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BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS

Artigos e estudos Bíblicos

POSSESSÃO DEMONÍACA

S. Mestre, 24.01.12

POSSESSÃO DEMONÍACA

Muita gente vive com medo constante de demônios. Eles os consideram seres espirituais iníquos responsáveis por fazerem grande dano às pessoas e comunidades. Guerras, agitação civil e o progresso de ideologias políticas do mal são considerados como o resultado de atividade demoníaca. Eles são considerados suscetíveis de entrar no corpo ou na mente de uma pessoa onde o demônio pode destruir a fé, induzir enfermidades no corpo ou fazer enlouquecer o indivíduo. Alguns acreditam que os demônios se ligam a objetos tais como livros, móveis ou joias e quando a desgraça acontece se livram de qualquer objeto suspeito de abrigar o demônio, na tentativa de se livrar do demônio e, assim, provocar uma mudança positiva para a sua vida.

Este estudo se propõe a mostrar a partir da Bíblia que não existem seres como demônios. Não há necessidade de temê-los. Eles não existem.

CRENÇAS COMUNS SOBRE DEMÔNIOS

Pessoas que acreditam na existência de demônios dão explicações diferentes para sua origem. Parece que existem quatro ideias populares que agora serão consideradas com brevidade:

(1) Demônios são espíritos imortais de pessoas iníquas que morreram

Esta ideia pode ser descartada imediatamente já que segundo a Bíblia, quer iníquos quer justos não possuem espíritos imortais. A Bíblia ensina que quando o homem morre, morre de verdade; volta ao pó e está inconsciente, e ficará assim a não ser que Jesus o ressuscite de entre os mortos na sua segunda vinda. (Gênesis 3:19-22; Salmo 146:3,4; Eclesiastes 9:5-10; Daniel 12:2; 1 Tessalonicenses 4:16)

(2) Demônios são os espíritos dos habitantes da terra pré-Adâmica

Pode muito bem ter existido uma raça de seres sobre a terra antes da criação de Adão, na verdade, isso pode ser sugerido pelo mandamento dado a Adão e Eva "ser frutífero e multiplicar, e enchei (se lido como "encher de novo") a terra" (Gênesis 1:28), mas não há a mais pequeno vestígio na Bíblia de que esta raça existiu, que os seus membros tinham espíritos imortais ou que os demônios são os iníquos dessa raça. Esta ideia se apoia em suposições que não têm qualquer fundação Bíblica.

(3) Demônios são a descendência de anjos e mulheres que viveram antes do Dilúvio

Esta teoria baseia-se inteiramente em uma interpretação de Gênesis 6:2, que, falando da maldade da geração que foi destruída pelo dilúvio, diz: "vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram. (Gênesis 6:2) ". Diz-se que os "filhos de Deus" neste versículo se refere aos anjos que contraíram matrimônio com mulheres humanas e que os descendentes desses matrimônios são os demônios.

Embora seja verdade que às vezes na Bíblia a expressão "filhos de Deus" se refere aos anjos (por exemplo, Jó 38:7), geralmente se refere aos membros da raça humana, que têm uma relação especial com Deus. Por exemplo, ao escrever para os membros da igreja primitiva, o apóstolo declara: "Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser." (1 João 3:2). Veja também João 1:12; 11:52, Gálatas 3:26, Hebreus 12:7,8; Romanos 8:14; Deuteronômio 14:1, Isaías 01:02. Entendemos que os "filhos de Deus" em Gênesis 6 são os descendentes de Sete referido em Gênesis 4:26, que "invocou o nome do SENHOR", enquanto "as filhas dos homens" refere-se aos descendentes do ímpio Caim. Gênesis 6, portanto, descrever a apostasia da verdade dos filhos de Deus daqueles dias, e sua punição pelo dilúvio.

Outra razão forte para rejeitar essa ideia de matrimônios entre anjos e mulheres é o ensino claro de Jesus que os anjos "nem se casam nem se dão em casamento" (Marcos 12:25).


(4) Demônios são anjos caídos

Aqueles que subscrevem esta ideia acreditam que em algum momento no passado remoto um grupo de seres angélicos liderados por Satanás, (que é identificado com Belzebu, príncipe dos demônios, Mateus 12:24-26) se rebelou contra Deus e foi expulso do céu. Estes anjos é dito, são referidos por Pedro quando diz: "Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas lançou-os no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo" (2 Pedro 2: 4 e ver Judas 6). Esses anjos que pecaram são ditos ser os demônios.

Razões para rejeitar a ideia de que Satanás é um anjo caído não será dada aqui - este é um assunto que está fora do âmbito desde livrinho.

A palavra "anjo" na Bíblia não se refere necessariamente a seres celestes, pode se referir a membros da raça humana. Por exemplo, quando lemos em Lucas 7:24 sobre os"mensageiros" de João, apalavra no manuscrito grego do Novo Testamento é ANGELOS - exatamente a mesma palavra que em 2 Pedro 2:4 onde é traduzida anjos. Em Lucas 9:52 lemos que Jesus "enviou mensageiros que o antecedessem", e novamente a palavra usada no original é esta mesma palavra ANGELOS, anjo traduzida em outros lugares. Assim, os anjos (ou mensageiros), podem ser seres humanos ou podem ser seres celestiais. A única maneira de determinar se mensageiros humanos ou divinos estão sendo referidos, é examinar o contexto em que a palavra se encontra.

No caso em 2 Pedro 2:4 o contexto exige que a referência seja a anjos (mensageiros) humanos, e não aos anjos celestiais, pois a Bíblia ensina que os anjos de Deus "executais as suas ordens e lhe obedeceis à palavra". É dito que são "ministros seus (de Deus), que fazeis a sua vontade" (Salmo 103:20,21), e não há a mais remota sugestão de que os anjos de Deus são capazes de pecado ou rebelião.

Mesmo que aceitássemos que "os anjos que pecaram" mencionados por Pedro são anjos celestiais, isso ainda não prova que eles são os demônios, antes pelo contrário, sobre estes "anjos que pecaram" é dito que estão "abismos de trevas onde eles estão esperando o julgamento. Isto não é uma descrição de seres divinos que já foram julgados e expulsos do céu, e que agora parecem fazer o que quiserem na terra! (É convicção do autor de que estes anjos (ou mensageiros) que pecaram eram membros da raça humana que desobedeceu a Deus nos tempos do Antigo Testamento. Estes indivíduos:-  (a) deixaram o seu principado (veja Judas versículo 6), (b) foram lançados nas trevas, e, (c) aguardam o seu julgamento final.)

