futuro vai conduzi-los através disso tudo. Em seu leito de morte, ele pediu a seus filhos e netos para se apegarem às promessas.

 

Observe que José foi julgado e testado pelas circunstâncias da vida em Canaã e, em seguida, no Egito. Ele foi traído pelos seus irmãos, vendido para escravidão; injustamente acusado pela esposa do seu senhor; injustamente preso, e então esquecido até que a nação precisou dele. Não há qualquer registo de envolvimento satânico  ou demoníaco na sua vida. Ele estava sujeito aos perigos usuais e desafios da vida e ele sobreviveu a estes com um notável estado de espírito, com compreensão e maturidade. Deus usou as circunstâncias duras da sua vida para desenvolver o seu caráter e prepará-lo para tudo o que estava por vir. Porque ele tinha aprendido a controlar os seus próprios sentimentos ele acabou por ser o homem perfeito para controlar e regular o Egito através dos difíceis anos de abundância e fome que estava por vir.

 

A Adversidade Personificada

 

Muitos anos mais tarde, quando David era rei sobre a antiga nação de Israel, ele

também enfrentou muitas adversidades na sua vida. Ele era um homem que amava a Deus e orava por ajuda em qualquer situação. Isto é o que fazem os homens de fé. A sua compreensão da palavra de Deus é reforçada pela oração. A oração não funciona num vácuo; consiste escutar Deus, o que fazemos quando lemos a Bíblia, a Sua Palavra. Depois, quando expressamos que precisamos d'Ele , fazemo-lo com a consciência de que Ele sabe melhor, que a adversidade e provação têm um propósito, levando-nos mais perto d'Ele e aprofundando a nossa experiência de vida. Um conhecido Salmo de David expressa isso muito bem:

 

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Salmo 23:4-6).

 

 

O salmo está escrito em linguagem poética. Sabemos que não existe na realidade um “Vale da sombra da morte”. O bordão e cajado são figuras de estilo(linguagem), lembretes dos instrumentos de um pastor. A associação entre pastor e Deus ajuda-nos a compreender que Deus é como um pastor que cuida das Suas ovelhas.

 

Oposição Retratada

 

O Antigo Testamento foi escrito na língua Hebraica e a linguagem pictórica é frequentemente usada para tornar as coisas mais vivas e memoráveis. A palavra Hebraica “Satanás” significa adversário - aquele que se opõe ou resiste, ou um acusador. Ela ocorre apenas por volta 30 vezes  nos 37 livros do Antigo Testamento, mas refere-se a toda uma gama de diferentes coisas que se opõem ao propósito de Deus. Numa ocasião “Satanás” é a palavra usada para descrever um anjo enviado por Deus para resistir a um profeta quer queria falar contra o povo de Deus:

 

 

Então, Balaão levantou-se pela manhã, albardou a sua jumenta e partiu com os príncipes de Moabe. Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário(satanás). Ora, Balaão ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos, com ele.” (Números 22:21,22).

 

Satãs Humanos

 

Noutras partes a mesma palavra é usada sobre vários adversários humanos. Aqui estão alguns exemplos:

 

“Não te ausentes de mim, ó Deus; Deus meu, apressa-te em socorrer-me. Sejam envergonhados e consumidos os que são adversários de minha alma; cubram-se de opróbrio e de vexame os que procuram o mal contra mim” (Salmo 71:12,13);

 

“Porém os príncipes dos filisteus muito se indignaram contra ele; e lhe disseram: Faze voltar este homem, para que torne ao lugar que lhe designaste e não desça connosco à batalha, para que não se faça nosso adversário no combate; pois de que outro modo se reconciliaria como o seu senhor? Não seria, porventura, com as cabeças destes homens?” (1 Samuel 29:4);

 

“Porém David disse: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia, para que, hoje, me sejais adversários? Morreria alguém, hoje, em Israel? Pois não sei eu que, hoje, novamente sou rei sobre Israel?”(2 Samuel 19:22);

 

“Levantou o SENHOR contra Salomão um adversário, Hadade, o edomita; este era da linhagem real de Edom” (1 Reis 11:14).