Corá e seu grupo em Números, capítulo 16 se enquadram em todos estes detalhes:- (a) eles deixaram a sua posição nomeada e queriam o sacerdócio (Números 16:3,9,10,18),

(b) foram lançados para baixo para a escuridão (Números 16:32), e, (c) que aguardam o seu julgamento final (Hebreus 9:27). Nota: Uma vez que um sacerdote é um anjo (ver Malaquias 2:07 onde a palavra "mensageiro" é a MALACH no hebraico, a palavra comum no Antigo Testamento para "anjo"), então Corá erroneamente oficiando como sacerdote com o seu incensário era um anjo pecador.

O ENSINO BÍBLICO SOBRE DEMÔNIOS

Mesmo que o leitor não esteja convencido pela consideração necessariamente breve das ideias populares sobre demônios acima citadas, o autor pede que neste momento seja feita uma tentativa para deixar de lado qualquer ideia preconcebida, e permitir que a Bíblia forneça a sua própria explicação quanto à natureza dos demônios. Tão importante é este simples ensinamento bíblico, se quisermos entender as referências na Bíblia sobre possessão demoníaca, que valerá a pena citar uma série de versículos do Antigo e Novo Testamentos.

(1) Falando da apostasia do povo de Israel é nos dito que, "Sacrifícios ofereceram aos demônios (original em hebraico shedim = peludos, na Septuaginta, que é a antiga tradução do Antigo Testamento Hebraico para o Grego foi traduzido como daimonion), não a Deus; a deuses que não conheceram... (Deuteronômio 32:17).

(2) Ao ser ordenado a Israel adorar o verdadeiro Deus foi dito, "Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem" (Levítico 17:7).

(3) Falando da rebelião e infidelidade de Jeroboão, rei de Israel, que tinha instituído uma forma de adoração idólatra, foi dito, "Jeroboão constituiu os seus próprios sacerdotes, para os altos, para os sátiros e para os bezerros que fizera." (2 Crônicas 11:15).

(4) Do jeito que o apóstata Israel oferecia os seus próprios filhos como sacrifícios aos deuses pagãos o Salmista escreveu, "imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios" (Salmo 106:37).

ASSIM NO ANTIGO TESTAMENTO O ENSINO CLARO E SIMPLES É QUE OS DEMÔNIOS SÃO OBJETOS DE ADORAÇÃO PAGA - DEUSES PAGÃOS.

Este ponto de vista é consistentemente mantido no Novo Testamento:

(1) Falando de certos impios Apocalipse 9:20 diz, "Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios...", mostrando que demônios eram tidos como objetos de culto - ou seja deuses pagãos.

(2) Admoestando os crentes Coríntios de que não deveriam continuar envolvidos no sistema idólatra que os rodeava, Paulo escreveu, "Portanto, meus amados, fugi da idolatria... as coisas que eles (gentios) sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios." (1 Coríntios 10:14,20,21)

(3) Quando Paulo visitou a cidade grega Atenas ele viu que a cidade era dada à idolatria (Atos 17:16). Quando estes pagãos escutaram Paulo falando sobre Jesus disseram "Parece pregador de estranhos deuses [aqui a palavra traduzida "deuses" é daimonion] (versículo 18). Os Atenienses pensaram que ao pregar Jesus, Paulo estava falando do mesmo tipo de semideuses que eles adoravam. No mesmo capítulo o apóstolo, pasmo com o grande números dos deuses deles, declarou, " Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos" (versículo 22). A palavra que ele usou, que foi traduzida aqui "religiosos", era deisiDAIMONesterous que significa que eles eram extremamente dedicados aos seus demônios; não era uma frase derrogatória e não há nada que sugira que eles a tomaram como tal. Assim novamente vemos que os demônios eram, para os pagãos, o objeto correto de suas devoções.

ASSIM, CONSISTENTEMENTE, EM AMBOS O ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS, OS DEMÔNIOS SÃO DESCRITOS DE TAL MANEIRA QUE NOS LEVA À CONCLUSÃO DE QUE NA BÍBLIA UM DEMÔNIO É UM DEUS PAGÃO.

OS DEMÔNIOS NÃO TÊM EXISTÊNCIA REAL

No que diz respeito aos deuses pagãos, podemos ter certeza absoluta de uma coisa - ele não existem de verdade! A Bíblia é muito clara neste assunto. Em Isaías, Javé, o verdadeiro Deus questiona, "Há outro Deus além de mim?" Eis a resposta, "Não, não há outra Rocha que eu conheça." (Isaías 44:8). Mais uma vez o Deus da Bíblia declara, "Pois não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro." (Isaías 45:21,22).

Já que a Bíblia declara que os demônios são deuses pagãos, segundo a Bíblia, os deuses pagãos não têm existência real, daí resulta que os DEMÔNIOS NÃO EXISTEM(Para mais detalhes veja o anexo no final deste estudo).

QUE DIZER ENTÃO DA POSSESSÃO DEMONÍACA?

Se os demônios não têm existência real então é óbvio que não podem possuir ninguém. Então como entenderemos essas referências nos Evangelhos como Lucas 9:42 onde lemos o que é dito sobre uma criança, "o demônio o atirou no chão e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai."? Como podemos reconciliar estes relatos, que são frequentes nos Evangelhos, com o ensinamento claro da Bíblia de que os demônios sãos deuses pagãos (e que assim sendo não existem)?

Para fazer isso é necessário considerar que jeito os deuses pagãos eram adorados, já que era usualmente em festivais idólatras que a "possessão demoníaca" acontecia. Como resultado dos ritos e devoção pagãos se cria que o espírito da divindade que era adorada tomava possessão do adorador.




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Ilustração 1 - Possessão pelo deus Ogum, Brasil

Enquanto podemos estar completamente seguros de que os demônios (deuses pagãos) não existem de verdade, é igualmente certo que algo realmente fora do comum acontecia com os adoradores que os convencia de que o deus os estava possuindo. De fato, tais coisas ainda acontecem nos nossos dias. Por exemplo, é possível visitar África e observar cerimônias devotadas ao culto de várias divindades Vudu e ver pessoas aparentemente possuídas pelo deus.(Dr Wm. Sargant, "The Mind Possessed"(A Mente Possuída), Heinemann, London, 1973. Neste livro que, devido à natureza do assunto, é de certa forma uma produção desagradável do ponto de vista Cristão, o autor descreve detalhadamente muitas cerimônias visitadas por ele pessoalmente em África, Brasil, Jamaica, Barbados, Haiti e Estados Unidos da América, nas quais fenômenos de possessão demoníaca foram vistos e muitos foram fotografados. )
A foto apresenta o “estado de possessão”. Mas estes deuses não existem! Então que fenômeno de “possessão” é esse que é observável?

Explicando a possessão


O que se segue é uma explicação simplificada do fenômeno da “possessão”. Em circunstâncias normais tudo o que vemos, escutamos e tocamos é recebido pelo cérebro, que atua como um computador. O cérebro-computador então compara essa nova informação recebida com todas as outras experiências registradas no passado que tenham alguma relação com essa nova informação. Na sua grande maioria isto é um processo automático que não requer esforço consciente(Dr. Wm. Sargant explica isso em grande detalhe, “The Physiology of Faith” (A Fisiologia da Fé), British Journal of Psychiatry 1969, p 505-18. Também seu livro “Battle for the Mind” (Batalha pela Mente), Heinemann, Lodres, 1957, p 41, é de ajuda. Deve-se notar que Sargant que estudou a moderna possessão “carismática” pelo “espírito santo”que é exatamente o mesmo fenômeno que possessão demoníaca mal aplicado quando igualando a moderna experiência “carismática” com o derramamento do Espírito Santo no Novo Testamento).

Assim, se você é informado de que a lua é feita de queijo verde, a sua resposta imediata é, “De jeito nenhum!” Essa resposta é o resultado do cérebro pesando essa proposição, comparando-a com certos fatos conhecidos como seja que o queijo é feito a partir do leite e que astronautas estiveram na lua e viram que era composta por rochas, e então decidindo que esta nova informação não pode ser aceite - a lua não pode ser feita de queijo verde! Tudo isso acontece a nível do subconsciente (ou seja, não precisa ser analisado conscientemente) numa fração de segundo.

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Quando o cérebro é sujeito a grande estresse, ocorrem mudanças que alteram a forma como a informação é recebida, analisada e registrada. É esta alteração na função do cérebro que leva ao estado de “possessão”.

Em um festival religioso pagão as pessoas são submetidas a tal estresse. Por bater palmas ritmadamente, usando tambores e dançando; pela exaustão do corpo; induzindo for; pelo uso de drogas e pelo uso de outros métodos degradantes; o cérebro é progressivamente cansado até que o estado é alcançado onde não mais analisa de forma crítica a informação recebida. Neste ponto quaisquer ideias que lhe são apresentadas são aceites sem qualquer questionamento. É neste ponto de rotura que a “possessão” ocorre. O indivíduo fica rodeado pela crença que a possessão ocorrerá, e já que o seu cérebro não consegue analisar de forma critica esta crença, ele aceita que está possuído e reage de conformidade com essa realidade.

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POSSESSÃO

Tal "possessão" é geralmente acompanhada por perda de consciência, convulsão ou estado de transe/hipnotismo, e foi observado e descrito por Sargant. Este estado de possessão, que ocorreram nos festivais pagãos no tempo do Novo Testamento, e que ainda se podem ver nos dias de hoje, é um fenômeno bem real e observável. Mas não se deve a possessão por demônio, (pois demônios não existem) e podem ser fisiologicamente explicados – deve-se à exaustão cerebral.

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Ilustração 2 - Possessão carismática pelo "espírito santo"

POSSESSÃO DEMONÍACA NO NOVO TESTAMENTO


Possuindo esta informação podemos agora abordar as referências a demônios no Novo Testamento. Por exemplo, em Mateus 17 um homem vem a Jesus e diz, “Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água”, e nos é dito que “Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde aquela hora, ficou o menino curado ” (v. 15,18). O menino é descrito como sofrendo algum tipo de convulsões – de fato a Bíblia em Português Corrente traduz assim, “Ele tem ataques e sofre imenso”. Mas não há qualquer sugestão de que estes ataques estivessem ligados de forma alguma a um festival religioso pagão. Então porquê atribuir convulsões à possessão demoníaca? A resposta a esta questão fornece a chave para todo o problema da possessão demoníaca no Novo Testamento.

O único lugar onde convulsões como estas que afligiam o menino eram vistas regularmente, era nos festivais pagãos. Daí, pessoas que se pensava estarem possuídas pelo demônio caíam ao chão em estados de convulsão assim como acontecia ao menino. Quão natural seria que as gentes daqueles tempos assumissem que os dois casos eram idênticos – que as convulsões do epilético se deviam a possessão demoníaca.

Assim epiléticos como esse menino cujas convulsões pareciam ser aquelas do estado de “possessão”, demência(João 10:20) que se assemelhava ao comportamento bizarro dos “possuídos”, e mudez(Lucas 11:14) com o associado olhar distante e produzindo grunhidos que se pareciam com os estados de transe dos “possuídos” nos festivais pagãos, eram atribuídos a demônios.

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A ligação entre a possessão demoníaca e enfermidade está para além de qualquer dúvida razoável. Uma examinação dos relatos dos Evangelhos mostra que:

A. ESTAR POSSUÍDO ERA EQUIVALENTE A ESTAR ENFERMO

(a) Jesus disse aos doze, “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios” (Mateus 10:8). Daí que expelir demônios fazia parte do ministério da cura. Em resposta ao comentário de que o versículo distingue entre possessão demoníaca e enfermidade devemos assinalar que o versículo também faz distinção entre lepra e enfermidade.
(b) Em Mateus 9:32 e Lucas 11:14 mudez é dito ser o resultado de possessão demoníaca,
(c) Em Mateus 12:22 diz que a possessão demoníaca causa tanto cegueira como mudez,
(d) Fica claro que quando os judeus aplicaram o termo a Jesus eles pensavam que ele tinha problemas mentais “Ele tem demônio e enlouqueceu” (João 10:20. Veja também João 8:48, 52).

B. EXPELIR UM DEMÔNIO ERA CURAR UMA ENFERMIDADE

(a) Em Mateus 4:24 nos é dito, “trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos(BPC epiléticos) e paralíticos. E ele os curou. (Também Marcos 3:15).
(b) Acerca do homem cego e mudo é dito, “Então, lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver. (Mateus 12:22, veja também Mateus 9:32).
(c) Acerca da mulher Cananeia cuja filha estava horrivelmente endemoninhada é dito, “E desde aquele momento, sua filha ficou sã (Mateus 15:22, 28).