 

Testados pela Vida

 

É importante perceber que em nenhum lugar na Bíblia, existe a ideia de que um anjo caído chamado Satanás que está trabalhando contra as pessoas para afastá-las de Deus. Isto será uma surpresa para muitas pessoas que acreditam neste ponto de vista popular. Mas quando lemos o Antigo Testamento vemos que os adversários (ou “satãs”, tal como está em Hebraico) aparecem de todas as formas e tamanhos. Eles podem ser soldados, camaradas de armas, inimigos - mesmo até anjos, que estão fazendo a vontade de Deus, como aquele que parou Balaão no seu caminho. Mas o adversário nunca é um anjo caído, porque os anjos não podem cair: eles são os servos totalmente fiéis de Deus no céu.

 

E lembre-se que existem apenas cerca de 30 ocorrências dessa palavra Hebraico no Antigo Testamento. Se houvesse realmente um “anjo caído”, como algumas pessoas acreditam, não seria referido com muito mais frequência? Podemos unicamente pedir-lhe que olhe para as provas com  uma mente aberta.

 

O ponto importante é este, como nós vimos quando olhamos para a vida de pessoas fieis como José ou David. Quando reconhecemos que a palavra “satanás” é a palavra Hebraica do Antigo Testamento que significa “adversário”, chegamos à conclusão que nas adversidades da vida não estamos sendo testados por algum monstro sobrenatural que tenta destruir as nossas vidas, arrastando-nos para destruição e desviando-nos de Deus.

 

A adversidade nos vem de pessoas, às vezes até mesmo do próprio Deus, para testar e desenvolver o nosso caráter. Deus quer que as pessoas mudem, que estejam dispostas a colocar a sua confiança n'Ele, venha o que vier na vida. Se fizermos isso, podemos ter certeza de que Ele ricamente no recompensará, se não nesta vida, então na que há de vir.

 

Michael Owen

Tradução: S. Mestre

(Article: Faith in the Face of Adversity, Glad Tidings 1513, pag. 11-13)

A Parábola do Homem Rico e Lázaro

S. Mestre, 22.07.10

Jesus certa vez contou uma parábola sobre um homem rico que não ligava a um mendigo que estava à sua porta. A situação inverteu-se, no entanto, quando ambos morreram e Jesus descreveu uma situação que é muito diferente daquela que as pessoas acham que vai acontecer após a morte. Leia a parábola por si mesmo em Lucas, capítulo 16, versículos 19 a 31, e depois veja o que David Budden tem a dizer sobre isso.

 

 

 

Introdução

 

Muitos encontram dificuldades nesta esta parábola e certamente apresenta problemas. No entanto, os seguintes pontos devem ser observados:

 

  • É a única parábola em que Jesus apresenta uma personagem com nome.
  • Há um inesperado detalhe - cinco irmãos! Porquê cinco?
  • A parábola era para os ouvidos dos Fariseus, que eram “avarentos” (Versículo 14), e estavam ridicularizando Jesus enquanto ele falava sobre a “verdadeira riqueza e os perigos da cobiça.”
  • Jesus ressuscitou Lázaro dos mortos, os fariseus tentaram destruir Lázaro, porque a sua própria existência era um poderoso testemunho do poder e autoridade de Jesus.

 

A ideia principal da parábola vem no verso final –  se as pessoas ser convencerem pela Palavra revelada de Deus, então mesmo uma ressurreição dos mortos não faria nenhuma diferença.