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Jesus usando esta linguagem quando descrevendo estas enfermidades, não implica que ele acreditava na existência real de demônios – ele certamente não aceitava a existência de qualquer outro deus a não ser seu Pai a quem ele descreveu como “o único Deus verdadeiro” (João 17:3). Ele simplesmente se acomodou à linguagem do seu tempo. Ele não acreditava na existência de demônios como seres reais assim como nós não acreditamos que aqueles que são chamados de lunáticos estão sendo afetados pela lua; ou que os demônios são responsáveis por um estado de confusão quando falamos de pan-demôn-io.

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É frequentemente argumentado que Jesus nunca se acomodaria à linguagem do seu tempo porque isso implicaria que ele aceitava as ideias pagãs sobre demônios. A isso podemos responder:

(a) Jesus não contradisse a ideia sobre Belzebu(= o deus da mosca) mas usou-a em um argumento contra os Judeus (Lucas 11:19). Se ele usou a ideia do “príncipe dos demônios” que era manifestamente pagã porque não se acomodaria às ideias correntes em seu tempo sobre demônios em seus ensinamentos?
(b) A parábola do homem rico e Lázaro em Lucas 16 é mais uma prova de que Jesus não hesitava em usar as ideias teológicas dos judeus daqueles dias que tinham origem pagã na sua argumentação com os descrentes judeus. (Veja “Josephu’s Discourse to the Greeks Concerning Hades” (Discurso de Josefo aos Gregos concernente ao Hades), Whiston’s Josephus, página 637.)
(c) A razão para o que se disse acima pode muito bem estar na atitude de Deus para com Israel no tempo do ministério de Jesus. Em Isaías capítulo 6, que é uma profecia sobre Jesus diz, “Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo” (Isaías 6:9-10 conferir com João 12:37-41). Usando a linguagem desse tempo acerca de demônios era “fechar os olhos deles”.

Vale a pena salientar que tais possessões demoníacas como temos nos Evangelhos nunca são mencionadas em todo o Antigo Testamento. No Novo Testamento encontram-se principalmente nos Evangelhos sinóticos com menções ocasionais em Atos. Com isto parece que o Todo-Poderoso não viu necessidade de instruir a Igreja do Antigo Testamento sobre possessão demoníaca, nem os apóstolos nos seus escritos viram a necessidade de instruir a Igreja do Novo Testamento sobre isso. A possessão por demônios aparece nos Evangelhos como forma local e transitória de falar sobre certas enfermidades e não é uma doutrina do Antigo ou Novo Testamentos. Sendo este o caso, não é de surpreender que Jesus aceitasse a froma corrente de se referirem a doenças. A doutrina de possessão demoníaca não faz parte do evangelho Cristão enão há razão para Jesus considerá-la como ponto teológico. A única razão pela qual é necessário examinar o assunto hoje se deve às absurdidades teológicas que se associaram a isso.
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Mas existe uma razão para Jesus tão prontamente usar a linguagem contemporânea para se referir a epiléticos, loucos e mudos como endemoninhados.

A RAZÃO PARA A POSSESSÃO DEMONÍACA NO NOVO TESTAMENTO

Não existe em todo o Antigo Testamento quaisquer referências a enfermidades estando ligadas a demônios. Somente no ministério de Jesus e durante os primeiros esforços na obra dos apóstolos que lemos sobre certas enfermidades sendo atribuídas a demônios. De fato, as referências a possessão por demônios no ministério de Jesus são tão frequentes que podemos ser perdoados por pensar que os Evangelhos se preocupam com o assunto. Qual a razão disso?

Para responder a esta questão desejamos considerar dois métodos de instrução usados por Jesus no seu ministério – parábolas e milagres. Pode surpreender alguns saber que os milagres foram usados para instrução, mas esperamos mostrar que o caso era mesmo esse.

As parábolas

As palavras de Jesus tinham sempre um propósito e estavam cheias de significado. Elas, de fato, eram palavras recebidas de seu Pai, pois, “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele” (João 3:34),e novamente, “Aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo… falo como o Pai me ensinou.” (João 8:26, 28).

Quando ele falou em parábolas não havia nada de acidental nelas; havia sempre uma razão porque ele pronunciava uma parábola. Assim, por exemplo, a parábola do semeador em Lucas 8:4-15 foi dada para ilustrar as diferentes reações ao seu ensino em Israel, e a parábola da videira em Mateus 21:33-46 representava a atitude dos líderes de Israel à obra de Deus através dele. Para entender as parábolas é necessário interpretá-las. Isso é normalmente fácil como no caso da parábola do semeador, mas às vezes provam ser um exercício muito difícil. Uma dessas se encontra em Mateus 12:43-45:

“Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa.”(Nesta parábola a palavra “demônio” não é usada. Mas que demônios e espíritos imundos são idênticos fica claro a partir de passagens como Marcos 5:12,13; Lucas 4:33 etc.)

Qualquer que seja a explicação detalhada para esta parábola, a inescapável conclusão da parábola que aparece na última frase, é que Jesus quer que vejamos que a nação judaica daquele tempo em sua história como sendo como um homem possuído por um demônio – “Assim também acontecerá a esta geração perversa.”

A expulsão do demônio a princípio provavelmente faz referência à obra de João Batista, cuja pregação recebeu bastante aceitação. “Saíam a ter com ele toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão” (Marcos 1:5). Até os fariseus e saduceus vieram a ele, embora ele os repreendesse (Mateus 3:7). Mas o arrependimento foi de pouca dura e quando Jesus veio a eles haviam retornado aos seus velhos hábitos, rejeitando tanto a ele como o seu ensinamento, eles crucificaram-no. Assim o ultimo estado de Israel ficou pior que no princípio. Mas, qualquer que seja a interpretação correta para a parábola, o ponto a ser sublinhado é que nesta parábola Jesus falou da nação de Israel como se fosse um endemoninhado.

Os milagres

Assim como as parábolas eram as palavras de Deus pronunciadas por Seu filho, assim também os milagres de Jesus eram a obra de Deus. Por isso ele disse, “As obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou” (João 5:36). Assim como as palavras as obras tinham propósito e eram apropriadas às circunstâncias onde foram feitas. Assim a cura do homem com a mão ressequida (Lucas 6:6-10) não foi efetuada simplesmente porque Jesus teve pena do homem, mas para estabelecer o seu ensino sobre o dia do sábado. A maldição sobre a figueira (Mateus 21:19-20) foi na realidade uma parábola em ação na qual Jesus estava passando aos seus discípulos uma mensagem importante sobre a nação de Israel. Israel era a figueira que tinha folhas mas não tinha fruto. Visto que Israel havia falhado em produzir frutos de justiça perante Deus foi amaldiçoada como nação. (Compare com Lucas 13:7-9).

Similarmente os milagres de Jesus que tinham que ver com a expulsão de demônios tinham a intenção de ensinar algo aos discípulos sobre a nação de Israel, pois já vimos a partir da parábola do homem com o espírito imundo, que Jesus queria que eles vissem essa “geração perversa” como um endemoninhado.

Quão apropriado era isso. Deus havia predito através de Moisés que Israel O abandonaria e se viraria para os “demônios, não a Deus; os deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco…” (Deuteronômio 32:17). Esta era precisamente a situação no tempo de Jesus. Eles haviam-se desviado para seguirem superstições vãs do mundo gentio e abraçaram as ideias e formas de culto que estavam em oposição à verdade de Deus(Por exemplo sob a entrada “Belzebu, deus da mosca” a concordância de Young afirma, “Uma deidade pagã à qual os Judeus subscreviam a supremacia entre os espíritos maus” – que é claro, confirmado por Mateus 12:24). As ideias pagãs dos gentios haviam entrado no corpo político de Israel – Israel havia ficado possuído pelos demônios pagãos. Assim a nação, com razão, era representada por um louco ou epilético que segundo as superstições desse tempo eram enfermidades causadas por possessão demoníaca. Isto está na base do ensino de Jesus sobre endemoninhados. Em mais lado nenhum pode isso ser claramente visto do que no milagre da cura do endemoninhado geraseno.

O LOUCO DE GERASA (Marcos 5:1-20)

Seria possível escrever um tratado inteiro sobre a forma maravilhosa em que Jesus emprega este milagre para trazer à luz alguns dos ensinamentos proféticos do Antigo Testamento sobre a nação de Israel, mas um ou dois pontos devem chegar.

(1) O homem é claramente louco, pois quando foi curado é dito “em perfeito juízo” (versículo 15). Isto é uma representação apropriada da nação de Israel que, por se haver desviado para seguir os deuses demoníacos, seria acometida de loucura. (Veja Deuteronômio 32:16 e confira com Deuteronômio 28:28).

(2) O homem é apresentado como “o qual vivia nos sepulcros” (versículo 3), o que é remanescente da imagem profética de Isaías do Israel apostata – “povo que de contínuo me irrita abertamente … que mora entre as sepulturas” (Isaías 65:3,4). Isaías depois fala de Israel “come carne de porco” (versículo 4) que era proibido na lei de Deus. A referência à vara de porcos no milagre não é seguramente uma mera coincidência. (O estudante aplicado notará que esta descrição de Israel que “me irrita” é uma referência de Isaías a Deuteronômio 32:16 onde foi profetizado que Israel irritaria Deus com seus demônios.)

(3) O homem, então, é sugerido, representa o Israel apostata contaminado pelo contato com as abominações gentias. Mas é o Israel em um dado tempo na história. O homem havia sido preso no passado mas não mais era possível prendê-lo. Como esse homem Israel no passado havia sido repetidamente restringido. Por exemplo a nação foi levada cativa pelos Babilônios nos tempos do Antigo Testamento e novamente pelos Romanos em 70 d.C. Mas o povo de Israel tem sido preservado e agora está sendo reunido. O Estado de Israel renasceu em 1948 e virá o tempo em que, diz Deus, “Quebrarei o seu (gentios) jugo de sobre o teu pescoço e quebrarei os teus canzis; e nunca mais estrangeiros farão escravo este povo” (Jeremias 30:8). Assim o homem é uma representação apropriada de Israel – o Israel apostate – no tempo da restauração mas logo antes da manifestação de Jesus como Messias em sua segunda vinda.

(4) Jesus aparecerá a Israel e providenciará a essa nação os meios para o perdão e purificação. Quando Jesus confrontou o endemoninhado, este perguntou, “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?” Ele não estava de todo agradado em ver Jesus. Então, também, pareceria que Israel não ficaria contente em se libertar de seus caminhos e superstições gentias. Mas Deus falou, Israel seria limpo – “eliminarei da terra os nomes dos ídolos, e removerei… o espírito imundo” (Zacarias 13:2). No milagre isso acontece quando os demônios (irreais e logo invisíveis) ficam identificados com os porcos (proibidos pela lei e logo um símbolo visível do pecado de Israel) que se precipitaram do despenhadeiro e pereceram no mar. Assim da forma mais espantosa se viu o purificar futuro de Israel por Jesus do qual falam o profeta quando predisse, “lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miqueias 7:19).

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Às vezes é perguntado, a existência real dos demônios não é provada pela afirmação de Tiago, “os demônios crêem e tremem” (Tiago 2:19)? Tiago sem dúvida está se referindo a tais eventos como esse em Marcos 5 onde claramente o endemoninhado estava com medo de Jesus (veja o relato paralelo registado em Mateus 8:29) a quem ele proclamara “Filho do Deus Altíssimo” (Marcos 5:7). Ele assim tanto acreditou como tremeu. Os seguintes pontos podem ser de ajuda: (a) Na Bíblia é frequentemente empregada a figura de linguagem/estilo onde um nome ou substantivo é usado no lugar de outro. Por exemplo Jó 32:7: “Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria”. Neste versículo claramente “dias” significa “homens que têm dias”, e “anos” significa “homens que têm anos”. Pela mesma figura, em “os demônios crêem e tremem”, os demônios significa “homens que têm demônios”, (b) Lucas 11:14 diz, “estava Jesus expelindo um demônio que era mudo”. Aqui o demônio é descrito como mudo mas na realidade era o homem que era mundo já que “ao sair o demônio, o mudo passou a falar”, (c) Lucas 4:41 tem escrito, “Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus!”. Novamente, tendo em mente o que que está acima escrito, usando o senso comum a leitura da passagem é que quando os demônios eram expulsos as pessoas declaravam que Jesus era o Filho de Deus.
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(5) O homem, sentado e em perfeito juízo, liberto de suas cadeias e do seu espírito imundo e removido de entre os sepulcros faz nos lembrar da imagem de Isaías da futura glória de Israel. " Desperta, desperta, reveste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupagens formosas, ó Jerusalém, cidade santa; porque não mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo. Sacode-te do pó, levanta-te e toma assento, ó Jerusalém; solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião” (Isaías 52:1,2). O “perfeito juízo” é também descrito pelo profeta no mesmo capítulo quando ele diz, “o meu povo saberá o meu nome; portanto, naquele dia, saberá que sou eu quem fala: Eis-me aqui.” (versículo 6).