 

A História

 

A história é sobre um homem rico e um mendigo chamado Lázaro. O homem rico vivia em grande luxo, mas o mendigo à sua porta – um homem que ele conhecia por nome –  Estava numa situação lastimável, coberto de feridas que eram lambidas pelos cães. Ambos os homens morreram; Lázaro foi para o “Seio de Abraão”, mas o homem rico, tendo sido sepultado, foi para o”Inferno” (“Hades”), onde ele sofria dor extrema em chamas. Lá havia um grande abismo entre os dois, mas mesmo assim eles poderia falar uns com os outros e o homem rico pediu a Abraão para enviar Lázaro a ele com um pouco de água fria para acalmar a sua sede.

 

Abraão lembrou ao homem o passado, quando ele tinha ignorado o sofrimento do mendigo à sua porta, mas, para além disso, o grande abismo tornava impossível que Lázaro fosse ter com ele.O homem então se lembrou dos seus cinco irmãos e pediu que Lázaro fosse enviado para avisá-los da necessidade de arrependimento. "Eles têm suas Bíblias", respondeu Abraão. "Sim", respondeu o

o homem em sofrimento, “mas se um dos mortos for adverti-los, eles estariam avisados”. A resposta de Abraão foi: “Se ignoram a Palavra de Deus, então até mesmo um milagre será em vão”.

 

Comentário

 

Esta parábola não apresenta o ensinamento de Jesus sobre a vida para além da sepultura. A Bíblia é enfática, e Jesus ensinou, que os mortos “dormem” em suas sepulturas, totalmente inconscientes até o dia da ressurreição. (Veja João 11:11-14, 23-25 e Mateus 22:23-33).

 

Por muitos anos a Judeia tinha sido parte do império Grego e o pensamento Grego, com ideias de almas imortais, tinha penetrado o pensamento Judaico. A expressão “no seio”significa uma relação muito estreita –  Jesus usou o termo para expressar o seu relacionamento com seu Pai (João 1:18). No cenáculo, João – o discípulo a quem Jesus amava – estava reclinado no seio de Jesus. Então, os justos são considerados como estando “no seio de Abraão”, sendo Abraão o pai dos fiéis.

 

Jesus está fazendo uma paródia das falsas crenças que então existiam e, portanto, expõe os seus absurdos. Será que os justos realmente são capazes de ver os ímpios contorcendo-se em chamas eternas? Serão eles capazes de conversar entre si, mas estar impotentes para ajudar? Claro que não!

Nós precisamos de lembrar que Jesus estava falando aos fariseus que eram maus, os homens abraçavam essas ideias pagãs ridículas.

 

Mas porque é dado o detalhe sobre os cinco irmãos? Caifás era o Sumo Sacerdote na época e teve cinco cunhados, os quais foram sacerdotes. Aqueles escutando a parábola entenderiam que a parábola era, em primeiro lugar para as ouvidos de Caifás. Jesus, de facto, ressuscitara um homem chamado Lázaro dos mortos e devido a esse milagre muitas pessoas acreditavam em Jesus (João

11:45). A resposta dos Fariseus, que foi bastante diferente, pois eles “resolveram matar também Lázaro” (12:10).

 

Assim, as palavras de Jesus eram justificados. Aqueles que puseram os seus rostos contra a palavra de Deus não serão movidos nem mesmo por uma ressurreição dos mortos.

 

Conclusão

 

Estamos rodeados por milagres da natureza e a televisão nos permite testemunhar as maravilhas da complexidade e inter-dependência para além da nossa compreensão. Será que as pessoas são compelidas a glorificar Deus e apreciar o Seu poder infinito? Nada disso! Assim, tal como foi há dois mil anos, os que ignoram a Palavra escrita de Deus não podem ser demovidos por  qualquer evidência que eles vejam de um Criador interessado na terra que criou. Em vez disso, é provável que digam “Deus provavelmente não existe.” A sério!