Assim da forma mais espantosa Jesus neste milagre apresenta sob a forma de uma parábola em ação a maravilhosa mensagem do Antigo Testamento sobre o propósito de Deus para com Israel.

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A cura do menino em Mateus 17 tem uma mensagem semelhante. As seguintes “dicas” permitirão ao estudante localizar isso: (a) "meu filho" (versículo 15) confira "Israel é meu filho..." (Êxodo 4:22). (b) " muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água.” Confira “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti." (Isaías 43:2). (c) Israel, filho de Deus, “caiu" sucessivamente perante Assíria, Babilônia, Roma e através de sua história. Mas o fogo e a água não destruiram o povo e a sua derradeira cura pelas mãos do Messias está assegurada. Deus acerca deles diz “de todos os vossos ídolos(demônios) vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo” (Ezequiel 36:25-26).
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SUMÁRIO
(1) Demônios na Bíblia são deidades pagãs.

(2) A possessão por demônio era um fenômeno que era frequentemente presenciado nos festivais pagãos onde aqueles “endemoninhados” ficavam inconscientes, sofriam convulsões ou entravam num estado de transe. (Este mesmo fenômeno pode ser visto hoje em civilizações primitivas e pode ser facilmente explicado em termos científicos e fisiológicos.)

(3) Epilepsia, variadas formas de enfermidades mentais e mudez, fazem lembrar o chamado estado de “possuído” e eram consideradas pelos contemporâneos de Jesus ser o mesmo fenômeno e daí serem atribuídas a possessão demoníaca.

(4) Jesus se acomodou a este jeito de falar acerca de certas enfermidade e, por parábolas e milagres, representava Israel como um homem possuído.

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Um argumento é ás vezes apresentado para a existência real de demônios, é dito que os “demônios saíam” dos endemoninhados (Marcos 1:42), implicando que eram seres reais. No entanto, isto de jeito nenhum implica a personalidade de demônios pois é também dito, “a febre a deixou” (Marcos 1:31), e a febre não tem existência pessoal. Também é argumentado que Jesus falou com os demônios e que isso prova que eles eram seres pessoais. Mas em Lucas 4:39 Jesus “repreendeu a febre” e em Marcos 4:39 ele “repreendeu o vento e disse ao mar…” Ninguém insistiria que a febre, o vento e o mar tivessem personalidades reais.
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(5) Seus milagres, que eram frequentemente parábolas em ação, desenvolviam esta ideia de forma muito detalhada. Israel era (e é) como um homem possuído por um demônio e o propósito de Deus é que a nação seja curada por Jesus quando retornar para governar sobre eles. Esse será um dia de grandes bênçãos para as nações gentias também, porque o propósito de Deus é que a influência de Jesus se estenda por todo o mundo. Então ideias como a possessão demoníaca serão colocadas de lado, pois, “a ti virão as nações desde os fins da terra e dirão: Nossos pais herdaram só mentiras e coisas vãs, em que não há proveito” (Jeremias 16:19).

Anexo As Deidades Pagãs Têm Existência Pessoal Real?

Correspondência com leitores da primeira edição, especialmente membros da Restoration Fellowship (Irmandade da Restauração), demonstrou a necessidade de uma consideração mais detalhada para esta questão do que poderia ser convenientemente inserido em uma nota de rodapé.

Enquanto aceitando que os demônios no Antigo Testamento (e ocasionalmente no Novo) eram deidades pagãs foi argumentado pelos correspondentes que estes falsos deuses tinham existência real e que são os mesmos espíritos iníquos que eram responsáveis pela possessão demoníaca nos Evangelhos. Surpreendentemente, apesar da declaração enfática do apóstolo em 1 Coríntios 8:4 que “não há senão um só Deus”, o que disse sobre o mundo pagão que “há muitos deuses e muitos senhores” (1 Coríntios 8:5) é tomado como prova de que esse deuses realmente existem. Tais passagens como “Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus” (Isaías 45:5 ) são ditas ensinar somente que Javé é o verdadeiro Deus.
O seguinte é apresentado como mostrando sem qualquer dúvida que as deidades pagãs não têm qualquer existência real:

(a) Aqueles que acreditam que as deidades pagãs tinham existência real mantêm que os deuses que os pagãos adoravam eram representados pelos seus ídolos – os deuses eram os demônios com existência espiritual real. Mas isto não concorda com passagens como: “Lá, servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram.” (Deu 4:28)) “Não fareis deuses de prata ao lado de mim, nem deuses de ouro fareis para vós outros…” etc. (Êxodo 20:23) em conexão com isto temos o bezerro de ouro que Israel fez e que sobre o qual foi dito “são estes, ó Israel, os teus deuses” (Êxodo 32:4). Com grande detalhe o profeta Isaías apresenta a loucura do paganismo. Com parte de uma árvore um homem faz fogo e com o restante da árvore “também faz um deus e se prostra diante dele… e lhe dirige a sua oração, dizendo: Livra-me, porque tu és o meu deus.” (Isaías 44:15,17).

A partir destas passagens fica claro que eram eles quem faziam o deus. Claramente, quaisquer poderes que possuía só poderia existir nas mentes de seus adoradores. Isto está em conformidade com a descrição de Paulo sobre a apostasia em Romanos 1 - “Se tornaram nulos em seus próprios raciocínios… e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis… adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” (versículos 21-25) – não há indicação alguma que na realidade eles estavam adorando seres espirituais chamados demônios.

(b) Vez após vez o fato de estes deuses não existirem em um sentido real é proclamado pelas Escrituras: “Porque todos os deuses dos povos são ídolos [Hebraico, ELIL = coisas que não valem nada] ” (1 Crônicas 16:26). “Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são deuses;” (Jeremias 5:7).


Isaías é particularmente enfático: “antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.” (43:20)- O contexto disto é JAVÉ contra DEUSES PAGÃOS e não tem relevância no propósito de Deus de conduzir “muitos filhos à glória” dos quais Jesus, “Deus forte” de Isaías 9:6, é o primogênito. O tema desta seção de Isaías é que os deuses das nações não têm existência real – e não, como é argumentado pelos membros da Irmandade da Restauração e outros, de que eles existem mas não são o verdadeiro Deus. Assim, “O artífice funde a imagem… o sacerdote idólatra escolhe madeira… busca um artífice perito para assentar uma imagem esculpida...” etc. (40:19-20). Aos deuses assim manufaturados Javé desafia, “Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o veremos. Eis que sois menos do que nada, e menos do que nada é o que fazeis; abominação é quem vos escolhe.” (41:23,24). “Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça.” (44:8). “Eu sou Deus, e não há outro.” (45:22).

Claro que, aqueles que adoravam estes deuses pagãos acreditavam na sua existência espiritual real, e o fenômeno de “possessão” que acontecia no seu culto frenético (explicado no texto principal destas notas) dava credibilidade a essa crença. Mas no que diz respeito à Bíblia os deuses não existiam em nenhum sentido, como nos dias de hoje negamos a existência, digamos, de divindades Vudu, apesar dos fenômenos de “possessão” que podem ser observados. Semelhantemente negaríamos a existência da trindade ortodoxa (na realidade importada do paganismo) apesar da chamada “possessão” pela terceira pessoa da trindade que se pode ver em reuniões Pentecostais e outras reuniões “carismáticas”.

O ensino da Bíblia é tão definitivo - os deuses dos pagãos não têm existência real. Uma vez que se admite que em ambos o Antigo e Novo Testamentos deidades pagãs são referidas como demônios, então deve ser concedido que estes demônios, não têm qualquer existência real. Então se torna uma necessidade encontrar uma explicação alternativa para o fenômeno da possessão demoníaca que esta mais ou menos confinada aos Evangelhos sinóticos. Essa explicação é apresentada neste livrinho.





Por John Allfree

Tradução: S. Mestre

O Caminho da Vida - 1 - A palavra inspirada de Deus

S. Mestre, 08.01.12

1 - A palavra inspirada de Deus
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O que torna os 66 livros da Bíblia tão especiais? Deus escreveu outros livros? Neste capítulos vamos examinar a inspiração — a maneira que Deus utilizou para que a Bíblia fosse escrita.
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Passagem em foco: 2 Pedro 1:12-2:3

Perto do fim da sua vida, o apóstolo Pedro escreveu a sua segunda carta com algumas instruções finais para os crentes do primeiro século. Adverte-os especialmente acerca de falsos mestres (2:1) que surgiriam no seu meio e diriam “palavras fictícias” (2:3). Em contraste, os profetas e apóstolos falaram as palavras de Deus. Pedro explicou que a sua mensagem estava assente em duas fundações sólidas. O seu testemunho acerca de Jesus e o testemunho dos profetas.

1 - A que evento refere-se Pedro em 1:16-18?
2 - Os profetas foram “movidos pelo Espírito Santo” (1:21). Significa isto que eles não tiveram escolha ao dizerem e escreverem as palavras?
3 - Pedro escreveu as suas próprias palavras ou as de Deus?
4 - Como podiam os crentes distinguir entre os falsos mestre e os verdadeiros apóstolos como Pedro?

As palavras de Deus

A palavra inspiração literalmente significa exalado por Deus. A Bíblia é “inspirada” porque as palavras foram exaladas por Deus. O apóstolo Paulo descreveu as Escrituras da seguinte forma:

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. (2 Timóteo 3:16-17)

Então a Bíblia contém os escritos de Deus, em vez dos escritos de autores humanos. Estes homens que os escreveram não escreveram as suas próprias palavras­ — Deus escreveu-os através deles. Assim, Pedro descreveu os Salmos como “a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi”. Similarmente, quando Paulo citou uma passagem do livro de Isaías, começou por dizer “Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías...”. (Veja também Hebreus 1:1; Atos 1:16; Atos 28:25).

Quando lemos a Bíblia precisamos de nos lembrar que estas são as palavras que Deus quer que leiamos. A Bíblia não somente inclui palavras interessantes que nos ajudam a perceber como Deus lidou com os humanos no passado; é também um livro de revelação divina. Ensina-nos a verdade acerca de Deus e acerca do seu plano para com a Terra — pelas próprias palavras de Deus.

O poder da palavra de Deus

As Escrituras inspiradas foram produzidas pelo poder de Deus e assim elas têm um efeito poderoso no leitor. Em Hebreus, lemos:

Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. (Hebreus 4:12)

Jesus disse que as suas palavras “são espírito e são vida”. Paulo disse que a palavra de Deus “está operando eficazmente em vós, os que credes”. Existe um poder dinâmico nas Escrituras. Se buscarmos Deus, ele operará através da sua palavra para guiar-nos e ensinar-nos. (João 6:63; 1 Tessalonicenses 2:13).

Como funciona a inspiração?

Parece que Deus inspirou os escritores Bíblicos de diferentes maneiras. Umas vezes parece que inspirou o que eles tinham que dizer palavra por palavra chegando ao ponto que eles nem sempre entendiam o que escreviam. Como Pedro escreveu:

Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.    (1 Pedro 1:10-11)

Noutras alturas, o escritor parece que teve maior liberdade de expressão embora os pensamentos exprimidos foram inspirados por Deus. Por exemplo, os escritos de Paulo reflectem o seu próprio estilo e linguagem, mas foram também inspirados por Deus.



Qualquer que tenha sido a maneira que o Espírito Santo usou para inspirar os escritores, podemos estar certos que Deus não lhes permitiu que fizessem erros. Jesus disse que “a Escritura não pode falhar” (João 10:35) e “Mas as Escrituras precisam de ser cumpridas” (Marcos 14:49, NVI).


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Algumas Passagens Relevantes

A palavra de Deus: Números 15:22-23; 23:26; 24:13; 2 Samuel 7:5; Isaías 18:4; Jeremias 2:1; 20:9; Joel 1:1; Atos 1:16; 28:25; 2 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1; 1 Pedro 1:10-12; 2 Pedro 3:15-16

O poder da palavra de Deus: João 6:63; Actos 20:32; 1 Coríntios 1:18; 2:4; 1 Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16-17; Hebreus 1:3; 4:2,12.