 

David Budden

Tradução: S. Mestre

(Article: The Parable of the Rich Man and Lazarus, Glad Tidings 1509, pag. 10-11)

"Na Casa de Meu Pai Há Muitas Moradas ... "

S. Mestre, 22.07.10

Esta é uma passagem da Escritura, em João capítulo 14, versículo 2, que faz com que algumas pessoas acreditem que Jesus estava oferecendo um lugar no céu, mas, como Mark Buckler agora explica, o Senhor tinha algo muito diferente em mente.

 

Um Livro Judaico

 

Muitos de nós esquecerá, quando lemos a Bíblia, que é um livro judaico, escrito principalmente por escritores Judeus sobre o povo Judeu. É tão fácil para nós lê-lo com dois mil anos de ideias e interpretações em nossas mentes que nos esquecemos de fazer uma pergunta simples: O que os autores desta passagem entendiam que ela queria dizer, quando a escreveram e o que os seus leitores ou ouvintes entenderiam dela?

 

Assim, quando Jesus falou sobre as muitas moradas na casa do seu Pai, o que ele quis dizer com isso e o que os seus ouvintes teriam entendido? Aliás, esta é uma passagem que é frequentemente lida na igreja em serviços funerários e hoje é pensado que é uma promessa de uma herança com Deus no céu. É isso o que Jesus queria dizer?

 

Casa de Deus

 

A expressão “casa de meu Pai”, assim como é utilizada nos Evangelhos sempre se refere ao Templo de Jerusalém. Por exemplo, quando Jesus visitou o Templo, um menino de doze anos, o seu comentário às questões dos seus pais foi: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?”(Lucas 2:49). Ou quando Jesus purificou o Templo, ele disse: “Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.”(João 2:16).

 

Assim, Jesus estava dizendo aos seus discípulos: em João capítulo 14, que havia muitas moradas no Templo, e que ele iria voltar e viver com eles sobre a terra de uma forma semelhante à como os sacerdotes viviam perto de Deus, porque eles viviam no Seu Templo – na Casa de Deus. Mas era mesmo assim? Era o Templo uma casa para as pessoas, ou apenas a Casa de Deus?

 

A Estrutura do Templo

 

 

Na descrição da construção do primeiro Templo por Salomão, é mencionado a construção de câmaras construídas em três andares nos três lados do templo:

 

Contra a parede da casa, tanto do santuário como do Santo dos Santos, edificou andares ao redor e fez câmaras laterais ao redor. O andar de baixo tinha cinco côvados de largura, o do meio, seis, e o terceiro, sete; porque, pela parte de fora da casa em redor, fizera reentrâncias para que as vigas não fossem introduzidas nas paredes”(1 Reis 6:5,6).

 

Estes quartos eram para os sacerdotes viverem enquanto estavam de serviço no Templo, assim, quando Jesus se refere às “muitas moradas” na " Casa do Pai ", os discípulos teriam podido visualizar as inúmeras salas construídas no lado do Templo, e teriam entendido logo,o que ele queria dizer.

 

“Voltarei...”

 

Isto foi o que Jesus prometeu.

 

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”(João 14:1-3).

 

Ele estava prestes a morrer como sacrifício para os pecados, mas ele se levantaria novamente e, oportunamente, iria para o céu, para se sentar à mão direita do Pai. Mas quando chegar a hora certa, ele voltará à terra, para viver com o seu povo – como num templo. Havia alguma situação semelhante em que os discípulos poderiam pensar que fosse semelhante ao que estava prestes a

acontecer?

 

Pensando sobre as atividades que tinham lugar no templo, os discípulo se lembrariam que diariamente os sacerdotes entravam no Santo Lugar e que uma vez por ano o Sumo Sacerdote passava através do segundo véu, e entrava no Santo dos Santos como representante do povo. Depois de fazer sua oferta ele saia de novo para o povo, tendo feito expiação por eles.

 

O Grande Sumo Sacerdote

 

Jesus ia fazer a mesma coisa pelo o seu povo  – mas muito mais ainda! Ele estava indo para a presença real de Deus, não apenas até uma representação de Sua presença, como acontecia no Templo. Este é um tema totalmente  desenvolvido pelo apóstolo Paulo, quando escriveu aos Hebreus, que diz:

 

Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus; nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio. Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hebreus 9:24-26).