Teste para falsos profetas: Deuteronómio 13:1-5; 18:21-22; Jeremias 28:9; Actos 17:11; 1 Tessalonicenses 5:21; 1 João 4:1; Apocalipse 2:2.
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Infelizmente, já não possuimos os documentos originais que foram escritos. Em vez disso, cada livro da Bíblia foi copiado muitas vezes e depois traduzidos para outras línguas. E devido a este processo surgiram alguns erros através de falhas dos copistas ou erros de tradução.

Os copistas podem ter escrito uma palavra ou letra incorretamente que depois foram copiadas por outros copistas. Isto é muito menos problemático do que se pensava. Regras rigorosas para copiar as Escrituras foram desenvolvidas ao longo dos tempos, isto quer dizer que as Escrituras têm-se mantido praticamente inalteradas mesmo sendo copiadas durante séculos. Os rolos do Mar Morto especialmente, provam que houve na realidade muito poucos erros de cópia.
(Os rolos do Mar Morto: Pergaminhos antigos que incluiam o Antigo Testamento e datam de cerca 100 A.C a 100 D.C. Foram descobertos perto do Mar Morto na Jordânia em 1947.)

Erros de tradução aparecem em todas as versões da Bíblia porque ao traduzirem a Bíblia certas frases são escolhidas que tendem a apoiar os seus pontos de vista em relação à doutrina. Mas estas pequenas falhas podem ser detectadas ao comparar uma versão com outra e comparando o que está escrito com outras partes da Bíblia.

O cânone das Escrituras

O “cânone das Escrituras” significa aqueles escritos que são inspirados. Como sabemos que livros fazem parte das Escrituras inspiradas e que livros não fazem parte? Alguns escritores Bíblicos afirmam explicitamente: “A mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo: ...”. Outros livros não afirmam ser inspirados mas rapidamente são identificados como inspirados porque a pessoa que os escreveu era aceite como um profeta de Deus. (Ex. Jer. 2:1; Joel 1:1 ).

A Bíblia fornece dois testes para decidir se um profeta era inspirado por Deus ou não:

1 - Deveria predizer o futuro com exatidão; (Deuteronómio 18:21-22)
2 - Não deveria ensinar as pessoas a afastarem-se de Deus. (Deuteronómio 13:1-5)

Homens como Moisés, Isaías e Esdras tiveram visões de Deus e fizeram profecias que se tornaram realidade. Logo, o que disseram e escreveram foi aceite como sendo obra de Deus. Os livros que eles escreveram formam o Antigo Testamento que estava bem estabelecido no tempo de Jesus.

Não levou muito tempo para que os escritos do Novo Testamento fossem considerados “Escrituras” também. Por exemplo, o evangelho de Lucas foi considerado Escritura por altura do tempo da primeira carta de Paulo para Timóteo. Similarmente, os escritos de Paulo foram considerados Escritura por altura da segunda carta de Pedro. (Veja 1 Timóteo 5:18; 2 Pedro 3:15-16)

Porque a Bíblia contém as instruções de Deus para nós, podemos estar confiantes que ele também garantiu que ela contenha todos os livros de que necessitamos.

Sumário
- Os 66 livros da Bíblia são a palavra inspirada por Deus.
- Deus inspirou os escritores para que transmitissem uma mensagem sem erros.
- A Bíblia ao ser copiada e traduzida alguns erros foram introduzidos.
- A palavra de Deus é poderosa, providenciando direcção para as nossas vidas e visão para o futuro.


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Livros Apócrifos

A maioria das Bíblias contém 66 livros. Mas algumas Bíblias contêm vários livros adicionais no Antigo Testamento. A maioria das Bíblias Católicas Romanas contêm sete livros adicionais no Antigo Testamento e adições nos outros livros. Algumas Bíblias incluem até dezassete livros extra ou partes de livros. Estas adições ao Antigo Testamento são conhecidas como “apócrifos” ( que significa livros “ocultos”). Foram escritos entre 200 a.C. e 100 d.C., muito depois do Antigo Testamento estar terminado.

Alguns dos livros Apócrifos são maioritariamente históricos; por exemplo, 1 de Macabeus descreve a história dos Judeus por volta de 100-150 anos antes de Cristo. Outros livros são pura ficção: Tobit conta a história dum homem chamado Tobit que viaja com o seu anjo da guarda, Rafael, e luta com o demónio Asmodeus usando os orgãos dum peixe! Outra história de ficção, Judite, contém gafes históricas graves: por exemplo, diz que Nabucodonosor era rei da Assíria em Nínive em vez de rei da Babilónia. Muitos dos livros afirmam falsamente terem sido escritos por pessoas mencionadas na Bíblia. Por exemplo, Baruque afirma ter sido escrito por um amigo de Jeremias mas foi certamente escrito muito mais tarde. Similarmente Eclesiástico e Sabedoria de Salomão foram escritos centenas de anos depois de Salomão, e não pelo próprio Salomão.

Nenhum dos livros Apócrifos veio dos profetas e assim nunca foram aceites como inspirados. Os Judeus às vezes citavam os livros Apócrifos, mas da mesma maneira citaríamos Shakespeare — literatura interessante mas definitivamente não a obra de Deus.
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Para refletir

1 - Como responderia a alguém que dissesse “Como pode acreditar na Bíblia? Está cheia de erros e contradições!”
2 - Em 1 João 4:1, é-nos dito “não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.”
2.a - Que testes deveriam ser usados?
2.b - Se alguém nos nossos dias afirmasse ser inspirado, que tipo de testes deveriam ser aplicados para testar essas afirmações?

Para investigar mais

1 - Os profetas deram profecias com o cumprimento a curto prazo para demonstrar que eram inspirados por Deus. Uma das profecias a curto prazo de Ezequiel está em Ezequiel 12:12-13. Como se cumpriu? [Dica: veja 2 Reis 25.]
2 - Deus fala connosco de alguma outra forma para além da Bíblia? Dê passagens Bíblicas para justificar a sua resposta.


->Veja também:    

2. Razões para crer na Bíblia
4. Importa o que você crê?
5. Ler a Bíblia
8. O Espírito de Deus
30. Profecias sobre Jesus no Antigo Testamento

(The Way of Life por Rob J. Hyndman)

Tradução: S. Mestre