 

No caso de Jesus, quando ele morreu Deus mostrou a Sua aprovação total do seu sacrifício ao rasgar o véu do Templo de Jerusalém, de cima a baixo – para mostrar que uma novo caminho tinha sido aberta para a Sua presença, e que não somos mais dependentes de um sacerdócio terrestre.

 

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura” (Hebreus 10:19-22).

 

Novamente, a imagem que os discípulos teriam obtido destas palavras estaria baseada nas suas próprias experiências da vida daquele tempo. Que significado diferente obtemos quando olhamos para uma passagem das Escrituras e consideramos as características da época em que foi escrita. Se nós não fizermos isso estamos sempre em perigo de impor as nossos próprias ideias, dos tempos atuais, tentando assim fazer com que as Escrituras ensinem o que nós queremos que elas digam!

 

Mark Buckler

Tradução S. Mestre

(Article: “In My Father’s House are Many Mansions…”, Glad Tidings 1508, pag. 15-16)

PÃO E PEIXE

S. Mestre, 21.07.10

Mais de uma vez Jesus comparou a pregação do Evangelho com pesca. Mais de metade dos seus primeiros seguidores eram pescadores, e para quatro deles, pelo menos esta era a sua subsistência.

 

O seu convite para eles era caracteristicamente colorido:

 

“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.”(Mateus 4:18-20).

 

Mar da Galileia

 

Este é um dos vários nomes para o maior lago, na terra de Israel. Ele ainda tem alguns peixes, mas nos tempos bíblicos ele mantinha por volta de uns 230 barcos de pesca cujas tripulações forneciam dezenas de pequenas cidades e aldeias ao redor de suas costas. O peixe era preparado e enviado para todo o país.

 

A partir destas cidades da Galileia e de mais longe, milhares de homens, mulheres e crianças se reuniam para ouvir Jesus, como se fossem um cardume de peixes com fome que viesse a uma fonte de boa comida! Eles estavam habituados sermões secos e legalistas dos rabinos, mas o ensino de

Jesus era emocionante e compreensível e oferecia uma esperança real, assim como é para nós nos dias de hoje. O relato histórico diz que:

 

“A sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou.

E da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão numerosas multidões o seguiam” (Mateus 4:24-25).

 

Profecia sobre o Messias

 

Jesus não anunciou abertamente que ele era o Filho de Deus, o prometidoMessias; em vez disso, ele começou a fazer  as coisas que o Antigo Testamento disse que o Messias faria quando viesse.As pessoas poderiam então chegar à conclusão de sobre quem ele era, assim como nós temos que fazer.

Um exemplo foi Isaías 25:6 que disse:

 

O SENHOR dos Exércitos dará neste monte a todos os povos um banquete de coisas gordurosas, uma festa com vinhos velhos, pratos gordurosos com tutanos e vinhos velhos bem clarificados.

 

As palavras estão cheias de simbolismo, claro, mas no início do ministério de Jesus ele tinha demonstrado o seu poder de prover vinho, e era vinho da melhor qualidade (João 2:1-11).Agora a oportunidade chegou para mostrar que ele poderia proporcionar bom alimento também.

 

Quando Jesus estava em qualquer lugar próximo, as pessoas esqueciam de comer e ouviam-no

durante horas. Quando ele mudou-se para outra aldeia a multidão seguiu-o de perto. Mateus diz-nos:

 

“Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer. Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, de comer. Mas eles responderam: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. Então, ele disse: Trazei-mos. E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios. E os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.” (Mateus 14:15-21).

 

Poder de Deus

 

Dois peixes e cinco pães foram multiplicados para que fossem suficientes para alimentar cerca de

cinco mil famílias. Processos que continuam todos os anos nos mares, rios, lagos e campos aconteceram em minutos, nas mãos do Filho de Deus. A oferta era tão abundante que doze

cestos de sobras foram recolhidos pelos discípulos de Cristo. Este milagre é tão importante que foi registado em todos os quatro Evangelhos, e de cada um nós podemos aprender coisas diferentes. O apóstolo João diz-nos como Jesus salientou que o poder não era seu, mas de seu Pai Celestial:

 

“Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz” (João 5:19).

 

Foi, naturalmente, uma demonstração maravilhosa que o poder de Deus, trabalhando

através de Jesus, pode fornecer todas as necessidades físicas da humanidade, e que foi intencional. Jesus é o único que pode corrigir os erros do mundo, e ele vai fazer “o ermo exultará e florescerá como o narciso”, quando ele retornar para governar como Rei (Isaías 35). A multidão percebeu o que ele podia fazer e queria aclamá-lo como Rei aí e depois também (João 6:15).

 

Mas o alimento físico não é tudo para a existência humana. Jesus viera para chamar as pessoas para

ser cidadãos de um futuro Reino, não para criá-lo instantaneamente. No início de sua história, Deus ensinou a isto ao povo Judeu quando Moisés disse:

 

“Ele (Deus) te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem” (Deuteronómio 08:03).

 

A Nossa Maior Necessidade

 

Estas verdades espirituais não são óbvios aos homens e as mulheres cujas mentes estão centradas na rotina diária. Durante a noite houve uma grande tempestade, mas Cristo e os seus apóstolos tinham atravessado para o outro lado do lago. A sua audiência no entanto conseguiu localizá-lo e reuniram-se perto dele novamente no no dia seguinte. Muitas delas estavam mais interessados num almoço grátis do que em levar a sério o que ele queria que eles aprendessem sobre os caminhos e propósitos de Deus. Jesus sabia disso, e de uma forma que surpreenderia muitas pessoas cujas ideias sobre Jesus vieram só de ouvir superficial trechos sobre ele, deliberadamente ele peneirou os buscadores da verdade a partir dos simples interesseiros.

 

“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (João 6:26-27).

 

Tão importante como o milagre tinha sido em aliviar as dores da fome imediata, e também fornecer um vislumbre das bênçãos do futuro Reino, era ainda mais importante como uma parábola. Jesus passou a dizer coisas difíceis, não se esforçando para tornar o seu significado mais fácil, porque ele queria que seus ouvintes pensassem seriamente sobre as coisas espirituais.

 

Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede... Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele” (João 6:35-56).

 

Palavras Duras

 

O resultado desse ensino na sinagoga em Cafarnaum, foi que muitos dos  pretensos discípulos –  aqueles que só queriam pães e peixes – abandonaram Jesus. Aqueles que tomaram suas palavras sem refletir sairam abanando a cabeça. Apenas uns poucos estavam dispostos a compreender que pelo seu “sangue” e sua “Carne”, ele queria dizer a sua vida, o seu verdadeiro eu, tudo para o que tinha vivido – e que se o tomamos em nossas vidas dessa forma e permitimos ser alimentados espiritualmente por ele, nos será concedida a vida eterna, quando ele voltar à terra.

 

Jesus uma vez contou uma parábola sobre o momento em que ele vai voltar do céu para julgar o mundo. Novamente ele irá corrigir o que está mal e separará os seus verdadeiros seguidores daqueles que são realmente indiferentes ao seu ensino. Ele usou a experiência de um pescador para descrever o processo que vai ter lugar:

 

“O reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando já está cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos” (Mateus 13:47-49).

 

Se queremos estar com Jesus através das eras da eternidade, precisamos segui-lo agora por todas as razões certas. Não é apenas o que ele pode fazer por nós, mas também o que podemos fazer por ele.

 

John Woodall

Tradução: S. Mestre

(Article: Loaves and Fishes,  Glad Tidings 1515, pag. 14 - 16)